domingo, 18 de fevereiro de 2007

"LONGA VIDA AO CAMARADA SÁ FERNANDES"

Lembrando-me da frase “Longa vida ao camarada Mao” que os chineses partidários da Revolução Cultural de Mao Zedong costumavam proferir em cada manifestação de apoio ao então líder chinês, resolvi recuperá-la para a aplicar ao vereador independente, eleito nas listas do Bloco de Esquerda, da Câmara Municipal de Lisboa, José Sá Fernandes, o homem que, quanto a mim, está a revolucionar profundamente a forma como os assuntos imobiliários são tratados hoje nas e pelas autarquias.

Sá Fernandes, exercendo uma acção fiscalizadora eficaz, particularmente dirigida às grandes obras e aos grandes empreendimentos imobiliários em Lisboa ― sobretudo na parte que toca ao lançamento de obras autárquicas, licenciamento de projectos imobiliários, permuta de terrenos ou alienação de património autárquico a favor de terceiros ― conseguiu aquilo que está à vista de toda a gente: colocar a nu várias situações suspeitas de irregularidades que estão a ser investigadas criminalmente pelo Ministério Público.

Com isso parece-nos ― pelo menos parece ― que a autarquia lisboeta parou. Não temos mais conhecimento de novas obras ― nem sequer vemos máquinas e trabalhadores a consertar o asfalto das esburacadas ruas e avenidas de Lisboa ― e as aprovações de novos projectos; as permutas ou venda de terrenos da autarquia são, aos nossos olhos, inexistentes neste momento.

Isto leva-nos a uma pergunta inevitável:

Será que as Câmaras municipais só funcionam se as actividades relacionadas com terrenos, projectos imobiliários e obras (as obras, as obras) não forem fiscalizadas com zelo?

Pode não ser bem assim, mas lá que parece que é... ai parece, parece.

Longa vida ao camarada Sá Fernandes!

A propósito: leia aqui uma entrevista lapidar ao ex-vereador da Câmara Municipal do Porto, Paulo Morais, saída na revista “Visão online” de 25 de Agosto de 2005.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

ATENÇÃO POVO DAS ILHAS

Um engenheiro que nos assegurou que brevemente irá dirigir a construção de vários empreendimentos turísticos na Ilha do Sal, em Cabo Verde, disse-nos:

«Vamos dar cabo daquilo tudo com tanta construção. Aquilo vai ficar tão mau que eu, depois, não vou querer voltar lá de novo. Mas os turistas vão ficar muito bem servidos».

Portador de um largo currículo de empreitadas de construção civil em várias partes de Portugal e de África, quando instado a explicar como é que é possível acontecerem certos atentados paisagísticos e ecológicos um pouco por todo o lado, explicou-nos: «Tentamos sempre envolver de alguma forma os responsáveis locais no projecto; assim fica logo tudo facilitado à partida».

Nós, aqui no “África Minha”, esperamos e fazemos votos para que em Cabo Verde seja tudo diferente: projectos passados a pente fino pelas estruturas governativas e técnicas implicadas na sua aprovação; máxima exigência no cumprimento das normas de protecção da paisagem e do ambiente (exigindo competentes estudos de impacte ambiental realizados por organismos internacionais de reconhecida idoneidade e independência); salvaguarda de todos os direitos dos habitantes locais à permanência nas vilas e cidades onde sempre viveram e segundo os seus usos e costumes; lisura de processos na aprovação dos projectos; denúncia pública e punição de qualquer eventual tentativa de corrupção dos responsáveis locais; total independência dos titulares de cargos em organismos de fiscalização da execução dos projectos, relativamente às empresas envolvidas na sua construção e futura exploração.

Mas sobretudo esperamos que aquela frase inicial segundo a qual «Vamos dar cabo daquilo tudo» seja completamente falsa.

Ainda a procissão vai no adro. Por isso fazemos um apelo:

Senhor Presidente da República e Senhor Primeiro Ministro de Cabo Verde, esperamos de vós publicamente uma palavra de que não permitirão que se destrua a paisagem física e humana das ilhas de Cabo Verde (de nenhuma das ilhas) com falsos argumentos economicistas e cedências à ganância de grupos económicos sem alma e sem pátria que usam a palavra PROGRESSO como cortina de fumo para esconder os seus interesses mais mesquinhos que não têm o menor pejo de colocar à frente dos de todo um povo na hora de ganhar dinheiro.

Senhor Presidente da República e Senhor Primeiro Ministro, vamos estar atentos a essa palavra. E esperamos que defendam intransigentemente os interesses de Cabo Verde e do seu povo.

Nenhum turista, por mais e por melhor que pague para visitar Cabo Verde, merece fazê-lo se, para que isso aconteça, um natural das ilhas tem que deixar a sua casa. Os direitos de cidadania e os direitos ancestrais dos habitantes das ilhas à sua terra não podem ser espezinhados pelo dinheiro e pelo direito ao lazer dos turistas.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

ESTA AGORA!...

Fontão de Carvalho, vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, disse que não se demitia do cargo que ocupa porque não é arguido no caso Bragaparques, mas sim noutro processo.

Quer dizer: desde que não seja arguido no caso Bragaparques... pode, por absurdo, ser acusado de tudo ― assassinato, roubo, extorsão, assalto à mão armada, etc., tudo ― que não há problemas.

Desde que não seja constituído arguido, nem seja acusado no caso Bragaparques, está tudo bem.

Olhem que há cá cada uma!...

Editada às 11:55 PM
Pronto! o homem (pressionado pelo PSD e pela opinião pública) acaba de vir dizer que «reconsiderou e suspende o mandato por três meses».
Vá lá a gente perceber isto: porquê três meses?
Será que é ele, Fontão de Carvalho, quem marca o timing à Justiça para conclusão do processo em que é acusado de peculato?
Claro que não. E o que vamos ver a seguir é a maior cidade do País em banho-maria, parada, moribunda, degradando-se a olhos vistos até que a vereação da Câmara caia de podre e de podridão. Esta gente é capaz de morrer agarrada ao osso até ao último suspiro.

Irra!

A OPINIÃO DOS LEITORES

CORREIA DE CAMPOS

Isto da saúde, ou do ministério, ou dos médicos, é coisa bem mais complicada!
Tudo terá agravado após a descolonização.
Com o regresso dos militares, Portugal viu-se a braços com uma boa quantidade de médicos (se não me engano, durante a guerra era necessário 1 médico por cada 30 militares) em risco de desemprego.
E aí instituiu-se números clausus nas faculdades... para não piorar a situação. Diga-se de passagem que não eram alheios, TAMBEM, os interesses de pequenos agregados de tubarões da arte médica (que tubarões sempre houve em todas as artes! Ou Hipócrates foi algum santo?).
Atitude lógica, não fora a pequena desatenção entretanto ocorrida: em saúde, como em qualquer outra área das RES PUBLICA as previsões têm de ser feitas a 10/15 anos; esqueceram-se pois os homens e mulheres eleitos para a governação que à medida que a população envelhecia, nessa mesma população, um pequeno núcleo também envelhecia - o núcleo dos médicos!
Estávamos na década de 80, com grandes áreas do país sem assistência médica, o serviço médico à periferia iniciara o levantamento do país.
E aí, ainda, iniciou-se o que se chamou a colocação de especialistas nos hospitais distritais.
E continuava a haver excedente médico, pois que estavam a sair das faculdades os que tinham entrado antes de 1974 ( as últimas fornadas de grande número de médicos). Aproveitou-se a modernização e criou-se a carreira de médicos de família - que à semelhança de outros países europeus, iniciavam os cuidados primários de saúde.

Passemos à década de 90, em que os médicos distribuídos pelo país, eram muitos, e um risco potencial (isto de entrar pelo íntimo da vida alheia por vezes traz alguns revezes à RES PUBLICA! E os médicos já tinham feito história - por exemplo, a primeira greve médica foi de zelo, em 1970! Gente sadia, com garra e alma.).

Seria necessário apaziguar alguns sinais de protesto?
Surge então, por volta dessa época, o melhor ministro da saúde! Um ministro da saúde não tem de saber se o sangue tem HIV!!!!! Um ministro da saúde tem de governar. E pode-se governar... dividindo (antiquíssima lição): médicos com 42 horas e médicos com 35 horas de serviço semanais, na mesma instituição! Os primeiros a ganhar à hora mais 50% do que os segundos, em vez de ganharem mais sete horas por semana (os primeiros, os “sacrificados à causa pública a dizerem que os segundos viviam da promiscuidade entre o público e o privado; e os segundos a verem os primeiros a sair do serviço mais cedo!........)
É a classe finalmente dividida. Tão eficaz a medida que ainda hoje estão, cada um para seu lado, em silêncio. Convivendo sadiamente...

E o tempo que corre é de economia liberal! Chamaram-lhe por exemplo a ...terceira via! Mas a terceira via é como o sol: quando nasce... nasce para médicos, para governantes. Não sei se nasce para a “populaça”, mas isso é música celestial, diria Dante. Nasce até para doentes!
Que isto da política, agora só faz correr a tinta que nós deixarmos: Mas deixamos! Soezes panos de fundo nos encobrem.
Também já todos sabemos (a democracia é jovem, mas não tanto como a pintam. Já começa a nevar no cabelo de cada um de nós) que os governos caiem pela saúde ou pela educação, verdadeiras pedras angulares.
E a boa (ou menos boa) prática médica começou a alastrar como uma mancha de nafta. Como tantas outras manchas de nafta em outros sectores. Sem controle, à boa maneira portuguesa. Organizações da classe a defender o indefensável. O desatino completo.

E todos (médicos, doentes e governantes) trazem uma história para contar. Pelo caminho ficam imensas histórias... incontáveis!
Até se descobrir que o que até então fora bom, o médico funcionário público, chegara a um ponto sem recuo : nem doentes, nem governos, nem médicos, nem organizações, sabiam onde tinham perdido o pé, e o tempo de todos nós. O tempo do país, essa coisa esboroada por entre os dedos de todos. O médico funcionário público deixara de funcionar!
O médico funcionário público não funciona, senhores! Mas não funciona como tantos outros funcionários públicos! Só que aqui não é papel, certidão, ou outro fruto. Aqui o fruto chama-se minha pele e tua pele.

