domingo, 26 de setembro de 2010

SIMPÁTICO - APENAS ISSO

Júlio Magalhães, director de informação ta TVI, explica a miséria de jornalismo que há em Portugal, em entrevista ao jornal “i”:


Para dizer isso é porque JM não lê a imprensa não tablóide americana, inglesa ou francesa, por exemplo. Só pode.

Triste miséria.

Peça Ensaística Quinquagésima Segunda, no âmbito de

Na Peugada de NOVOS RUMOS:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).

Acerca da “Africanização” dos Postos:

(1)         É de facto verdade (evidentemente), que o processo da difusão obrigatória das Tecnologias próprias do mundo industrial se encontra, efectivamente, em marcha desde há já bastante tempo. Demais, se a questão da transferência é colocada com acuidade é porque, do ponto de vista dos países desenvolvidos e dos Governos dos países em via de desenvolvimento, o ritmo de adopção das técnicas importadas é demasiado lento. Donde, o “atraso de crescimento”, suposto, estar na origem da miséria, das fomes, da estagnação económica dos países descolonizados, sendo os empréstimos contraídos para melhorar a produtividade agrícola e implantar uma indústria não forneceram o potencial local necessário para funcionar, de modo autónomo.
(2)         Todavia, após a euforia das independências, os Africanos Negros, realizaram progressivamente que a soberania política não acarretara automaticamente a Independência Económica. Seria preciso “africanizar” os postos e se apoderar das rédeas da produção e da gestão. Desde a década de 1970, os governos puseram de pé amplos programas de formação e de aperfeiçoamento. Os antigos colonizadores se precipitaram na abertura franqueada e, deste modo, desde então, as transferências de Tecnologia constituem a aposta maior para os parceiros económicos. E, no âmbito desta dinâmica, os países ricos visam em simplificação a recuperação da sua posição (leia-se, outrossim, a famigerada dívida) e os países pobres (por seu turno), pretendem e desejam assegurar a auto-suficiência alimentar e o equilíbrio dos seus orçamentos.
(3)         E, eis porque, tanto no público como no privado, milhares de agentes, se aplicam, deste modo, na tarefa imensa de transmissão dos conhecimentos e das habilidades e perícias, no desígnio de os fazer aproveitar experiências adquiridas e de os ajudar a evitar erros que conduziram ao fracasso de numerosos modos de proceder.

E, um tanto ou quanto, em jeito de Remate:
--- Temos vindo a evocar o contexto no qual se colocou (e se coloca), presentemente (nos nossos dias de hoje), a Questão que se prende com as Transferências de Tecnologia.
--- Importa, todavia, analisar, actualmente as condições necessárias e, em princípio, suficientes para que essas se desenrolem, com um máximo de eficácia.
--- De alertar, que, a despeito de tudo quanto temos vindo a expender possa parecer desencorajador, porém, não é certamente, ocultando-se as dificuldades do problema que se consegue resolvê-lo.
Enfim, no fim de contas, não é a melhoria de vida que encontra resistências, mas, antes, os riscos de desperdício de valores sociais e humanos que esta melhoria pode fazer correr.

Lisboa, 25 Setembro 2010
KWAME KONDÉ

(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).

sábado, 25 de setembro de 2010

UMA ESCOLHA IMPOSSÍVEL

De um lado «um político pouco dotado», do outro um político demasiadamente dotado ― para o malabarismo político, a pantominice, a mentira e a mentirola, a irresponsabilidade política e a má governação.

AHHH! BOM DIA, JOANA!

QUASE ME IA ESQUECENDO...
JOANA AMARAL DIAS

INACREDITÁVEL

(Sócrates no contexto político português, digo eu)
Clique na imagem
BOM DIA!

Peça Ensaística Quinquagésima Primeira, no âmbito de

Na Peugada de NOVOS RUMOS:


Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).


