Serve para tudo. Talvez só não sirva para defender o país de uma invasão estrangeira como, aliás, se viu há tempos quando os senegaleses entraram por lá adentro em Bissau e fizeram o que bem entenderam.
No passado recente já víramos um levantamento militar com sequestro do Governo e ameaça de golpe de Estado apenas para exigir o pagamento de salários em atraso.
Ontem cerca de vinte militares pegaram em armas para exigirem a resolução imediata do problema do familiar de um deles que fora detido pela polícia. Pelo sim pelo não, abriram fogo contra a polícia e lá se deu o habitual - eu diria mesmo: lá se deu o necessário na Guiné – dois mortinhos para vincar bem que aquilo não era uma brincadeira.
Qualquer dia (se não o fazem já e a gente é que não sabe) os militares guineenses usarão as armas para fazerem “levantamentos” bancários, “comprarem” carros gratuitamente e obterem crédito ilimitado no comércio local, fazerem pedidos de casamento, etc., etc..
De facto não pode ser a Guiné aquilo a que verdadeiramente se denomina de País enquanto tiver esse simulacro de elite local completamente analfabeta, irresponsável e sanguinária, como são os militares que formam o seu exército.
É que aquilo não é propriamente um exército; é uma choldra; um bando armado que tem o poder político e a população da Guiné sob chantagem, sequestro e ameaças várias.
Só será possível meter a Guiné-Bissau na linha se a Comunidade Internacional resolver tomar a seu cargo a tarefa de desarmar esse bando de patifes e permitir que a sociedade guineense se reorganize da base, começando por privilegiar a educação dos jovens e a organização do trabalho.
De outro modo, a única solução seria permitir que o território da Guiné fosse repartido pelos países vizinhos que se encarregariam de meter na ordem esses bandidos do gatilho.
domingo, 17 de julho de 2005
sábado, 16 de julho de 2005
CABO VERDE
O Paralelo 14 publicou o seguinte texto satírico que reproduzo sem comentários:
NOTAS DE UM TURISTA DE PASSAGEM PELA PRAIA NO ANO DA GRAÇA DE 2003
Eu gostar muito de Cabo Verde, gente muito dinâmica. Chegada aeroporto de capital tem muito actividade cultural, taxistas discutir muito alto, fingir brigar e dar soco para ver quem levar para hotel. Bagageiro só ajudar branco, juntar quatro na um, somente para colocar na táxi e cada cobrar pouco dinheiro.
Milior viajar com dois conjunto roupa vestido e não esquecer canivete de Suíça, por vezes bagagi só chega na hora de voltar casa. Remédios, óculos, escova de dentes, agenda, telemóvel, máquina fotografia, calcinha, truz, bom sandálias, repelente de mosquito, computador, meia, toalhas, equipamento de mergulho, saco-dormir, tenda, pranchas de surf, etc. que fazem falta no tudo dia de uma curta estadia devem ficar como bagagem de mão. Esta situação ser muito divertido e ser grande experiência e grande oferta turística às ilhas paradisíacas do atlântico: Venham, venham às ilhas das aventuras sem controlo...
Praia tem mau estrada mas bonitos carros. Sempre limpo, muito lavar na rua. Existir carro estado, carro emigrante, carro cooperante carro padaria e carro normal, tudo custar muito caro, provar que Cabo Verde não tem pitroli mas tem muito dinheiro e esquemas. Gente pobre sem casa nem comida não reclamar, confortado, gostar ver gente importante e rico feliz a brincar com big jeep, moto de água, barco e colecção de casa.
Centro histórico de capital pouco ano mais virar chinatown ou china-trade-center. Muito negócio chinês desenvolver ali com bom comércio. Chinês vender produto cabale mas sempre balato, por isso cliente não queixar quando gerente de loja chintar e por pé riba balcão, comer frente tudo mundo, compor peixe na passeio, desconfiar de tudo gente que compra e sanhar neles.
Programa de bar ser muito variado em Cabo Verde. Anda cada vinte metro encontrar um. Possuir grande colecção de bar como bar-quiosque, bar-explanada, bar-ristorante, bar-escola, bar-jardim, bar-desporto, bar-hotel, bar-bar, bar-rulote, bar-bidon, bar-ambulante, bar-infantil, bar-liceu, bar-despertador, bar-disco, bar-confusao, bar-vizinho, bar-boite, bar-pub, bar-cantina, bar-escritorio, bar-becue, bar-praia, bar-praça, bar-ulho, etc. Tudo junto dividido em três grande categoria: 1-com casa de banho sem água; 2- sem casa de banho com água e; 3- sem casa de banho nem água. Todos com hora de abrir e sem hora de fechar, vontade de cliente manda sempre.
Café-bar sempre cheio de funcionários de Estado na hora de expediente. Eles falar necessário discontrair porque muito trabalho mas pouco dinheiro. Igualmente bom organização para beber café, quem mais ganhar, mais tempo lá ficar. Somente contínuo, serventa, chofer e guarda ficar na escritório porque possível ser necessário resolver problema urgente e importante e aguentar a barra.
Cabo Verde é rei-di-sabi como falar os nativos. Quando caminhar isolado, possível encontrar ladrão que não mata, só maltrata. Quebrar apenas cabeça e corta mão para levar pequena mochila com documento, câmara digital e pouco dinheiro. Ladrão muito experto, policia nunca conhecer, gostar usar grande paralelo e pequeno camuga.
Na estrada genti sempre sorridente gritar: boleeeeia, boleeeeia..... Nós contente responder Hellooo!!! e cumprimentar com mão e eles responder: bamocabumaaaai. Possível isso significar boa viagem na língua crioula moderna, eu não encontrar nada na dicionário.
Bom hospital, igual antigamente para preservação da tradição. Muito paciente-doente mas pouco doutor-paciente. Telefone urgência não funcionar, expecial para doente andar banco de boleia ou de Hiace. Ambulância bom só para levar Dr casa para jantar antes de novela.
Animação ser a toda a hora, na rua, na praça, dentro restaurante, na praia, etc. Não possível andar, nadar, comer, bronzear ou dormir sem ajuda de simpáticos vendedores, sempre a oferecer negócio. Possível comprar rolex, rayban, marfim, navalha pontimola, spray-gas, pistola 6.35, corta-unhas, padjinha, bracelete, AX, gajas, totó, brinco, gajos, crack e mentolato.
Democracia muito bom funcionar em Cabo Verde. Bandido ter igual direito que tudo mundo, sofre acidente de trabalho, vai televisão demonstrar descontentamento. Quando fugir di cadeia nunca mostrar foto na jornal ou tv, tem sempre facilidade na rua, banco, esquadra, tribunal, parlamento e governo. Quando mata genti, jornal somente mostrar foto de morto, não possível conhecer quem fez crime. Direitos humanos sempre garantido para coitado de criminoso. Bom cidadão não necessário protecção de lei, deus tomar conta.
Aqui não possível andar sem camisa, mesmo na cidade perto mar e com muito calor, mas possível tirar mangueira urinaria e chichir em qualquer lado: rua, praça, escola, campo jogo e parede de casa. Para pupur de dia andar rápido para dentro de pardieiro, trás de casa ou cobon mais perto, de noite possível debaixo de qualquer poste de luz apagado, ca tem problema.
