BLANKA VLASIC
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
FARIA DE OLIVEIRA PARA CAVACO SILVA
«O SENHOR, PARA SER MAIS HONESTO DO QUE EU, TERIA DE NASCER DUAS VEZES!» (*)
É o que Fernando Faria de Oliveira deve ter pensado (dito) quando Cavaco Silva, no debate com Manuel Alegre, pôs, no meu entender, em causa a competência e o bom nome dos administradores da Caixa Geral de Depósitos, banco presidido por Faria de Oliveira.
Já que por estes dias ando muito sensível quanto às questões familiares, não podia deixar de trazer aqui este protesto uma vez que: a avó materna de Fernando Faria de Oliveira, Lia Henriques, era irmã do meu avô, Agnelo Henriques e por isso mesmo minha tia avó (também pelo lado materno, portanto).
Fernando Faria de Oliveira, pelo seu curriculum pessoal, académico e profissional, mas também pelo seu background familiar, é muito capaz de deixar o Sr. Silva, natural do Poço de Boliqueime, a grande distância no que ao valor real de cada um diz respeito.
TENHO DITO!
(*) Ironia do destino: esta frase foi dita por Cavaco Silva a Defensor Moura, no debate que ambos tiveram há menos de uma semana na televisão. É caso para dizer: "Quem cospe para cima..."
Epístola Quinta:
Peça Segunda:
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895).
E, já agora, para terminar esta síntese, adequadamente aqui vai
Uma sucinta incursão (porém, assaz necessária), no
Percurso evolutivo da história deste território africano que,
Presentemente se designa por
Guiné-Bissau:
(A) No ano de 1446, o navegador português, Nuno Tristão chega ao actual território da Guiné-Bissau. Entre 1481 e 1495, se estabeleceu contactos com o chefe de Mandi (dos Mandingas), no Alto Níger.
(B) Em 1466, a Coroa portuguesa concedeu a administração do Comércio na costa da Guiné-Bissau, desde o Senegal até à Serra Leoa aos habitantes de Cabo Verde, com excepção das ilhas de Arguim. Deste modo, a presença portuguesa teve o seu destino vinculado a Cabo Verde até 1879, altura, em que se separou a administração dos dois territórios.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
DO ESTADO-PROVIDÊNCIA
E DO (ESPECIAL) PODER MÉDICO
A exigência de saúde é uma das reivindicações naturais numa sociedade que enriquece. Seja o seguro privado ou público, isso não altera em nada o problema. Estas despesas precisam de ser reguladas. O paradoxo, frequentemente esquecido pelos detractores do Estado-providência, é na realidade o seguinte: o Estado desempenha muito mais o papel de polícia do que o de auxílio à despesa.
Este ponto é particularmente claro no caso das despesas de saúde e foi analisado, a partir de 1963, pelo economista Kenneth Arrow, futuro prémio Nobel. Arrow resumia o problema colocado pelas despesas médicas nos termos seguintes:
a saúde é um dos raros bens económicos cuja procura (pelo doente) depende inteiramente da apreciação que dela é feita pelo ofertante (o médico). Aqui a oferta condiciona muito a procura, como diria Jean-Baptiste Say, mas pela razão perversa de o agente da procura não saber o que quer.
A MINHA DECEPÇÃO DO ANO DE 2010
É uma pescadinha de rabo na boca cujo esquema mental mima um cão estúpido eternamente às voltas tentando abocanhar a própria cauda.
REFLEXÕES SOBRE ÁFRICA
Eis três interessantes reflexões sobre a problemática africana enquadrando-se bem no “desafio” aqui lançado a Kwame Kondé.
Vale a pena clicar nos links e ler os artigos ― mas também os comentários ―. Afinal o que se quer é uma reflexão em que opiniões divergentes, por vezes até opostas, são expressas despertando no leitor o interesse no aprofundamento destas questões.
Esta é uma boa saída do Ano de 2010:
BOM DIA!
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
ELOGIO DA GENEALOGIA
Eu sei, eu sei, vou falar de anacronismos e dizer disparates. De há muito a chusma dos desenraizados “decretou” a inutilidade da História familiar. De qualquer história. Eu pertenço aos que discordam disso e reconhecem o enormíssimo e imprescindível papel da História familiar na compreensão de vários aspectos essenciais da vida das sociedades. Como sou destes ― hoje quero falar de (e realçar) um aspecto relevante da vida das pessoas, cujo, por ser tão praticado socialmente, mor das vezes até é desvalorizado e julgado inútil.
