segunda-feira, 30 de abril de 2012

(LX) Alors que faire?


 Prática de ACTUAÇÃO SEXAGÉSIMA:


Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

Continuação...

(A)          Já as análises do Professor de Sociologia e filosofia política alemão (da Universidade de FLENSBURG), HAUKE BRUNSBURG (n-1945), por seu turno, ilustram a estratégia alternativa, a que expendemos, na posta anterior. Na verdade, BRUNKHORST atribui o pessimismo de H, ARENDT (que diz respeito), à possibilidade que a Humanidade jamais se outorga a consistência de uma comunidade de pertença capaz de garantir o “direito de ter direitos”, na forma como tinha revestido a mundialização da primeira parte do século XX (pretérito). Imperialismo e totalitarismo: Os factores determinantes deste mundialização constituíam as forças destruidoras do capital e do poder, sendo a guerra motor dessa situação.
(B)          Todavia (segundo ele), a segunda parte do século XX incita à mais optimismo, não que o capital e o poder tenham cessado de exercer uma influência (tão determinante como nefasta), mas porque (ela) se viu implantar (progressivamente), um sistema jurídico “desestatizado”. Um certo número de instituições jurídicas e judiciárias internacionais garantem (presentemente), os Direitos do Homem de uma forma (suficientemente), eficaz para que (estes) não estejam (exclusivamente), dependentes da arbitrariedade dos Estados nacionais. Aliás, neste sentido, já em 1999, BRUNKHORST asseverou o seguinte: "Desde já, há muito tempo, que já não é necessário ser cidadão de um Estado para aceder ao usufruto dos Direitos do Homem". O apátrida (presentemente), já não se encontra (necessariamente), sem direito. Esta extensão do estatuto jurídico indica segundo BRUNKHORST, um alargamento da "comunidade democrática".
(C)          Com efeito (et pour cause), o desvio entre o círculo dos cidadãos (dotados de direitos políticos) e as populações submetidas às leis de um Estado sem dispor do direito de voto e participar (por este meio), na formação das leis (desvio que viola o princípio segundo o qual “o povo submetido às leis deve ser o seu autor”), se encontrava compensado pelos Direitos do Homem.
(D)          Enfim, a diferença entre o estatuto ativo e o estatuto passivo, que passava outrora entre nacionais e passa (presentemente), este (estes) e os estrangeiros residentes, seria reduzida pelo facto, que os segundos teriam a garantia de ser tratados “como se fossem membros do soberano” (BRUNKHORST, 2002).

sábado, 28 de abril de 2012

MIGUEL PORTAS


UM HOMEM RARO - RARÍSSIMO


Claro que vou hoje, entre as 15 e as 19 horas, ao Palácio Galveias velar o corpo de Miguel Portas.
Miguel Portas foi, até hoje, o único deputado que, enquanto tal, me respondeu por escrito a emails que eu lhe enviava.
Isto não é recado (não é!) para nenhum líder parlamentar (é que eu escrevo-lhes de vez em quando).

O REGRESSO

O REGRESSO AOS TEMPOS DE SALAZAR
(Só falta reconstituir a PIDE)

[Recortado e digitalizado da primeira página do semanário Expresso de hoje]

(LIX) Alors que faire?


 Prática de ACTUAÇÃO QUINQUAGÉSIMA NONA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

Continuação da Posta anterior:

(I)
            A professora Eugene Mayer de Ciência Política e Filosofia da Universidade de YALE, uma insigne estudiosa do Magistério ideológico e político de H. ARENDT, docente universitária, SEYLE BENHABIB (n-1950), propôs, na sua Obra: “The Rights of Others”, uma versão original da primeira démarche centrada sobre o conceito de iteração que (ela) pede por empréstimo ao filósofo francês, JACQUES DERRIDA (1930-2004), fazendo-lhe, todavia, sofrer uma inflexão (assaz) notável! De anotar (antes de mais), que o que pretende e quer, sublinhar DERRIDA, com o seu magistério, utilizando este termo é que toda repetição é uma variação que modifica sempre o que (ela) repete, jamais a reprodução de um original, original do qual sugere que (ele) não possui existência real.
(II)
            De salientar, outrossim e, ainda (antes de tudo), que SEYLE BENHABIB, se inspira desta ideia para compreender a prática democrática como uma apropriação (continuamente), renovada dos princípios e dos valores sobre os quais se edifica uma comunidade democrática (uma apropriação iterativa), na qual o povo se manifesta como autor da Lei, na própria medida em que (ele) modifica estes princípios e estes valores, reinterpretando-os. Esta concepção “fluída” da identidade do demos permite a sua abertura aos estrangeiros, sem que a sua  integração possível seja condicionada por um imperativo de assimilação.