E para essa minha pele, preciso de algum solteiro disposto a morrer!

Não que este solteiro venha sem mácula! Ele também a traz. E não venho defendê-lo.

Mas tenho por mim que neste país, quando se tenta gerir alguém ou alguma coisa, só encontramos multidões de lusitanos, de um e outro lado! Eles não governam nem deixam governar!

MCPC

(Leitora devidamente identificada)

domingo, 11 de fevereiro de 2007

TUDO ÀS AVESSAS

Vimos nas televisões: imagens das gentes defensoras do NÃO, todas felizes e sorridentes, batendo palmas infindas como se o SIM tivesse sido derrotado e o NÃO tivesse vencido.

Imagens de autêntica esquizofrenia.


Talvez não.

Talvez antes imagens surreais de um país sui generis. Inigualável.

Já agora os resultados: SIM 59%, NÃO 41%.
.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

TUDO A NU

POR CAUSA DE UM SIMPLES SURTO GRIPAL

Após terem sido encerrados por ordem superior, os SAP (Serviços de Atendimento Permanente) dos Centros de Saúde vão de novo estar abertos até às 22 horas ou até à meia-noite (conforme os casos) vigorando esta medida até ao final deste mês de Fevereiro.

Quer dizer:

Às segundas, terças e quartas, manda-se encerrar Serviços.

Às quintas, sextas e sábados, manda-se abrir os mesmos Serviços.

Apetece citar Fernando Pessoa:

«Aceito que um grande matemático some dois e dois para dar cinco: é um acto de distracção, e a todos nós pode suceder. O que não aceito é que não saiba o que é somar ou como se soma.»
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domingo, 4 de fevereiro de 2007

EU VOTO “SIM”

Por motivos que agora não interessam,tenho sido solicitado a dar a minha opinião (se quiserem, a minha resposta) à pergunta do referendo sobre a alteração da lei do aborto.

E não me escuso a resumir o que penso sobre este assunto.

Sob os pontos de vista social e profissional, voto SIM. Sob o ponto de vista político, votaria (se pudesse) NÃO.

Não vou sequer tentar explicar detalhadamente porque voto SIM. O argumentário seria longo, com partes técnicas fastidiosas e pouco compreensíveis para o cidadão comum.

Digo apenas que acho a questão mais do foro íntimo das pessoas do que pertença colectiva sujeita à razão ponderada que exigiria a cada um de nós complexas elucubrações ideológicas, filosóficas, científicas, religiosas, etc., antes de uma tomada de posição ― coisa que a grandíssima maioria dos eleitores não tem capacidade para fazer.

Por isso penso, até, que se deveria evitar “esclarecer” as pessoas. Dito por outras palavras: penso que se deveria evitar tentar convencer este ou aquele a votar num sentido ou no outro, deixando antes à consciência ou inconsciência de cada um a tomada da decisão do seu voto.

E aqui aponto todos os dedos à retrógrada Igreja Católica, parasita social e factor de subdesenvolvimento dos povos modernos, por ter sido ela a dar o pontapé de saída para esta luta de galos a que se vem assistindo, em que os argumentos são os mais falaciosos e descabidos que se pode imaginar, e em que até a execução de Saddam já serviu como arma de arremesso.

Mas explico porque votaria NÃO: pelo simples facto de não compreender como é que um Governo que com argumentos economicistas condena uma população inteira à penúria de cuidados de saúde essenciais ao seu bem-estar, saúde e sobrevivência como ser humano, admite pagar integralmente 25.000 abortos por ano, abortos em que uma grande parte será feita a pedido, como método anticoncepcional (pós-concepcional, melhor dizendo).

Acho isso simplesmente absurdo. Mas, como primeiro voto SIM, não posso votar também NÃO porque senão anularia o meu voto.

Não falei no assunto até agora porque achei, desde o início, que a discussão foi levada para o campo da disputa partidária, de facção ou de grupo, numa como que espécie de clubismo em que predominam as emoções e os falsos argumentos, por culpa de um povo pouco ou nada informado, imbuído de fantasmas que lhe são transmitidos por igrejas ou religiões retrógradas, ou grupos políticos ou politizados supostamente esclarecidos mas agindo mais na base do combate das ideias e das posições dos adversários, do que em explicar as suas próprias ideias, estando todos fundamentalmente interessados no mesmo: ganhar votos para um lado ou para o outro, independentemente de saber se quem vota vota em consciência ou não.

Agora o argumento que eu mais abomino é o daqueles que se dizem “pró-vida”; dos que se dizem "a favor da vida”.

Sem saberem definir o que é a vida, definição que, por sinal, ninguém infelizmente tem de forma definitiva, inquinam todo o debate com palavras como “assassínio” e “morte”, chamando “criança” a um ovo composto de duas células (o espermatozóide e o óvulo), enfim: um chorrilho de asneiras e patranhas que fazem inveja aos inquisidores de antanho.

Se para a Ciência, Vida é fundamentalmente movimento da matéria e movimento na matéria, «o começo da vida» ― frase tão ouvida e quase sempre mal discutida em vários fóruns ― ter-se-á dado com o aparecimento da matéria. Isto é, a vida começou e existe desde sempre. Qualquer vida existe desde sempre. Sob outras formas de vida, é certo, mas vida à mesma. A parte de uma molécula do braço de um bebé (vivo) já era vida sob a forma da planta, do animal (vaca, porco ou galinha), ião ou catião que a mãe desse bebé comeu ou bebeu e se transformou em parte do braço dele. E antes disso mesmo, há milhões e milhões de anos, já era Vida sob outra forma qualquer.

E se se fala de morte como cessação de uma forma de vida, como passagem de uma forma de vida para outra forma de vida, então os pró-vida terão que admitir que eles próprios têm uma existência indigna de ser vivida uma vez que são fruto de um infinito número de mortes e assassinatos, só continuando ainda vivos graças a um holocausto gigantesco a que a sua existência obriga a sociedade e a Natureza.

É por tudo isto que eu voto SIM.

NÃO DEIXEMOS QUE A VACA ARREFEÇA

Na página 33 do Expresso em papel ― esporadicamente comprado por aqui ― sob o título “Schwharznegger dá Saúde à Califórnia”, escreve-se que este governador estadual terá proposto um sistema de saúde que abranja toda a população do Estado que ele governa dizendo que se os cidadãos «não tiverem dinheiro para isso, o Estado vai ajudá-los». A notícia vai mais longe e termina com este parágrafo de que assumimos a responsabilidade pelos realces:

«Os candidatos presidenciais democratas pressentem que se trata de um tema político ganhador e alguns deles propõem algo ainda mais radical: um sistema de saúde universal. Até agora, os republicanos e a poderosa e altamente lucrativa indústria de saúde conseguiram matar essa ideia. O Senador Barak Obama, um dos dois candidatos presidenciais democratas mais populares, lançou o desafio aos seus adversários: “Estou absolutamente determinado a que até ao fim do primeiro mandato do próximo presidente possamos ter um sistema de saúde universal neste país".»

É neste preciso momento em que os americanos concluem que foi um erro colossal terem escolhido um sistema de saúde privado que deixa de fora dos cuidados de saúde mais básicos, segundo números recentes a que esta notícia também se refere, cerca de 50 milhões de americanos ― é neste preciso momento ― que assistimos em Portugal a um governo de um partido dito socialista levando a cabo a destruição do Serviço Nacional de Saúde (sistema universal) querendo caminhar rumo a esse abismo da saúde privada ora chumbada na pátria do liberalismo, aquela mesma onde esse sistema nasceu vai para cerca de 40 anos.

Porque não aprender já com o erro americano, em vez de, cega e surdamente, se tentar comprovar esse erro na prática lançando milhões de portugueses no sofrimento e na doença?

Porque tentar experimentar aquilo cujos próprios criadores consideram hoje um erro! Para daqui a 20 ou 40 anos, tal como hoje os americanos estão a fazer, se vir depois dizer: “afinal falhámos, é melhor fazermos um sistema universal de saúde”?!

Que cegueira é esta; que obstinação no erro é este que leva o Governo “socialista” de Portugal a seguir as ideias de um ministro que nem sequer tem tido a coragem de dizer claramente aos portugueses o que pretende de facto fazer com a Saúde em Portugal ― ministro cujas medidas desde já vão suscitando as maiores dúvidas (como, aliás, tem sido pública e notoriamente evidenciado pelas notícias mais variadas que têm chegado quase todos os dias ao conhecimento dos cidadãos).

Ficam aqui estas perguntas simples. Mas somos muito pessimistas quanto ao desfecho de tudo isto. Quer-nos parecer que este Governo, que alguns já apelidam, e bem, de "Governo PowerPoint", continuará leslumbrado com a sua performance no que respeita às apresentações propagandísticas de medidas (tipo PowerPoint), esquecendo de olhar para a realidade que o cerca.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

E AGORA?


Aqui, no site do Ministério da Saúde, pode-se ler o seguinte comunicado do senhor ministro da Saúde. (Os sublinhados no texto são de minha responsabilidade).



«Ministério da Saúde emite comunicado sobre o Relatório Final da Rede de Serviços de Urgência - 02.02.2007.

A Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgência entregou ao Ministro da Saúde e procedeu à divulgação pública do seu Relatório/Proposta Final da Rede de Serviços de Urgência. O Processo foi intensamente participado desde a apresentação da primeira versão da proposta, em Setembro de 2006, tendo sido objecto de apreciação por um número elevado de Autarquias, Instituições, Partidos Políticos e Cidadãos. A Comissão Técnica foi ouvida na Associação Nacional dos Municípios Portugueses e na Comissão Parlamentar de Saúde e disponibilizou-se para uma segunda audição.

A proposta assenta na requalificação e redistribuição geográfica dos pontos de urgência, tipificados em 3 modalidades e reafirma a importância e necessidade de reforço da rede móvel treinada e articulada para recolha e transporte pré-hospitalar.

O mapa proposto pelo Grupo Técnico reduz consideravelmente o tempo médio de acesso e melhora de forma substancial a equidade territorial e a qualidade da assistência. Implica, certamente, encargos financeiros adicionais, bem justificados pelo esperados ganhos de equidade e qualidade, mas impossíveis de reunir e aplicar de imediato na totalidade. O Grupo Técnico trabalhou em condições de reconhecida independência e liberdade de opinião tendo produzido trabalho altamente meritório.