Mercado e ruas muito bonito, muito cor, muito vida, muito barulho e muito lixo. Sociedade tem bom organização para lixo. Sempre Fazer selecção para reciclagem. Pedra, caixote, pineu vai para dentro de contentor e depois para lixeira. Fraldas de criança e penso de mulher, catchorr brinca com ele na rua. Saco plástico e garrafa de água vai na vento para decorar becos e ladeiras. Cabras e vacas urbanas comer tudo papel. Garrafas di cerveja quebra na calcetada para cortar pés e depois misturar com terra outra vez. Genti pobre cata resto di comida para pork, mais coitado ainda e doido comer para não morrer di fomi... portanto nada perde, igual Europa. Possível um pouco melhor porque resto andar lume e ser transformado em fumo que vai ajudar grande países poluir atmosfera.
Policia fazer muito bom trabalho na trânsito. Mandar parar sempre mulheres ou genti qui parecer dreto. Não perde tempo em parar vassalados qui não paga multa ou qui arranja confusão. Não é pirmitido andar sem seguro de carro, mas no problems si travão não existe, si piscapisca não funciona, si matricula caiu ou si pineu está careca. Igualmente não problema quando material construção dentro de estrada e caboco estar ali sem sinal. Condutor parar meio estrada para longa conversa, gente muito educada esperar na bicha com paciência para não interromper. Andar sem cinto di segurança pagar multa di dez conto, com excepção de quem viajar na carroçaria a fingir di carga. Policia igualmente rigorosa com conversa na telemóvel quando guiar carro, mas si pegar garrafa di cerveja ou torresma, eles falar catemproblema, país pobre, pecador necessário gozar també.
Quando voltar meu terra, eu falar toda gente que Cabo Verde ser sabi, um paraíso estranho onde necessário muito dinheiro e paciência, bom compreender cultura e tradição, non tirar gente foto sem pagar, melhor também não virar doente ou dar pancada. Muitas vezes gente falar na rua "branco! bai bo terra", eu compreender isso significar "welcome" ou "nice to meet you" ou "thank you for your help"... outra vez eu nada encontrar na dicionário.
Emmanöel Karl D'Oliveiren
(in :www.paralelo14.com)
Praia, Maio 2003
NOTAS DE UM TURISTA DE PASSAGEM PELA PRAIA NO ANO DA GRAÇA DE 2003
Eu gostar muito de Cabo Verde, gente muito dinâmica. Chegada aeroporto de capital tem muito actividade cultural, taxistas discutir muito alto, fingir brigar e dar soco para ver quem levar para hotel. Bagageiro só ajudar branco, juntar quatro na um, somente para colocar na táxi e cada cobrar pouco dinheiro.
Milior viajar com dois conjunto roupa vestido e não esquecer canivete de Suíça, por vezes bagagi só chega na hora de voltar casa. Remédios, óculos, escova de dentes, agenda, telemóvel, máquina fotografia, calcinha, truz, bom sandálias, repelente de mosquito, computador, meia, toalhas, equipamento de mergulho, saco-dormir, tenda, pranchas de surf, etc. que fazem falta no tudo dia de uma curta estadia devem ficar como bagagem de mão. Esta situação ser muito divertido e ser grande experiência e grande oferta turística às ilhas paradisíacas do atlântico: Venham, venham às ilhas das aventuras sem controlo...
Praia tem mau estrada mas bonitos carros. Sempre limpo, muito lavar na rua. Existir carro estado, carro emigrante, carro cooperante carro padaria e carro normal, tudo custar muito caro, provar que Cabo Verde não tem pitroli mas tem muito dinheiro e esquemas. Gente pobre sem casa nem comida não reclamar, confortado, gostar ver gente importante e rico feliz a brincar com big jeep, moto de água, barco e colecção de casa.
Centro histórico de capital pouco ano mais virar chinatown ou china-trade-center. Muito negócio chinês desenvolver ali com bom comércio. Chinês vender produto cabale mas sempre balato, por isso cliente não queixar quando gerente de loja chintar e por pé riba balcão, comer frente tudo mundo, compor peixe na passeio, desconfiar de tudo gente que compra e sanhar neles.
Programa de bar ser muito variado em Cabo Verde. Anda cada vinte metro encontrar um. Possuir grande colecção de bar como bar-quiosque, bar-explanada, bar-ristorante, bar-escola, bar-jardim, bar-desporto, bar-hotel, bar-bar, bar-rulote, bar-bidon, bar-ambulante, bar-infantil, bar-liceu, bar-despertador, bar-disco, bar-confusao, bar-vizinho, bar-boite, bar-pub, bar-cantina, bar-escritorio, bar-becue, bar-praia, bar-praça, bar-ulho, etc. Tudo junto dividido em três grande categoria: 1-com casa de banho sem água; 2- sem casa de banho com água e; 3- sem casa de banho nem água. Todos com hora de abrir e sem hora de fechar, vontade de cliente manda sempre.
Café-bar sempre cheio de funcionários de Estado na hora de expediente. Eles falar necessário discontrair porque muito trabalho mas pouco dinheiro. Igualmente bom organização para beber café, quem mais ganhar, mais tempo lá ficar. Somente contínuo, serventa, chofer e guarda ficar na escritório porque possível ser necessário resolver problema urgente e importante e aguentar a barra.
Cabo Verde é rei-di-sabi como falar os nativos. Quando caminhar isolado, possível encontrar ladrão que não mata, só maltrata. Quebrar apenas cabeça e corta mão para levar pequena mochila com documento, câmara digital e pouco dinheiro. Ladrão muito experto, policia nunca conhecer, gostar usar grande paralelo e pequeno camuga.
Na estrada genti sempre sorridente gritar: boleeeeia, boleeeeia..... Nós contente responder Hellooo!!! e cumprimentar com mão e eles responder: bamocabumaaaai. Possível isso significar boa viagem na língua crioula moderna, eu não encontrar nada na dicionário.
Bom hospital, igual antigamente para preservação da tradição. Muito paciente-doente mas pouco doutor-paciente. Telefone urgência não funcionar, expecial para doente andar banco de boleia ou de Hiace. Ambulância bom só para levar Dr casa para jantar antes de novela.
Animação ser a toda a hora, na rua, na praça, dentro restaurante, na praia, etc. Não possível andar, nadar, comer, bronzear ou dormir sem ajuda de simpáticos vendedores, sempre a oferecer negócio. Possível comprar rolex, rayban, marfim, navalha pontimola, spray-gas, pistola 6.35, corta-unhas, padjinha, bracelete, AX, gajas, totó, brinco, gajos, crack e mentolato.
Democracia muito bom funcionar em Cabo Verde. Bandido ter igual direito que tudo mundo, sofre acidente de trabalho, vai televisão demonstrar descontentamento. Quando fugir di cadeia nunca mostrar foto na jornal ou tv, tem sempre facilidade na rua, banco, esquadra, tribunal, parlamento e governo. Quando mata genti, jornal somente mostrar foto de morto, não possível conhecer quem fez crime. Direitos humanos sempre garantido para coitado de criminoso. Bom cidadão não necessário protecção de lei, deus tomar conta.
Aqui não possível andar sem camisa, mesmo na cidade perto mar e com muito calor, mas possível tirar mangueira urinaria e chichir em qualquer lado: rua, praça, escola, campo jogo e parede de casa. Para pupur de dia andar rápido para dentro de pardieiro, trás de casa ou cobon mais perto, de noite possível debaixo de qualquer poste de luz apagado, ca tem problema.
Mercado e ruas muito bonito, muito cor, muito vida, muito barulho e muito lixo. Sociedade tem bom organização para lixo. Sempre Fazer selecção para reciclagem. Pedra, caixote, pineu vai para dentro de contentor e depois para lixeira. Fraldas de criança e penso de mulher, catchorr brinca com ele na rua. Saco plástico e garrafa de água vai na vento para decorar becos e ladeiras. Cabras e vacas urbanas comer tudo papel. Garrafas di cerveja quebra na calcetada para cortar pés e depois misturar com terra outra vez. Genti pobre cata resto di comida para pork, mais coitado ainda e doido comer para não morrer di fomi... portanto nada perde, igual Europa. Possível um pouco melhor porque resto andar lume e ser transformado em fumo que vai ajudar grande países poluir atmosfera.