(III)
            Na verdade e (vale a pena, aliás sublinhar), a diferença que S. BENHABIB introduz na utilização do conceito de DERRIDA, que (assenta no que (ela) reconhece). Ou seja: Que, no caso da linguagem, o conceito de um “sentido original” não tem sentido, ir-se-á do mesmo modo, segundo (ela), para o fundamento normativo de uma comunidade política. Demais, a referencia recorrente (todo ao longo do seu texto), no início do preâmbulo da Constituição de Filadélfia (1787): “We, the people”, indica que para (ela), toda democracia encontra o seu fundamento num ato originário que constitui um povo, fixando os limites. É (então mesmo) que, entre as três características que (ela) diz ser (as) da concepção tradicional da democracia. Ou seja: A auto-legislação do povo, o ideal de um demos homogéneo e a delimitação do território. Ela rejeita os dois últimos em benefício da ideia de um processo (sempre aberto) de auto-constituição do povo. Enfim (ela) não defende menos que existe um elo/vínculo “crucial” entre “o auto governo democrático” e a representação territorial. Segundo (ela) a autonomia democrática requer o encerramento/clausura, porque a representação democrática deve ser responsável perante um povo específico. Donde e daí, a noção de democracia (entendida) como o princípio segundo o qual os sujeitos da Lei devem ser (disso) os autores, o que implica sempre uma inclusão e o seu correlato: Uma exclusão!
Continuia...
Lisboa, 27 Abril 2012
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).

sexta-feira, 27 de abril de 2012

(LVIII) Alors que faire?


 Prática de ACTUAÇÃO QUINQUAGÉSIMA OITAVA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).

Sim (efetivamente), encarnamos a desgraça
teórica e humana deste tempo! Um tempo
que não está disposto em mudar a Justiça
do tempo. Donde, de questionar (avisada e
assertivamente), como é que uma revolução
política seria efetivamente possível sem um
sujeito que se reconhecesse (ele mesmo),
como o próprio a mudar o Mundo?
KWAME KONDÉ (Abril 2012).

L’ennemi d’aujourd’hui ne s’apelle pas
Empire ou Capital. Il s’appelle Démocratie.”
ALAIN BADIOU In Abrégé de métapolitique”.

                        HANNAH ARENDT e os Direitos do Homem/Os direitos do Cidadão: Uma oportuna Leitura da sua Tese:

            Antes de mais, um sucinto perfil biográfico de HANNAH ARENDT (1906-1975): Trata-se de uma pensadora norte-americana, de origem alemã, que nasceu, em HANÔVER, a 14 Outubro de 1906 e faleceu em Nova Iorque, no ano de 1975.
            Fugitiva dos nazis, fixou-se em Paris e depois em Nova Iorque.
            Impôs como estudiosa da Ciência Política, com a Obra Origins of Totalitarism (1955), que segundo ela radica no antissemitismo e no imperialismo do século XIX e no decréscimo de participação nas INSTITUIÇÕES POLÍTICAS.
            Foi aluna do filósofo alemão, MARTIN HEIDEGGER (1889-1976), com quem teve um relacionamento amoroso (na Universidade alemã de MARBURGO) e licenciou, em Filosofa em HELDELBERG.
            Formulou o célebre conceito da “banalidade do mal”.
            H. ARENDT, na qualidade de teorizadora do inconformismo, defendeu (outrossim), os direitos dos trabalhadores à desobediência civil e atuou contra a guerra do Vietname (1961-1975).
            The Human Condition (1958), On Revolution (1963), Men in Dark Times (1968), On Violence (1970), etc., são Obras em que (ela) reflete sobre as principais questões políticas e sociais do nosso tempo.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

REMATE FINAL


[...] para lá das habilidades de que precisamos para a profissão em que somos bons, todos precisamos de filosofia, todos precisamos da arte e da literatura para nos tornarmos seres humanos maduros, para perceber o que as nossas experiências internas encerram. É para isto que existem as artes, é por isso que vais ver um bom filme e ouves boa música e lês um poema.