Tem agora o Governo o conhecimento completo da situação, que lhe vai permitir aplicar gradualmente as recomendações e pontualmente alterá-las, onde surja informação adicional que o justifique. O princípio básico a adoptar será o da mais valia para oferta: onde for recomendável diminuir a aparente disponibilidade de meios, a operação será contrabalançada pela oferta alternativa ou cumulativa de melhores meios.

O Governo irá proceder à aplicação progressiva das alterações a introduzir, ouvindo ainda, de novo, as autarquias mais directamente envolvidas. O projecto global de mudança será ainda levado ao conhecimento da Associação Nacional de Municípios Portugueses e da Comissão Parlamentar de Saúde antes da sua entrada em execução.

O Ministro da Saúde,

António Correia de Campos

Lisboa, 2 de Fevereiro de 2007»


Não tendo a veleidade de pretender interpretar para si, caro(a) leitor(a), passagens deste comunicado, permito-me só chamar a sua tenção para o facto de nele não se falar uma única vez sequer nos recursos humanos a envolver na dita “requalificação das urgências”. Repare que nele não se fala de PESSOAL.

Repare ainda na frase sublinhada «diminuir a aparente disponibilidade de meios». Quer dizer: propõe-se diminuir o que é apenas e só aparente, mesmo sabendo de antemão que é aparente, isto é: acha-se possível tocar o intangível; alterar o que é inexistênte (porque se diz claramente que os meios só aparentemente estão disponíveis). Um must!

Sabendo-se como se sabe que não há médicos e enfermeiros em número suficiente a trabalhar para o Estado, este é um grandessíssimo busílis: é que o privado, que se esperaria então poder ver-se envolvido na rede de cuidados de urgência, quer ter tudo menos urgências; tudo menos cuidados intensivos e de Neonatologia; tudo menos serviços com internamentos de longa duração.

Quer é ter apenas o que dá lucro.

Percebido?!

A RELATIVIDADE SEGUNDO SÓCRATES

FOI PIOR A EMENDA QUE O SONETO
Tentando Esclarecer as inconcebíveis palavras proferidas pelo senhor ministro da economia na China, o senhor Primeiro Ministro, José Sócrates, disse mais ou menos isto em Macau (e as rádios transmitiram): «o que senhor ministro da Economia disse está bem dito: ele disse que os ALTOS salários dos quadros técnicos portugueses, apesar de serem ALTOS ainda são inferiores à média dos salários europeus».

Perceberam o truque de linguagem? ― O senhor ministro da economia não propagandeou os baixos salários dos portugueses para captar investimento chinês em Portugal. O que ele fez foi dizer aos empresários chineses que em Portugal há ALTOS salários que são mais BAIXOS que a média dos salários europeus. E de aí deverem investir em Portugal.

Entenderam agora, ó seus estúpidos de uma figa?

ALTOS salários. Que são Baixos.

Onde é que está o problema?

P.S. Eu tenho cá em casa um cão gigante que é mais pequeno que os cães dos meus vizinhos.

É verdade: O MEU CÃO É UM... GIGANTE PEQUENO.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

UMA «VERDADE» CONDENÁVEL

Faz hoje notícia o que disse na China o Ministro de Economia, Manuel Pinho, para convencer os empresários chineses a investirem em Portugal: «Em Portugal os salários são inferiores à média dos salários europeus».

Conhecido o dislate, toda a oposição, bem como os sindicatos e muitos cidadãos com dois dedos de testa, condenaram o senhor ministro.

Ao que parece o senhor ministro defende-se ― e os seus “defensores” defendem-no ― com o argumento de que «disse uma verdade».

Ora bem, condena-se o senhor ministro não pelo simples facto de ter dito «uma verdade», mas sim pelo facto de ter-se socorrido de uma verdade negativa para promover Portugal. Os baixos salários são uma verdade negativa a que urge pôr cobro; uma verdade negativa que é urgente ser banida da sociedade portuguesa. E é por isso que não se admite que um ministro se socorra dela para promover o País.

O que se diria se alguém com responsabilidades públicas dissesse isto no estrangeiro para promover o turismo, por exemplo: "façam férias em Portugal porque em Portugal temos das mulheres mais boas da Europa".

Primeiro morreria meio mundo de riso; depois morreria outro meio de vergonha. Mas não sem antes condenar-se o desmiolado que tal frase proferisse. Sem que, contudo, deixasse de ter dito «uma verdade». Neste caso, até, uma verdade não negativa: de facto Portugal tem das mulheres mais boas da Europa. E isso não é coisa má. Mas não caberia na cabeça de ninguém que tal verdade pudesse ser usada para promover o turismo em Portugal.

O senhor ministro merece, pois, toda a reprovação pelo que disse na China. Porque envergonhou Portugal e ofendeu os portugueses.

domingo, 28 de janeiro de 2007

OS AMIGOS SÃO PARA AS OCASIÕES

Dir-se-ia que faz todo o sentido um ex-maoísta defender outro ex-maoísta. Mas neste caso não é bem isso que se passa. E concordo com Pacheco Pereira: o declínio do jornal “Público” no panorama da imprensa portuguesa não tem muito a ver com as posições pró-americanas do seu director, José Manuel Fernandes. Deve-se antes ao facto de a Internet e outros meios de comunicação (alguns até gratuitos) cobrirem perfeita e atempadamente a actualidade, tão ou melhor do que a imprensa escrita, sobretudo da imprensa escrita que mais não faz do que servir de caixa-de-ressonância às agencias noticiosas.

Os jornalistas portugueses deviam ler, por exemplo, os jornais e revistas americanos para se certificarem que hoje só é possível vender papel escrito se nele se integrar muito trabalho e muita imaginação dos jornalistas. Já não basta falar do golo marcado ao Porto por David ou da menina cujo pai do coração está sob prisão por sequestro. Isso é do que tratam os jornais gratuitos ― diga-se de passagem ― com muito profissionalismo. O que é preciso é os jornalistas portugueses deixarem-se de ter preguiça e começarem a pôr as meninges a funcionar, investigarem a fundo e escreverem, por exemplo, sobre os novos fenómenos sociais como é a globalização, a perda de paradigmas por parte da juventude, a iliteracia de muitos políticos profissionais, a tomada do poder por grupos económicos sem pátria e sem projecto nacional, a perda de noção de Serviço Público, etc.

Até que algo de semelhante aconteça, vamos continuar a ver definhar os jornais que ora conhecemos como quem assiste ao apodrecimento de uma banana ao sol. É a lei da vida a impor-se inexoravelmente. O negócio da futilidade tem os dias contados pois vai ser cada vez mais gratuito conhecer a futilidade que nos cerca. Ficará de pé o negócio da cultura e da divulgação séria do conhecimento. Aquele que dá trabalho fazer. Aquele que, por isso, tem de ser pago para ser usufruído.

BOM DIA

Hoje a ementa é: Caril de Camarão com Arroz Branco.

Mas não é um vulgar caril tipo: “desfaz-se o pó de caril em água e leite de coco, deita-se os camarões previamente descascados para dentro da panela, mistura-se tudo em lume brando e depois de 15-20 minutos serve-se com arroz branco".

Não, nada disso!

O chef confeccionará a iguaria de hoje com esmerado cuidado. E entre vários rituais fará um refogado com cebola e alho; usará o melhor pó de caril do mercado; adicionará à cozedura leite, creme de coco, e coco ralado; coentros, FOLHA DE CARIL, um pouco de água e pouquíssimo sal. Depois de tudo cozido adicionará o camarão previamente descascado. Ficará tudo ao lume e depois do tempo necessário o prato será servido com arroz branco.

Para engrossar o molho de caril e para dar um toque especialíssimo de superior requinte a essa iguaria, o chef costuma usar mais alguns ingredientes que são segredo profissional. Cujo, contudo, o chef está disposto a divulgar. Mas só em parte. E apenas por email.

(Se não quiserdes dar-vos ao trabalho de enviar um email ao chef, contentai-vos então em experimentar esta receita tal como ela vos é dada a conhecer, contendo já um segredo que é a FOLHA DE CARIL, que com ela já estais muito bem servidos e já ireis fazer um figurão perante os vossos convidados).

Como deveis ter reparado, não há aqui referências a quantidades e tempos precisos de cocção. Isso é feito de propósito. É que quem cozinha deve gostar do que faz; passar bastante tempo na cozinha ― experimentando, investigando e criando; na companhia de boa música, com ou sem pessoas queridas ao lado, bebendo um copo e filosofando um pouco ― e ir descobrindo os segredos da Arte de Cozinhar. (Sendo missão de um chef estimular estes hábitos).

E depois ter o prazer de oferecer aos seus convivas uma obra de arte para degustação.

Hoje, por certo, e tal como das outras vezes, haverá disputas de lugares à mesa (todos quererão ter o privilégio de ficar sentados ao pé do chef ); uma ou outra senhora mais sensível terá um princípio de desmaio para captar as atenções do chef; um telefonema de última hora trará a notícia de que a perda de um avião de Londres ou Madrid impedirá que um executivo (já em lágrimas) chegue a horas ao almoço; um SMS secreto comunicará o desespero de quem, por razões “protocolares”, não pode estar presente.

E no meio de murmúrios, suspiros, huuuum(s) de puro prazer... o verdadeiro e único Caril de Camarão com arroz Branco será degustado até ao último átomo.

Em fundo, a música de Wagner assegurará a harmonia do ambiente divinal em que o almoço decorrerá.

Nota: Consta, à boca pequena e no mais absoluto sigilo dentro do grupo de convivas habituais, que se suspeita de que o suicídio de um dos nossos amigos íntimos terá ocorrido em virtude de, retido num hospital por doença súbita, um dia não ter podido estar presente a um destes almoços.

sábado, 27 de janeiro de 2007

E VIVA O GOVERNO DE PORTUGAL

Permita-me convidá-lo a visitar o Almocreve das Petas para ler esta posta com informação vital, via Engenheiro João Cravinho, para algum entendimento do receio deste deputado de que sombras do passado possam um dia ameaçar o funcionamento do actual Partido Socialista, mas sobretudo do seu secretário geral e Primeiro Ministro, José Sócrates.