Policia fazer muito bom trabalho na trânsito. Mandar parar sempre mulheres ou genti qui parecer dreto. Não perde tempo em parar vassalados qui não paga multa ou qui arranja confusão. Não é pirmitido andar sem seguro de carro, mas no problems si travão não existe, si piscapisca não funciona, si matricula caiu ou si pineu está careca. Igualmente não problema quando material construção dentro de estrada e caboco estar ali sem sinal. Condutor parar meio estrada para longa conversa, gente muito educada esperar na bicha com paciência para não interromper. Andar sem cinto di segurança pagar multa di dez conto, com excepção de quem viajar na carroçaria a fingir di carga. Policia igualmente rigorosa com conversa na telemóvel quando guiar carro, mas si pegar garrafa di cerveja ou torresma, eles falar catemproblema, país pobre, pecador necessário gozar també.
Quando voltar meu terra, eu falar toda gente que Cabo Verde ser sabi, um paraíso estranho onde necessário muito dinheiro e paciência, bom compreender cultura e tradição, non tirar gente foto sem pagar, melhor também não virar doente ou dar pancada. Muitas vezes gente falar na rua "branco! bai bo terra", eu compreender isso significar "welcome" ou "nice to meet you" ou "thank you for your help"... outra vez eu nada encontrar na dicionário.
Emmanöel Karl D'Oliveiren
(in :www.paralelo14.com)
Praia, Maio 2003
sexta-feira, 15 de julho de 2005
TEMOS QUE ATURAR ISTO CALADOS?
João Miguel Tavares escreve hoje no Diário de Notícias esta patetice contra Mário Soares, intitulada «Já não se atura o Dr. Mário Soares».
Farto de ler disparates deste jaez, enviei o seguinte e-mail a J.M.T.
«O que já não se atura é jornalismo de sarjeta.
É gente como você que desacredita hoje os jornais.
Toda esta garotice (porque faz afirmações sem qualquer fundamento) que você escreve hoje no DN, usando a escola de Alberto João Jardim (a má-criação) para se dirigir a Mário Soares – um símbolo da Liberdade e da Democracia no País; uma voz sensata e com autoridade na matéria, no que diz respeito ao terrorismo de grupo e ao terrorismo de Estado a que ele sempre se refere quando fala nos desesperados, nas vítimas inocentes, etc., advogando que toda essa gente deve ser compreendida e que com ela se deve «dialogar» (não é “negociar” como você mentirosa e levianamente escreve) – toda essa garotice, repito, escrita por si no DN, que já foi um jornal de referência, só serve para nos levar a concluir que quando um jornal (no caso o DN) desce ao nível da sua patética, leviana e garota prosa, perde perigosamente credibilidade e, a ir por esse caminho: a pagar a patetas como você para nele dizerem baboseiras do estilo do que você diz, qualquer dia não merecerá que os leitores o comprem senão para papel de embrulho.
Leia muito, estude e investigue os assuntos antes de sobre eles escrever (que são coisas que muitos de vocês “jornalistas” jovens não fazem); adquira cultura antes de se abalançar a escrever sobre assuntos sérios como este e verá que se arriscará a ter quem um dia aprecie aquilo que você escreve, independentemente de qual seja a opinião (fundamentada) que tiver.
Tome juízo, assoe-se, limpe o catarro e vá fazer trabalho de casa antes de voltar ao jornal para escrever algo.
Agnelo S. Monteiro
P.S. Imagine que para responder-lhe (importância que Soares, por certo, não lhe dará) Mário Soares desceria ao seu nível, ao nível da má-criação de Alberto João Jardim que você agora usou!… Se assim sucedesse desconfio muito que lá teríamos nós que ler a palavra feia que jardim disse: "bastardos".»
NOTA: depois de pesquisar na Internet descobri que J.M.T. não é jornalista mas talvez colaborador do Diário de Notícias e que há mais quem o considera um indivíduo de juízo fácil e precipitado, que não fundamenta o que diz e que não tem pejo de ser injusto para com aqueles que pretensamente critica.
Farto de ler disparates deste jaez, enviei o seguinte e-mail a J.M.T.
«O que já não se atura é jornalismo de sarjeta.
É gente como você que desacredita hoje os jornais.
Toda esta garotice (porque faz afirmações sem qualquer fundamento) que você escreve hoje no DN, usando a escola de Alberto João Jardim (a má-criação) para se dirigir a Mário Soares – um símbolo da Liberdade e da Democracia no País; uma voz sensata e com autoridade na matéria, no que diz respeito ao terrorismo de grupo e ao terrorismo de Estado a que ele sempre se refere quando fala nos desesperados, nas vítimas inocentes, etc., advogando que toda essa gente deve ser compreendida e que com ela se deve «dialogar» (não é “negociar” como você mentirosa e levianamente escreve) – toda essa garotice, repito, escrita por si no DN, que já foi um jornal de referência, só serve para nos levar a concluir que quando um jornal (no caso o DN) desce ao nível da sua patética, leviana e garota prosa, perde perigosamente credibilidade e, a ir por esse caminho: a pagar a patetas como você para nele dizerem baboseiras do estilo do que você diz, qualquer dia não merecerá que os leitores o comprem senão para papel de embrulho.
Leia muito, estude e investigue os assuntos antes de sobre eles escrever (que são coisas que muitos de vocês “jornalistas” jovens não fazem); adquira cultura antes de se abalançar a escrever sobre assuntos sérios como este e verá que se arriscará a ter quem um dia aprecie aquilo que você escreve, independentemente de qual seja a opinião (fundamentada) que tiver.
Tome juízo, assoe-se, limpe o catarro e vá fazer trabalho de casa antes de voltar ao jornal para escrever algo.
Agnelo S. Monteiro
P.S. Imagine que para responder-lhe (importância que Soares, por certo, não lhe dará) Mário Soares desceria ao seu nível, ao nível da má-criação de Alberto João Jardim que você agora usou!… Se assim sucedesse desconfio muito que lá teríamos nós que ler a palavra feia que jardim disse: "bastardos".»
NOTA: depois de pesquisar na Internet descobri que J.M.T. não é jornalista mas talvez colaborador do Diário de Notícias e que há mais quem o considera um indivíduo de juízo fácil e precipitado, que não fundamenta o que diz e que não tem pejo de ser injusto para com aqueles que pretensamente critica.
terça-feira, 12 de julho de 2005
NÚMEROS QUE PREOCUPAM
Segundo informações colhidas em documentos oficias publicados no ano de 2003 em cabo Verde «apenas 39% da população possui casa de banho com retrete» (ver aqui, página 25).
«Cerca de 61% da população do país não tem acesso a um serviço mínimo adequado de evacuação de excreta, recorrendo à natureza para satisfação das suas necessidades fisiológicas» (ver aqui, página 25).
Apenas as cidades do Mindelo e da Praia têm rede de esgotos. Mas enquanto que no Mindelo 50% da população beneficia dessa rede, na Praia apenas 8% da população é beneficiada (ver aqui, página 9).
No interior das ilhas e no campo 90% da população livra-se dos excrementos directamente para o meio ambiente (ver aqui, página 9).
