terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Epístola Quarta:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).

            Nesta nossa Epístola Quarta, vamos apresentar uma breve síntese acerca do Território africano denominado: Guiné-Bissau:

Peça Primeira:

(1)     A Guiné-Bissau é um Estado da África Ocidental, com uma superfície de 36 125 Km2 e com cerca de 1 457 982 habitantes. Confina a Norte e a Este com a República do Senegal, a Sul com a República da Guiné (Conacri). O território (em si) é formado por uma parte continental e um cordão de Ilhas anexas (Bissau, Bolama) e, ainda, por uma parte Insular (o Arquipélago dos Bijagós). A capital é a cidade de Bissau. A língua oficial é o português e a unidade monetária é o franco (CFAC).
(2)     A zona litoral e Ilhas é caracterizada por costas baixas e pelas rias que penetram profundamente para o interior do território, onde predominam areias, lodos e vazas. Por seu turno, a zona interior (ainda é bastante plana), porém é onde surgem os planaltos de Bafatá e Gabú, que se continuam para sudeste, por uma região de colinas (que não excedam os 300 metros). De anotar, que a separação destas duas regiões faz-se por uma linha de marés mangal.
(3)     O Clima da Guiné-Bissau é tropical húmido, com duas estações bem marcadas: A estação quente ou das chuvas (que vai de meados de Maio a meados de Novembro) e a estação seca (menos quente, que vai de meados de Novembro a meados de Maio). A despeito da exígua extensão do território, é possível (mesmo assim) individualizar duas regiões climáticas:
a.     Uma mais litoral (com clima caracterizado por apresentar valores elevados de precipitação e uma temperatura média anual da ordem dos 26ºC);
b.    E, uma zona interior (com clima de tipo sudanês, em que a precipitação é mais fraca e a temperatura média anual de 20ºC).

Os solos do litoral são arenosos e ventosos, sendo, por vezes, salgados, tornando-se (por isso), necessário dessalgá-los, para o seu aproveitamento agrícola. A eles estão associados os palmares, os mangais e as lalas. A medida, que se caminha para o interior, tornam-se mais extensos nos solos arenosos, areno-argilosos, ferralíticos e lateríticos aos quais se liga a floresta ao longo dos rios e da savana nas terras altas. Os principais rios da Guiné-Bissau são: Cacheu, Mansoa, Geba e Cacine.
(4)     No âmbito da Geografia humana, o território caracteriza-se pela grande variedade de etnias. A população distribui-se pelos seguintes Grupos étnicos:
a.     Os Balantas (de maior representação), que se dedicam à agricultura;
b.    Os Fulas, nómadas, que se fixaram no maciço de Futa-Jalon;
c.     Os Manjacos, que se dedicam à agricultura e à pesca no litoral;
d.    Os Mandingas (elemento dominador durante séculos) são agricultores, criadores de gado e comerciantes;
e.     Os Papéis (negros do litoral), que se dedicam à agricultura;
f.     Os Bijagós (que habitam o arquipélago do mesmo nome) e se dedicam à pesca e à agricultura.
                                                  i.    De anotar, ainda, que, além destes se podem assinalar os Felupes, Brames, Beafadas, Baiotes e Nalus (em minoria).
                                                 ii.    Antigamente, cada grupo vivia na sua região própria e não permitia que outros nela entrassem. Todavia, a ocupação portuguesa facilitou o “intercâmbio” entre os grupos.
                                                iii.    As maiores diferenças entre estes grupos dizem respeito a falares e trajes. Sob muitos aspectos, incluindo os sócio-culturais, o grupo dos Bijagós é sui generis e muito “curioso”. A mulher dos Bijagós goza de privilégios especiais. A (elas) pertencem a iniciativa do casamento. Na vida de cada uma, há dois tipos de matrimónio: um provisório (uma espécie de mancebia), no período da puberdade; outro definitivo, na idade adulta. Num encontro, é (ela) quem escolhe com quem deseja viver.
                                               iv.    Além do português e do “crioulo”, são inúmeros os idiomas (sudano-guineenses) falados por estes grupos étnicos. Refiram-se, os mais falados: o Balanta, o Fula, o Manjaco, a que se ligam os dialectos dos Papéis, dos Manca, dos Beafadas e dos Bijagós. Outrossim e, ainda, o Mandinga, o Felupe e o Baiote, entre si aparentados.

(5)     A base económica do País é a Agricultura (47% do PNB) e a criação de gado. Cerca de 70% da população activa dedica-se ao sector primário e só 10% trabalha na Indústria. Os principais estabelecimentos industriais situam-se em Bissau, designadamente: Do descasque de arroz, da extracção de óleos vegetais, do fabrico de sabões, de gelo e refrigerantes, de construção naval e de serrações de madeira. O subsolo possui bauxite, petróleo e fosfatos, porém não são explorados.
(6)     Importante consignar: A Guiné-Bissau depende demasiado da ajuda externa. Hélas!...

Lisboa, 27 Dezembro 2010
KWAME KONDÉ

(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).