Isto de se dizer que «Cada um vale por si» não é bem assim.
Mais correctamente será talvez dizer que “cada um vale também por si” ― tanto quando é o próprio a fazer uma auto-avaliação, como e sobretudo quando são os outros a fazê-la.
É que cada um, além de valer por si, também vale (às vezes muitíssimo, outras pouco, e outras ainda muito pouco ou mesmo pouquíssimo) pela soma da sua genealogia à sua biografia pessoal. E quanto mais cada pessoa souber sobre (e poder rever) a sua genealogia, melhor aquilatará do seu valor real como cidadão.
A ENSITEL TRAMOU-SE
E tramou-se sobretudo porque se meteu ― e muito mal metido, diga-se de passagem: porque por lei são obrigados (pelos vistos acham que a lei não é para eles) a trocar o artigo ou a devolver o dinheiro nos primeiros 15 dias pós compra, qualquer que seja o motivo invocado pelo cliente (até pode ser apenas “não gosto, não quero”) ― meteram-se muito mal, dizia, com uma cliente que por acaso é só a coordenadora dos blogues alojados no sapo.pt.
Para já e para além deste vídeo, vejam só uma pequena amostra de aonde é que já vai a procissão.
Nos jornais: Diário de Notícias e jornal “i”
Disse-o no twitter e digo-o aqui ― nunca gostei de lojas em que o cliente se confronta com uma barreira entre si e os produtos que pretende comprar: pode olhar, mas não pode tocar; tem que pedir aos empregados o especialíssimo favor de lho mostrarem e muitas vezes só lhe dão informações sobre o produto, não se dão ao trabalho de o ir buscar pois pode não ser comprado pelo cliente e depois teriam que ter a grande chatice de o repor no lugar.
Má maneira de estar no comércio, acho eu!
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
DECÚBITO DORSAL
O corpo humano está preparado para funcionar melhor em decúbito dorsal (de barriga para cima). Quem o conhece bem não tem a mínima dúvida de que assim é: todos os órgãos funcionam melhor nesta posição e o descanso é mais reparador.
Dou-lhe, pois, o conselho de tentar dormir sempre em decúbito dorsal; conseguirá com isso melhoras significativas da sua saúde.
Mas este conselho, infelizmente, não se aplica a todas as pessoas ― desde logo não se aplica aos obesos e a certos doentes da coluna, por exemplo. Por isso, fica ao critério de cada um experimentar adoptar este hábito e tirar depois as suas conclusões.
BOA NOITE!
DO BAÚ DA MEMÓRIA
Certo dia, à mesa, depois do jantar, conversando com minha mãe, ela levantou a mão com os cinco dedos bem abertos, fixou-me nos olhos e disse-me:
― Olha aqui... São cinco dedos!... Todos eles são dedos... Mas não são iguais, pois não?!...
Situemos a coisa: “Dera-se” o 25 de Abril, estávamos em Dezembro de 1974, e eu, “transferido” da UEC (União dos Estudantes Comunistas ― do PCP) para o PAIGC, andava em comícios por todo o lado, lá na ilha do Fogo, a “pregar” à minha gente uma nova vida de igualdade para todos.
Confesso que naquela noite quase não preguei olho pensando no gesto e na frase de minha mãe. E não pude deixar de considerar esta outra frase que quer dizer muita coisa certa em qualquer ordem social:
“Uns são mais iguais do que outros”.
OBRIGADO MAMÁ!
UMA VISITA AO BAÚ DO CONFORTO
[Clique na foto para aumentar]
Necessitando de algum lastro interior muito especial nesta quadra natalícia, fui ao meu baú de familia onde encontrei estas duas fotografias que me permitem homenagear nesta quadra natalícia minha querida e santa mãe, Natércia (ainda viva e com 90 anos), e os meus avós maternos, Luzia (tendo ao colo sua primeira filha, Sílvia) e Agnelo (de quem orgulhosamente herdei o nome).
Epístola Quarta:
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895).