Pergunta: É por isso que a cultura está sob ataque? Aqui em Portugal o actual governo eliminou o Ministério da Cultura.

Resposta de Riemen: E é isso que o partido fascista está a fazer na Holanda e é o que outros estão a fazer em todo o lado. Óbvio! Quem quer matar a cultura são as pessoas mais estúpidas e vazias do mundo. Claro que é horrível para eles olharem-se ao espelho e verem “Sou apenas um anão estúpido”.

AND YESSSSSS!!!...

Eu não sou pedagogo e quero mesmo acreditar que existe uma variedade de formas de chegar ao que penso que é essencial: que as pessoas possam viver com dignidade, que aceitem responsabilidade pelas suas vidas e que reconheçam que o que têm em comum – quer sejam da China, Índia, África ou esquimós – é que somos todos seres humanos. Sim, há homens e mulheres, homossexuais e heterossexuais, pessoas de várias cores, mas somos todos seres humanos. Não podemos aceitar fundamentalismos e ideologias e sistemas económicos como o capitalismo, mais interessados em dividir as pessoas do que em uni-las.
[Rob Riemen]

YESSSSSS!!!...

Sim. O que temos de enfrentar é: se toda a gente vai à escola, se toda a gente sabe ler, se tanta gente tem educação superior, como é que continuam a acreditar nestas porcarias sem as questionar? E porque é que tanta gente continua a achar que quando X ou Y está na televisão é importante, ou quando X ou Y é uma estrela de cinema é importante, ou quando X ou Y é banqueiro e tem dinheiro é importante? A insanidade disto... [suspiro] Se tirarmos as posições e o dinheiro a estas pessoas, o que resta? Pessoas tacanhas e mesquinhas, totalmente desinteressantes. Mas mesmo assim vivemos encantados com a ideia de que X ou Y é importante porque tem poder. É a mesma lengalenga de sempre: é pelo que têm e não pelo que são, porque eles são nada. E a educação também é sobre o que podes vir a ter e não sobre quem podes vir a ser.
[Rob Riemen]

TRATE-SE

FAÇA BEM A SI PRÓPRIO

Leia esta entrevista:

[Rob Riemen]

25 DE ABRIL

(LVII) Alors que faire?


Prática de ACTUAÇÃO QUINQUAGÉSIMA SÉTIMA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

                        NP:

                                    A revolta incondicionada (sem sujeito, sem voz
                                    e sem rosto), constitui o inadmissível da
                                    Reflexão política e o impensado da Filosofia
                                    Contemporânea (...)

Sim (efetivamente), encarnamos a desgraça teórica
e humana deste tempo! Um tempo que não está
disposto em mudar a Justiça do tempo. Donde, de
questionar (avisada e assertivamente), como é que uma
revolução política seria efetivamente possível sem
um sujeito que se reconhecesse (ele mesmo), como
o próprio a mudar o Mundo?”
            KWAME KONDÉ (2012).



(1)           Com efeito (et pour cause), a antífona/estribilho dos intelectuais sobre o fim do sujeito político no discurso público cessa de se fazer entender/ouvir (assim que), um movimento (morfologicamente) genérico surja na idade do desmoronamento estrutural da política clássica. Eis que principia (então), a procura/busca febril de uma identidade, a fim de desentocar/desemboscar um sujeito capaz de fazer valer o que (ele) pretende, de modo consciente e responsável.
(2)           Nos outros casos (todavia), se (o) que atua/age não fala, se (ele) nega a própria validade de todo enunciado político, o poder declara a guerra: Tem-se desde então de se haver com o vácuo e o vazio!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

APAGÃO NA CAPITAL DE CABO VERDE


Edson Medina, jovem dirigente do PAICV (partido no poder), publicou esta carta (enviada pelo Djibla) que transcrevemos.

