Mostrar mensagens com a etiqueta Saúde. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Saúde. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 23 de março de 2010

HABITUEM-SE

OBAMA É MESMO DIFERENTE

“Teme-se” que Obama tenha praticamente inviabilizado a sua possível reeleição ao cumprir a promessa eleitoral da criar nos Estados Unidos um sistema de saúde universal que abranja todos os americanos levando os cuidados de saúde a cerca de 32 milhões de novos beneficiários que deles estavam excluídos pelas seguradoras que eram donas e senhoras da saúde, da bolsa e da vida dos americanos.

Não passou ainda pela cabeça de nenhum dos profetas, opinantes, analistas e demais istas, que finalmente pode ter surgido um político (Barak Hussein Obama) que coloca os interesses do seu povo e do seu país acima das suas ambições pessoais e partidárias.

Concordo que isto é esquisito, é verdade, mas só quem esteja distraído dos discursos de Obama, ou quem os toma por discursos de político normal e obrigatoriamente tacticista e mentiroso, é que pode estar admirado que Obama cumpra uma promessa eleitoral e não se importe com impactes da mesma numa futura eleição presidencial.

Habituem-se!...
.

quinta-feira, 18 de março de 2010

PERFEITO

Um primeiro-ministro com maioria absoluta, bem acolitado por um hoje “servidor” de um grupo económico com interesses na área da Saúde, Correia de Campos, hostilizou os médicos, mobilizou para esse combate o apoio de uma população que sempre detestou os médicos, e tomou em mãos a tarefa ingente de «melhorar a saúde dos portugueses» e de «dar melhores cuidados de saúde aos que mais precisam» adoptando medidas que foram debilitando de forma planeada o Serviço Nacional de Saúde, permitindo com isso o surgimento gradual dos hospitais privados que só em teoria servem a todos os portugueses ― servem uma minoria.

Resultado: uma resposta mais que esperada da parte dos médicos ― reformas antecipadas e o abandono em massa do Serviço Público por parte dos mais velhos e dos mais qualificados. Que assim resolveram ― finalmente, diria eu ― ajudar de forma patriótica e politicamente empenhada, José Sócrates e o Partido Socialista a continuarem tão meritório “trabalho” no domínio da Saúde, agora que o PS está em minoria absoluta.

Esse “trabalho” ainda não está completo ― vai ser melhor, isto é, vai ser pior, podem crer! Pior para a população e melhor para os médicos. Pois então!...

Dispensam-se falsas preocupações. Dos portugueses em geral; do seu governo eleito; e do Partido Socialista. O país tem o governo que merece e os Serviços de Saúde que merece.

Apraz-me verificar que os médicos estão tranquilos. Nada de greves; de paralisações; de manifestações; de combates verbais nos média. Nada disso! Acção! Apenas acção.

Há sempre um hospital perto de cada médico.
.

domingo, 14 de março de 2010

APOSENTADO POR DESCRENÇA (EU!)

35 ANOS DE EXPERIÊNCIA
P’RÓ CAIXOTE DO LIXO


Com 35 anos de experiência e uma especialidade de que Portugal mais tem falta (Obstetrícia), estou em casa faz hoje 42 dias, de perna traçada (é uma forma de dizer porque tenho passado os dias a ler, a estudar e a blogar).

Apesar de ter feito há dois meses um check-up médico completíssimo que, felizmente para mim, me deu como apto a 100% ― decidi pela reforma antecipada. Já não aguentava constatar, ver desfazer-se em meu redor a capacidade formativa e assistencial do meu e de outros Serviços do hospital onde comecei a trabalhar desde o dia da sua inauguração.

Na altura em que saiu a notícia da corrida às reformas antecipadas em que se disse que 300 médicos pediram a reforma numa só semana, uma Pediatra (outra especialidade com escassez de médicos) me confidenciou ― juro pela minha honra ― «Já meti os papéis para a reforma antecipada, mas ainda não disse nada à Directora do meu Serviço; estou à espera que os papéis dêem entrada na Caixa Geral de Aposentações para só depois a informar porque senão ela ainda era capaz de me obrigar a retirar o pedido».

Este é o ambiente entre os médicos mais experientes nos muitos hospitais (quiçá em todos os hospitais públicos: de Lisboa pelo menos). Falo com médicos, da minha geração, de todos esses hospitais, e sei muito bem o que sentem e pensam. E a solução não passa nem passará pela contratação de médicos aposentados. Muito poucos trocarão a sua posição de aposentados (de pessoa finalmente "livre") por dinheiro; ainda por cima regressando ao Serviço, agora em posição subalterna, com miúdos a mandarem nele.