Acerca do MODELO de VIDA:

(I)
                No âmbito desta acepção, a Sociedade Industrial Ocidental conhece uma emancipação tecnológica exteriorizada por uma ruptura (para não dizer por um hiato), entre a Cultura e a Técnica. Por seu turno, as demais outras Sociedades, as que são “beneficiárias” da transferência de Tecnologia trazem pelo beiço (se assim, possamos asseverar), o domínio da Produção e das necessidades, ou seja, o seu equipamento. As suas culturas têm debaixo de olho a esfera económica. Eis porque, a sua visão do Mundo mantém a Técnica no seu lugar, que não é o primeiro, aliás.
                De feito, o Modelo de Vida, no interior do qual o Homem se encontra situado, inspira as atitudes em presença da Matéria. De anotar, demais, que no centro deste modelo, existe o ciclo da passagem da vida à morte e da morte à vida e não o desenrolamento linear de uma evolução orientada para o crescimento indefinido.
                E, em como corolário lógico desta visão, a explicação sobrenatural (religiosa, mágica ou feiticeira), vem, sempre em contraponto da explicação natural e causal. O Homem possui interesses comuns com os poderes ocultos dos quais Ele deve obter caução ininterruptamente.

(II)
                De sublinhar, antes de mais, que, no mundo agrário (ainda não desenfeitiçado) e, parafraseando o economista e sociólogo alemão, MAX WEBER (1864-1920), os meios dos quais as Sociedades poderiam se dotar para satisfazer necessidades novas são, a priori, suspeitas. E, explicitando:
                --- Por um lado, correm o risco de ameaçar a coesão comunitária, introduzindo clivagens perigosas.
                --- Por outro, já o mero facto de dividir o trabalho, especializando profissões é considerado como o ponto de partida de uma estratificação e de uma competição sociais nocivas.
                Eis porque, por exemplo, numa certa sociedade, onde todos são agricultores, os ferreiros são reputados “castas” e, não se desposa as suas filhas!

(III)
                Outrossim e, ainda, mais genericamente, as empresas de transformação ambiciosa da Natureza são sentidas e percebidas como reptos às divindades, como plágios insolentes da própria criação. Todavia, é se baseando na Ordem Global do Cosmos que o Homem realiza a sua Existência. Enfim e, em suma: Muitos mitos acerca da origem da Técnica estigmatizam o seu carácter de pretensão em querer suplantar o poder dos deuses.

(IV)
                As Populações étnicas, de recente pertença nacional, se comportam, por conseguinte, como se estivessem conscientes, antes da experiência, do que se podia ter ganho em riqueza Humana e Comunitária, que acarretaria a adesão incondicional ao sistema representado pelas nações industrializadas. E, por receio de uma alienação que observam nos “reveladores” preservam as suas distâncias em presença do que se designa: A “civilização e o progresso”. Donde, só se ouve as vozes dos seus líderes que, eles passaram do outro lado da barreira ideológica e constituem os intermediários locais da expansão da tecnoestrutura.
                Enfim, de sublinhar, com ênfase, que para os Povos campesinos: “A pobreza é a sua riqueza”.

Lisboa, 25 Setembro 2010
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo). 

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Peça Ensaística Quinquagésima, no âmbito de

Na Peugada de NOVOS RUMOS:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).

Estudo  do CONJUNTO TÉCNICO:

                Considerando o domínio da Energia, verificamos que os “Savoi-faire” evoluem conforme se passa da Energia Humana à energia animal, na sequência e, ulteriormente às energias eólica ou hidráulica, à vapor, ao motor de explosão, à Electricidade. A roda, a alavanca, a biela manivela… e todas as técnicas de produção e de transformação do movimento e do transporte estão vinculadas aos diversos tipos de energias utilizadas. Isto constitui autênticas evidências. Aliás, é óbvio, que os membros de uma Sociedade desenvolvem o seu “sentido prático”, no interior de um sistema tecnológico dado e apuram a sua habilidade e perícia e, bem assim, as suas aptidões em relação com o equipamento técnico de que dispõem.
                E, exemplificando, com o mínimo de rigor, temos que: “Isolado no deserto de Kalahari, um engenheiro europeu, a despeito dos seus conhecimentos, correria o risco de morte, enquanto um BOSQUÍMANO, munido da experiência milenária da sua etnia, é capaz de subsistir sem dificuldade”.

