sábado, 28 de maio de 2005

CARTILHA DO VOTANTE

Primeira e única lição.

Em quaisquer eleições que hajam, até que o seu corpo esteja hirto e frio à espera do cangalheiro, faça com que o seu voto seja sempre um voto de protesto contra a mentira institucionalizada na política.

Sabendo embora que os bons de hoje serão os maus de amanhã,

tenha a inteligência de ler os sinais e prever as mutações, de forma a poder, quando for o caso, mudar o seu voto para o manter sempre como voto de protesto.

Não se importe que o acusem de incoerência, traição e o raio que os parta.

Neste mundo da Mentira Política Permanente, Institucionalizada, todos os pecados devem ser perdoados.

E mesmo quando o não sejam:

Queira sempre ser pecador.

sexta-feira, 27 de maio de 2005

ETERNA SAUDADE

Sita Vales

Encontrei hoje, no baú das recordações, esta fotografia de Sita Vales saída como capa da Revista do Expresso de 25 de Janeiro de 1992.

Amiga e contemporânea minha na Faculdade, Sita Vales teve a desdita de ser acusada de se associar a Nito Alves numa tentativa de golpe de Estado, em Angola, em 27 de Maio de 1977.

Presa e condenada à morte, ao que rezam as crónicas, por ordem de Agostinho Neto (por curiosidade um colega de profissão), Sita, corajosa como todos nós nos lembramos de ter sido, recusou ser vendada tendo enfrentado, olhos nos olhos, o pelotão de fuzilamento que o "democrata" Agostinho Neto mandou que a trespassasse de balas após um julgamento revolucionário em que não houve lugar a defesa.

- Até que nos voltemos a encontrar, Sita! Hoje, no 27º aniversário do teu assassinato, quero dizer-te que a tua memória perdurará para sempre entre aqueles de nós que te conhecemos a fibra de lutadora, a nobreza de carácter e o amor pelo povo angolano.

quinta-feira, 26 de maio de 2005

O FANTASMA DE RICARDO



Um fotógrafo espírita conseguiu documentar a razão pela qual Ricardo não tem tranquilidade na baliza; tem, até, medo de saltar às bolas altas; e está sempre desejoso de fugir de lá para fora.

terça-feira, 24 de maio de 2005

SALMOURA MILIONÁRIO

A Sra. Mónica Martinez, em nome de:

MR PEDRO WILLIAMS
DIRECTOR OF FOREIGN OPERATIONS
MEGA TRUST AGENCY MADRID SPAIN
E-Mail: contactmegatrust@netscape.net
TeL:0034-685-401-378
Fax:0034-685-401-378


teve a amabilidade de me comunicar, por email, que aquela Agência jogou, em meu nome (vajam lá que generosidade!?), a lotaria El Gordo, que saiu a 25 de Abril passado, em Espanha, e que após um sorteio na dita agência EU GANHEI, com o meu ticket number 085-12876077-09 with serial number 51390-0 that drew the lucky numbers of 03-05-12-14-28-38, a bonita soma de:

1.600.000.00 Euros
( ONE MILLION SIX HUNDRED THOUSAND EUROS )
in cash credited to file with REF: Nº.EGS/3662367114/13.

Pede-me a Sra. Mónica que eu não divulgue esta notícia até receber o meu dinheiro pois que, de contrário, pode alguém antecipar-me e reclamar o prémio para si.

Informa-me ainda a Sra. Mónica que eu terei que entregar à Agência 10% do meu prémio pois este montante foi estabelecido quando a Agência gastou o seu dinheiro para comprar uma lotaria em meu nome.

Tudo o que eu tenho que fazer para receber o meu prémio é contactar o Sr. Pedro Williams fornecendo-lhe a minha identificação completa mais alguns dados importantes (nome, residência, dados do passaporte e a identificação de uma conta bancária minha para onde o dinheiro será transferido).

Simples, não acham?