Nesta nossa Epístola Quarta, vamos apresentar uma breve síntese acerca do Território africano denominado: Guiné-Bissau:
Peça Primeira:
(1) A Guiné-Bissau é um Estado da África Ocidental, com uma superfície de 36 125 Km2 e com cerca de 1 457 982 habitantes. Confina a Norte e a Este com a República do Senegal, a Sul com a República da Guiné (Conacri). O território (em si) é formado por uma parte continental e um cordão de Ilhas anexas (Bissau, Bolama) e, ainda, por uma parte Insular (o Arquipélago dos Bijagós). A capital é a cidade de Bissau. A língua oficial é o português e a unidade monetária é o franco (CFAC).
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
NHÔS TA BENDI CATOTA?
domingo, 26 de dezembro de 2010
UMA ENCENAÇÃO DO HOMEM DE PLÁSTICO
A pose deslocada merece-nos o seguinte comentário:
Nesta fotografia, para além da naturalidade (que é uma coisa que nasce da verdade) falta ainda mais qualquer coisa para que se tome a pose a sério. A saber: Um gato, um cão ou um canário pelo menos; vá lá: uma mosca (varejeira que seja); uma nódoa no fato ou na camisa; um copo, uma vela acesa, um brinquedo; ao menos uma lareira eléctrica como aquela do Passos Coelho (em Massamá, em Massamáááá!)... E sobretudo falta ar àquele ambiente. Lá não se respira. Também o boneco não precisa respirar, não é?!
Ah! É verdade! Também falta verdade a esta foto...
É isso mesmo ― a foto não tem VERDADE!
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
«A escola secundária de Guadalupe está encerrada há um mês por alegados problemas de bruxaria. Na noite de sexta-feira deveria ser realizado um "jambi" no pátio da escola para "afugentar o mau espírito" que nas últimas quatro semanas "atacou" pelo menos 14 crianças, entre os 12 e 16 anos, assim como empregadas do referido estabelecimento escolar.»
FILHOS DA PUTA(*)
Da coluna de Manuel António Pina no Jornal de Notícias, respigo o seguinte:
Notícias sobre o ano de 2009:
As últimas (?) notícias acerca do "Estado Social" vêm do Tribunal de Contas, que ontem divulgou o parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2009: 97% dos 2 200 milhões de euros afectados no ano passado pelo Governo ao combate à crise foram parar ao bolso sem fundo da banca (61%) e às empresas (36%); já com os apoios ao emprego, o "Estado Social" gastou... 1%. Como Guterres diria, é só fazer as contas.
Ano de 2010 (em forma de poema):
As notícias de 2010 são igualmente esclarecedoras
o Governo estará por fim a conseguir reduzir o défice público
e isso graças, principalmente,
"aos cortes nos apoios sociais
a desempregados e crianças".
(*) As minhas sinceras desculpas aos olhos e ouvidos mais sensíveis.
sábado, 25 de dezembro de 2010
INCORRECÇÕES NATALÍCIAS
Este é para mim um Natal um pouco estranho. Longe do “espírito” de bondade, concórdia e confraternização que se diz ser próprio desta quadra, sinto uma certa inclinação maléfica para acentuar as diferenças entre os homens;
Para fazer, por exemplo, o que Nietzsche aconselhava: que «os seres hiperbóreos» se mantivessem nos «cumes arejados» evitando assim misturar-se com os «seres rastejantes» da planície.
Ou, acreditando em Fernando Pessoa quando diz que «As criaturas de sensibilidade fazem sofrer os outros por simpatia», citar ao mundo esta outra frase deste mesmo poeta:
«Por enquanto, visto que vivemos em sociedade, o único dever dos [seres] superiores é reduzir ao mínimo a sua participação na vida da tribo».
Esta prática acaba por certo por levar-nos a entender Pacheco Pereira quando tenta "explicar" «Porque é que a lagartixa nunca chega a jacaré».
Epístola Terceira:
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895).
(I)
Na verdade, já no ano de 1953, no território, presentemente denominado Guiné-Bissau, se produzia, numa superfície de 153 030 hectares, 100 277 toneladas de arroz; em 14 814 hectares, mais de 24 968 toneladas de mandioca e em 105 016 hectares, 63 975 toneladas de amendoim.
Todavia, trinta e cinco (35) anos, após a proclamação unilateral da sua independência, a Guiné-Bissau (que conta com uma superfície cultivável de 410 801 hectares), se encontra, na dependência do exterior, (ela), que possuía tudo, para marchar na linha segura para o desenvolvimento. De feito, sem sombra de dúvida, seria necessário se apoiar na Agricultura para dar impulso ao seu desenvolvimento tal como sonhava Amílcar Cabral.