Estudo do CONJUNTO ECONÓMICO:
                A satisfação das necessidades elementares, ou seja: a preservação da Unidade Social é assegurada por tarefas de produção e de reprodução. Estas têm em conta os recursos naturais e do meio ambiente. Sim, efectivamente, a Economia é, antes de mais, ecológica.
                De feito, para cultivar a terra, diversos parâmetros estão em jogo: A própria terra e a sua fertilidade, o Sol, a Água, as sementes, outrossim porém, a Energia para preparar o solo, semear, fazer a colheita, os conhecimentos técnicos, que permitem evidenciar informação na matéria (estrume, selecção das espécies, conjunto de ferramentas, (…) sem olvidar os consumidores (ou bem de si próprio e da sua família, ou bem outrossim dos clientes…).
                --- Se não existe caça, pesca e colheita, é necessário controlar e dominar estes diversos parâmetros. As Sociedades o fizeram, cada uma conforme a sua “economia” respectiva, ou seja, consoante a sua própria Arte de gerir a sua casa. Esta administração supõe, concomitantemente, uma coerência interna e uma adaptação às condições naturais.
                --- Se encontra na situação de auto-subsistência e o regime das chuvas for regular, é, a priori, inútil investir em trabalhos de irrigação. Uma pesquisa, visando melhorar a fertilidade do solo, se afigura sem objectivo, caso seja possível utilizar indefinidamente terrenos virgens, praticando a cultura itinerante.

Estudo do CONJUNTO CULTURAL:
                Eis, com efeito, o domínio, em que as contradições com os dados técnicos são mais relevantes e menos bem conhecidas. Pôde-se demonstrar, que as invenções técnicas maiores do início da e das quais somos sempre os herdeiros, são oriundas de preocupações de ordem simbólica, ritual e religiosa. A roda apenas serviu, muito tempo ao carregador utilizado aquando de cortejo fúnebre (solene) do Rei Divino. A observação do céu e a noção do tempo astronómico são tributários, originariamente (no princípio) de Especulações Astrológicas, etc.
                As Sociedades Humanas, de imediato (leia-se, outrossim (à primeira tentativa, logo à primeira) elaboraram Representações do Mundo. Todavia, por seu turno, o Imaginário Humano pôs ordem na realidade natural, instituindo diferenças, atribuindo um lugar à cada elemento do Cosmos. Constrangimentos, por oposição ao animal cujos os comportamentos são codificados geneticamente, de se dar finalidades, as sociedades deveriam definir, em primeiro lugar, as visões do Mundo expressas por símbolos e portadoras de Normas e de Valores.

                De sublinhar, com ênfase, em função dela considerar que o Homem é uma parte do Cosmos como uma outra e que depende de poderes sobrenaturais, ou bem que o Homem é o senhor do Universo, a Cultura de uma Sociedade leva esta a investir, mais ou menos, no domínio técnico, ou seja, em multiplicar ou a restringir o número das necessidades à satisfazer para além dos meros Imperativos da sobrevivência.

                Eis, então o Ponto supremo. A conexão à Natureza (que é a técnica) é definida pela relação do, de homem a homem e pela relação à Deus. Neste ponto intervém o que se poderia designar: O preço humano a pagar ao progresso. Para inventar a galera, foi necessário, antes de mais, “inventar” a escravatura. A Técnica é uma dimensão paradoxal da Condição Humana, pois que “não é nem positiva, nem negativa, nem neutra”. É uma ilusão, com efeito, acreditar que se pode fazer ou um bom ou um mau uso da Técnica (com o átomo: a electricidade ou a bomba…).
                Enfim e, em suma: A verdade é que a esfera técnica conquistou, progressivamente a sua autonomia, como se ela se evadisse naturalmente das considerações de ordem ética. Ela funciona, na época actual, como se “todo o progresso técnico, que é do domínio do possível se tornasse obrigatório”.

Lisboa, 23 Setembro 2010
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).

POIS É . . .

Há dias li algures esta frase: «Somos a única criatura que pode causar mal à distância».

E fiquei a pensar ― Terá sido Deus ou o diabo quem nos armou de tão nefasta capacidade?

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

SINAIS

Todos se lembrarão certamente da enorme campanha (consubstanciada em “notícias” quotidianamente publicadas nos jornais e lidas nas televisões) denegrindo a Justiça e os Tribunais ― lembram-se disso, não é?

Pois bem, já repararam que poucos dias depois da leitura da sentença do Processo Casa Pia condenando Carlos Cruz e mais uns quantos réus como pedófilos, essa campanha contra a Justiça e os Tribunais desapareceu como que por acto mágico?


Já repararam que agora a Justiça já é boa outra vez?


