sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

OH MARAVILHA!

Frescamaciadas de bálsamos suas mãos me tocavam, acariciavam: seus olhos sobre mim não se me refugiam. Arrebatado sobre ela eu jazia, os lábios todos todo abertos, beijava sua boca. Ããm. Suavemente ela passava para a minha boca o torrão quente e masticado. Polpa asquerosa sua boca lhe emprenhara dulçor e agrura de saliva. Alegria: comi: alegria. Vida juvenil, seus lábios me davam num abrocho. Macios, quentes, gomigelatinosos lábios grudentos. Flores eram seus olhos, me toma, olhos querentes. Seixos rolavam. Ela jazia queda. [...] Encoberta entre fetos ela ria braçoenvolta. Selvagemente eu jazia sobre ela, beijava-a; olhos, seus lábios, seu pescoço reteso, pulsando, peitos de fêmea plena em sua blusa de véu de monja, mamilos cheios ponteando. Quente eu a linguei. Ela beijava-me. Eu era beijado. Tudo rendendo ela emaranhava meus cabelos. Beijada, ela beijava-me.

Eu. E eu agora.


[James Joyce – in Ulisses]

Boa noite.