Assobia-se para o lado e vai-se arranjando desculpas esfarrapadas, não reconhecendo que o que falta nos hospitais é pessoal ― pessoal qualificado e em número suficiente ―. Mas um dia qualquer no futuro, se por acaso os responsáveis do poder não acordarem a tempo para esta realidade, ainda serão capazes de já terem à porta a Maria da Fonte.

Quais são os responsáveis por isto?! São os sucessivos ministros da saúde dos últimos sete oito anos. Mas são sobretudo os Governos que definiram a política de Saúde aplicada por aqueles ministros. Pressionados ou não por interesses económicos instalados. Mas satisfazendo-os claramente.

Quero fazer justiça à actual Ministra da Saúde, Dra. Ana Jorge, Pediatra, que tal como eu trabalhou sempre e apenas no Serviço Público; que quando entrou para o Governo já encontrou a terra quase completamente queimada. Eu sei! Muito tem tentado fazer esta Ministra para evitar a morte do Serviço Nacional de Saúde. Mas ela própria já deve ter consciência que não tem nem terá os apoios necessários para inverter o rumo dos acontecimentos.

É que o problema agora já não é sequer o de qual o Modelo de Saúde para o País; é mais complexo: é mais que o “vamos privatizar a Saúde porque assim prestaremos melhores serviços à população” (o que é uma refinada mentira! E seria ou será um desastre). O problema, quer se trate do sector público ou do sector privado, é já ― e vai passar a ser ainda mais ― um problema de capacidade nacional para; e de qualidade assistencial para; acudir com equidade e universalidade a população deste Portugal onde os mais velhos estão praticamente abandonados à sua sorte. O caso dos doentes oncológicos, por exemplo, é preocupantíssimo ― demasiadas vezes não chega a resposta em tempo oportuno.

É por isso que, quando oiço um político falar em «os que mais precisam» ― francamente! ― O que me apetece é cortar-lhe a língua e dá-la ao gato.

P.S. Este blogue tem sete anos de existência. E nunca eu disse em qualquer posta aqui publicada qual era a minha profissão. Mas hoje senti-me na obrigação de o dizer ― no que é a primeira, e espero que seja a única vez. Porque sei que eu não interesso para nada. O que interessa é a Saúde dos portugueses. E é o que a mim me interessa também.
E já agora se me permitem: desde de 1976 que não sou filiado em qualquer partido político. Voto e opino segundo a minha consciência, e mudo às vezes de opinião. Já votei em mais que um partido. Só sou ortodoxo numa coisa:
sou adepto do Sporting, sou sportinguista dos mil costados «forever», como disse o outro.
.

domingo, 7 de março de 2010

REFORMAS ANTECIPADAS 1

À Senhora Ministra e sobre esta notícia, eu disse a frase popular: “Tarde Piaste”.

A JPP e sobre esta posta, direi esta outra frase popular: “Nunca é Tarde”.

Mas só agora, Dr. Pacheco! Olhe, o Senhor é deputado ― e que tal uma intervenção na Assembleia da República sobre este problema?! É que se na área da Saúde me parece que pouco ou nada de bom já se pode fazer no actual quadro partidário e regime político, já nas outras áreas também importantes que o Senhor aborda, ainda haverá tempo de arrepiar caminho.

O Senhor escreveu ontem na revista Sábado e hoje no seu blogue: «No caso dos professores, desertificou-se as escolas dos mais experientes, e noutros casos, como por exemplo, na Polícia Judiciária, decapitou-se áreas de combate à criminalidade em que não abunda gente sabedora e testada por muitos anos de acção.»

São casos graves, sem dúvida; mas reafirmo-lhe: o caso da Saúde não é grave, é gravíssimo: qual seja a reforma antecipada de médicos e enfermeiros. Não tenha relutância em falar nisso e até levá-lo ao Parlamento pois prometo não me aproveitar do facto para me armar em laureado e escrever que o Senhor ter-se-á finalmente interessado sobre o que eu venho denunciando há muitos anos aqui na blogosfera e por onde tenho falado ― a desertificação PLANEADA dos Hospitais Públicos.

Este problema das reformas antecipadas na Saúde não é mais que um aspecto derivado desse PLANEAMENTO, pode crer. E atendo só ao problema “reformas antecipadas”, falo nele há pelo menos dois anos e tal. Mas prometo ficar calado se o Senhor levar o assunto ao Parlamento.

E como nunca é tarde... Avance se faz o favor!

Desde já os meus agradecimentos.
.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

NEM DE PROPÓSITO

Até as pedras da calçada devem estar a perceber as razões deste fenómeno!...