Mas esperem e vão ver que depois de entregues os recursos dos condenados no Tribunal de Relação voltará uma outra campanha frenética e serrada, com ampla cobertura da imprensa e televisão, visando fazer pressão sobre os juízes e sobre a Justiça.


Comerei cocó de gato se isto não vier a acontecer.


Lá teremos as Fátimas Campos Ferreiras, os Prós & Prós, as Judites Sousas e demais serventuários zelosos e obedientes dando voz aos "críticos" dos órgãos de Justiça e aos anjinhos "monstruosamente" condenados através de um julgamento "hediondo", etc., etc..

AI COMEREI, COMEREI COCÓ DE GATO, SIM SENHOR!

SAÚDE PARA O PROF.

Bom regresso à blogosfera, Caro Prof. J. A. Maltez. O seu silêncio já era notado: conotado com as férias, primeiro; mas afinal foi coisa mais séria. Boa e rápida recuperação e pleno restabelecimento. A sua opinião livre e douta é hoje mais necessária que nunca para quem se encontra a bordo deste barco à deriva.

Um abraço.

Peça Ensaística Quadragésima Nona, no âmbito de

Na Peugada de NOVOS RUMOS:


Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).

Acerca da TRANSFERÊNCIA DAS TÉCNICAS:

Em jeito de breve EXÓRDIO:

                Com efeito, o Problema em apreço não é novo. A Escola difusionista, desde o dealbar do Século XX pretérito, contribuiu sobremaneira, na demonstração como os traços técnicos e culturais passaram de uma Sociedade para a outra e puderam atravessar os Continentes, amiúde, sem sofrer transformação relevante. Deste modo, uma certa forma de atar a corda à madeira do arco se propalou entre os grupos muito apartados uns dos outros. Donde e daí, evidentemente, o equipamento tecnológico das Civilizações constitui, ipso facto, um Património, em parte comum.
                Demais, por outro, tal como ela se coloca, presentemente (nos nossos dias de hoje), a questão das transferências de Tecnologia assume, todavia, características novas em relação ao que se desenrolou no decurso dos milenários precedentes. Com efeito, a Civilização Ocidental, que se estendeu à partir do Próximo Oriente antigo, onde já havia sido inaugurado o período neolítico, marcado pela Agricultura e Pastorícia (leia, outrossim, criação de gado), desenvolveu, sobretudo, desde o que se denomina: Revolução Industrial do Século XIX, dos Meios de Transformação da Natureza, cuja vastidão, extensão e complexidade (que não têm nada a ver) com o conjunto de ferramenta técnica das Civilizações Agrárias, que caracterizam uma boa parte do resto do Mundo.
                Enfim e, em suma:
                A transferência industrial já não releva da propagação por difusão. As Sociedades, que adoptaram a foice (já utilizada pelos seus vizinhos), eram, relativamente homogéneas. Eis porque, adoptaram, concomitantemente o consumo e a produção. Presentemente (nos nossos dias de hoje), se adopta, por toda a parte, o veículo, por exemplo, sem que, por essa razão, este País se ponha a construir automóveis.

(I)
                Entre o uso e a produção, existe um abismo que as transferências da Tecnologia pretendem colmatar (pelo menos), em princípio. De salientar, que o mundo industrial, com efeito, guarda ciosamente técnicas de fabrico. Na verdade, os Países desenvolvidos protegem os conhecimentos registando patentes, visto que o seu poder se apoia, antes de tudo, na sua capacidade de inovação tecnológica.
                Este arrazoado, ora expendido, nos faz lembrar a Pitonisa de Delfos, pois que os peritos internacionais se comportam, do mesmo modo, em relação aos Povos Africanos e, não só. Ou seja: Libertam os seus Oráculos, asseverando: “Não tenham medo, ocupamos dos vossos problemas, confiem em nós”.
                De feito, graças à Pitonisa, os Gregos mantiveram (se assevera), os Povos do Mediterrâneo sob a sua dependência durante séculos. De anotar, que o DELFISMO se prossegue, na modernidade, sob formas mais subtis, visto que, efectivamente, a Transferências das Tecnologias não é uma questão neutra.
                Não se nos afigura, pertinente e oportuna, nesta nossa Peça Ensaística, tratar esta relevante questão, de forma política. Todavia, por razões, assaz óbvias, não é possível ignorar o contexto no qual ela se opera. E, comungando, criticamente, com o arqueólogo, paleo-antropólogo e antropólogo francês, André LEROI-GOURHAN (1911-1986): “Un savoir-faire technique n’est pas isolable de plusieurs ensembles. Ou seja: de um conjunto técnico propriamente dito, de um conjunto económico, em seguida, sobretudo, de um conjunto cultural.