Nota: fotografias copiadas e reproduzidas aqui, sem consentimento, do blogue Almocreve das Petas

NOVO AVISO À NAVEGAÇÃO

Siga-me, por favor, nesta descrição breve e simples, e tire daí as devidas ilações:

Instalei o Windows Vista num disco novo e virgem que decidi usar para voltar a testar essa nova coqueluche da Microsoft.

Depois de concluída a instalação e de constatar que tudo estava a correr sobre rodas, desliguei o computador, liguei de novo os restantes três discos que o equipam e arranquei do disco que continha o Vista. O arranque decorreu sem problemas.

Tentei depois instalar um programa que funciona às mil maravilhas no Windows XP.

Não consegui.

Resolvi então esquecer o problema, desligar de novo o computador e voltar a arrancar ― agora a partir dos meus discos montados em RAID1 (dois discos que funcionam como se fossem um só, sendo um a imagem do outro, de forma a prevenir a perda de dados em caso de falha de um deles).

Eis então que se dá o grande acontecimento provocado pela presença (que se suporia pacífica) do Windows Vista no meu computador: embora instalado separada e isoladamente num disco destinado só a ele, o Vista, logo que apanhou os outros discos ligados, escreveu informação no MBR (Master Boot Record) daqueles discos, isto é, alterou a primeiríssima informação que um computador lê antes de usar um disco duro, incluindo nessa operação os dois discos montados em RAID1, provocando com isso a desorganização do sistema não me sendo mais possível reorganizar o array RAID1.

Conclusão: tive que limpar completamente os meus discos, parti-los, montá-los de novo em RAID1, formatá-los e instalar TUDO de novo.

O que vale é que eu tenho sempre guardado (não apenas uma mas) três cópias integrais do sistema e dos dados, tendo recorrido a uma delas para poder voltar a ter de novo o meu computador ao serviço.

Ponha-se a pau com o Windows Vista!

SEM APITO DOURADO ARRUMAM-SE AS BOTAS

Os dragões dourados deslocaram-se a Leiria para defrontar o União. Perderam por uma bola a zero com a equipa do ex-dragão Domingos Paciência.

E não foram de cantigas: após o terminus do jogo pediram, pela boca do seu treinador, «uma investigação rigorosa à arbitragem de Elmano Santos». Pois por certo não admitem que o árbitro não tenha levado um apito dourado para o jogo e os não tenha favorecido.

Pena é que não tenham mostrado a mesma preocupação aquando do jogo em que o Atlético os eliminou da Taça de Portugal em pleno estádio do Dragão e em que um árbitro de apito dourado os beneficiou com duas grandes decisões escandalosas (prolongamento do jogo por mais 5 injustificados minutos e marcação de uma grande penalidade inexistente) que felizmente, para a verdade desportiva, acabaram por não os beneficiar em nada porque sequer empataram aquele jogo.

Para o próximo jogo espera-se que a nova comissão de arbitragem deixe que o Futebol Clube do Porto possa escolher o árbitro e a cor do referido apito.

Dourado, claro.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

PARECE BRINCADEIRA

Esta semana, no Parlamento, questionado sobre o facto de os médicos de primeira linha estarem a abandonar os hospitais públicos escolhendo trabalhar no privado, o Senhor Ministro da Saúde saiu-se com esta: “Isso não é problema nenhum pois os médicos de segunda linha dos hospitais são tão bons como os de primeira linha”.

Só não explicou aos deputados porque é que os médicos de segunda linha são médicos de segunda linha.

Se isto não parece ser brincadeira, então o que é que parece ser uma brincadeira?

Mas o pior é que enquanto vão acontecendo diálogos destes com o Senhor Ministro da Saúde, os hospitais vão-se despovoando de médicos competentes ficando com os menos competentes ou contratando tarefeiros de competência duvidosa ― porque mal preparados para as funções que vão desempenhar.

Isto está a ficar lindo! Ai está, está!

TUDO CADA VEZ MAIS “NORMAL”

Como é já bastamente sabido, a Polícia Judiciária fez buscas nas instalações da Câmara Municipal de Lisboa e constituiu arguida uma vereadora.

Para já!... É que ao que se diz por aí, mais há-de vir.

Isto, no mínimo e no máximo, quer dizer que há fortes indícios de práticas ilícitas, senão mesmo criminosas, por parte de alguém que trabalha na, ou para a Câmara de Lisboa.

Pois bem, ouvido sobre o assunto, o Senhor Presidente da Câmara, Prof. Carmona Rodrigues, disse que isso era normal. Ele achou normal uma busca da Judiciária às instalações da Câmara Municipal.

Mas não é! Não é normal haver indícios de ilicitude ou de condutas criminosas nas câmaras municipais. E é lamentável que um indivíduo com as responsabilidades do Presidente da Câmara de Lisboa faça e publicite este tipo de branqueamento relativamente a factos anómalos merecedores da maior preocupação e reprovação.

Mas adiante. Ouvido sobre o mesmo assunto, o líder do PSD, Marques Mendes, disse que isso (as buscas e a condição de arguida de uma vereadora) era “uma dificuldade” que teria que ser ultrapassada.

“Uma dificuldadae”. Foi o que ele disse.

Não é “dificuldade” nenhuma!

É, mas é uma autêntica vergonha!

E mandava a coerência que Marques Mendes convencesse Carmona Rodrigues a demitir-se, assim como por razões idênticas não apoiara a candidatura de Isaltino Morais à Câmara de Oeiras.

Enquanto isso, não sei se já repararam que há buracos no pavimento de tudo o que é rua ou avenida de Lisboa. Uma situação destas não acontecia vai bem para perto de 20 anos. Mas é compreensível que hoje assim seja: onde é que essa gente iria arranjar tempo para se preocupar com o pavimento das ruas quando há por aí tanto terreno camarário para permutar?!

Isto está a ficar lindo! Ai está, está!

domingo, 21 de janeiro de 2007

MAIS UMA MORTE

No Diário de Notícias de hoje:

«É a segunda vítima mortal no espaço de duas semanas. Fernando Santos, de 56 anos, morreu ontem no centro de saúde de Odemira na sequência de um enfarte de miocárdio agudo. O helicóptero do INEM chegou quatro horas depois de ter sido pedido socorro, quando a vítima já estava em falência cardíaca. Pelo meio, foi encaminhado para um Serviço de Atendimento Permanente (SAP), onde não havia médicos suficientes para o acompanhar no transporte a um hospital, ficou à espera de uma viatura de emergência vinda de Beja e, depois, dos meios aéreos de Lisboa.

A morte de Fernando Santos surge poucos dias depois de António Oliveira falecer no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde chegou seis horas depois de ter sofrido um acidente em Odemira. E é mais um caso cujo desfecho foi condicionado pela falta de recursos de saúde no Alentejo


Valerá a pena acrescentar mais alguma palavra a isto?

sábado, 20 de janeiro de 2007

CUIDADO COM O WINDOWS VISTA

Se pretende instalar o Windows Vista no seu computador, pense várias vezes e siga este conselho:
1)Sirva-se para o efeito de um novo disco duro.
2)Desligue previamente o disco duro que contém o seu actual sistema.
3)Depois disso instale o Vista e explore-o exaustivamente. Para sua decepção.

É um sistema com um interface altamente apelativo e até sedutor. Mas vai depois concluir que é um sistema feito para tomar conta do seu computador e para tomar conta e mandar em si. Você perde toda a liberdade de “mexer” no conteúdo do seu computador. E como se supõe que já deve vir habituado a “mexer” em tudo no Windows XP, por exemplo, sentir-se-á manietado, impotente e frustrado com as restrições que o Vista lhe impõe.

E se tiver a desdita de instalar o Vista sobre o Windows XP (fazendo um upgrade) ― esqueça! Não vai mais poder voltar ao seu sistema original.

Mesmo que instale o Vista num novo disco (mas tendo o disco antigo ligado) ― ele altera o boot sector do seu disco de sistema antigo e de aí em diante você só poderá aceder ao seu sistema antigo através do Vista ― nunca mais poderá arrancar de forma independente o seu sistema antigo; com a agravante de perder todo o sistema e sua configuração caso um dos discos se avariar; porque passam a depender um do outro: nem sequer poderá arrancar o Vista se um dos dois discos duros não estiver a funcionar.

Depois acontece ainda que à mínima alteração que faça à arquitectura do seu computador (mudança da placa gráfica, aumento da memória, etc.) o Vista deixa de funcionar porque considera que você mudou de computador e exige que adquira uma nova licença.

Para além de tudo isso irá constatar que muitos dos seus programas favoritos e com os quais está já habituado a trabalhar, deixam de funcionar no Vista.

Uma tragédia!

E se quiser desinstalar o Vista... não tem como! Quer dizer: tem como mas é arriscado: arrisca-se a perder todos os seus dados e a ficar com um computador vazio onde vai ter que pôr tudo de novo.

Sobre este último aspecto clique nos links abaixo, veja a complicação da coisa e saiba como agir caso já esteja “apanhado” pelo Vista e queira livrar-se dele. Vai ver que não há garantias de sucesso nessa operação.

Ponha-se a pau!

http://www.tech-recipes.com/microsoft_vista_tips1040.html
http://vista-uninstall-bootloader.freeware-alternative.uni.cc/

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

NO MELHOR PANO

Sinceramente, não julgava Pacheco Pereira capaz de um erro destes: nesta posta transformou o grama (medida de massa) numa planta semelhante à relva , isto é, chamou-lhe a grama.

Eu sei que nas mercearias e nos telejornais se diz, por exemplo, “trezentas gramas” em vez de trezentos gramas; mas não julgava o autor do Abrupto capaz de os acompanhar nesse erro de palmatória.

Devo até dizer que sob o ponto de vista científico está convencionado não usar plural para as unidades de medida. Sendo assim, a frase que utilizei acima só estará correcta com esta grafia: “trezentos grama” (sem plural).

Valeu!?

P.S. Não vale chamar-me polícia da Língua ou “recta pronúncia”; vale é reconhecer e corrigir o erro. Porque o Abrupto é muito lido e faz escola.