“Carpe Diem

Sr. Ministro do Turismo, Industria e…Energia(!!??) Estou há quinze, sim quinze (15) horas, sem luz. E sem saber porquê!! E desde o meio dia que tento ligar para Electra para ter informações e o telefone sempre ocupado!!

Poderia falar dos constrangimentos que essa situação me traz. Poderia citar os meus direitos, enquanto consumidor que paga as contas, poderia até falar dos meus direitos de cidadão, citando a Constituição, mas não o vou fazer.

Sr. Ministro, vc é responsável pela área da energia. O Sr. Assumiu compromissos com os caboverdianos. Primeiro no seu juramento, enquanto membro do Governo. Segundo, no momento em que afirmou que a Electra era um problema de todos nós e que todos devíamos assumi-lo. Pois eu e milhares de cidadãos, estamos a assumir a nossa parte, pagando as contas, não roubando energia, tendo contadores legais, denunciando. Em terceiro lugar, por ter afirmado que em Fevereiro a situação estaria “estabilizada”…e nem digo resolvida! Já estamos em finais de Abril (!!!) e a situação é o que é!

Sr. Ministro, há alguém em falta e não somos nós. O Sr. anda a defraudar os cabo-verdianos e a não cumprir as suas promessas. Por isso, demita-se!! Mas fá-lo por si. Será bem interpretado. Dirão: eis uma demonstração de humildade, eis um político que sabe avaliar e assume que não cumpriu com o prometido e demite-se.

Mas Sr. PM, caso o Sr. Ministro não o faça, fá-lo o Sr. Demita o Sr. Ministro, sob pena de atrair a si a responsabilidade. Sim, pois o Sr. PM é responsável, pelo menos devia ser. O Sr. tb seria bem avaliado. Pela coragem, pela humildade em aceitar que o Sr. Ministro está esgotado e deve ser substituído por outra pessoa com maior visão e…energia!

Não é normal que o Governo tenha conhecimento das falcatruas, da corrupção, das ilegalidades e da incompetência da Electra e não tome atitudes. As leis existem para serem accionadas. Até quando teremos que continuar a aturar e a pagar pela incompetência, pela falta de humildade em aceitar erros e corrigi-los. Há muita gente que paga as contas.

Já era tempo de pelo menos a situação estar estabilizada (sem trocadilhos). Mas neste momento, creio que estamos pior. A paciência das pessoas pode não durar para sempre!"

(LVI) Alors que faire?


 Prática de ACTUAÇÃO QUINQUAGÉSIMA SEXTA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

(1)           A distinção entre os Direitos do Homem e (os) do Cidadão, se impôs (destarte), como um instrumento cómodo para preservar um rosto de universalismo das lógicas jurídico-políticas (necessariamente), geradoras de exclusão. Todavia, esta distinção se revela (extremamente), difícil à traduzir em direitos (efetivamente), garantidos, não (unicamente), em países muito afastados do ideal democrático, mas também, nos países que são reputados como o núcleo duro das democracias modernas, quer se trate da Europa ou da América do Norte.
(2)           E, falando, dos “Estados democráticos”, a questão nos leva à apreender a situação dos “Direitos do Homem” (de outro modo), como através da diferença entre direitos (simplesmente) proclamados e direitos garantidos por uma instância de coação. E, tendo em conta, que o Direito Internacional reconhece (outrossim), aos Estados soberanos o domínio/autoridade do acesso aos seus territórios (ele), outorga (deste modo), a caução (implicitamente), às medidas que toma cada um destes Estados para controlar a entrada e estadia dos estrangeiros.
(3)           Ora, este controlo se exerce através das legislações e (sobretudo), dos procedimentos administrativos que causam à evidência prejuízo à direitos, contudo, reconhecidos, como Direitos do Homem, tais como a liberdade de circular livremente (neste ponto, que pensar aos controlos de identidade permanentes, ou aos campos de retenção!), ou o direito à uma vida privada e familiar.
(4)           E, já agora, vale a pena (antes de mais), sublinhar, que (na verdade), não é a ausência de meios de execução ou de “Véritable mécanisme juridicionnel de controle” das instâncias internacionais à cargo dos Direitos do Homem, que fazem (neste ponto), a fraqueza destes direitos, mas a lógica da soberania nacional. E , se esta lógica implica que os estrangeiros não possuem outros direitos, que (os), que o Estado lhes outorga e que (ele), lhes pode denegar (praticamente), pelos efeitos inerentes à sua política de Migração, é porque todos os direitos (inclusive), os do cidadão são, do ponto de vista do Estado, direitos  outorgados. As aporias sobre as quais tropeçam (presentemente), inevitavelmente todos (os) que tentam dar uma solução “democrática” à questão dos estrangeiros, advêm do que, pensando a democracia como uma comunidade (eles) homologam (conscientemente), ou na sua ignorância a concepção estatuária do direito que resulta da recuperação entre cidadania e nacionalidade. Eis-nos perante uma concepção na qual o carácter emancipador da noção do sujeito de direito se perdeu em benefício do imperativo da pertença!