Continua…

Lisboa, 21 Setembro 2010
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

domingo, 19 de setembro de 2010

DIZ QUE É MINISTRO

«LISBOA, A PRAIA DE MADRID»

Com esta decisão a praia de Madrid passou agora a ser no Poceirão.


No deserto de Mário Lino, o Jamé.
Ah-ah-ah-ah-ah-ah-ah-ah-ah! Uiiiiiiii!...

OLÁ!

JOANA AMARAL DIAS

BOM DIA!

Peça Ensaística Quadragésima Oitava, no âmbito de

Na Peugada de NOVOS RUMOS:


Ser culto es el único modo de ser Libre
José MARTÍ (1853-1895).


O Saber da Vida:

NP:

Tradição oral e tradição escrita designam duas formas de Comunicação linguística, que, por seu turno, definem duas
Formas de Sociedade Humana.

Segundo o Etnólogo e Linguista africanista francês, o professor, MAURICE HOUIS (1923-1990):
a)       Oralidade é a propriedade de uma comunicação realizada a partir (de modo privilegiado) de uma percepção auditiva da mensagem.
b)       E, Escritura é a propriedade de uma comunicação realizada a partir (de assunção privilegiada) de uma percepção visual da mensagem.

Posto isto, vamos ao Tema, propriamente dito:
(1)      As sociedades da oralidade não possuem jornais. Todavia, o seu equivalente, a Informação Comunitária, que vai (só de ouvir falar) relega os problemas técnicos na rubrica verbal dos “aos lados” da verdadeira vida, ao contrário das sociedades que se dizem, mais “civilizadas”, na acepção que eles investem, prioritariamente, nas obras da Civilização. Isto nos leva a asseverar que, em contrapartida, as Sociedades agrárias são mais “cultivadas” que as sociedades industriais. Já agora, antes de mais, vamos explicar, adequadamente as ideias e os factos, que se nos afigura, assaz relevantes para um melhor entendimento desta nossa peça ensaística:
a.       De feito e, sem dúvida nenhuma, Produção e Gestão correspondem a um pólo da realidade social, ao contrário do qual se situa o pólo da Cultura, entendida esta na acepção, que os Antropólogos contribuíram pela sua imposição, ou seja, do que, ao invés da técnica personaliza os Povos e edifica a sua Identidade, marca da sua diferença. Este Pólo se assume mais do lado do Ser, enquanto, por seu turno, o da Civilização está do lado do ter.
(2)      Vale a pena, neste ponto, abordar duas novas funções. Estamos, óbvia e concretamente a referir as funções da Reprodução e da Representação. Eis, deste modo (presentemente) fora dos standarts e das escolhas convencionais. De anotar, que estes níveis, não são manipuláveis, visto que não derivam da vivência imediata, da espontaneidade criadora dos Povos. Cada Sociedade possui, por conseguinte, o seu sistema de Reprodução constituído pela família e, outrossim, por tudo quanto ela representa de “vida privada”, de tarefas e deveres. Numerosas sociedades viveram e vivem ainda sem outra instância de organização económica e política que o parentesco alargado (As “Sociedades contra o Estado”).
(3)      Donde, deste modo, se impõe, sublinhar, com ênfase, que a tarefa maior desta instância é, por conseguinte, a da Reprodução, não unicamente biológica, mas “cultural” As “transferências” se denominam, neste caso (em concreto), de Tradição, que se designa, outrossim, por “endoculturação” (por oposição à aculturação) e constitui matéria de cada geração em presença da seguinte.
(4)      De consignar, por outro, que neste caso em apreço, não é a Escola (a ferramenta de “Gestão”) que transmite a Língua. Sim, efectivamente, o meio familiar e, deste modo, toda a “prática” elementar. A complementaridade dos sexos e a repartição das tarefas masculinas e femininas se estabelece a este nível, identicamente que as formas fundamentais da Autoridade, vinculadas à filiação.