O NATAL NA COSTA DO MARFIM
Cheguei a esta notícia através de A Origem das espécies.
Digam-me lá se isto também é culpa exclusiva das longas noites da colonização ocidental ou se estaremos antes perante um estado de pré barbárie assente no funcionamento de um regime corrupto e criminoso para o qual o seu povo não é mais que meros habitantes acidentais das terras e riquezas de que os militares se julgam os únicos senhores e beneficiários para quem o qual cujo povo (é mesmo assim, só “cujo” não o define bem) parece merecer mais uma prova de quem é que manda verdadeiramente, sofrendo chacina indiscriminada e em larga escala!
Nestas alturas surge-me quase sempre na cabeça a figura de um “tutor colectivo” que não consigo definir nem aceitar liminarmente, mas que me parece de certa forma indispensável. Explico-me ― custa-me admitir que o caos existente possa só por si produzir uma solução, razoável que seja, para os milhões de desgraçados que vagueiam pelos campos e cidades da Costa do Marfim e de outros países que tais.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
O PADRINHO
Eu sou mais o padrinho do tipo a quem os afilhados visitam nas quadras festivas e recebem na mão a prenda que lhes guardo.
Esta modernice de ter afilhados de muito tenra idade, já com telemóvel e conta bancária à espera do depósito da “prenda” via NIB, não é comigo.
Tenham mas é uma boa consoada!
O ROLHA-ESPECIAL
Como ninguém repara nele, apesar de estar vivo e se recomendar, elejo-o a personalidade (obscura) do Ano de 2010.
Ele não se afunda nem flutua; fica a meio do tanque; escondido; vagueando ao sabor das correntes, procurando sempre a corrente mais favorável; incrustando-se do que vem do fundo e do que cai da superfície ― é uma espécie de rolha com chumbo que ainda não fora inventada.
Onde já vai «o monte alentejano»...! Agora pontificam as serranias e as cumeadas geladas de difícil acesso e conhecimento, reservadas apenas a alpinistas de muita experiência e largo curriculum.
Desejo-lhe Festas com dentinhos sorridentes e que Deus lhe dê muito cabelo no próximo Novo Ano.
É NATAL
E É INCORRECTO LEMBRAR ISTO AGORA, MAS...
QUEM SE ATREVE A DESMENTIR ESTE TIPO?
À imagem do deus generoso dos pensadores fisiocratas, a natureza permite que os capitalistas enriqueçam utilizando esta capacidade única dos homens: a de trabalhar mais do que o custo do seu sustento.
O capitalismo só pode gerar lucros se mantiver o proletariado na miséria. Qualquer que seja o nível dos salários, a condição do trabalhador tende a piorar à medida que o capital se acumula. Para impor salários baixos, fonte de mais-valia, o capitalismo precisa de manter uma massa de proletários sem emprego que obrigam aqueles que estão empregados a aceitar um salário de subsistência. Em vez e no lugar da pressão demográfica [malthusiana], o capitalismo substitui uma miséria que ele próprio construiu, com vista ao seu bom funcionamento.
BOM DIA!
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
DIÁRIO DE LISBOA
Para quem não saiba, o jornal Diário de Lisboa era uma referência da Esquerda e tinha imensa saída entre os estudantes da época (antes e depois do 25 de Abril de 1974).
Propriedade da família Ruella Ramos, nele pontificavam: Piteira Santos (director) e redactores como os escritores Luís de Sttau Monteiro, Fernando Assis Pacheco e outros. O Diário de Lisboa era o meu jornal ― na altura era assim: “tinha-se” um ou mais jornais ―; eu gostava também de ler O Século mas não tinha os dez tostões para mais esse gasto, lia-o quase sempre no dia seguinte, como sobra.
Já o Diário de Lisboa, rendia-me muito na altura: guardava-o para o dia seguinte, e logo de manhãzinha, pelas 7h mais ou menos, “oferecia-o” ao cobrador do autocarro 34 da Carris, que fazia a carreira Benfica Hospital de Santa Maria. Havia entre mim e esse cobrador um acordo tácito muito seguro ― ele recebia o jornal e só me tirava o bilhete caso aparecesse um revisor a fiscalizar os títulos de viagem dos passageiros; de contrário eu viajava sempre à conta do Diário de Lisboa.