Editado às 8:16 AM de hoje, 17/01/2007: O erro acima apontado já foi corrigido, para bem de muitos leitores, pelo Abrupto. Aplauda-se por isso a atitude do autor do blogue.

SEM GRANDES COMENTÁRIOS

Esta posta de Masson, no Almocreve das petas, diz tudo sobre o descalabro que já é, e do que nos espera, quanto ao desmantelamento, sem alternativa à altura, do Serviço Nacional de Saúde.
Deus nos valha.

domingo, 7 de janeiro de 2007

APITO SEMPRE DOURADO

Os do Atlético da Tapadinha, de Alcântara e de Lisboa, tomaram o autocarro às sete horas desta manhã e rumaram ao Porto para defrontar o penta, tetra, treta campeão numa eliminatória da Taça de Portugal.

Os estafados alcantarenses marcaram um golo aos estagiados dragões dourados e não havia forma de o Futebol Clube do Porto chegar pelo menos ao empate.

Eis então que o homem do apito (dourado?), sem que nada o justificasse, acrescenta mais 5 (cinco) escandalosos minutos à partida.

Como mesmo assim os dragões dourados não conseguiam chegar ao golo, o homem do apito (agora já mesmo dourado) resolveu marcar uma grande penalidade, de todo inexistente, contra o Atlético.

Aí Deus acordou. E atempadamente soprou a bola que se desviou na trajectória, embateu no poste e não entrou.

É este o futebol que há em Portugal.

Bem pode o Ministério Público e todos os Procuradores especiais escrutinar o mundo sujo da bola, português, que aquele continuará a rolar indiferente às regras, à moral e à ética.

Douradamente.

Editado às 9:09 AM de 08/01/2006: O inquietante de tudo isto é que as primeiras páginas dos três principais diários desportivos portugueses hoje publicados não fazem o mínimo eco do escândalo que o árbitro da partida ia protagonizando ontem no Porto. Isto é sintomático da "normalidade" dourada em que vive o futebol português.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

OH MARAVILHA!

Frescamaciadas de bálsamos suas mãos me tocavam, acariciavam: seus olhos sobre mim não se me refugiam. Arrebatado sobre ela eu jazia, os lábios todos todo abertos, beijava sua boca. Ããm. Suavemente ela passava para a minha boca o torrão quente e masticado. Polpa asquerosa sua boca lhe emprenhara dulçor e agrura de saliva. Alegria: comi: alegria. Vida juvenil, seus lábios me davam num abrocho. Macios, quentes, gomigelatinosos lábios grudentos. Flores eram seus olhos, me toma, olhos querentes. Seixos rolavam. Ela jazia queda. [...] Encoberta entre fetos ela ria braçoenvolta. Selvagemente eu jazia sobre ela, beijava-a; olhos, seus lábios, seu pescoço reteso, pulsando, peitos de fêmea plena em sua blusa de véu de monja, mamilos cheios ponteando. Quente eu a linguei. Ela beijava-me. Eu era beijado. Tudo rendendo ela emaranhava meus cabelos. Beijada, ela beijava-me.

Eu. E eu agora.


[James Joyce – in Ulisses]

Boa noite.

domingo, 31 de dezembro de 2006

BOAS FESTAS

FELIZ ANO DE 2007


Porque hoje é a noite de S. Silvestre, volta a emblemática composição musical de Luís Morais, Boas Festas, ao topo do blogue.
Que a noite seja de arromba; se regresse a casa de manhã e de gatas tresandando a perfume, champanhe e o mais que é bom.

― OH QUE SODAD D'SONCENTE!

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

LIÇÕES

Hoje estou numa de apreciar a simplicidade. Por isso apetece-me homenagear aquele aluno da segunda classe da instrução primária, da Ilha de Santo Antão, em Cabo Verde, a quem a professora pedira uma breve redacção sobre “o leite”, e o menino escreveu com toda a convicção e clareza:

«O LEITE»
«O leite é o melhor alimento. Basta dizer que é o primeiro pão que nós mamamos.»


Muitos se riram do pequenote por causa daquela de “mamar” o pão. Mas eu não concordo. E bem me esforço por imitar-lhe a clareza e simplicidade da escrita; embora ainda não consiga ser tão claro quanto aquela criança o foi.
É difícil. Eu sei que é difícil.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

DO SIGILO MÉDICO NOS HOSPITAIS

Aí há tempos fui a um hospital público de Lisboa “tirar sangue” para umas análises. Chegado ao local deparei-me com uma pessoa amiga que lá trabalha.

Passadas várias semanas, novo encontro fortuito nos colocou face a face. Ao que o meu amigo me diz: «falei com o médico que viu as tuas análises e ele disse-me que estava tudo bem».

― Vejam só: com que autoridade é que foi falar ao médico?!...

Felizmente estava «tudo bem», pensei eu. Porque se não estivesse «tudo bem» ― se eu tivesse um cancro ou estivesse infectado com o vírus HIV, por exemplo ― Já hoje todo o mundo sabia.

O que moveu o meu amigo na procura (indevida e ilegal) de informação sobre as minhas análises, não foi amizade ou solidariedade; não foi sequer a vontade de ser prestável para me dar uma informação importante em primeira mão (e a prova disso é que não ma deu na altura em que a teve), até porque sabia muito bem que eu teria acesso privilegiado e rápido a essa informação. Mas creio que me contactaria de imediato caso eu tivesse qualquer coisa grave que lhe desse o prazer de me comunicar em primeira mão.

O que moveu o meu amigo foram duas coisas básicas que existem dentro da larga maioria dos seres humanos (dos seres humanos menos “trabalhados”): uma, a curiosidade mórbida de descobrir aquilo que é suposto ser sigiloso; e outra, o desejo inconsciente, mórbido e sádico de que haja doença séria nos outros para que, confrontando essa realidade com o seu estado de plena saúde, possa sentir-se privilegiado e feliz por nada sofrer no momento. Os doentes serão, assim, para essas pessoas, um motivo de felicidade.

E gostam de dizer aos outros: «Já sabes? Fulano tem cancro na próstata, coitado».

Mas o que querem mesmo dizer é:

«Fulano tem cancro na próstata E EU NÃO. Yupiiiiiii...»

P.S. Por acaso hoje até estou doente. Estou com gripe. Mas espero festejar, bebendo e dançando, a passagem do ano.

sábado, 23 de dezembro de 2006

PORMENORES

«Ela estava parada, esperando, enquanto o homem, marido, irmão, parecido a ela, buscava nos bolsos por miúdos. Espécie de casaco estilizado com aquela gola enrolada, quente para um dia como este, parece como se de pano de cobertor. Postura desenvolta a dela com as mãos naqueles bolsos externos. Como aquela criatura arrogante na partida de pólo. Mulheres, todas são pela posição, até que se toque no ponto. É bom e faz bem. Reserva a ponto de virar entrega. A honrada senhora e o Brutus é um honrado homem. Possuí-la uma vez é quebrar-lhe e rigidez.»

[James Joyce- in Ulisses]

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

VISTAS CURTAS

Não gosto de dizer “afinal eu tinha razão”; mas não posso deixar passar em claro o facto de só agora, passados mais de três meses, o Governo vir concluir que afinal o diploma que aprovara em conselho de ministros, alterando a forma de justificação de faltas pelos funcionários públicos, é inexequível nos moldes em que foi feito .

Eu chamara aqui a atenção para esse disparate logo na mesma semana em que os fabulosos crânios do Governo conceberam aquela grossa asneira. Então escrevera:

«A partir de agora o funcionário doente irá engrossar a bicha dos Centros de Saúde e entupir as já saturadas urgências hospitalares à procura de uma “baixa” para justificar a falta ao trabalho.»

Tenho vindo a chamar a atenção para várias outras medidas de puro recorte economicista, tomadas na área da Saúde, que penalizam profundamente os utentes e os doentes e que essencialmente visam extinguir a prazo o Serviço Nacional de Saúde.

Desenha-se no horizonte um autêntico desastre que levará ao cerceamento quase total do direito à saúde por parte dos mais pobres e desfavorecidos e à oneração incomportável das despesas de saúde para a restante população trabalhadora.

Os que hoje pateticamente aplaudem as medidas ditas de «equilíbrio das contas públicas», que consistem tão-só em cortes de despesa e nada mais, medidas ditas «iguais para todos» (o que é refinada mentira), ainda hão-de ficar, como todos nós, de calças na mão.

A propaganda deste Governo é fortíssima e bem montada. Mas ela está hoje bem à vista de quem tem olhos para ver, pelo que é preciso ter-se uma boa dose de estupidez para se continuar enganado por essa propaganda e a apoiar quem nos está depenando e empobrecendo.

Essa propaganda assenta fundamentalmente em truques baratos: a estimulação da ancestral inveja dos portugueses; atirar grupos profissionais uns contra os outros; falar em corte de «privilégios» quando se trata de corte de direitos; dizer que o ataque ao cidadão «toca a todos» quando na verdade não toca nos grupos económicos para quem, aliás, se está a trabalhar, sendo disso exemplo modelar o que se passa na área da Saúde.

Repare-se que hoje já nenhum governante, muito menos o Sr. Ministro da Saúde, fala em listas de espera para consultas ou cirurgias. Esse mal deixou de ser um mal. E sambem porquê? Porque o combate a essas listas aumenta a despesa. Portanto, deixem aumentar as listas porque isso significa que a despesa diminui ou não aumenta. O que prova que o que interessa não é governar para os mais desfavorecidos e carenciados; que o que interessa não é governar para o Bem comum. Que, no fundo, o que interessa é, mas é: governar para reforçar e manter o poder. E isso consegue-se de duas maneiras: primeiro, enganando o povinho com propaganda e truques de feira para que em futuras eleições ele vote de novo em quem o tem enganado; e segundo, protegendo e facilitando a vida aos grupos económicos para que este verdadeiro poder seja aliado do poder político na hora das eleições e da governação.

No fundo, com o voto do povo se vai lixando o povo. Que é burro.

domingo, 17 de dezembro de 2006

CAÍDO DO CÉU

Depois de duas décadas sem ir ver futebol ao vivo, ontem lá aceitei um amável convite de um amigo para um camarote VIP em Alvalade e lá fui ver o Sporting Académica.