Lisboa, 19 Abril 2012
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista Cidadão do Mundo)

quinta-feira, 19 de abril de 2012

(LV) Alors que faire?


Prática de ACTUAÇÃO QUINQUAGÉSIMA QUINTA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

O Cidadão como figura (por excelência do excluído:

(A)
            A comunitarização da cidadania marcha à par com a sua regulamentação/preceituação. Ela é (por assim dizer) a face aparente/visível. Com efeito, se no interior, a democratização se traduziu por um incremento do número de beneficiários de direitos (outrora reservados), a um pequeno número, assim como a criação de direitos novos (ela) teve (por contrapartida), uma precarização crescente dos direitos dos não-cidadãos. Demais (vale a pena sublinhar), que quanto mais a comunidade se define com precisão, tanto mais (ela), se preocupa com as suas fronteiras.
           
(B)
            De facto, o quadro territorial do exercício da cidadania, o Estado soberano, era (obviamente) herdado da época anterior às revoluções. Todavia, o movimento de democratização do século XIX e das primeiras décadas do século XX (pretérito), fez deste quadro (originariamente contingente), um elemento constitutivo da democracia. De anotar (antes de mais), que o conceito revolucionário da cidadania foi contaminado pela forma territorial do poder político e que a fusão de ambos foi o terreno que permitiu a emergência e o desenvolvimento do nacionalismo moderno.

(C)
            Vale a pena (por outro), consignar, que a dinâmica emancipadora desenrugada pelas declarações dos direitos da época revolucionaria, que conferiam à cada indivíduo a responsabilidade de fazer valer e de defender os seus direitos, foi (destarte), curto-circuitada pela nacionalização da Cidadania. Com efeito, se esta contaminação e a transformação insidiosa que ela implicava quanto à compreensão do fundamento dos direitos subjetivos, puderam ser camufladas (muitíssimo tempo), como os excluídos do interior, quer se tratasse dos operários ou (em geral), da gentalha/arraia-miúda, mais tarde, das mulheres, privados do direito de voto, lutavam para adquirir  o que se tornara o símbolo da inclusão plena e integral à comunidade cidadã (elas) apareceram aos olhos de todos (sem se esconder), uma vez, como o processo de nacionalização da cidadania concluído.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

(LIV) Alors que faire?


 Prática de ACTUAÇÃO QUINQUAGÉSIMA QUARTA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

No cerne do modo de produção da metamorfose do Mundo...

L’homme passe infiniment l’homme”.
Blaise PASCAL (1623-1662)

(1)           Mas (na verdade), qual é (presentemente), o modo de produção da metamorfose do Mundo? Agora que as escolas políticas se tornaram inaceitáveis à que critério deve responder a realização/execução de uma subjetividade revolucionaria que permitiria detectar no indivíduo uma transformação potencial? Eis porque (obviamente), com o crepúsculo da política, esta questão ora enunciada, se impõe à todo pensamento da transformação e à toda lógica do múltiplo vinculado à um exercício singular da subjetividade não formal. Destarte, de tudo isto, se arvora o “contorno teórico e conceptual donde surde a disposição do “ser-revoltante”.
(2)           Donde, com efeito (et pour cause), no momento em que a possibilidade de um modelo alternativo ao capitalismo se desmoronou (materialmente), o eclipse da ideia que faz do processo revolucionário o motor da inovação social, institui uma época da desgraça/calamidade/catástrofe (como, aliás, atesta extraordinariamente a crise financeira do capitalismo global, a derradeira, porém, a mais grave cuja origem reside no papel túrbido/confuso da moeda).
(3)           No entanto (infelizmente), a afasia colectiva e a amnésia dos adversários do capitalismo (ainda não libertos do sentimento de culpabilidade que a experiência histórica do capitalismo do Estado, no século XX pretérito, que os  atingira deleteriamente), engendra entre todos os que deveriam continuar à pensar, numa outra forma de relações humanas, um pathos assaz grave e até surpreendente e indecente mesmo.