Mas é preciso contar como surgira o acordo tácito a que referi. Certo dia, vendo o cobrador interessado em ler qualquer coisa no jornal que eu levava, ofereci-lho de bom grado pois já o lera na véspera. Então o homem não me cobrou bilhete. Daí para o futuro foi como já contei...
PLANTADOR DE NABOS
Hoje acordei relembrando um amigo infelizmente há muito desaparecido, o poeta lisboeta, Armindo Carvalho, homem irreverente, de humor sarcástico e muita ironia.
Corriam os anos oitenta, e nessa altura o jornal Diário de Lisboa publicava quotidianamente uma colunazita intitulada “Gente” em que entrevistava de raspão um anónimo qualquer escolhido ao calhas nas paragens dos transportes públicos.
Certo dia a fotografia do entrevistado era a de Armindo Carvalho à espera do eléctrico, ali pela Almirante Reis.
À pergunta sacramental “O que é que o senhor faz”, Armindo respondera:
«Planto nabos nas hortas dos vizinhos»...
BOM DIA!
PARA MEDITAR ANTES DE DORMIR
Estou a ler um livrinho de Daniel Cohen que escreve a certa altura:
«Nem a riqueza, nem a educação tornam melhor um homem que é mau. Como diz Christian Baudelot, elas oferecem-lhe uma maior quantidade de formas de continuar a ser quem é.»
BOM SONO!
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
LISBOA MENINA E MOÇA – RAÍNHA
A luz natural de Lisboa conquistou-me para o resto da minha vida
desde o primeiro dia que aqui cheguei.
Mas o Inverno tem disto: ainda não é dia;
e daqui a oito horas será quase noite.
Felizmente resta o frio que é tonificante.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Epístola Segunda:
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895).
O caso da Guiné-Bissau:
(1) Em 1953 (dez anos antes do início da luta de libertação nacional), a população da Guiné-Bissau era, aproximadamente, de 500 000 e, no momento da Independência, de um pouco mais de 800 000. De uma superfície de 36 125 quilómetros quadrados, a Guiné-Bissau, conta, presentemente com uma população estimada em 1 457 982 habitantes.
(2) O advento da Guiné-Bissau como Estado independente da antiga potência colonizadora (Portugal), contrariamente a maioria dos países africanos que se emanciparam, na década de 1960, resulta de um longo processo de uma luta armada conduzida pelos nacionalistas guineenses e cabo-verdianos, sob a esclarecida e empenhada direcção de Amílcar Cabral (1924-1973). Com efeito, ao fim de onze anos (aproximadamente) de resistência, foi proclamado, unilateralmente, a 24 Setembro 1973, o Estado independente da Guiné-Bissau, vindo a ser reconhecido de jure, por Portugal a 24 Setembro 1974, no âmbito do contexto da revolução dos cravos de 25 Abril 1974, desencadeada por capitães portugueses, desencorajados e cansados da guerra colonial.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Então, África Minha!
Aonde vais!? Aonde vamos!?
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895).
Epístola Primeira:
(I)
O ano de 1960 é reputado como o (à titulo simbólico) da ascensão do Continente Africano à soberania internacional, por conseguinte, um ano que apela (meio século mais tarde) para a análise do sentido desta independência e uma meditação (assaz) séria sobre o balanço do exercício do poder pelos Africanos (eles mesmos), à frente do seu próprio País de origem.
Eis nos ante um momento (asado) de recolhimento, visto que a situação actual da África é singular sobre o Globo: Continente repleto de riquezas humanas e naturais, todavia, Continente empobrecido, assistido e fragilizado…E não só!...
(II)
Antes de mais, visando posicionar, apropriadamente a temática, em análise e estudo, vamos formular um conjunto de questões (assaz pertinentes e quão oportunas), designadamente:
(1) Por que razão, tantos péssimos dirigentes, rapinadores dos recursos nacionais?
(2) Por que razão, tanta corrupção e violência?
(3) Por que razão, tantas guerras locais, tantas enfermidades, tanto “analfabetismo”, tantas crueldades?
(4) Por que razão, rica (ela) é: de culturas, de dinamismos, de inesgotáveis criatividades, de matérias-primas e de vasto espaço territorial, sim, efectivamente, a África tarda tanto a entrar na dinâmica viva do desenvolvimento?