Sendo que em Santiago se concentra 50% dos habitantes do arquipélago, atingindo essa concentração, no ano de 2000, segundo números fornecidos pelo Município da Praia, a cifra de 236.352 pessoas (ver aqui) ;
Sendo que os excrementos de cerca de 60% desses habitantes são directamente depositados no meio físico ambiental, sem qualquer tratamento;
Sabendo-se que o excretado em causa é de cerca de 450 gramas diários por habitante;
Conclui-se que na ilha de Santiago é depositado, por dia, cerca de 63 toneladas de excrementos humanos, sem qualquer tratamento, no meio físico ambiental.
«Cerca de 61% da população do país não tem acesso a um serviço mínimo adequado de evacuação de excreta, recorrendo à natureza para satisfação das suas necessidades fisiológicas» (ver aqui, página 25).
Apenas as cidades do Mindelo e da Praia têm rede de esgotos. Mas enquanto que no Mindelo 50% da população beneficia dessa rede, na Praia apenas 8% da população é beneficiada (ver aqui, página 9).
No interior das ilhas e no campo 90% da população livra-se dos excrementos directamente para o meio ambiente (ver aqui, página 9).
Sendo que em Santiago se concentra 50% dos habitantes do arquipélago, atingindo essa concentração, no ano de 2000, segundo números fornecidos pelo Município da Praia, a cifra de 236.352 pessoas (ver aqui) ;
Sendo que os excrementos de cerca de 60% desses habitantes são directamente depositados no meio físico ambiental, sem qualquer tratamento;
Sabendo-se que o excretado em causa é de cerca de 450 gramas diários por habitante;
Conclui-se que na ilha de Santiago é depositado, por dia, cerca de 63 toneladas de excrementos humanos, sem qualquer tratamento, no meio físico ambiental.
segunda-feira, 11 de julho de 2005
PORQUE A FUNDAÇÃO GULBENKIAN É DE TODOS
PORQUE A CULTURA É UM BEM UNIVERSAL QUE NÃO CONHECE FRONTEIRAS;
Pela sua importância transcrevo na íntegra esta posta colocada no blogue Crítico Musical.
(Os negritos sublinhados são da minha responsabilidade):
«Ballet Gulbenkian - Contrariar o Medo De Existir
Recebido por email:
Encontro de cidadania contra a extinção do Ballet Gulbenkian.
Nos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, Av.de Berna, 4.ªfeira, 13 de Julho, pelas 19h30.
Parece-me bem, o Ballet Gulbenkian já não pertence a 9 membros de um conselho de Administração, pela sua história já é um património Português e Mundial. Pelo facto de uma Fundação ser privada não lhe assiste o direito moral para a destruição gratuita de algo que é de todos. Existem limites para a barbárie. Aliás qualquer conselho de Administração é apenas isso, um conselho de Administração. A decisão destes 9 bonzos que se pretendem hieráticos, mas que actuam de forma visivelmente incompetente não só afecta a Fundação Gulbenkian como o país e o mundo e é apenas a decisão de um grupo de ex-políticos reformados e de ex-banqueiros sem visão e sem rasgo que nem sequer sabem manter o legado que lhes foi transmitido como o desbaratam e destroem. Repare-se que apenas Mikhael Essayan e Eduardo Lourenço não estão na categoria dos gestores profissionais ou de políticos reformados. Todos os restantes membros passaram pela política ou tiveram como profissão pertencer a conselhos de administração de empresas e bancos.
Dir-se-há que a lógica política e empresarial presidiu à decisão da destruição. Mas não se percebe que não se pode aplicar a algo como o Ballet Gulbenkian uma lógica empresarial? O corte indiscriminado dos ramos de uma árvore como a Gulbenkian, seja por falta de imaginação, seja por falta de capacidade de gestão, levará invariavelmente à destruição da mesma Fundação.
Evidentemente que os senhores administradores serão os últimos a perder o ordenado e as prebendas que subirão invariavelmente todos os anos.
Desconfio largamente de gente como Isabel Mota (que tem um penteado magnífico), Teresa Gouveia (que prima pela ausência de penteado), Marçal Grilo (parece que anda bem de bicicleta), Rui Vilar (nunca percebi se este senhor percebe alguma coisa de cultura) ou do engenheiro-economista-etc Diogo de Lucena (ex- Banco Mello) como administradores executivos ou André Gonçalves Pereira (fazia umas festas porreiras no Algarve) e Artur Santos Silva (um dos (i)responsáveis do tristemente célebre Porto 2001) como administradores não executivos. Infelizmente os tempos de Azeredo Perdigão já passaram à história, como se percebe pela composição actual da administração da Fundação. A lógica que percebo na administração de uma Fundação que acaba por ser património de Portugal e do Mundo é de gente que pertence a um esquema que tem destruido o país e o levado para o abismo. São exactamente os mesmos em todo o lado, os miasmas do pântano invadiram toda a cúpula da sociedade portuguesa.
Em Portugal o tempo dos leões também já passou à história, hoje em dia é mais o tempo das hienas. E permanece o nevoeiro.
P.S. E se a Fundação Gulbenkian resolvesse vender os quadros do seu museu ou do Centro de Arte Moderna num leilão para financiar os jovens pintores e as novas correntes da arte? Para financiar a rapaziada que sai da Escola de Artes? E já agora aproveitava a receita para assegurar ordenados ao conselho de administração por mais cinquenta anos? Quadros que seriam espalhados pelas quatro partes do mundo? Será que a Fundação tinha esse direito? Será que o Governo poderia intervir? Não seria um escândalo?»
Para além do que aqui ficou dito quero apenas acrescentar que de facto todos temos hoje a plena sensação (e alguns de nós, a certeza) de que as instituições que constituem os pilares essenciais da sociedade Portuguesa foram ocupadas paulatinamente por gente incompetente que perpetra quotidianamente a destruição cultural, económica e social do País ameaçando assim de extinção oito séculos de cultura de um povo que pelo seu passado não merecia este fim.
Todos nós que vivemos em Portugal sentimo-nos como que entregues ao arbítrio de um gigantesco conselho de administração povoado por economistas, gestores e políticos sem cultura e sem sensibilidade para os valores espirituais e intelectuais.
Sentimo-nos entregues a uma chusma de duendes loucos que decidiram deitar fogo à floresta porque acham que a floresta não é senão madeira para queimar.
Qualquer que seja a sua nacionalidade, assine esta petição contra a extinção do Ballet Gulbenkian.
Pela sua importância transcrevo na íntegra esta posta colocada no blogue Crítico Musical.
(Os negritos sublinhados são da minha responsabilidade):
«Ballet Gulbenkian - Contrariar o Medo De Existir
Recebido por email:
Encontro de cidadania contra a extinção do Ballet Gulbenkian.
Nos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, Av.de Berna, 4.ªfeira, 13 de Julho, pelas 19h30.
Parece-me bem, o Ballet Gulbenkian já não pertence a 9 membros de um conselho de Administração, pela sua história já é um património Português e Mundial. Pelo facto de uma Fundação ser privada não lhe assiste o direito moral para a destruição gratuita de algo que é de todos. Existem limites para a barbárie. Aliás qualquer conselho de Administração é apenas isso, um conselho de Administração. A decisão destes 9 bonzos que se pretendem hieráticos, mas que actuam de forma visivelmente incompetente não só afecta a Fundação Gulbenkian como o país e o mundo e é apenas a decisão de um grupo de ex-políticos reformados e de ex-banqueiros sem visão e sem rasgo que nem sequer sabem manter o legado que lhes foi transmitido como o desbaratam e destroem. Repare-se que apenas Mikhael Essayan e Eduardo Lourenço não estão na categoria dos gestores profissionais ou de políticos reformados. Todos os restantes membros passaram pela política ou tiveram como profissão pertencer a conselhos de administração de empresas e bancos.