Claro que é uma coisa boa para Portugal: são os médicos a ajudarem o governo a cortar na despesa com salários.



E certamente o Zé Povinho agradece muito que assim seja.


Mais palavras para quê?


BOM DIA.

.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

«TARDE PIASTE»

Desculpem a extensão da posta.

Não é que esteja a tratar a Senhora Ministra da Saúde com menos respeito; estou apenas a citar uma frase popular em reacção a esta notícia. Tenho o maior respeito pela Senhora Ministra pois sei (sei mesmo) que não a deixam (nunca a deixaram) fazer o que era e é preciso.

Desde há 6 anos que venho batendo na mesma tecla denunciando o "crime" que se vem cometendo, qual seja o de acabar com as carreiras médicas e fazer recurso a médicos tarefeiros para os hospitais públicos. Basta consultar os arquivos deste blogue para constatar isso.

Como sempre disse e mantenho ― e isto levou-me a ser considerado e apelidado de «mau feitio» por três administrações hospitalares sucessivas, que só não correram comigo porque não tinham como fazê-lo ―, a "política" do fim das carreiras médicas e do ataque aos médicos, foi deliberada e teve como finalidade (com sucesso) esvaziar os hospitais públicos dos médicos mais experientes e mais competentes, "obrigando-os" a passar para instituições hospitalares privadas. Disse isso várias vezes em reuniões de serviço, algumas vezes na presença de administradores hospitalares, e cheguei até a preveni-los que se mantivessem essa política transformariam muitos médicos em verdadeiros mercenários.

Julgue-me neste pormenor quem conhece o estado actual da contratação externa e do trabalho médico no sector público hospitalar, nomeadamente nas urgências.

Em seis anos apenas conseguiu-se, não só despovoar os hospitais públicos, como ainda transmitir (admito que não intencionalmente) aos mais novos a filosofia do valor supremo do dinheiro em detrimento do humanismo, do rigor, da responsabilidade e da dedicação aos doentes. Mandou-se a Causa Pública às malvas e glorificou-se o sucesso material e individual.

Tudo isso foi feito com a aceitação tácita de uma população anestesiada e invejosa que se exultava e exulta com cada ataque que se faz à classe médica. População que nunca percebeu e muito menos aceitou esta verdade simples: em última instância, com os ataques aos médicos, quem acaba por sofrer é o doente, é o Zé Povinho. O médico sair-se-á sempre bem; cada vez melhor, à medida que se corta os benefícios sociais ao Zé.

[Esta é só para para fazer espumar de raiva os zés-ninguém militantes anti-médicos: hoje em dia, apenas fazendo urgências, há médicos que chegam a ganhar por mês €22,000.00 (é isso mesmo: vinte e dois mil euros)].

Mas continuemos a historiar mais um bocadinho a desgraça a que assistimos. Numa reunião com a presença de administradores hospitalares, em que se pretendia que o pessoal médico de determinado Serviço desse o seu "contributo" para a resolução de problemas do mesmo, após eu ter acabado de dar a minha opinião, o presidente do conselho de administração comentou virando-se para mim: «Você a falar assim qualquer dia é Ministro».

Sempre quiseram encenações e yes-men; ao estilo, aliás, do actual e anterior governos socráticos (e também do de Barroso com Luís Filipe Pereira a ministro). Nunca aceitaram ou aceitam opiniões diversas (não é preciso ser contrária) à deles; é bola p'rá frente e fé em Deus.

E pelos vistos o modelo actual é o da Grécia: o que interessa são os números e as estatísticas, mesmo que seja tudo aldrabado (é o caso das listas de espera de consultas de certos Serviços ― pura mentira). Deixou-se de gastar (diminuiu-se até muitíssimo as despesas) em horas extraordinárias com os médicos; e no orçamento isso é lindo de se ler; mas tiveram que fazer aparecer nuns casos, e de aumentar noutros, a rubrica aquisição de serviços. Foi para esta coluna do orçamento (que hoje é cerca de cinco vezes maior que a das "horas extraordinárias") que se empurrou o lixo que não se queria ver e talvez não conviesse que Bruxelas visse, não se importando de com esta medida aumentar a despesa pois as horas extraordinárias eram muito mais baratas que o recurso aos tarefeiros.

Esta política aplicada por pessoas pouco competentes (os chamados boys) vai acabar muito mal.

Nessa altura penso já estar a colher café na Ilha do Fogo, em Cabo Verde. Onde, pelo menos por enquanto, não há construção em leitos de cheia (estou a falar da Ilha do Fogo).