domingo, 15 de abril de 2012

FANTÁSTICO

(LIII) Alors que faire?


Prática de ACTUAÇÃO QUINQUAGÉSIMA TERCEIRA:


Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

            Uma Leitura pertinente da Vida na sua assunção de uma Entidade orgânica singular (...).

            NP :
(1)           Com efeito (et pour cause), é a natureza do Homem que é revoltante! Isto implica a indeterminação recíproca da Natureza e da Cultura, da Biologia e da Política. A revolta captura o carácter inefável do Homem. Ou seja: Uma dependência/inerência transcendente na imanência viva que assumimos em nós próprio.
(2)           O Homem é o vivo que reputa a sua finitude como uma condição de imanência (sempre), ameaçada pela sua própria propensão/pendor onto-genética para a revolta. A revolta congrega, de modo plástico a alteridade do vivo em relação à si próprio. Destarte, “produzindouma figura particular da temporalidade (ela) introduz uma infidelidade em relação às estruturas (aparentemente), estáveis da Existência.

(I)
            A Paleo-Antropologia contemporânea demonstra que toda sistematização definitiva da sua natureza é alheia ao Homo sapiens! Com efeito, não cessa de mudar, tomando inumeráveis formas de descontinuidades, no decurso das suas variações, no âmbito de um projeto aberto que o vincula (tecnicamente), ao Mundo. Trata-se de uma técnica que não delimita a essência, mas que condiciona (naturalmente), o  Ser no Mundo enquanto mundo da vida.

(II)
            Eis porque, na época Biotecnológica da Sociedade pós-Luzes, quando a diferença entre o orgânico e o não orgânico se esbate (objetivamente), é fácil compreender a condição (ontologicamente), revoltante do humano. Este último conhece um deslize perpétuo e tangível (fora de si), a hibridação que o distingue, não dizendo respeito (unicamente), à sua fisionomia histórica, mas (outrossim), à sua realidade natural. Outrossim é (realmente), a forma em que o Homem assume (historicamente), o seu fundo/húmus biológico de mutante, que é revoltante.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

MARAVILHA!!!

A GUINÉ BISSAU ESTÁ OUTRA VEZ EM FESTA

O Expresso online noticiou há pouco:


QUE MARAVILHA!

(LII) Alors que faire?


 Prática de ACTUAÇÃO QUINQUAGÉSIMA SEGUNDA:


Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

(1)           A tese da alienação atinge o seu ponto culminante (em termos de coerência intelectual), no início da década de oitenta do século XX pretérito, quando dois autores franceses: Francis AFFERGAN (Professor de Etnografia na Universidade de Nice e autor de Pluralité Des Mondes) e Édouard GLISSANT (Escritor, romancista, poeta, teatrólogo e ensaísta), propõem uma abordagem teórica substancial donde se emana um verdadeiro modelo de comunidade privada da sua capacidade para se estruturar.
(2)           É (deste modo), que a obra: “L’Anthropologie à la Martinique”, da autoria e lavra de Francis AFFERGAN (1983), desemboca sobre a proposta de dois conceitos (robustamente) privativos, que são os “modos de improdução” e a “associatividade”. Na verdade, a história da Sociedade Martiniquesa é a de uma deréalisation” que é preciso compreender, na acepção estrita do termo, como uma ausência de empresa/cometimento sobre a realidade.
(3)           Aliás (não há dúvida nenhuma), que os Martiniqueses jamais puderam se apropriar de um espaço (como bem próprio, leia-se como algo de particular), e (destarte), se inscrever, num processo de produção finalizado para si mesmos. E, como “seul appartiendrait àl’histoire le peuple que produit les causes et les effets de ses besoins”, os Martiniqueses – nada produzindo para si próprios – se encontram na impossibilidade de se historizar, ou seja, de ter acesso ao domínio das suas orientações culturais e do seu devir.
(4)           E, no atinente à “associatividade”, ela decorre (em toda lógica e coerência), destes “modos de improdução”. Ela exprime a ausência do que (aliás), contribui para gerir as bases comunitárias por uma prática económica e material federativa. Ela se traduz por “une rivalité entre les individus au travail, un égoisme sur le plan économique et affectif et méfiance généralisée” (AFFERGAN, 1983). E para exemplificar o seu raciocínio, o antropólogo se apoia no campesinato negro formado na abolição e do qual nos assevera que (ele) é feito “d’éléments éclatés qui ne semblent obéir qu’à des pulsions et des effets individualistes ou atomisés” (Ibid).