Pois bem: segundo rezam as crónicas, quando alguém cai neste conto do vigário podem acontecer-lhe várias coisas desagradáveis: com os seus dados verdadeiros mas fraudulentamente usados podem tentar e conseguir burlar instituições de crédito e empresas de variadas finalidades obtendo empréstimos e fazendo transacções em nome do burlado (no meu nome, por exemplo). Para além disso parece que ainda antes de fazerem a tal transferência que nunca se concretizará costumam pedir ao feliz contemplado com a lotaria uma soma insignificante em dinheiro (mil ou dois mil euros) para pagar as despesas inerentes à transferência da taluda para o seu banco.

Quem é que não paga mil ou dois mil euros para receber um milhão e seiscentos mil euros?

Eu pagaria. Se não tivesse já conhecimento deste esquema de burla e acreditasse ingenuamente que alguém joga por mim, sem eu saber, uma lotaria, e depois ainda tem a honestidade santa de me comunicar que o meu bilhete, por ele comprado, ganhou a taluda, que a taluda é minha, ficando essa pessoa contente em receber apenas 10% do bolo.

A magnanimidade do nosso benfeitor fica mais revelada quando constatamos que ele é capaz de jogar em nosso nome, com o seu dinheiro, e que quando não sai nada no bilhete a pessoa em causa perde alegremente o seu dinheiro sem nos dizer nada.

Belo e harmonioso mundo este, não é?

P.S. O engraçado é que compraram o bilhete em meu nome, mas não sabem o meu nome. Eu sou apenas e só "Salmoura".

domingo, 22 de maio de 2005

É MESMO OBRA!


(Foto retirada de "O Jumento")

O fabuloso José Peseiro, qual atrasado mental, acaba de conseguir um recorde inédito.

Com a humilhante derrota de hoje, do Sporting, no seu próprio estádio, perante o Nacional da Madeira - que só este ano, e em apenas dois jogos, afinfou 8-2 ao Sporting -, José Peseiro consegue levar os leões a perder, em oito dias, três oportunidades de ouro, a saber:

a) no estádio da Luz, frente ao Benfica, disse adeus ao título ao perder por 1-0;
b) perdeu a seguir a final da Taça UEFA, no seu próprio estádio, contra uma equipa que estava perfeitamente ao alcance do Sporting;
c) e perdeu hoje o segundo lugar na classificação do campeonato português, que dava acesso directo à Liga dos Campeões, valendo, logo à partida, oito milhões de euros apenas pela participação na prova.

O que esperam os dirigentes do Sporting para despedirem esse incompetente de falinhas mansas e vistas curtas?

Será que os adeptos leoninos vão continuar a chorar as oportunidades ingloriamente desbaratadas em campo por causa deste incompetente?

sexta-feira, 20 de maio de 2005

MEMÓRIAS


1968. Festa da passagem do ano, no Grémio, em S. Vicente.

Toca o conjunto "West Side", o primeiro agrupamento musical residente em Cabo Verde a possuir instrumentos electrónicos (importados, ao tempo, directamente do Japão, pela Casa Serradas) que custaram então um dinheirão: cerca de quarenta e seis mil escudos.

Que fique para a história da música em Cabo verde.

quinta-feira, 19 de maio de 2005

ASSIM NÃO PODIA DAR MESMO


A dupla infernal, Ricardo & Peseiro Lda.

Deixei passar a raiva. Deixei atenuar a dor. Tentei sublimar a frustração. Mas não consegui esquecer que as derrotas do Sporting contra o Benfica e o SCKA (bem como muitas outras no campeonato e taça de Portugal) se ficaram a dever, em grande parte, a uma dupla terrivelmente ineficaz: a dupla Ricardo & Peseiro, Lda.

Ricardo porque ele tem uma relação complicadíssima com as bolas altas: contra o CSKA comeu o primeiro golo porque "não foi lá"; contra o Benfica comeu o golo porque "foi lá", mas em vez de socar tentou agarrar a bola – ele que não há memória de ter alguma vez na vida agarrado uma bola alta em disputa directa com qualquer adversário.