Passar bem.
.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

TUDO A NU

POR CAUSA DE UM SIMPLES SURTO GRIPAL

Após terem sido encerrados por ordem superior, os SAP (Serviços de Atendimento Permanente) dos Centros de Saúde vão de novo estar abertos até às 22 horas ou até à meia-noite (conforme os casos) vigorando esta medida até ao final deste mês de Fevereiro.

Quer dizer:

Às segundas, terças e quartas, manda-se encerrar Serviços.

Às quintas, sextas e sábados, manda-se abrir os mesmos Serviços.

Apetece citar Fernando Pessoa:

«Aceito que um grande matemático some dois e dois para dar cinco: é um acto de distracção, e a todos nós pode suceder. O que não aceito é que não saiba o que é somar ou como se soma.»
.

domingo, 4 de fevereiro de 2007

NÃO DEIXEMOS QUE A VACA ARREFEÇA

Na página 33 do Expresso em papel ― esporadicamente comprado por aqui ― sob o título “Schwharznegger dá Saúde à Califórnia”, escreve-se que este governador estadual terá proposto um sistema de saúde que abranja toda a população do Estado que ele governa dizendo que se os cidadãos «não tiverem dinheiro para isso, o Estado vai ajudá-los». A notícia vai mais longe e termina com este parágrafo de que assumimos a responsabilidade pelos realces:

«Os candidatos presidenciais democratas pressentem que se trata de um tema político ganhador e alguns deles propõem algo ainda mais radical: um sistema de saúde universal. Até agora, os republicanos e a poderosa e altamente lucrativa indústria de saúde conseguiram matar essa ideia. O Senador Barak Obama, um dos dois candidatos presidenciais democratas mais populares, lançou o desafio aos seus adversários: “Estou absolutamente determinado a que até ao fim do primeiro mandato do próximo presidente possamos ter um sistema de saúde universal neste país".»

É neste preciso momento em que os americanos concluem que foi um erro colossal terem escolhido um sistema de saúde privado que deixa de fora dos cuidados de saúde mais básicos, segundo números recentes a que esta notícia também se refere, cerca de 50 milhões de americanos ― é neste preciso momento ― que assistimos em Portugal a um governo de um partido dito socialista levando a cabo a destruição do Serviço Nacional de Saúde (sistema universal) querendo caminhar rumo a esse abismo da saúde privada ora chumbada na pátria do liberalismo, aquela mesma onde esse sistema nasceu vai para cerca de 40 anos.

Porque não aprender já com o erro americano, em vez de, cega e surdamente, se tentar comprovar esse erro na prática lançando milhões de portugueses no sofrimento e na doença?

Porque tentar experimentar aquilo cujos próprios criadores consideram hoje um erro! Para daqui a 20 ou 40 anos, tal como hoje os americanos estão a fazer, se vir depois dizer: “afinal falhámos, é melhor fazermos um sistema universal de saúde”?!

Que cegueira é esta; que obstinação no erro é este que leva o Governo “socialista” de Portugal a seguir as ideias de um ministro que nem sequer tem tido a coragem de dizer claramente aos portugueses o que pretende de facto fazer com a Saúde em Portugal ― ministro cujas medidas desde já vão suscitando as maiores dúvidas (como, aliás, tem sido pública e notoriamente evidenciado pelas notícias mais variadas que têm chegado quase todos os dias ao conhecimento dos cidadãos).

Ficam aqui estas perguntas simples. Mas somos muito pessimistas quanto ao desfecho de tudo isto. Quer-nos parecer que este Governo, que alguns já apelidam, e bem, de "Governo PowerPoint", continuará leslumbrado com a sua performance no que respeita às apresentações propagandísticas de medidas (tipo PowerPoint), esquecendo de olhar para a realidade que o cerca.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

E AGORA?


Aqui, no site do Ministério da Saúde, pode-se ler o seguinte comunicado do senhor ministro da Saúde. (Os sublinhados no texto são de minha responsabilidade).



«Ministério da Saúde emite comunicado sobre o Relatório Final da Rede de Serviços de Urgência - 02.02.2007.

A Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgência entregou ao Ministro da Saúde e procedeu à divulgação pública do seu Relatório/Proposta Final da Rede de Serviços de Urgência. O Processo foi intensamente participado desde a apresentação da primeira versão da proposta, em Setembro de 2006, tendo sido objecto de apreciação por um número elevado de Autarquias, Instituições, Partidos Políticos e Cidadãos. A Comissão Técnica foi ouvida na Associação Nacional dos Municípios Portugueses e na Comissão Parlamentar de Saúde e disponibilizou-se para uma segunda audição.

A proposta assenta na requalificação e redistribuição geográfica dos pontos de urgência, tipificados em 3 modalidades e reafirma a importância e necessidade de reforço da rede móvel treinada e articulada para recolha e transporte pré-hospitalar.