Antes de mais, se antolha pertinente e oportuno, trazer à colação o conteúdo de verdade da Posição/Tese do insigne filósofo e escritor francês, o Professor, MICHEL HENRY (1922-2002), que se prende, de modo, assaz eloquente, com a conexão existente entre Cultura e Vida:
Le problème de la culture, …ne devient philosophiquement intelligible que s’il est délibérément référé à une dimension d’être où n’interviennent plus ni le savoir de la conscience ni celui de la science, qui en est une forme élaborée, s’il est mis en relation avec la vie seulement... La culture est l’autotransformation de la vie.
« En tant que la culture est la culture de la vie et repose sur le savoir propre de celle-ci, elle est essentiellement pratique. Elle consiste dans l’autodéveloppement des potentialités subjectives qui composent cette vie... »


                                E, finalmente, um tanto ou quanto, em jeito de Remate assertivo, temos que:
                                1) A “autotransformação da Vida” conduz as Sociedades a elaborar, no âmbito do seu Imaginário, a partir dos dados dos Sentidos, uma Visão do Mundo, na sua totalidade, ou seja, a se representar uma ordem cósmica, na qual elas estão inclusas.
                                2) Sim, efectivamente um sistema de expressão simbólica, marcado pela sua Estética peculiar e sui generis, selo da sua originalidade, pertencente à cada Sociedade.
                                3) Com efeito, esta Ordem do Mundo e o material imaginário (do qual ela se serve para lhe dar forma) exprimem o seu sistema de valores, ou seja, as Finalidades da Vida individual e Comunitária, em relação com as potências superiores, das quais Ela depende. É, de facto, a este nível, alheia à ideologia (como à Ciência), exteriorizada, geralmente pelos mitos e pelos interditos, que as Orientações e as escolhas dos outros níveis encontram a sua origem e a sua legitimidade.

Lisboa, 18 Setembro 2010
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

SABOROSO MUITO SABOROSO

«Receita. Pegue num incompetente. Depois de ele ser incompetente, elogie-o. Depois de elogiar o incompetente, despeça-o por uma razão qualquer (por dizer palavrões ou por se bronzear com lâmpadas ultravioletas, tanto dá). Até agora a receita é vulgar, de prato menor. A seguir é que vem a haute cuisine. Embarque para uma capital europeia, não sem antes apregoar: "Vou contratar o Ferran Adrià, o alquimista das cozinhas." Mas ele não está no El Bulli? Espante o povo: "Aí é que está: contrato-o só para fazer dois jantares!" Só para dois jantares? "Nem isso, ele não precisa de entrar na cozinha. Faz o menu por telefone." Sente-se com o Ferran Adrià por longas horas, para que a notícia do encontro se espalhe. Deixe que façam o refogado do acontecimento: diz-se que o sonho do Adrià era acabar a carreira, um dia, a fritar sardinhas, e se ele já disse que está disposto, porque não agora? Polvilhe com cepticismos: mas o real El Bulli deixa? mas tem lá jeito cozinhar à distância? mas quem perde tempo a fritar sardinhas quando tem cozinha molecular para tratar?... Saia do encontro com ar esperançoso e diga: "Alea jacta est", ou qualquer outra coisa que não se entenda. Espere que o El Bulli se pronuncie. E quando ele fizer um manguito desconstruído, ponha ar de quem fez tudo que estava ao seu alcance. Contrate o primeiro que lhe apareça, com toda a tranquilidade.»

[Ferreira Fernandes no DN]

BOM DIA!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

PARA REFLEXÃO

A história da vida na Terra é uma longuíssima sucessão de aparecimento, vivência e extinção de espécies. Cada uma das transformações maciças havidas no nosso planeta dependeu paradoxalmente de um importante motor de progresso: a extinção.

É um fenómeno curioso, que a morte das espécies na Terra,  seja, no sentido mais literal,  um modo de vida.

Ninguém sabe quantas espécies de organismos já existiram desde que a vida começou. Trinta biliões é um número muitas vezes aventado, mas já houve quem falasse em quatro mil biliões.

Seja qual for o total, 99,99 por cento das espécies que alguma vez viveram na Terra já não estão entre nós. Até se pode dizer, portanto, que “todas as espécies estão extintas”, pois, só resta 00,01 por cento de organismos complexos no nosso planeta.

