Certo dia, à mesa, depois do jantar, conversando com minha mãe, ela levantou a mão com os cinco dedos bem abertos, fixou-me nos olhos e disse-me:
― Olha aqui... São cinco dedos!... Todos eles são dedos... Mas não são iguais, pois não?!...
Situemos a coisa: “Dera-se” o 25 de Abril, estávamos em Dezembro de 1974, e eu, “transferido” da UEC (União dos Estudantes Comunistas ― do PCP) para o PAIGC, andava em comícios por todo o lado, lá na ilha do Fogo, a “pregar” à minha gente uma nova vida de igualdade para todos.
Confesso que naquela noite quase não preguei olho pensando no gesto e na frase de minha mãe. E não pude deixar de considerar esta outra frase que quer dizer muita coisa certa em qualquer ordem social:
“Uns são mais iguais do que outros”.
OBRIGADO MAMÁ!