(5) Por que razão, as “elites” acreditam tão pouco na África, que se apressam ir investir algures o dinheiro ganho no local (in loquo)?
(6) Enfim (avisadamente) por que razão, este atraso (chocante) da África?
EM TEMPO
Como se constata, o meu caríssimo amigo e colega, Kwame Condé, não se fez rogado e já enviou a primeira “Epístola” sobre o tema para o qual lhe lancei o repto ― falar sobre a África Independente, pós colonialismo; pós anos sessenta.
Kwame Kondé é um dos intelectuais cabo-verdianos que melhor conhece a História e a Cultura africanas; e estou em crer que não deixou de acompanhar par e passo a caminhada sobretudo dos países lusófonos e francófonos de África desde que estes ascenderam à independência e as suas elites (quase todas militares) tomaram nas suas mãos os mecanismos da soberania e passaram a exercer o poder.
Esperemos que o debate se abra a outros participantes. Todo e qualquer texto referente a este tema, que não contenha matéria ofensiva da honra e o bom-nome das pessoas, será publicado.
No post(*) seguinte farei a publicação do primeiro texto.
(*) Passarei a utilizar o termo post em vez de “posta” visto que constatei e constato à saciedade que esse termo “pegou” entre os bloggers (aqui está outro que também pegou) e o melhor é seguir a tendência geral. Mas não termino sem dizer que “posta” estava bem porque relativo a “correio”.
Se calhar, no futuro, escreveremos todos “poste” e “bloguer”. ― Nada contra!
A "TERRA QUEIMADA" DE SÓCRATES
Assim se deveria chamar aos governos sócretinos que Portugal já conhece. Sócrates, seus companheiros de jornada e o PS têm levado e continuam a levar a cabo, de forma quase sistemática, a destruição de pilares essenciais do Estado.
Primeiro a Saúde “obrigando” os médicos a abandonarem hospitais e outros departamentos do SNS; agora a Justiça, assistindo-se a magistrados judiciais e juízes a fazerem o mesmo que os médicos ― irem para casa reformados antes que sejam desfeitos em lume brando.
Portugal está bonito e há-de ficar ainda mais bonito nos próximos tempos.
Não dá para desejar Bom Ano a ninguém.
domingo, 19 de dezembro de 2010
METAMORFOSES QUE O PODER TECE
A cada dia que passa é menos médica.
No fim desta vida efémera governativa restará talvez apenas uma burocrata mais para a prateleira ou o baú dos cangalheiros da Saúde em Portugal.
sábado, 18 de dezembro de 2010
BEM HAJAS, KWAME KONDÉ
Passados 50 anos sobre o início das descolonizações dos territórios africanos pelo Ocidente, já vai sendo mais que tempo de responsabilizarmos também os africanos pela imagem que se tem de África; pela destruição de culturas ancestrais que até resistiram ao colonialismo; pelas tragédias humanas que assolam aquele continente e por grande parte da miséria que sabemos que lá existe.
Isso quer dizer que não podemos deixar de falar dos ditadores e das oligarquias cleptocráticas que desgovernam África; das guerras fratricidas entre tribos e povos, guerras alimentadas pela ganância de africanos pelo domínio dos recursos naturais de outros africanos e por aí fora.
Peça Ensaística Septuagésima, no âmbito de
Na Peugada de
NOVOS RUMOS:
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895)
“Africa aliquid semper novi”
Plínio, o Velho (23-79)
Acerca da querela das Reminiscências
Ou a colonização inconclusa:
(1) A Colonização teve, sempre, por finalidade a dominação física e cultural dos povos autóctones. O destino dos Mayas e das tribos ameríndias o atesta, de modo, assaz eloquente, visto que sobre os seus despojos se espalhou a civilização ocidental. Deste ponto de vista, a colonização da África negra permaneceu inacabada, pois que as sociedades africanas foram, profundamente inquietadas, (elas, no entanto) não desapareceram.