No que respeita aos organismos complexos,  a duração média de vida de uma espécie  (incluindo a espécie humana)  é de uns quatro milhões de anos  aproximadamente onde estamos nós neste momento.

A extinção é sempre uma má notícia para as vítimas, é claro, mas parece ser uma coisa positiva para se obter um planeta dinâmico.

(Bill Bryson)

E ainda há quem se assuste quando deve fazer o que tem que fazer!...

Ou será ao contrário?!

[Fragmento de um email]

Peça Ensaística Quadragésima Sétima, no âmbito de

Na Peugada de NOVOS RUMOS:


Ser culto es el único modo de ser culto
José MARTÍ (1853-1895).


“Raça” e “Racismo”
Continuação:

                Demais, esta (referindo-se, obviamente à Filosofia) se interrogou, de forma, assaz reiterada, acerca da legitimidade da oposição “Civilizados/Bárbaros”. Foi, precisamente o escritor francês, Michel de MONTAIGNE (1533-1592), de todos os Pensadores do Renascimento, o mais próximo da mentalidade moderna, que sublinhou a barbárie dos Europeus durante as Guerras Religiosas ou contra os Índios da América.
                Por seu turno, o filósofo e matemático alemão, Gottfried Wihelm LEIBNIZ (1646-1716), considerado o maior Filósofo alemão do século XVII e um dos grandes génios da Cultura Humana, quem se interrogou, de modo avisado, perante as certezas do filósofo empirista, Jonh LOCKE (1632-1704) acerca do grau de barbárie dos supostos “bárbaros” e dos “civilizados”. Deste modo, temos nas pessoas (e obras respectivas), quer de LEIBNIZ, quer de MONTAIGNE, dois bons exemplos de crítica do “Etnocentrismo”.
                De anotar, que esta postura alusiva conduz, simultaneamente à julgar um grupo segundo critérios, que não são os seus (por exemplo, censurar os politeístas de ser idólatras) e, em se iludir acerca do que se desenrola no interior do seu próprio grupo, da sua própria “etnia”, denunciando atitudes ou comportamentos semelhantes nos outros. De facto, alguns dos conquistadores do Novo Mundo (que prosseguiam na América a sua cruzada contra os Judeus e os muçulmanos), viam nos Índios (“selvagens”) os responsáveis de determinadas práticas violentas, entretanto, olvidavam as brutalidades extremas das Guerras Religiosas, na Europa.

                Relevar que tradições, outrossim a rejeição do racismo (com argumentação a favor da desigualdade das raças) constituem tomadas de posição, que remontam até à Antiguidade e que não implicam, contudo a continuidade, no âmbito desta história. Deste modo, seguindo um autor, como o filósofo francês, MICHEL FOUCAULT (1926-1984), ir-se-ia no sentido de um sublinhar da especificidade do racismo moderno, que aparece como contemporâneo do advento da Noção da “degenerescência” em Psiquiatria (a qual é contrária à “degeneração”dos autores do século XVIII, situação de carácter irreversível).
                Eis porque, por conseguinte, o racismo seria uma Ideologia da idade da Ciência vinculada à uma transformação idêntica da concepção política, que vê nascer a “Bio Política”, isto é, uma Política que se envida organizar a vida do Homem, enquanto ser vivo, se preocupando com o seu bem-estar, com a sua Saúde, com a Higiene Pública, decidindo quem deve viver e quem deve morrer. Pode-se discordar dessa especificação do racismo, encarado como algo vinculado às disciplinas modernas e procurar, se escudando em FREUD, as origens do racismo, no âmbito da própria dinâmica de constituição das massas, que se homogeneízam, tanto mais, se elas possuem um inimigo para destruir.

                Finalmente, de consignar, que uma outra interrogação no atinente à especificidade do racismo contemporâneo incide sobre a continuidade entre a crítica aos Judeus (por eles não terem reconhecido a Divindade de Jesus Cristo) e a persecução que foram vítimas, por “considerados”, como pertencendo a uma raça “inferior” e, por este facto, constituiriam uma forte ameaça para a raça “superior”e, ante este “estatuto” deveriam ser exterminados até à sua derradeira progenitura, obviamente.

Lisboa, 15 Setembro 2010
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).