Dir-se-há que a lógica política e empresarial presidiu à decisão da destruição. Mas não se percebe que não se pode aplicar a algo como o Ballet Gulbenkian uma lógica empresarial? O corte indiscriminado dos ramos de uma árvore como a Gulbenkian, seja por falta de imaginação, seja por falta de capacidade de gestão, levará invariavelmente à destruição da mesma Fundação.
Evidentemente que os senhores administradores serão os últimos a perder o ordenado e as prebendas que subirão invariavelmente todos os anos.
Desconfio largamente de gente como Isabel Mota (que tem um penteado magnífico), Teresa Gouveia (que prima pela ausência de penteado), Marçal Grilo (parece que anda bem de bicicleta), Rui Vilar (nunca percebi se este senhor percebe alguma coisa de cultura) ou do engenheiro-economista-etc Diogo de Lucena (ex- Banco Mello) como administradores executivos ou André Gonçalves Pereira (fazia umas festas porreiras no Algarve) e Artur Santos Silva (um dos (i)responsáveis do tristemente célebre Porto 2001) como administradores não executivos. Infelizmente os tempos de Azeredo Perdigão já passaram à história, como se percebe pela composição actual da administração da Fundação. A lógica que percebo na administração de uma Fundação que acaba por ser património de Portugal e do Mundo é de gente que pertence a um esquema que tem destruido o país e o levado para o abismo. São exactamente os mesmos em todo o lado, os miasmas do pântano invadiram toda a cúpula da sociedade portuguesa.
Em Portugal o tempo dos leões também já passou à história, hoje em dia é mais o tempo das hienas. E permanece o nevoeiro.
P.S. E se a Fundação Gulbenkian resolvesse vender os quadros do seu museu ou do Centro de Arte Moderna num leilão para financiar os jovens pintores e as novas correntes da arte? Para financiar a rapaziada que sai da Escola de Artes? E já agora aproveitava a receita para assegurar ordenados ao conselho de administração por mais cinquenta anos? Quadros que seriam espalhados pelas quatro partes do mundo? Será que a Fundação tinha esse direito? Será que o Governo poderia intervir? Não seria um escândalo?»
Para além do que aqui ficou dito quero apenas acrescentar que de facto todos temos hoje a plena sensação (e alguns de nós, a certeza) de que as instituições que constituem os pilares essenciais da sociedade Portuguesa foram ocupadas paulatinamente por gente incompetente que perpetra quotidianamente a destruição cultural, económica e social do País ameaçando assim de extinção oito séculos de cultura de um povo que pelo seu passado não merecia este fim.
Todos nós que vivemos em Portugal sentimo-nos como que entregues ao arbítrio de um gigantesco conselho de administração povoado por economistas, gestores e políticos sem cultura e sem sensibilidade para os valores espirituais e intelectuais.
Sentimo-nos entregues a uma chusma de duendes loucos que decidiram deitar fogo à floresta porque acham que a floresta não é senão madeira para queimar.
Qualquer que seja a sua nacionalidade, assine esta petição contra a extinção do Ballet Gulbenkian.
sábado, 9 de julho de 2005
A CHINA E O RACISMO DE JARDIM
(SERÁ DESTA QUE JARDIM SE TRAMOU?)
Quem conhece minimamente os chineses sabe o que vai acontecer à Madeira e a Alberto João Jardim depois das declarações racistas do líder troglodita daquela região autónoma portuguesa que disse, há dias, não querer lá os chineses.
Em Pequim, agora, a palavra de ordem para os seus emigrantes deve ser esta:
- Para a Madeira e em força.
É que a estratégia chinesa de “povoar o mundo” - visando: influenciar primeiro e dominar depois a economia de países terceiros - é uma estratégia que o Governo de Pequim assume e pratica com todo o vigor e determinação pois está inscrita como um dos desígnios prioritários da Grande China no mundo.
É precisamente essa determinação e esse vigor que explicam, aliás, a atitude fortíssima que o embaixador chinês em Lisboa teve, logo que tomou conhecimento das declarações racistas desbocadas de Jardim, impondo de imediato a este uma “visita” (por certo irrecusável pelos termos em que terá sido comunicada) ao Governo Regional da Madeira.
Visita que o governo de Jardim aceitou de imediato, e de bico calado – quem diria!!! -, e durante a qual, entre os habituais célebres sorrisos cínicos dos diplomatas chineses, o embaixador lhes deverá ter posto em sentido com um vigoroso protesto diplomático que deverá levar Jardim a calar-se de vez no que diz respeito à imigração chinesa.
Veremos se Jardim terá aprendido a lição e metido a viola no saco e o rabo entre as pernas, ou se vai continuar com as suas tiradas racistas contra os chineses. Para já parece que ficou amedrontado, pois, ao ver as suas declarações condenadas pelo líder do PSD, Marques Mendes, Jardim apenas disse de mansinho que «mantém tudo o que disse». Mas não teve a coragem de repetir o que dissera.
Esperemos pela prova dos nove: o habitual discurso "alcoólico" de Jardim, no Chão da Lagoa, neste Verão.
Será aí que teremos a indicação clara do poder da China.
Será aí que saberemos se finalmente houve alguém capaz de mandar calar Jardim.
Digamos que se isso vier a acontecer será triste concluir que o diplomata chinês foi capaz de conseguir o que o Presidente da República Portuguesa e o Governo Português nunca foram capazes de fazer ao longo de anos:
Mandar calar Alberto João Jardim.
P.S. Mas mesmo que Jardim não se cale, uma verdade, contudo, é certa: é agora que os chineses vão invadir o comércio da Madeira.
Quem conhece minimamente os chineses sabe o que vai acontecer à Madeira e a Alberto João Jardim depois das declarações racistas do líder troglodita daquela região autónoma portuguesa que disse, há dias, não querer lá os chineses.
Em Pequim, agora, a palavra de ordem para os seus emigrantes deve ser esta:
- Para a Madeira e em força.
É que a estratégia chinesa de “povoar o mundo” - visando: influenciar primeiro e dominar depois a economia de países terceiros - é uma estratégia que o Governo de Pequim assume e pratica com todo o vigor e determinação pois está inscrita como um dos desígnios prioritários da Grande China no mundo.
É precisamente essa determinação e esse vigor que explicam, aliás, a atitude fortíssima que o embaixador chinês em Lisboa teve, logo que tomou conhecimento das declarações racistas desbocadas de Jardim, impondo de imediato a este uma “visita” (por certo irrecusável pelos termos em que terá sido comunicada) ao Governo Regional da Madeira.
Visita que o governo de Jardim aceitou de imediato, e de bico calado – quem diria!!! -, e durante a qual, entre os habituais célebres sorrisos cínicos dos diplomatas chineses, o embaixador lhes deverá ter posto em sentido com um vigoroso protesto diplomático que deverá levar Jardim a calar-se de vez no que diz respeito à imigração chinesa.
Veremos se Jardim terá aprendido a lição e metido a viola no saco e o rabo entre as pernas, ou se vai continuar com as suas tiradas racistas contra os chineses. Para já parece que ficou amedrontado, pois, ao ver as suas declarações condenadas pelo líder do PSD, Marques Mendes, Jardim apenas disse de mansinho que «mantém tudo o que disse». Mas não teve a coragem de repetir o que dissera.
Esperemos pela prova dos nove: o habitual discurso "alcoólico" de Jardim, no Chão da Lagoa, neste Verão.
Será aí que teremos a indicação clara do poder da China.
Será aí que saberemos se finalmente houve alguém capaz de mandar calar Jardim.
Digamos que se isso vier a acontecer será triste concluir que o diplomata chinês foi capaz de conseguir o que o Presidente da República Portuguesa e o Governo Português nunca foram capazes de fazer ao longo de anos:
Mandar calar Alberto João Jardim.