(2) A conquista militar da África negra terminou em 1905, porém, uma outra batalha, imediatamente se iniciou com a Europa colonial: a batalha das memórias. E, para firmar a sua influência, o Ocidente recorreu, com efeito a duas armas temíveis: o livro e o cinema. Tarzan na selva povoada de tribos bárbaras, romances coloniais, obras moralizadoras ou banda desenhada (Tintin no Congo), difundiram, à porfia, a imagem de um negro selvagem, sórdido, “criança crescida”, folião e preguiçoso.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Peça Ensaística Sexagésima Nona, no âmbito de
Na Peugada de
NOVOS RUMOS:
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895)
Algunas Marcas pertinentes para principiar oficio:
1ª MARCA:
É um ponto sobre o qual as Sociedades africanas não se distinguem das outras. A vontade do homem de dominar a mulher. Coagido em reconhecer à mulher um papel primordial, o de dar a vida, o homem implantou, nos quatro cantos do Mundo, instrumentos de controlo, assumindo-os, por vezes, até à crueldade. A igualdade dos sexos não é efectiva, em nenhuma parte, mesmo no Ocidente, a despeito de verdadeiros avanços neste domínio. E, que tenha havido ou que haja, amazonas e rainhas, mulheres primeiras ministros ou ministros, a questão nada muda…Que acontece na Ásia, África ou no Ocidente, quaisquer que sejam a cor da pele ou a cultura, os machos se unem para preservar os seus privilégios. Demais, sem dúvida nenhuma, a história é tão vetusta como a Humanidade: a humanidade patriarcal!
A DESGRAÇA DA POLÍTICA
Há dias viajei tendo na fila da frente do avião um político que visitara Cabo Verde; apeteceu-me cuspir-lhe para o toutiço.
Longe vai o tempo em que numa viagem aérea aos Açores identifiquei a bordo o então deputado do PS, Dr. António Arnaut, que tinha sido Ministro da Saúde, e num impulso levantei-me do meu lugar e pedi-lhe permissão para sentar ao seu lado e falarmos durante algum tempo sobre Saúde. Foi um contacto agradável e profícuo que durou toda a viagem; e como ele fazia escala durante algum tempo na Ilha de Santa Maria onde eu estava a trabalhar, convidei-o e levei-o a visitar o hospital de Vila do Porto, no que me agradeceu visivelmente satisfeito e educadamente o convite e a visita.
Hoje o que apetece fazer quando encontro um político é ― cuspir-lhe p'ra cima.
TEIXEIRA DOS SANTOS NÃO SABE O QUE DIZ
E A MINISTRA PERDEU O NORTE
COMPLETAMENTE
É o mínimo que posso dizer para não ofender a senhora Ministra da Saúde, quando leio que a mesma concorda com o desorientado e considerado um dos piores ministros das finanças da União Europeia, Teixeira dos Santos, quando este disse há dois dias que «Os internos do Serviço Nacional de Saúde que vêem a sua formação paga pelo Estado terão que assumir um compromisso de fidelização ao SNS».
A senhora ministra devia ter bem presente que os médicos internos são a jóia da coroa da medicina portuguesa. São mouros de trabalho e são eles que permitiam (não sei se hoje ainda permitem), com o seu trabalho muito mal pago, que nós, especialistas e chefes de equipa (como era a senhora ministra antes de se apanhar no poleiro governativo) pudesse-mos descansar um pouquinho nas urgências, ler um jornal ou ver um pouco de televisão de vez em quando ― e a alguns até dar um salto ao shopping mais perto para desanuviarem a cabeça.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
DO FACEBOOK E QUEJANDOS (2)
ENTRE HOMENS E EMPATAS
CELEBRE-SE O CROMOSSOMA “Y” ACTIVO
Há uma diferença evidente entre indivíduos que são “apenas do sexo masculino” e aqueles que, pertencendo a este sexo, são também... machos.
E esta diferença, que se constata no dia-a-dia, também tem o seu lugar de registo oficial e perene na História:
De Cleópatra a Catarina de Médici, de Lady Diana de Gales a Carla Bruni, a preferência destas mulheres foi (é) evidente, no que ao solitário cromossoma “Y” activo diz respeito.
Quanto aos indivíduos do sexo masculino, temos que: aos portadores do “Y” activo se chama homens, e aos portadores do “apenas “Y” ― empatas.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Peça Ensaística Sexagésima Oitava, no âmbito de
Na Peugada de
NOVOS RUMOS:
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895).
NP:
Presentemente, em algumas Sociedades de África negra como, outrossim (aliás) as do Próximo Oriente e da Ásia do Sudoeste, o domínio masculino se afirma, de modo assaz violento, através do controlo do prazer feminino. Infibulação e excisão, entre outras, têm como único objectivo (seja o que for que se diga), submeter a mulher ao desejo do seu esposo e senhor.