Jogo medíocre na primeira parte, e mau na segunda; mais por culpa de um Sporting molengão, sem fibra e sem ideias, do que de uma Académica esforçada e aplicada que mais não fez porque já lá não moram o talento e a visão de jogo de um Rui Rodrigues no meio campo, ou a inteligência e a técnica de um Artur Jorge na frente de ataque.

A observação in loco desta equipa de miúdos ingénuos do Sporting (excepção feita a Moutinho), fez-me recordar e desejar ver ali no relvado Vítor Damas na baliza e, bem lá na frente, Hector Jazalde ou a dupla Jordão Manuel Fernandes. Estes sim ― jogadores capazes de dar uma cabazada memorável a esta Académica.

Mas não é bem disto que eu queria falar-vos. Quero é dizer-vos o quão chocado fiquei quando soube que o lugar que ocupei ― uma vulgar cadeira de napa, almofadada e sem braços, pouco melhor que as cadeiras de plástico das bancadas ― custa, por ano, a módica quantia de €4.700. É isso mesmo: quatro mil e setecentos euros por ano.

Mas a coisa não fica por aqui. É que o camarote tem sete cadeiras dispostas em duas filas em degrau: a primeira fila com três cadeiras, e a segunda, atrás, com quatro; e se destina a um único comprador (particular ou empresa), que tem que pagar a ninharia de €33.000 (trina e três mil euros) para ter direito a uma época de futebol em Alvalade.

Para além da desmedida exorbitância (passe o pleonasmo) do preço a pagar para ver futebol de refugo europeu, o que ainda me chocou mais foi constatar a inexistência de quaisquer condições de conforto e privacidade nos ditos camarotes: que mais não são que pequenos espaços das bancadas delimitados das cadeiras vizinhas por um pequeno muro em “U” de cerca de 50 cm de altura, espaço para onde se acede, vindo do interior do estádio, por uma porta de vidro individual.

É isso que se paga tão caro: a faculdade de ir para a bancada do estádio apanhar frio e ver mau futebol, não em magote andando escadaria abaixo ou escadaria acima à procura do nosso lugar, mas calmamente como quem, de dentro de um edifício, espreita o relvado por uma porta de vidro que lhe permite aceder à bancada para uma zona de sete cadeiras cercadas pelo dito muro de 50cm.

No camarote, a sensação que se tem é a de se estar na bancada normal do estádio (pois as cadeiras do camarote estão, ao ar livre, na continuação das outras que compõem o anfiteatro), tendo connosco a turba toda ali a pedir-nos, ou a exigir-nos ― sei lá ―, solidariedade na hora de chamar f.d.p. ou c..... ao árbitro.

Convenhamos que há muito de absurdo em tudo isto.

E depois de ter ido conhecer um dos novos estádios do Euro 2004 ― coisa que eu tinha curiosidade em fazer ― creio que nunca mais entrarei num estádio de futebol!

Ponto Final.

Ah! Esquecia-me disto: Há um pequeno frigorífico logo à entrada do camarote onde estão bebidas não alcoólicas que o camarodono pode consumir à vontade e “sem pagar”; pode encharcar-se até mais não em coca-cola ou laranjada que “não paga nada” (também se pagasse não seria grande o rombo). E o camarodono até tem uma chave do frigorífico, chave que lhe é entregue quando "compra" o camarote. Suponho que para lhe dar a única sensação de posse que os €33.000 pagos lhe permitem ter: uma chave de um mini frigorífico.

Beleza! Não é?

Paraíso!... Nirvana!...

Bolas! Que há gente para tudo.

Isto sem ofensa para o meu anfitrião. Discordo. É tudo.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

UM OUTRO OLHAR SOBRE O 11 DE SETEMBRO

O DAS COINCIDÊNCIAS

* ― “New York City” tem 11 letras.
* ― “Afeganistão” tem 11 letras.
* ― "The Pentagon" tem 11 letras.
* ― “George W. Bush” tem 11 letras.
* ― Nova Iorque é o estado N° 11 dos EUA.
* ― O primeiro dos voos que embateu contra as Torres Gémeas era o N° 11.
* ― O voo N° 11 levava a bordo 92 passageiros;
a soma dos seus algarismos dá: 9+2 = 11
* ― O outro voo que embateu contra as Torres, levava 65 passageiros;
a soma dos seus algarismos dá: 6+5 = 11.
* ― A tragédia teve lugar a 11 de Setembro, ou seja, 11 do 9;
a soma dos seus algarismos dá: 1+1+9 = 11.
* ― As vítimas totais que faleceram nos aviões eram 254: 2+5+4 = 11.
* ― O Dia 11 de Setembro é o dia número 254 do ano: 2+5+4 = 11.
* ― A partir do 11 de Setembro sobram 111 dias até ao fim de um ano.
* ―“Nostradamus” (que tem 11 letras) profetiza a destruição de Nova Iorque na Centúria número 11 dos seus versos.
* ― As Torres Gémeas tinham a forma de um gigantesco número 11.
E, como se não bastasse, o atentado de Madrid aconteceu no dia 11.03.2004.
Somados estes algarismos temos: 1+1+0+3+2+0+0+4 = 11
O atentado de Madrid aconteceu 911 dias depois do de Nova Iorque.
Somados estes algarismos temos: 9+1+1=11

[Coincidências trabalhosamente encontradas – sem dúvida!]

Isto tudo vem num panfletozinho distribuído há dias na Baixa de Lisboa. A intenção que acompanhou a distribuição apanhou-me totalmente distraído, confesso.

domingo, 10 de dezembro de 2006

GRANDE SENA SANTOS

Um muitíssimo obrigado à Grande Loja que nos permitiu, passados uns dois ou mesmo três anos, recuperar a convivência com Sena Santos, talvez o maior jornalista de rádio que escutámos até hoje.

Sena Santos está na Net, todos os dias, com um programa de cerca de oito minutos, o “Assim Vai o Mundo”, trazendo-nos, como só ele sabe fazer, notícias frescas e rigorosas do que de mais importante vai acontecendo no mundo globalizado em que hoje vivemos.

Habitue-se a ir todos os dias até este sítio e dê por muitíssimo bem empregado o tempo que levar a escutar o que Sena Santos tem para lhe transmitir.

E compare o trabalho de Sena Santos com os noticiários que ouve e lê um pouco por aí para ver o quão diferente é o tratamento que um mesmo assunto pode receber por parte de um jornalista competente como é Sena Santos, e por parte de outros que se limitam a encher-nos a vista e os ouvidos com “recados” políticos e transcrições e leituras de telex das agências internacionais de comunicação.

Se Sena Santos vier a pôr na sua página da Net uma ligação para fazermos donativos para o seu programa, serei dos primeiros a corresponder ao propósito. E creio bem que a maioria dos ouvintes não regateará na hora de também contribuir para manter um tal serviço. Que de serviço se trata.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

OH MARAVILHA!

Engolido o vinho irradiante lhe cruzava o céu-da-boca. Espremido nos lagares de uva da Borgonha. É o calor do sol. Parece um toque secreto contando-me recordações. Tocados seus sentidos humedecidos relembravam. Escondidos sob os fetais silvestres de Wowth. Debaixo de nós a baía dormente céu. Nenhum som. O céu. A baía púrpura perto do cabo Leão. Verde por Drumleck. Verde-amarelo rumo a Sutton. Campos submarinos, linhas de um pardo desmaiado por entre a relva, cidades enterradas. Almofadada no meu paletó tinha ela sua cabeleira, fura-orelhas, em sarças de urze minhas mãos sob sua nuca, tu vais me despentear todinha. Oh maravilha!

[James Joyce – in Ulisses]

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

“INTENDÊNCIA”

Quer dizer-nos Pacheco Pereira se ainda hoje continua a apoiar a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, mesmo depois de ler o relatório Baker?

Fim de “intendência”.


Hoje é nosso dever lembrar a todos os apoiantes da invasão do Iraque que a América está derrotada. Que quem diz isso não é um qualquer irresponsável. Que quem diz isso é uma comissão presidida pelo senhor James Baker, num relatório oficial encomendado pela e para a Administração Americana.

Nada mais claro: a América perdeu a guerra no Iraque.

Por outras palavras: Saddam Hussein acaba de ganhar a guerra a George Bush.

Saddam já pode morrer descansado. Embora o não merecesse, ficará na história como mais um chefe militar e político que derrotou a toda-poderosa América.

Depois da vergonhosa derrota no Vietname, veio agora a não menos vergonhosa derrota no Iraque. E fica-se com a certeza de que sempre que a América guerreou sozinha (neste caso do Iraque até contou com algum apoio do Reino Unido) ― mas, dizia-mos ― sempre que a América guerreou sozinha acabou por levar no focinho e sair do palco com o rabinho entre as pernas.

Depois há-de ganhar a guerra no cinema: hão-de fazer grandes filmes tipo “Rambo”, em que os iraquianos serão derrotados em toda a linha, para levantar o moral do sempre politicamente enganado povo americano.

Justiça se faça a um homem que teve sempre da História uma visão lúcida e previu até hoje como ninguém vários desfechos de acontecimentos históricos relevantes para a humanidade:

Falo de Mário Soares.

Mesmo antes da invasão do Iraque, quando se montava a mentira e se preparava a opinião pública para a guerra, Soares disse na televisão: «vai ser fácil lá entrar, mas depois o grande problema vai ser como sair de lá».

Pois é: agora Bush tem que se aliar ao “Eixo do Mal” para o ajudar a recolher os cacos, regressar a casa e contar as sepulturas dos milhares de jovens militares americanos mortos no Iraque. Para nada!

Antes da guerra, a euforia ------------------------ Depois da derrota, o funeral.

SEJAMOS REALISTAS

Da passagem do Sporting por esta edição da Liga dos Campeões ficou apenas na memória aquele remate certeiro de Caneira que deu o único golo do jogo de Alvalade com o Inter de Milão.

Convenhamos que é pouquíssimo – quase nada, ou mesmo nada -. E traduz inteiramente o quarto e último lugar do Sporting no seu grupo de apuramento, isto é, a sua eliminação de todas as provas europeias desta época.