Peseiro porque ele é um treinador que "inventa uma equipa nova" sempre que é preciso apostar na rotina da "equipa velha"; e porque é um treinador que não sabe armar uma defesa (à Mourinho, por exemplo – custa muito copiar isso?) e faz da retaguarda do Sporting um autêntico passador onde mor das vezes não mora um único defesa para cobrir os adversários.

quarta-feira, 18 de maio de 2005

OFICIALIZAÇÃO DO CRIOULO

(Surge o primeiro problema: que fazer com a palavra "ranjo"?)

Não há ainda duas semanas, na tertúlia do Djica, que se reúne no pátio da casa que era "di nhô Lion di Custódia", o Manuel di Nininha contou, com nomes e tudo, o seguinte episódio verídico:

Um homem do Fogo foi a casa de uma senhora da Brava pedir-lhe a filha em casamento. Submetido pela senhora a um pequeno interrogatório destinado a apurar as suas condições económicas e algumas virtudes, a senhora pergunta-lhe:

- A lá nhô cu ranjo?

- N’ná cumó, n’têl própi más grandi qui di burro.

- Nhô poi ná rua. Ê cá êsse q’in praguntá nhô. Rua! Hómi di áje di nhô cá marêcê cásâ cu nhá fidja.

Nota: "ranjo", na Brava, significa teres e haveres domésticos (mobília sobretudo); no Fogo "ranjo" é o órgão sexual.

E cremos que em S. Vicente a palavra (que seria, talvez, "rónje") não existe. Ou existirá?

Cremos que não.

terça-feira, 17 de maio de 2005

AS TERTÚLIAS DO FOGO


Tertúlia do Viagra

O hábito é de antanho e perdura até hoje:

Na ilha do Fogo, todas as manhãs, há grupos de núcleos perfeitamente fixos que se formam num mesmo local público para passarem um bom bocado do dia discutindo invariavelmente os mesmo temas mas sempre com novas variantes, historietas e condimentos adicionais que vão fazendo com que a tertúlia seja sempre agradável de se viver, fortaleça os laços de amizade e solidariedade dos seus elementos e dê algum sentido à existência de cada um deles.

Esta é a tertúlia capitaneada pelo Totóni Filáiba, que se reúne, religiosamente, todos os santos dias, à porta de "cá Péléti".

Um abraço a cada um deles.

TALVEZ FASCISTA SURREAL

Fiz este teste que vi “publicitado” no Barnabé e concluí que sou de esquerda e estou situado, em França, entre o Partido Socialista Francês e o Partido da Esquerda Radical.

Não sei se isto é bom ou mau para mim. Mas descansou-me quanto a um pormenor: conhecendo-me, só mesmo um louco me acharia fascista.

CRIOULO LÍNGUA OFICIAL

De Macau, um amigo e colega (não sei se gostaria que eu pusesse aqui o seu nome) mandou-me um email dizendo-me que algumas pessoas lhe pediram que me dissesse que gostariam de saber a minha opinião sobre a problemática da “oficialização do Crioulo” em Cabo Verde.

Da resposta que lhe dei respigo esta parte que com uma pequena nuance que lhe introduzi creio responder de alguma forma aos que gostariam de me ler sobre o assunto em causa:

«Sobre a oficialização do Crioulo eu só poderia emitir uma opinião muito leiga cujo importância seria ridícula: a de que vejo imensas dificuldades na escolha da variante do Crioulo que se oficializaria (o de Santiago – creio que tem mais hipóteses – ou o de Santo Antão, do Fogo, da Brava, etc.?). Penso que é um assunto demasiado complexo, e fundamentalmente destinado aos linguistas, para me meter nele sem sair totalmente chamuscado e reduzido a uma extrema insignificância. Nisso, e ao contrário de alguns conhecidos sabichões encartados da nossa praça a quem só falta opinar sobre medicina, astronáutica e mecânica quântica, penso conhecer as minhas limitações pelo que me abstenho de pronunciar. É que essa questão é muito mais técnica que política ou social. E eu só poderia opinar sobre estas duas últimas vertentes, o que, não sendo, contudo, pouco, é, no entanto, manifestamente insuficiente por passar ao lado do âmago dessa problemática – sendo que o que interessa mesmo é saber como oficializar um Crioulo que todos percebam em Cabo Verde e que todos possam saber ler e escrever sem lhes parecer uma coisa “estranha” face ao Crioulo que falam e que sempre souberam falar os seus ancestrais e ouvem hoje aos seus contemporâneos.