segunda-feira, 9 de abril de 2012

MEDICAMENTOS GENÉRICOS III


INFORMAÇÃO IMPORTANTE

Por favor, não negligencie o conhecimento desta informação. Pode parecer-lhe um texto longo e fastidioso, mas creia que é importante para si e para qualquer cidadão, em qualquer parte do mundo, o conhecimento do mesmo. É que você pode estar hoje de perfeita saúde, mas não se esqueça que cada um de nós é, permanentemente, e no mínimo, um doente potencial.

Para facilitar as coisas vou dar-lhe em primeiro lugar conhecimento das conclusões (e meus comentários) e depois então lhe fornecerei os links para os textos-base que sustentam essas conclusões (sendo a tradução e os comentários da minha inteira responsabilidade).

1. Os medicamentos genéricos não são necessariamente bio-equivalentes entre si, apesar disso a substituição de um genérico por outro é corrente.

[Comentário: A bio-equivalência* é o problema-chave, pelo que a substituição de um medicamento original por um genérico, ou de um genérico por outro genérico, na farmácia, não deveria ser permitida enquanto a bio-equivalência entre o genérico e o fármaco original, e entre um genérico e outro genérico não for provada ― Não basta o genérico conter a mesma substância do original ou de outro genérico, é isso!].


2. Respeitante às Drogas Inovadoras ― por exemplo, para o tratamento de arritmias cardíacas ― os genéricos envolvidos, apesar da sua reportada bio-equivalência são claramente não-equivalentes sob o ponto de vista terapâutico.

[Comentário: Relativamente às Drogas Inovadoras, pelos vistos, nem o facto de os genéricos respeitarem a bio-equivalência é suficiente para se confiar neles ― porque os resultados terapêuticos são diferentes dos do medicamento original].

E nem vou traduzir: «In patients with cardiac arrhythmias, arrhythmia recurrence, proarrhythmia, and death have been reported in association with antiarrhythmic drug formulation substitution. Despite their reported bioequivalence, the generic agents involved were clearly not therapeutically equivalent

(LI) Alors que faire?


 Prática de ACTUAÇÃO QUINQUAGÉSIMA PRIMEIRA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

Acerca da Tese da alienação...

            E para principiar, esta nossa peça ensaística, de modo consentâneo, eis algumas Marcas, assaz pertinentes:
(1)           Le tiraillement entre interprétations divergentes est au fondement même de la recherche anthropologique sur le monde noir”. (...)
(2)           “Les peuples africains ne permettront plus désormais d’être culturellement, économiquement, politiquement et intellectuellement kidnappés pour fournir aux universitaires européens les symboles de leur statut intellectuel (...) et la matière de leur cours injurieux et hors de propôs (Déclaration du BLACK CAUCUS, citée par HOWE, 1999, p.60).
(3)           Quand je dis “noir”, ce mot, n’a pas de contenu biologique et je ne l’emploie pas non plus au service d’une cause raciale. Quand je dis “noir”, je nomme une expérience historique unique d’hommes et de femmes bien définit, dont la présence dans ce monde était destinée à changer la vision et l’oreille du monde et dont la libération finale sera une contribution décisive à la libération de l’humanité”. GEORGES LAMMING, discours d’ouverture au festival Carifesta, 1981, publié et traduit par le Progressiste, 1982, suplément au numéro 974.