Acabado de ver ainda há pouco o jogo do Porto com o Arsenal, admite-se, sem dificuldades de maior, que apenas os dragões têm, aqui no rectângulo, equipa que mereça estar na fase seguinte da prova futeboleira maior da Europa.

E ponto final.

domingo, 3 de dezembro de 2006

O OLHO CLÍNICO DO ABRUPTO

Quando o jornal PUBLICO desapareceu pela primeira vez na sua versão online, escrevi dizendo claramente que achava que era uma má decisão porque quem lia online, também comprava o jornal em papel porque sabia que a versão impressa traz sempre mais conteúdo, e porque ler em papel é diferente e apraz bastante.

Mas também disse que jornal que não dispense parte do seu conteúdo online é jornal condenado a não ser comprado por muita gente; porque, frisei de novo, quem lê online também compra papel .

Vem agora o Abrupto tentar mais uma vez caracterizar-nos um pouco taxonomicamente dizendo-nos que nós os blogueadores nos limitamos a ler os jornais online e não ligamos nenhuma aos jornais impressos.

Não é um erro dos blogueadores que está na base desta verdade; é um erro dos editores dos jornais que acham que é escondendo bem escondidinho o seu produto que o tornam mais apetecido.

Mentira! A vastidão da Internet felizmente é hoje tão grande, preenche de tal maneira as necessidades de notícia e busca de artigos sobre os mais variados temas, que só competindo na Internet (atenção que eu não disse contra a Internet – que é o que alguns jornais estão a tentar fazer, sem sucesso nenhum, aliás -) que os jornais poderão ganhar leitores para as suas versões em papel.

Repito mais uma vez: quem lê online também lê, e muito, em suporte papel (livros, revistas, jornais); mas não lê - se calhar por revanchismo – e eu faço-o! os jornais escondidinhos.

Eu comprava o Expresso todas as semanas, e o PUBLICO três vezes por semana. Agora compro zero de um e de outro. Nem quero saber deles. Desde que passaram a obrigar ao pagamento da sua leitura online que deliberadamente me esqueci que existem.

Mas o caso do PUBLICO, como escrevi aqui, é ainda mais caricato: aqueles crânios que o dirigem e editam meteram-no num sarcófago ao retirarem ao Google a autorização para o “cachear”.

E agora só lhes falta construir a pirâmide com a câmara funerária onde vão colocar o sarcófago com o jornal.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

ESADOF* CLÓVIS

Recebi, das mãos de um familiar cioso dessas coisas da genealogia e ancestralidade, um maço de papéis que pretensamente provam que ele e eu somos descendentes de Clóvis, Rei dos Francos, que casou no ano 466 DC com Clotilde de Borgonha, (mais tarde Santa Clotilde de Borgonha), que teve uma filha com o mesmo nome, esta, cuja, terá por sua vez contraído matrimónio, no ano 502 DC, com um tal de Amalric I Balthes, Rei dos Visigodos...

... E por aí fora até chegar ao nosso nascimento.

Como tenho a péssima mania de relativizar as coisas e de olhar para o ser humano mais como uma maquinazinha defeituosa e altamente dependente, que quase não presta para nada senão para albergar uma caterva incomensurável de micróbios que passam a vida a reproduzir-se, e a produzir, dentro e fora de nós, toneladas e toneladas de todo o género de porcaria que imaginar se possa;

Resolvi consultar uns velhos e adormecidos canhenhos que tenho por aqui, escritos por uns autores desmancha-prazeres, de onde pude retirar alguma informação interessante.

Num canhenho que fala de bichinhos esclareci-me sobre a porcaria que somos e a fragilidade da nossa existência. Assim:

1. Qualquer corpo humano é composto por cerca de dez quatriliões (10) de células, e hospeda cerca de cem quatriliões (100) de bactérias.

2. Nunca nos esqueçamos de que as bactérias sobreviveram biliões de anos sem nós. E nós não poderíamos sobreviver nem sequer um dia sem elas.

Esta é a precária porcaria que somos.

Num outro canhenho sobre genética vi incendiarem-se todos os pergaminhos de toda a humanidade - e, claro, também os meus que me davam Clóvis como meu antepassado em linha directa - ao ficar a saber que:

1. Há 30 gerações, o número total dos antepassados de qualquer indivíduo – dos meus, dos seus e de qualquer outra pessoa – considerando apenas a ascendência directa (apenas pais e pais de pais numa linhagem que caminhou inevitavelmente na direcção de cada um de nós) é superior a UM BILIÃO (mais precisamente 1 073 741 824) de pessoas.

2. Se tivermos uma relação com alguém da nossa própria raça e país, há, portanto, fortes probabilidades de sermos parentes.

Por isso, quando alguém se gabar à sua frente, caro leitor, de ser descendente de D. Afonso Henriques, ou de Carlos Magno, ou de Clóvis (como é o caso da minha família), responda imediatamente: “Também eu!”.

E não diga depois que não lhe proporcionei um bom fim-de-semana com esta posta, meu caro parente que me lê; e aceite um forte e fraternal abraço.

(*) O seu a seu dono: “ESADOF” (que deve ser lido de trás para a frente) foi “plagiado” aqui do Abrupto.

terça-feira, 28 de novembro de 2006

O FEITICEIRO ESTÚPIDO

Como eu descrevera aqui nesta posta, era possível ler artigos do jornal PÚBLICO, com um atraso de dois, três dias, pesquisando pelo seu conteúdo nas “caches” do Google. Digo “era” porque por certo o jornal pediu ao Google que não fizesse caches do seu conteúdo e por isso hoje já não é possível fazer essa leitura.

Mas perguntemos agora se essa terá sido uma boa decisão por parte do jornal PÚBLICO.

Penso que não. Penso que foi uma péssima e desastrosa decisão.

Senão, vejamos:

Acontece que agora o Google - pura e simplesmente ignora a existência do jornal PÚBLICO para qualquer tipo de pesquisa que se faça.

Para o Google o PÚBLICO deixou de existir. Experimente fazer uma pesquisa e constate por si que é verdade.

Penso que isso é terrível para aquele jornal. Seria terrível e desastroso para qualquer jornal de qualquer parte do mundo. Por maior e mais influente que ele fosse.

Nem os gigantes The New York Times, ou Le Monde, por exemplo, se aguentariam hoje se se retirassem do mundo Google.

Porque “quem” hoje não está no Google – é porque não existe.

Aliás, todo o mundo quer hoje ser referenciado pelo Google.

Que doideira foi essa que se meteu na cabeça dos gestores(?) daquele jornal para determinarem assim tão estupidamente a sua extinção? Ou terá sido mais uma esperteza saloia de José Manuel Fernandes, essa luminária da imprensa portuguesa?

Não se compreende. É o mínimo que se pode dizer.

Paz à alma do PÚBLICO.

Nota: Será que Belmiro de Azevedo tem conhecimento de tudo isso? Não creio, pois, como todos sabemos muito bem, ele não é estúpido.

VOLTA ZIDANE

E DÁ-LHE OUTRA CABEÇADA E UM PONTAPÉ NOS TOMATES

Vejam só do que é capaz “O Carniceiro”, nome pelo qual Marco Materazzi é conhecido na Itália.


Depois de cometer as faltas, o rapaz até se dá ao trabalho de pedir candidamente desculpas às suas vítimas.

E na maioria dos casos os árbitros nem sequer o amarelam com o cartão.

sábado, 18 de novembro de 2006

DESCODIFICANDO SINAIS

O menino guerreiro escreveu um livro em que se queixa de malfeitorias que Cavaco lhe terá feito quando no Verão de 2004 fora primeiro-ministro do então governo circense de Portugal.

E deixou no ar a ameaça de que qualquer dia pode aparecer «por aí» de novo com o PSD domesticado e pronto a lutar por ele e pelo poder.

Cavaco não perdeu tempo a mandar recados ao PSD e a responder desta maneira ao livro de Santana Lopes.

Com isso entalou o PS que, incomodado, ainda não reagiu claramente à colagem de Cavaco.

Mas o farol independente, (esta vírgula é importante) do PS, Vital Moreira, já o fez, com algum desagrado, contorcendo-se na cadeira e inspirando fundo com o bigode colado às narinas.

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

ENTÃO COMO É?

Como todos sabemos, o Governo PS tem atacado, e nalguns casos extinguido, os “direitos adquiridos” de diversos trabalhadores. Os senhores jornalistas, em vez de tratarem o assunto com toda a verdade, têm enchido páginas e páginas de prosa noticiando, comentando, glosando, aplaudindo, e servindo de câmara de eco do Governo chamando aos “direitos adquiridos” “PRIVILÉGIOS”.

Mas eis que o Governo resolveu agora extinguir a Caixa de Previdência e Abono de Família dos Jornalistas.

Aqui d’el Rei que o Governo está a atacar os nossos “DIREITOS”! Dizem esses pândegos aqui.

“Direitos não, meus caros amigos. O que o Governo está a atacar não será antes os vossos “PRIVILÉGIOS”?

Sejam coerentes ao menos uma vez, meus caros: aplaudam o Governo e glorifiquem-no nos vossos jornais.

Ou será que a partir de agora está entornado o caldo e vamos ter outra comunicação social, com outro léxico e olhando para as coisas de forma diferente?

Vá! Não esmoreçam!

ABAIXO OS “PRIVILÉGIOS”!

terça-feira, 14 de novembro de 2006

POSTA FEDORENTA

A Civilização tem requisitos que acabam por desembocar na cultura e na educação das colectividades humanas e no próprio indivíduo. Um desses requisitos é a educação dos hábitos intestinais de cada um de nós.

Pode parecer a alguns, ou mesmo a muitos de nós, que assim não é; mas a verdade é que isso faz parte integrante da educação de cada indivíduo e insere-se na cultura da comunidade.

Não é a qualquer hora e em qualquer lado que se deve fazer o cocó quotidiano.

Só excepcionalmente, numa emergência por alterações fisiológicas causadas por doença ou ingestão de produtos estragados, por exemplo, deve acontecer onde for mais conveniente.

De resto, cabe ao indivíduo ser educado e educar-se habituando os seus intestinos a funcionar, em casa, sensivelmente à mesma hora, ou aquando de um acontecimento quotidiano regular, como é o acordar de manhã, por exemplo. Excepcionam-se, como é evidente, os indivíduos que trabalham por turnos variáveis e por isso não têm rotinas quotidianas.