Não é coisa fácil.»

segunda-feira, 16 de maio de 2005

A CHACOTA CONTINUA

Na Guiné, nessa chacota pegada que alguns ainda teimam em chamar Estado, aconteceu ontem mais um episódio caricato protagonizado pelo impagável doido e bêbado Kumba Ialá. Que convocou uma manifestação ou lá o que foi e se declarou Presidente da República.

Não há fome que não dê em fartura. Agora já são dois presidentes: o Kumba Ialá por um lado e o presidente interino, Henrique Rosa, por outro. E no meio da balbúrdia instalada ninguém se entende e as autoridades e os tribunais não funcionam.

Os militares, maioritariamente da etnia balanta (a etnia de Kumba Ialá), estão calados que nem ratos. E nesse quintalão enorme que ainda alguns chamam Estado da Guiné-Bissau vai fermentando o ódio e a irresponsabilidade temendo-se o pior, ou seja: o habitual – mais um golpe de Estado.

Lembram-se que eu já tinha dito que o chefe dos militares prometera em tempos matar Nino? Pois bem, com este cenário, teme-se o cumprimento da promessa.

Tudo em nome da democracia e do desenvolvimento da Guiné.

Leia parte dessa história aqui; leia para crer.

Não é mentira, não. A Guiné existe mesmo. É o Estado da Chacota pegada.

sábado, 14 de maio de 2005

INCONFIDÊNCIA

Meu amigo e cunhado, entre o incrédulo e o gozão, pergunta-me num email:

«Joyce nas férias? Em Cabo Verde?»

E eu respondi-lhe:

«Não te admires. Eu sou assim: capaz de comer chicharro e fazer sobremesa com profiteroles; de comer caviar e depois mascar cana de açúcar.

O Joyce, para mim, é o druida da poção mágica para a alma. Indispensável até no deserto. Ou mesmo em pleno inferno.»


Nota: E para que não me interpretem mal... acrescento em jeito de esclarecimento: e mesmo em Cabo Verde onde os santos diabos dos meus amigos não me dão tempo para nada e me metem constantemente no pecado.

sexta-feira, 13 de maio de 2005

O SAPATEIRO ALÉM DA CHINELA

Segundo uma notícia da VisãoNews:

«O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Fernando Neves, negou Segunda-feira qualquer possibilidade de uma adesão de Cabo Verde à União Europeia, num artigo publicado no Jornal de Notícias.

No texto intitulado “Cimeira União Europeia em 2007 sem adesão de Cabo Verde” pode-se ler e citamos: “Quanto à hipotética adesão de Cabo Verde à UE - ideia lançada, há meses, por Mário Soares e Adriano Moreira -, Fernando Neves é taxativo na recusa de tal pretensão.
Fernando Neves lembra que "no artigo 1 do Tratado (da União Europeia), é dito que qualquer país europeu que respeite os critérios de Copenhaga pode ser candidato. Não creio que Cabo Verde seja europeu...", disse o governante de Lisboa.»


Peguemos agora nesta notícia e vejamos o seguinte:

O artigo 1 do Tratado (da União Europeia) ao dizer que “qualquer país europeu que respeite os critérios de Copenhaga pode ser candidato” enuncia um direito desses países,

mas não exclui, explicita ou implicitamente, que outros países não possam ser candidatos à adesão.

Isso só se verificaria se nesse artigo 1 em vez da palavra “qualquer” estivesse escrita uma palavra que lá não está – a palavra “só”; então o artigo diria: “ os países europeus que respeitem os critérios de Copenhaga podem ser candidatos”.

Aí então estaríamos conversados: Cabo Verde não é europeu, logo não pode candidatar-se.

Mas ao não estar lá a palavra “só” temos que concluir, no mínimo, que o senhor secretário de Estado precipitou-se e não interpretou correctamente o artigo em causa.

E no máximo teríamos que lhe chamar adepto da diarreica teoria da “parceria”.