NP:
São três as teorias/teses que enformam o húmus dos relevantes Estudos do universo cultural negro das Américas, designadamente:
--- A Teoria ou Tese da continuidade de uma herança Africana.
--- A Tese da “Crioulização” e
--- A Tese da alienação, que vamos abordar, nesta nossa Peça ensaística.

(A)
            Os escritos de investigação, elaborados, no âmbito das Ciências Humanas sobre as Antilhas francesas são (aliás), os que mais insistiram nesta temática da alienação. Donde (antes de mais), se impõe avançar com a seguinte interrogação. Ou seja: É preciso relacionar uma tal verificação com a situação das Ilhas que acabaram por fundir com a Nação Francesa? Pode-se (quiçá), supô-lo! O processo antigo de assimilação em Guadalupe e Martinica põe em jogo conexões dissemelhantes que tornam mais complexas que algures os andamentos/cadências da identificação cultural.

domingo, 8 de abril de 2012

SE A INCOERÊNCIA PAGASSE IMPOSTO!



A mim induz-me o vómito ― É verdade!
Acontece-me sempre com os trânsfugas políticos.
Vital veio do PCP para o PS, e agora aparece a louvaminhar o Passos Atrás.

sábado, 7 de abril de 2012

(L) Alors que faire?


Prática de ACTUAÇÃO QUINQUAGÉSIMA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)


(1)           Fazendo da inovação cultural o elemento primordial das Sociedades negras do Novo Mundo, MINTZ e PRICE (1992), não assumem o risco de ignorar ou de minimizar as condições nas quais se efetuou o encontro”. Reintegram (com efeito), a experiência negra americana no universo coercivo das plantações para insistir no monopólio do poder dos senhores, nas condições de desumanidade/barbárie nas quais estes pretendiam manter os escravos.
(2)           De anotar (entretanto), por outro, os autores convidam a não minimizar os interstícios, as transgressões que fazem que a instituição jamais foi coagulada/congelada. No interior da estrutura codificada e rígida da sociedade escravista existiam sectores que davam conta de interações sociais entre os dissemelhantes blocos. Os autores resgatam (destarte), “uma figura esquemática das sociedades profundamente divididas pelos estatutos – ao mesmo tempo que pelos tipos físicos e mais ainda – mais complicadas pela contínua interação dos membros dos dois grupos à vários níveis e consoante dissemelhantes momentos (...), em outros termos, o sistema dos estatutos jamais deu conta, nem controlou o conjunto das interações específicas entre os indivíduos”.
(3)           Donde (deste modo), MINTZ e PRICE postulam a existência destes lugares incontornáveis (inclusive), no cerne do empreendimento esclavagista, em que a troca se produz entre dissemelhantes grupos em presença, troca que alimenta a dinâmica cultural de crioulização, para explicar a lógica da “criatividade”, os autores sublinham (identicamente), uma outra dimensão: (a), para as sociedades do Novo Mundo, de evoluir  (continuadamente), numa dinâmica de contactos que predisporia à aceitação da diferença cultural e faria da aptidão para a mudança, uma característica dos sistemas culturais em presença. É (deste modo), que “no interior dos estritos limites determinados pelas condições de escravatura, os Africanos-Americanos aprendem a dar muita importância à inovação e à criatividade individual”.

terça-feira, 3 de abril de 2012

15% DE DESEMPREGADOS EM PORTUGAL


«DESEMPREGO EM PORTUGAL SURPREENDE BRUXELAS»


― Ai a equipa do senhor Weiss está surpreendida!?...
― Ou, dizendo isso, estará antes a gozar com a malta!?...

Claro que Bruxelas conhece muito bem os mecanismos pelos quais uma política de aumento de impostos, cortes salariais e contracção ou mesmo corte total de crédito às pequenas e médias empresas levam ao aumento do desemprego.

Claro que é gozo! Porque o que está sucedendo é deliberado e assenta em bases ideológicas.

“SURPREENDIDOS” UMA OVA!!!