Por isso não se entende, por exemplo, aquele senhor doutor, aquele senhor engenheiro, aquela senhora professora, que, no serviço, às horas que calhar, se senta no trono e empesta o ambiente da retrete e os corredores circunvizinhos com os odores nauseabundos das suas fétidas tripas.

É que há pessoas que, para agravar ainda mais a situação, entram numa retrete, ficam lá meia hora ou mais a evacuar, e durante todo aquele tempo não accionam o autoclismo uma única vez sequer; ficam sentadas no trono a banhar-se nos vapores odorantíssimos do cocó que vão fazendo, no que saem de lá - não só deixando pestilento o ambiente, como ainda com a roupa e os cabelos impregnados do mortífero vapor das suas humanas entranhas.

O que acontece no local de trabalho também, às vezes, acontece em nossa casa. Quando uma visita ou convidado pede-nos para ir à nossa casa de banho. Tudo bem, dizemos - que remédio, apetece-nos dizer -. É que pode tratar-se de um “incivilizado” que quando sair de lá nos deixará com vontade de mudar de casa ou de contratar um meteorologista experiente que nos faça passar um temporal ou mesmo um ciclone tropical de grau 7 pelo WC e todas as divisões da habitação.

Por isso, caro/a amigo/a, se ainda o não é:

Civilize-se.

Eduque-se.

Tome boa conta dos seus intestinos.

Não esfregue o interior das suas tripas nos narizes dos outros.

domingo, 12 de novembro de 2006

DA ORIGEM DA POESIA

«As meias dela estão enrugadas no calcanhar. Desgosta-me isso: tão sem gosto. Essas gentes literárias etéreas são todas. Oníricos, nefelibáticos, simbolísticos. Estetas é o que são. Não me surpreenderia se fosse aquele tipo de alimento [vegetariano] que produz essa como onda do cérebro as poéticas. Por exemplo um daqueles polícias que tresandam a cozido pela roupa toda; não se poderia espremer dele um verso de poesia. Nem sabe mesmo o que é poesia. Precisa-se de uma certa veia.»

Onírica nefelibata gaivota
Ondula por sobre os mares sua derrota


[James Joyce]

domingo, 5 de novembro de 2006

VENENO DE SAPO

PONHA-SE A PAU


Como pode constatar pela imagem supra, uma visita ao conhecidíssimo domínio português home.sapo.pt pode provocar uma violação da segurança do seu browser, pois, é o "Site Advisor" da McAfee que o diz: «ao navegar neste site, o site efectuou alterações não autorizadas ao nosso computador de teste».

Obtive este aviso quando tentei aceder ao endereço: http://xistemas.home.sapo.pt/.

Será que já não se pode navegar no "sapo.pt" sem se sair de lá com o computador feito num oito?

Vou enviar um email ao sapo.pt a colocar a questão.

RECEITAS

Certo dia uma senhora prendada descreveu com discreta volúpia o almoço que preparara no dia anterior de domingo tendo como prato principal um excelente – dizia ela - rolo de carne. E deu, urbi et orbi, a receita: temperou ½ Kg de carne de vaca picada à qual adicionou ½ Kg de carne de porco picada, com sal pimenta e o conteúdo de um pacote de sopa de cebola Knorr desfeito em meia chávena de água. Juntou um pouco de pão ralado e amassou tudo muito bem, fez um rolo de carne que untou com margarina derretida e levou ao forno para cozer. Serviu o rolo com batata frita e salada.

E disse: «ficou com um paladar excelente; fica sempre; a sopa Knorr dá-lhe qualquer coisa de especial que é muito bom».

Porque não sou egoísta, mas antes epicurista, vou dar-vos uma receita de rolo de carne que, por sinal, hoje vou confeccionar para o almoço:

500 gr de carne de vaca picada;
250 gr de carne de porco;
250 gr de vitela(peito);
50 gr de chouriço;
1 colher de sopa de manteiga;
100 gr de toucinho;
20 bolachas de água e sal;
4 ovos;
2 cebolas grandes;
1 copo de vinho branco;
20 grãos de pimenta;
2 cenouras;
2 cravos de cabecinha; salsa; louro;
50 gr de azeitonas pretas;
sal, pimenta e noz-moscada.


Passe as carnes pela máquina de picar. Passe também o chouriço, as bolachas, 1/4 da porção de toucinho e um ramo de salsa. Tempere com sal, pimenta e noz-moscada.

Coza uma cebola, previamente picada, com a manteiga e, quando estiver macia, junte-a ao preparado anterior. Adicione os ovos inteiros e amasse tudo muito bem.

Com a ajuda de um rolo de madeira estenda o preparado e por cima coloque algumas tiras de toucinho, de cenouras cozidas e azeitonas pretas descaroçadas.

Enrole e envolva o rolo de carne num pano branco. Ate com uma guita.

Mergulhe o Rolo num tacho com água a ferver à qual juntou 1 cenoura, a restante cebola cravejada com os cravos de cabecinha, o vinho branco, os grãos de pimenta, um ramo de salsa, uma folha de louro, sal e o restante toucinho.
Quando o rolo estiver duro, retire o tacho do lume e deixe-o arrefecer dentro do caldo.

Sirva com esparregado e batatas novas sem casca untadas com óleo vegetal e assadas no forno, regadas com o molho do rolo de carne.

Acompanhe com vinho tinto Vila Santa, colheita de 2000. E ponha a girar no leitor de CD um disco de canto gregoriano.

Se começar tudo agora, talvez ainda consiga fazer hoje um almoço interessante. Mas se quiser ter um almoço excelente talvez deva escolher a primeira receita. Ou não?!

Tenha um bom domingo.

DISSE HERR CAZOTTE:

[...] «Por mais admirável que seja, a mulher que não desperta no homem o instinto do sedutor é como o cavalo do Chevalier de Kerguelen, que tinha todas as boas qualidades, mas que estava morto. E que pobres criaturas desvalidas seriam os homens, se não tentassem arrancar, como o violinista com o arco sobre as cordas, toda a riqueza e todas as virtualidades do instrumento que temos nas mãos?» [...]

Bom dia.

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

DESCULPAS

Desde cerca das 19:00h de ontem, este blogue esteve indisponível por razões da inteira responsabilidade do Blogger.com.

Enviámos uma mensagem a relatar o problema que foi resolvido passadas sete horas.

Aos nossos leitores pedimos desculpas por este inconveniente de cuja causa somos alheios.

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

COM O ABISMO À VISTA

SEJA UM BOM PORTUGUÊS: SEJA CORAJOSO

Visando a extinção dos quadros clínicos hospitalares e, consequentemente, das carreiras a eles inerentes, os sucessivos três últimos governos, no que se inclui o actual, promoveram o “emagrecimento” desses mesmos quadros, quer pela não substituição dos médicos que foram saindo para a reforma, quer ainda pela criação de condições propícias ao abandono dos que foram ficando, estes descontentes com as condições de trabalho e/ou a falta de perspectivas de uma carreira que, como já se disse, está em extinção galopante.

Saíram, assim, dos hospitais, sobretudo os médicos mais capazes. Mas não só: também saíram e têm saído médicos jovens, especializados há pouco tempo.

Depois, então, promoveram a contratação, a trouxe-mouxe, de tarefeiros (alguns, pelos vistos, de qualidade e competência duvidosas) para colmatar a falta dos médicos que saíram.

E agora vêm p’raí com choradinhos e análises preocupadas, e anúncios de medidas impraticáveis que vão deixar o Serviço Nacional de Saúde ainda mais moribundo, incapaz, e, por esse caminho – perigoso para o doente no futuro. Prevêem medidas, até, contraditórias: pretendem dificultar ainda mais a contratação de tarefeiros, no momento em que mais ainda vão precisar deles: quando os médicos, a partir de 1 de Janeiro próximo, poderão optar por não fazer trabalho extraordinário nos hospitais e Centros de Saúde do Estado, pois muitos deles não querem ganhar 28 euros à hora quando a seu lado há um tarefeiro menos qualificado a ganhar, por exemplo, 70 euros à hora.

Quando se pratica a lei cega do mercado – a lei da oferta e da procura - é nisso que as coisas podem dar: numa como que mercenarização do trabalho médico (Hipócrates deve estar a dar voltas e mais voltas na tumba. E qualquer dia até é bem capaz de aparecer por aí doido de todo).

É como disse Marcelo rebelo de Sousa: «Parece que não há um plano para a Saúde» em Portugal. Navega-se à vista. Mas fica a ideia que o objectivo principal é extinguir o Serviço Nacional de Saúde sem que as consequências, sequer as de curto e médio prazo, estejam a ser devidamente perspectivadas.

Pergunto: é preciso que morra gente em número significativo para só então se parar, pensar e definir outro caminho?

Mas aonde é que se quer chegar com tudo isto?!

Estamos num país de loucos ou quê?!

Fiquemos com a citação de algumas frases que o Diário de Notícias atribui hoje à senhora Secretária de Estado Adjunta da Saúde, Carmen Pignatelli:

"ninguém garante a qualidade" do atendimento

"há hospitais que celebram contratos que se resumem a meia folha A4".

"Não há informação sobre o corpo clínico da empresa, do registo de cada médico na ordem, nem a garantia de que ele é especialista em oftalmologia, se for o caso de ser contratado para a oftalmologia."

"Uma das coisas que me deixam perplexa é como é que se garante a qualidade dos serviços nestas condições."


Nota: Será que tudo o que disse a senhora Secretária Adjunta da Saúde, Cármen Pignatelli, significa que já se vai admitindo encerrar os hospitais (praticamente todos), acabar com o Serviço Nacional de Saúde, e entregar tudo nas mãos dos privados?

Estará a senhora Secretária a preparar os portugueses para uma notícia destas?

Da forma como as coisas estão, hoje em Portugal, nada espanta e tudo se admite.

O socratismo caminha em roda livre, apoiado firmemente numa maioria absoluta conquistada à base da maior fraude política eleitoral de que há memória, e baseada nas mais mentirosas promessas eleitorais até hoje feitas em campanha.