Pela ablação ou pelo enfraquecimento de um órgão votado ao prazer sexual, o homem pensa “tornar sensata” a mulher, torná-la fiel e dócil. Numa palavra: controlável!
Com efeito, no Continente Africano, para encobrir uma ignóbil e detestável realidade, se legitima o acto. Em primeiro lugar, se ensina a mulher que tais práticas datam dos tempos imemoriais e que elas emanam da vontade do antepassado. Desde logo, que pais ousariam romper a longa cadeia que vincula a sua filha ao avoengo? Demais, não mandar excisar a sua filha, é condená-la ao celibato, por conseguinte à vergonha.
DE REGRESSO À "PIOLHEIRA"
Sem novidades para contar, mas com vontade de reencontrar alguns amigos.
BOA TARDE!
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Peça Ensaística Sexagésima Sétima, no âmbito de
Na Peugada de
NOVOS RUMOS:
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895).
(I)
Na perspectiva colonial, o mundo negro apenas encarnava uma forma de vida inferior à civilização branca. Uma mentalidade primitiva ou mística lhe aguentava o vínculo de pensamento, residindo a sua principal contribuição à Cultura Humana num temperamento emotivo ao qual a Arte, periodicamente, podia vir se regenerar.
Conduzidas pelos autores brancos ou negros, as respostas contra esta denegação de humanidade ou de pensamento se conceberam, a maior parte das vezes, consoante um modelo esquimogenético. Todavia, que se inferioriza a visão de um Léopold Sédar SENGHOR, promovendo a emoção negra como complemento da razão helénica, ou que se tenta (pelo contrário) refutá-la (à maneira) de um CHEIK ANTA DIOP, vinculando toda ciência e todo pensamento ocidentais à uma origem negro africana, atitude essa que pode bem mudar, mas a postura permanece a mesma.
Ela, evidentemente, conta com um ressentimento (MONNÉ DE KOUROUMA em que “escritas africanas de si” terminam por se transmudar, segundo ACHILLE MBEMBE no nativismo ou na vitimação. Contra estas propensões à clausura de identificação, outras representações de si podem, todavia se forjar (avisadamente assevera o historiador camaronense): “à l’interface du Cosmopolitisme et des valeurs autochtomie” (MBEMBE 2000).
No entanto e, sem embargo, a abertura a outras culturas ou a outros idiomas não coagem em renunciar às tradições (contanto que, evidentemente), que estas últimas não se encarem sobre o modo exclusivo e autoritário, nem como uma realidade sui generis e justificada de pleno direito.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
DO FACEBOOK E QUEJANDOS
Quanto mais primitiva é uma cultura, maior é o controlo da “sociedade” sobre o indivíduo. Sabemos bem que a libertação individual só se faz de duas maneiras: ou pela rotura (com a respectiva automarginalização) do indivíduo em relação à sociedade, ou pela evolução elevação cultural da sociedade e de cada um dos seus elementos.
Não havendo uma evolução harmoniosa das sociedades, é óbvio que em cada uma delas se encontram indivíduos em diferentes estádios de evolução cultural e que tendem a agregar-se aos seus “semelhantes” culturais formando grupos variados que se relacionam, em maior ou menor grau, uns com os outros; mas com relações especiais entre os indivíduos de cada grupo. À medida que os grupos evoluem, o controlo sobre o indivíduo atenua-se e tende a desaparecer; mas este é um processo lento e longo que quase nunca chega a finalizar-se completamente.
domingo, 5 de dezembro de 2010
NA ILHA DOS AMORES
Sigamos estas Deusas, e vejamos
Se fantásticas são, se verdadeiras.−
Isto dito, veloces mais que gamos,
Se lançam a correr pelas ribeiras.
Fugindo as Ninfas vão por entre os ramos,
Mas, mais industriosas que ligeiras,
Pouco e pouco, sorrindo e gritos dando,
Se deixam ir dos galgos alcançando.
Qual cão de caçador, sagaz e ardido,
Usado a tomar na água a ave ferida,
Vendo no rosto o férreo cano erguido,
Pera a garcenha ou pata conhecida,
Antes que soe o estouro, mal sofrido,
Salta n’água e da presa não duvida,
Nadando vai latindo: assi o mancebo
Remete à que não era irmã de Febo.
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