P.S. Mas mesmo que Jardim não se cale, uma verdade, contudo, é certa: é agora que os chineses vão invadir o comércio da Madeira.
domingo, 3 de julho de 2005
UM MERCENÁRIO PARA PRESIDENTE
Acabei de ouvir e de ver, há pouco, na televisão, o primeiro ministro da Guiné-Bissau declarar a jornalistas, em Cabo Verde onde esteve de visita, que se demitirá do cargo que ocupa caso Nino Vieira ganhe as próximas eleições presidenciais.
E acrescentou: «Nino é um mercenário».
Pensem bem e digam-me lá uma coisa:
Achariam normal que um primeiro ministro de qualquer outro país do mundo viesse a público referir-se desta maneira a um candidato à presidência do seu país?
Claro está que não achariam normal.
Mas… tratando-se da Guiné…
É normalíssimo, não é?
E acrescentou: «Nino é um mercenário».
Pensem bem e digam-me lá uma coisa:
Achariam normal que um primeiro ministro de qualquer outro país do mundo viesse a público referir-se desta maneira a um candidato à presidência do seu país?
Claro está que não achariam normal.
Mas… tratando-se da Guiné…
É normalíssimo, não é?
BLOGUE REDIMENSIONADO
Satisfazendo o pedido de alguns leitores redimensionámos a página do blogue por forma a que este possa ser visualizado correctamente em monitores com a resolução 800 x 600 pixel.
Esperamos ter resolvido este problema.
Caso, apesar desta modificação, continuar a haver dificuldade no enquadramento da página agradecemos que no-lo comuniquem.
Esperamos ter resolvido este problema.
Caso, apesar desta modificação, continuar a haver dificuldade no enquadramento da página agradecemos que no-lo comuniquem.
DIVULGAÇÃO
É com muito prazer que divulgamos este programa de representação teatral da peça “O Intruso”, de Gabriel Mariano, integrada nas comemorações dos 30 anos da Independência de Cabo Verde.
A Burbur apresenta
O INTRUSO de GABRIEL MARIANO

Com encenação e dramaturgia de RUI DUARTE
e que conta com um elenco constituído por:
ODETE MÕSSO, FLÁVIO HAMILTON, ADORADO MARA
DJÔ ÉVORA, ELI MONTEIRO e LEO ÉVORA.
Este espectáculo significa uma ESTREIA ABSOLUTA
da encenação deste conto de Gabriel Mariano
e a Burbur orgulha-se de oferecer quatro apresentações
uma em cada quarta-feira ao longo do mês de JULHO
na cidade do PORTO.
ENTRADA LIVRE
22H
RIVOLI, CAFÉ·CONCERTO · DIA 6 JUL
MAJESTIC CAFÉ, PÁTIO EXTERIOR · DIA 13 JUL
CAFÉ GUARANY · DIA 20 JUL
FNAC STA.CATARINA · DIA 27 JUL
O texto é encenado em 3 actos:
uma pequena introdução que contextualiza a acção culturalmente mas que
evita a temporalidade - interessa saber que se fala de Cabo Verde mas
menos, no caso, de que época se trata. Depois O INTRUSO propriamente
dito, respeitando a integridade do texto original. E em conclusão, uma
síntese dramatúrgica de O PRIMOGÉNITO.
"(...) Galgando os limites impostos pela insularidade, a obra de
Gabriel Mariano conduz-nos sempre a um lugar onde todos os homens de
todas as condições, se reúnem: o "lugar" da família. Pela presença ou
pela ausência, a família é o eixo (mais) vital da obra de Gabriel
Mariano, como se (pres)sente em todo o paralelismo familiar oculto de
"O rapaz doente". Esta "presença familiar", para usar uma expressão do
autor ("Ti Lobo"), é aliás tão poderosa, que passa para o tom
coloquial do próprio texto, coadjuvando um narrador fincado na
oralidade. Ao lermos os contos de Gabriel Mariano, ouvimos aquela voz,
familiar, intemporal, sem lugar nem condição particulares. Transpondo
as barreiras da intimidade, Gabriel Mariano dispõe-se a enfrentar os
demónios das múltiplas separações, propondo-nos, neste âmbito, uma
obra de absoluta vanguarda na literatura cabo-verdiana.
Numa sociedade marcada pela fractura, pelo afastamento e pelo
desaparecimento das figuras parentais, Gabriel Mariano reedifica este
espaço, costura a cicatriz, na busca permanente do pai, o
prolongamento de si. O duelo de sentimentos narrados em "O Intruso",
colocam-nos perante uma evidência a que nenhum olhar lúcido se pode
furtar. Todos sabemos o preço de viver "em sociedade" com o lugar do
morto, na campa de um qualquer cemitério ou no retrato que se espalha
pelas paredes e móveis da casa. As inúmeras separações que marcam as
nossas vidas quotidianas e frágeis estão magistralmente reflectidas
nos textos de Gabriel Mariano onde, por muitas máscaras que possamos
colocar, a família nunca se decompõe.
Por isso os filhos esperam sempre o pai.
Quer ele volte no navio quer ele nunca volte. (...)"
Dra. Maria Armandina Maia
in Programa de O INTRUSO
A BURBUR inicia assim o seu programa de comemoração
dos 30 anos da Independência de CABO VERDE
e convida todos os cabo-verdianos e amigos em geral
a assistirem ao seu mais recente espectáculo.
Com os nossos cumprimentos,
agradecemos a difusão desta informação
e prestamo-nos a qualquer esclarecimento pretendido
pela Burbur,
Odete Môsso,
Presidente da BURBUR Associação Cultural
BURBUR AC
R. ADOLFO CASAIS MONTEIRO, 94·3º. 4050-013 PORTO
TM 968941766 · burbur@gmail.com
A Burbur apresenta
O INTRUSO de GABRIEL MARIANO

Com encenação e dramaturgia de RUI DUARTE
e que conta com um elenco constituído por:
ODETE MÕSSO, FLÁVIO HAMILTON, ADORADO MARA
DJÔ ÉVORA, ELI MONTEIRO e LEO ÉVORA.
Este espectáculo significa uma ESTREIA ABSOLUTA
da encenação deste conto de Gabriel Mariano
e a Burbur orgulha-se de oferecer quatro apresentações
uma em cada quarta-feira ao longo do mês de JULHO
na cidade do PORTO.
ENTRADA LIVRE
22H
RIVOLI, CAFÉ·CONCERTO · DIA 6 JUL
MAJESTIC CAFÉ, PÁTIO EXTERIOR · DIA 13 JUL
CAFÉ GUARANY · DIA 20 JUL
FNAC STA.CATARINA · DIA 27 JUL
O texto é encenado em 3 actos:
uma pequena introdução que contextualiza a acção culturalmente mas que
evita a temporalidade - interessa saber que se fala de Cabo Verde mas
menos, no caso, de que época se trata. Depois O INTRUSO propriamente
dito, respeitando a integridade do texto original. E em conclusão, uma
síntese dramatúrgica de O PRIMOGÉNITO.
"(...) Galgando os limites impostos pela insularidade, a obra de
Gabriel Mariano conduz-nos sempre a um lugar onde todos os homens de
todas as condições, se reúnem: o "lugar" da família. Pela presença ou
pela ausência, a família é o eixo (mais) vital da obra de Gabriel
Mariano, como se (pres)sente em todo o paralelismo familiar oculto de
"O rapaz doente". Esta "presença familiar", para usar uma expressão do
autor ("Ti Lobo"), é aliás tão poderosa, que passa para o tom
coloquial do próprio texto, coadjuvando um narrador fincado na
oralidade. Ao lermos os contos de Gabriel Mariano, ouvimos aquela voz,
familiar, intemporal, sem lugar nem condição particulares. Transpondo
as barreiras da intimidade, Gabriel Mariano dispõe-se a enfrentar os
demónios das múltiplas separações, propondo-nos, neste âmbito, uma
obra de absoluta vanguarda na literatura cabo-verdiana.