O mapa proposto pelo Grupo Técnico reduz consideravelmente o tempo médio de acesso e melhora de forma substancial a equidade territorial e a qualidade da assistência. Implica, certamente, encargos financeiros adicionais, bem justificados pelo esperados ganhos de equidade e qualidade, mas impossíveis de reunir e aplicar de imediato na totalidade. O Grupo Técnico trabalhou em condições de reconhecida independência e liberdade de opinião tendo produzido trabalho altamente meritório.

Tem agora o Governo o conhecimento completo da situação, que lhe vai permitir aplicar gradualmente as recomendações e pontualmente alterá-las, onde surja informação adicional que o justifique. O princípio básico a adoptar será o da mais valia para oferta: onde for recomendável diminuir a aparente disponibilidade de meios, a operação será contrabalançada pela oferta alternativa ou cumulativa de melhores meios.

O Governo irá proceder à aplicação progressiva das alterações a introduzir, ouvindo ainda, de novo, as autarquias mais directamente envolvidas. O projecto global de mudança será ainda levado ao conhecimento da Associação Nacional de Municípios Portugueses e da Comissão Parlamentar de Saúde antes da sua entrada em execução.

O Ministro da Saúde,

António Correia de Campos

Lisboa, 2 de Fevereiro de 2007»


Não tendo a veleidade de pretender interpretar para si, caro(a) leitor(a), passagens deste comunicado, permito-me só chamar a sua tenção para o facto de nele não se falar uma única vez sequer nos recursos humanos a envolver na dita “requalificação das urgências”. Repare que nele não se fala de PESSOAL.

Repare ainda na frase sublinhada «diminuir a aparente disponibilidade de meios». Quer dizer: propõe-se diminuir o que é apenas e só aparente, mesmo sabendo de antemão que é aparente, isto é: acha-se possível tocar o intangível; alterar o que é inexistênte (porque se diz claramente que os meios só aparentemente estão disponíveis). Um must!

Sabendo-se como se sabe que não há médicos e enfermeiros em número suficiente a trabalhar para o Estado, este é um grandessíssimo busílis: é que o privado, que se esperaria então poder ver-se envolvido na rede de cuidados de urgência, quer ter tudo menos urgências; tudo menos cuidados intensivos e de Neonatologia; tudo menos serviços com internamentos de longa duração.

Quer é ter apenas o que dá lucro.

Percebido?!

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

PARECE BRINCADEIRA

Esta semana, no Parlamento, questionado sobre o facto de os médicos de primeira linha estarem a abandonar os hospitais públicos escolhendo trabalhar no privado, o Senhor Ministro da Saúde saiu-se com esta: “Isso não é problema nenhum pois os médicos de segunda linha dos hospitais são tão bons como os de primeira linha”.

Só não explicou aos deputados porque é que os médicos de segunda linha são médicos de segunda linha.

Se isto não parece ser brincadeira, então o que é que parece ser uma brincadeira?

Mas o pior é que enquanto vão acontecendo diálogos destes com o Senhor Ministro da Saúde, os hospitais vão-se despovoando de médicos competentes ficando com os menos competentes ou contratando tarefeiros de competência duvidosa ― porque mal preparados para as funções que vão desempenhar.

Isto está a ficar lindo! Ai está, está!

domingo, 21 de janeiro de 2007

MAIS UMA MORTE

No Diário de Notícias de hoje:

«É a segunda vítima mortal no espaço de duas semanas. Fernando Santos, de 56 anos, morreu ontem no centro de saúde de Odemira na sequência de um enfarte de miocárdio agudo. O helicóptero do INEM chegou quatro horas depois de ter sido pedido socorro, quando a vítima já estava em falência cardíaca. Pelo meio, foi encaminhado para um Serviço de Atendimento Permanente (SAP), onde não havia médicos suficientes para o acompanhar no transporte a um hospital, ficou à espera de uma viatura de emergência vinda de Beja e, depois, dos meios aéreos de Lisboa.

A morte de Fernando Santos surge poucos dias depois de António Oliveira falecer no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde chegou seis horas depois de ter sofrido um acidente em Odemira. E é mais um caso cujo desfecho foi condicionado pela falta de recursos de saúde no Alentejo


Valerá a pena acrescentar mais alguma palavra a isto?

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

SEM GRANDES COMENTÁRIOS

Esta posta de Masson, no Almocreve das petas, diz tudo sobre o descalabro que já é, e do que nos espera, quanto ao desmantelamento, sem alternativa à altura, do Serviço Nacional de Saúde.
Deus nos valha.