E A MINISTRA PERDEU O NORTE
COMPLETAMENTE
É o mínimo que posso dizer para não ofender a senhora Ministra da Saúde, quando leio que a mesma concorda com o desorientado e considerado um dos piores ministros das finanças da União Europeia, Teixeira dos Santos, quando este disse há dois dias que «Os internos do Serviço Nacional de Saúde que vêem a sua formação paga pelo Estado terão que assumir um compromisso de fidelização ao SNS».
A senhora ministra devia ter bem presente que os médicos internos são a jóia da coroa da medicina portuguesa. São mouros de trabalho e são eles que permitiam (não sei se hoje ainda permitem), com o seu trabalho muito mal pago, que nós, especialistas e chefes de equipa (como era a senhora ministra antes de se apanhar no poleiro governativo) pudesse-mos descansar um pouquinho nas urgências, ler um jornal ou ver um pouco de televisão de vez em quando ― e a alguns até dar um salto ao shopping mais perto para desanuviarem a cabeça.
É preciso dizer a todos que há trinta, vinte e cinco anos, mal um médico se inscrevesse como Interno dos Hospitais para fazer uma especialidade, ficava logo vinculado ao Estado e era assim incentivado a permanecer e a investir na Carreira Médica (que deixou de existir) trabalhando no Serviço Nacional de Saúde e nos Hospitais Públicos até à idade da reforma. Nunca antes fora preciso ameaçar os médicos e tentar acorrentá-los a qualquer instituição para ter os hospitais públicos e o Serviço Nacional de Saúde a funcionarem normalmente. Nunca dantes os médicos quiseram abandonar o SNS. Se agora o desespero da incompetência reinante leva os políticos a optar pela estalinização do Internato Médico é porque esses políticos fizeram merda da grossa nos últimos anos e agora não sabem como limpar o chão.
Essa posição da senhora ministra da Saúde releva de uma atroz falta de memória e de uma hipocrisia insalubre pois esquece a história dos médicos internos desde o 25 de Abril até aos dias de hoje e esquece ou finge esquecer que quem mais trabalha nos hospitais públicos e quem sempre manteve esses hospitais em funcionamento normal foram sempre os Médicos Internos. A senhora ministra, bem como o actual vendedor ambulante da dívida pública portuguesa, Teixeira dos Santos, falam como se os médicos internos fossem um bando de privilegiados, mandriões e sugadores desonestos dos recursos do Estado.
Mas isso não é verdade. Sem os médicos internos os hospitais são... NADA!
Espero que os médicos internos de hoje estejam bem conscientes da sua valia e força profissional e social e dêem uma lição cabal à senhora ministra, ao governo, aos partidos políticos e à sociedade, no dia em que esta gente desorientada e incompetente que está no poder resolver afrontá-los com a estalinização da sua formação e especialização pós licenciatura e venha descriminá-los em relação às outras profissões colocando-lhes argolas com corrente e bolas de ferro nos pés para os prender seja a que lugar for.
Repare-se que sempre que a porca da política faz merda da grossa e desperta o desprezo popular, logo aparece um ministro qualquer a investir... contra os médicos. Parece que este é o último recurso que sempre resta à política quando sente o chão a fugir-lhe debaixo dos pés.
Fizeram desde há pelo menos 10 anos uma política de destruição do Estado Social; e desde há cerca de 6 anos uma política planeada de destruição do Serviço Nacional de Saúde. E agora que chegou o momento de a castanha lhes rebentar na goela, chamam a polícia e querem obrigar os médicos internos a engolir à força a castanha assassina.
Com esta medida aprovada e anunciada pelo governo, mais uma vez os resultados vão ser o contrário do pretendido. E quem se vai lixar é o Zé Povinho. O prejudicado é sempre o Zé. Veremos se não é assim.
NUNCA O PODER POLÍTICO VERGOU A CLASSE MÉDICA
E AGORA TAMBÉM NÃO A VERGARÁ