Numa sociedade marcada pela fractura, pelo afastamento e pelo
desaparecimento das figuras parentais, Gabriel Mariano reedifica este
espaço, costura a cicatriz, na busca permanente do pai, o
prolongamento de si. O duelo de sentimentos narrados em "O Intruso",
colocam-nos perante uma evidência a que nenhum olhar lúcido se pode
furtar. Todos sabemos o preço de viver "em sociedade" com o lugar do
morto, na campa de um qualquer cemitério ou no retrato que se espalha
pelas paredes e móveis da casa. As inúmeras separações que marcam as
nossas vidas quotidianas e frágeis estão magistralmente reflectidas
nos textos de Gabriel Mariano onde, por muitas máscaras que possamos
colocar, a família nunca se decompõe.
Por isso os filhos esperam sempre o pai.
Quer ele volte no navio quer ele nunca volte. (...)"
Dra. Maria Armandina Maia
in Programa de O INTRUSO
A BURBUR inicia assim o seu programa de comemoração
dos 30 anos da Independência de CABO VERDE
e convida todos os cabo-verdianos e amigos em geral
a assistirem ao seu mais recente espectáculo.
Com os nossos cumprimentos,
agradecemos a difusão desta informação
e prestamo-nos a qualquer esclarecimento pretendido
pela Burbur,
Odete Môsso,
Presidente da BURBUR Associação Cultural
BURBUR AC
R. ADOLFO CASAIS MONTEIRO, 94·3º. 4050-013 PORTO
TM 968941766 · burbur@gmail.com
terça-feira, 28 de junho de 2005
ALMOCREVE DAS PETAS
Quero hoje elogiar aqui aquele que considero ser um excelente blogue, e o blogue em português com mais bonito visual: o Almocreve das Petas
Já nos idos de Julho de 2004 JPP fizera, aqui no seu magazine Abrupto, um rasgado elogio ao quadro (que ele chamou de "logótipo") que ornamenta o cabeçalho do Almocreve. Daí partiu para a (psic)análise ao anónimo "masson" servindo-se do conteúdo do blogue que classifica de «mistura de surrealismo com bibliofilia... mistura de radicalismo político com memória».
Concordo inteiramente com JPP quanto ao elogio do "logótipo"; mas quanto ao conteúdo textual e imagético do Almocreve (que, ao contrário do que acho, JPP terá de certa forma considerado datado), para além da sua valia como produto intelectual, oferece-se-me ressaltar a harmonia com que as imagens jogam com o texto contribuindo de forma decisiva para a transmissão da mensagem.
Quero aqui felicitar "masson" - que me faz lembrar alguém que escuto de há muitos anos na Antena 2 da RDP -, homem de fina ironia e sólida cultura, por nos proporcionar bons momentos de leitura e informações culturais valiosas.
Parabéns "masson", e muito obrigado.
Já nos idos de Julho de 2004 JPP fizera, aqui no seu magazine Abrupto, um rasgado elogio ao quadro (que ele chamou de "logótipo") que ornamenta o cabeçalho do Almocreve. Daí partiu para a (psic)análise ao anónimo "masson" servindo-se do conteúdo do blogue que classifica de «mistura de surrealismo com bibliofilia... mistura de radicalismo político com memória».
Concordo inteiramente com JPP quanto ao elogio do "logótipo"; mas quanto ao conteúdo textual e imagético do Almocreve (que, ao contrário do que acho, JPP terá de certa forma considerado datado), para além da sua valia como produto intelectual, oferece-se-me ressaltar a harmonia com que as imagens jogam com o texto contribuindo de forma decisiva para a transmissão da mensagem.
Quero aqui felicitar "masson" - que me faz lembrar alguém que escuto de há muitos anos na Antena 2 da RDP -, homem de fina ironia e sólida cultura, por nos proporcionar bons momentos de leitura e informações culturais valiosas.
Parabéns "masson", e muito obrigado.
domingo, 26 de junho de 2005
MUDANÇA DE VISUAL
Uma anomalia no "Newblogger.com", onde está alojado este blogue, obrigou-nos a ter de fazer a mudança do "template" do mesmo. Pelo inconveniente pedimos desculpas aos nossos leitores e esperamos que rapidamente se habituem a este novo visual.
sexta-feira, 24 de junho de 2005
ELEIÇÕES E MORTOS (o habitual na Guiné)
Na Guiné é assim: se não há mortos a coisa não é normal.
Já estávamos a ficar admirados de os guineenses terem adoptado em tão curto espaço de dois meses uma postura da povo adulto, sereno, habituado à vivência em democracia, sendo, por isso, respeitador das decisões do eleitorado.
Mas eis que, mal ainda vai a meio a eleição do novo presidente, e nos chega uma notícia de algo que a ninguém causa admiração, algo que já esperávamos que acontecesse mais cedo do que tarde; vem nos jornais:
«A calma regressou à cidade de Bissau onde esta sexta-feira de manhã se registaram confrontos entre a polícia e manifestantes afectos a Kumba Ialá, de que resultaram três mortos, cinco feridos e 12 detidos.»
Resta só acrescentar que Kumba Ialá diz não aceitar o resultado da primeira volta das eleições de que ficou excluído. Aguardemos para ver como reagirá o perdedor da segunda volta; e sobretudo esperemos para ver como os militares tratarão o futuro presidente.
Estamos curiosos de o saber.
Já estávamos a ficar admirados de os guineenses terem adoptado em tão curto espaço de dois meses uma postura da povo adulto, sereno, habituado à vivência em democracia, sendo, por isso, respeitador das decisões do eleitorado.
Mas eis que, mal ainda vai a meio a eleição do novo presidente, e nos chega uma notícia de algo que a ninguém causa admiração, algo que já esperávamos que acontecesse mais cedo do que tarde; vem nos jornais:
«A calma regressou à cidade de Bissau onde esta sexta-feira de manhã se registaram confrontos entre a polícia e manifestantes afectos a Kumba Ialá, de que resultaram três mortos, cinco feridos e 12 detidos.»
Resta só acrescentar que Kumba Ialá diz não aceitar o resultado da primeira volta das eleições de que ficou excluído. Aguardemos para ver como reagirá o perdedor da segunda volta; e sobretudo esperemos para ver como os militares tratarão o futuro presidente.
Estamos curiosos de o saber.
sábado, 18 de junho de 2005
UMA TERTÚLIA NO MINDELO

A tertúlia do Sassá
Aqui estamos nós de visita à tertúlia que se reúne quotidianamente na esplanada do bar do Sassá, no Mindelo, Em S. Vicente. A reunião deu-se no rescaldo das eleições presidenciais em Cabo Verde, ganhas pelo Comandante Pedro Pires. Nesta fotografia reconhece-se o actual embaixador de Cabo Verde em Lisboa, Dr. Onésimo Silveira (de casaco).
sexta-feira, 17 de junho de 2005
ALÔ, ALÔ, LUANDA. SERÁ ISTO VERDADE?
Esta ouvi eu, esta tarde, no Rossio, em Lisboa
- Então! fulano já regressou de Luanda?
- Era para vir agora em Junho mas o gajo diz que só em Dezembro. O gajo diz que está maluco com as “catorzinhas”.
- Que é isso das “catorzinhas”?
- São miúdas de 14 anos. Um gajo vai até Lubango, paga o “alambamento”, e traz uma miúda de 14 anos. Sem problemas.