Mas há mais uma coisa importante que ressalta dessa precipitação do senhor secretário de Estado: ao dizer o que disse, o senhor secretário Fernando Neves desautorizou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Diogo Freitas do Amaral, de que é ajudante (no dizer de Cavaco Silva). É que Freitas do Amaral, juntamente com Adriano Moreira e Mário Soares, é, ele também, um dos subscritores da proposta de adesão de Cabo Verde à União Europeia.

Ora, quem é que acredita que, sendo Freitas do Amaral um reputadíssimo Professor de Direito, ele fosse subscrever uma proposta que esbarra logo no primeiro artigo do Tratado da União Europeia?

Dá para acreditar? Francamente!...

Ou muito nos enganamos ou o secretário de Estado Fernando Neves tão cedo não voltará a abrir a boca sobre esta questão.

É que Freitas do Amaral deve ter-lhe dado um enormíssimo puxão de orelhas lembrando-lhe que o sapateiro não deve ir além da chinela.

Como pode o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros de Portugal negar a pretensão da proposta de adesão de Cabo Verde à União Europeia com base no tão estapafúrdio argumento de inidentidade territorial de Cabo Verde em relação à Europa quando as negociações para a entrada da Turquia (95% asiática) na Europa estão já oficializadas e vão começar?

O que esse homem fez não passa, portanto, quanto a nós, de uma declaração absurda a que se não deve dar qualquer crédito. Abriu a boca precipitadamente e saiu asneira. Tão só.

terça-feira, 10 de maio de 2005

O PRAZER DO BELO

(Ou quando a prosa é pura poesia)

Há dias assim. Em que um homem se sente feliz com um bocado de um livro que tenha entre mãos.

Aconteceu-me nestas últimas férias.

Entre muitas passagens belas do Ulisses de Joyce, deliciei-me especialmente com esta:

«Esposa e companheira de Adão Kadmon: Heva, Eva nua. Ela não teve embigo. Contempla. Ventre sem jaça bojando-se ancho, broquel de velino reteso, não, alvicúmulo trítico, oriente e imortal, elevando-se de pereternidade em pereternidade. Matriz do pecado.»

REGRESSO DE FÉRIAS


Fritz
Encontrado doente e quase a morrer
foi salvo dos bichos que o comiam


Regressei doente. Com uma mão entrapada por causa de um gato.

Por causa de um gato bati violentamente com o dorso de uma mão na quina de um móvel e caí desamparado, de costas, dentro de uma mala aberta.

– A tampa deveria ter-se fechado e ter-te guardado para a eternidade – ouvi alguém murmurar lá de bem longe, do outro lado do mar.

Eram quatro horas da madrugada do dia cinco deste mês de Maio quando o acidente se deu. Mas com aquele meu gesto trapalhão salvei o Fritz de ser de novo levado por sua mãe lá para o ninho espinhoso de onde viera – todo ele feridas, todo ele magreza, todo ele larvas, infecção e infestação –.

Se mais nada justificasse a minha presença no Fogo, este salvamento bastaria para o fazer e autorizar-me a falar cada vez mais na integração de Cabo verde na União Europeia.

– Ouve lá, oh paspalhão, o que tem esse c. a ver com as calças?

– Tem, tem muito a ver: permitiu-me conversar com muita gente a quem contei a história do gato e fiz perguntas outras. Fiquei contente com respostas populares à “famosa proposta” e esbocei vários sorrisos quando falei com alguns políticos. Estes, contrariados, vão ter que fazer uma ginástica do “escataralho” para mudarem o discurso e poderem assim acompanhar a opinião de quem realmente manda. Aliás, o Primeiro Ministro já começou a dar a volta ao texto.

Vai ser bonito de se ver.

A diarreia ora intitulada “parceria” vai ter que dar lugar a outra palavra – mais bonita, mais concreta, mais substantiva e mais consentânea com a realidade.

E lá deixei o Fritz aos cuidados da Lígia, uma apoiante convicta da ideia de integração, para me ir relatando o que dizem os indígenas sobre o assunto.