Diga-me que é mentira, oh Luanda!
Ou então meta essa gente na cadeia.
Já!
- Então! fulano já regressou de Luanda?
- Era para vir agora em Junho mas o gajo diz que só em Dezembro. O gajo diz que está maluco com as “catorzinhas”.
- Que é isso das “catorzinhas”?
- São miúdas de 14 anos. Um gajo vai até Lubango, paga o “alambamento”, e traz uma miúda de 14 anos. Sem problemas.
Diga-me que é mentira, oh Luanda!
Ou então meta essa gente na cadeia.
Já!
quarta-feira, 15 de junho de 2005
DIZERES DE AMOR
Há textos cuja beleza se nos impõe com tal força que não podemos deixar de os exaltar e fazer com que outros os leiam para, de alguma forma, contribuirmos para o alargamento do universo daqueles que gostam intimamente de celebrar a graça dos momentos felizes que permitiram a concepção dos mesmos.
Tal é o caso deste pequeno texto "carta não assinada encontrada no espólio de um poeta" que nos foi enviado por email; certamente um fragmento de obra maior que infelizmente não nos foi dado identificar.
«Padeço, amor, porque me falta a sensualidade dos teus lábios carnudos nessa tua boca de romã onde cada beijo era uma aventura indescritível que acabava sempre em êxtase deixando-me no desejo louco de te possuir até à completa diluição de nossos corpos e seres.
Padeço porque me falta teu corpo de Afrodite, de mulher-cosmos, de mulher-sensualidade, corpo em que me perdia inebriado pela sinfonia de aromas exóticos que o povoam e do qual eu saía sempre renascido pois que, no dizer do poeta, tu és sol, ambrósia e mel.
Padeço, enfim, porque me falta a presença da tua doce e sedutora personalidade de Eva bíblica com quem cometi o pecado original que me estigmatizou definitivamente mas do qual nunca me arrependerei pois que sem ele o significado da Vida seria um equívoco histórico de aceitação impossível.
Padeço por não te ter, minha Mulher, minha Amiga, minha Amante.
Padeço.»
Pela beleza que encontrámos nele, este texto foi arquivado n’O Baú de Salmoura juntando-se lá a uma narrativa excelente e belíssima de Enrique Lanza, republicada há quase um ano naquele blogue-arquivo. Vá até O Baú e delicie-se com a escrita de Lanza.
Tal é o caso deste pequeno texto "carta não assinada encontrada no espólio de um poeta" que nos foi enviado por email; certamente um fragmento de obra maior que infelizmente não nos foi dado identificar.
«Padeço, amor, porque me falta a sensualidade dos teus lábios carnudos nessa tua boca de romã onde cada beijo era uma aventura indescritível que acabava sempre em êxtase deixando-me no desejo louco de te possuir até à completa diluição de nossos corpos e seres.
Padeço porque me falta teu corpo de Afrodite, de mulher-cosmos, de mulher-sensualidade, corpo em que me perdia inebriado pela sinfonia de aromas exóticos que o povoam e do qual eu saía sempre renascido pois que, no dizer do poeta, tu és sol, ambrósia e mel.
Padeço, enfim, porque me falta a presença da tua doce e sedutora personalidade de Eva bíblica com quem cometi o pecado original que me estigmatizou definitivamente mas do qual nunca me arrependerei pois que sem ele o significado da Vida seria um equívoco histórico de aceitação impossível.
Padeço por não te ter, minha Mulher, minha Amiga, minha Amante.
Padeço.»
Pela beleza que encontrámos nele, este texto foi arquivado n’O Baú de Salmoura juntando-se lá a uma narrativa excelente e belíssima de Enrique Lanza, republicada há quase um ano naquele blogue-arquivo. Vá até O Baú e delicie-se com a escrita de Lanza.
domingo, 12 de junho de 2005
JUSTIFICAÇÃO
Regresado hoje de um fim-de-semana quase prolongado (trabalho amanhã, feriado), espero, ao dizer isso, ter justificada a ausência de postas nestes últimos dias.
Confesso que também a falta de "inspiração" contribuiu para o facto.
Queira a musa deixar de ser cometa a meus sentidos que logo a veia aparece.
Assim seja!
Confesso que também a falta de "inspiração" contribuiu para o facto.
Queira a musa deixar de ser cometa a meus sentidos que logo a veia aparece.
Assim seja!
terça-feira, 7 de junho de 2005
O DR. BALTAZAR E O “TEMPO”

Este calor derrete a mioleira de qualquer um. E está derretendo a mioleira da malta da blogosfera. É ver a escassez de postas que há um pouco por todo o lado para constatar isso.
Aqui no "África Minha" não somos excepção: com os miolos entre o pouco-sólido e o líquido – quiçá o gasoso – estivemos uns dias parados e não há meio de dizermos coisa que se entenda.
Este fenómeno de falta de produtividade intelectual devida ao calor faz-me lembrar o que disse uma vez o Dr. Baltazar Lopes da Silva quando, no seu "escritório", à beira da (hoje) praia da Lajinha lhe perguntavam porque escrevia tão pouco (quase nada mesmo): «sabe, aqui em S. Vicente não há tempo psicológico».
E continuava pela tarde fora, na Lajinha, descansando sentado no lugar do condutor do seu carro verde (o tal "escritório" já falado) estacionado debaixo de uma árvore, com as portas abertas para que circulasse o ar e lhe permitisse dormitar um pouco ouvindo rádio. Às vezes lia a passagem de um livro ou simplesmente conversava com "visitas" ocasionais que por lá passavam e lhe davam dois dedos de conversa.
É isso! Que me desculpem os meus amigos que me costumam conceder algum tempo lendo este blogue: «não há tempo psicológico». Prometo voltar quando a meteorologia for mais favorável.
sábado, 28 de maio de 2005
CARTILHA DO VOTANTE
Primeira e única lição.
Em quaisquer eleições que hajam, até que o seu corpo esteja hirto e frio à espera do cangalheiro, faça com que o seu voto seja sempre um voto de protesto contra a mentira institucionalizada na política.
Sabendo embora que os bons de hoje serão os maus de amanhã,
tenha a inteligência de ler os sinais e prever as mutações, de forma a poder, quando for o caso, mudar o seu voto para o manter sempre como voto de protesto.
Não se importe que o acusem de incoerência, traição e o raio que os parta.
Neste mundo da Mentira Política Permanente, Institucionalizada, todos os pecados devem ser perdoados.
E mesmo quando o não sejam:
Queira sempre ser pecador.
Em quaisquer eleições que hajam, até que o seu corpo esteja hirto e frio à espera do cangalheiro, faça com que o seu voto seja sempre um voto de protesto contra a mentira institucionalizada na política.
Sabendo embora que os bons de hoje serão os maus de amanhã,
tenha a inteligência de ler os sinais e prever as mutações, de forma a poder, quando for o caso, mudar o seu voto para o manter sempre como voto de protesto.
Não se importe que o acusem de incoerência, traição e o raio que os parta.
Neste mundo da Mentira Política Permanente, Institucionalizada, todos os pecados devem ser perdoados.
E mesmo quando o não sejam:
Queira sempre ser pecador.
sexta-feira, 27 de maio de 2005
ETERNA SAUDADE

Sita Vales
Encontrei hoje, no baú das recordações, esta fotografia de Sita Vales saída como capa da Revista do Expresso de 25 de Janeiro de 1992.
Amiga e contemporânea minha na Faculdade, Sita Vales teve a desdita de ser acusada de se associar a Nito Alves numa tentativa de golpe de Estado, em Angola, em 27 de Maio de 1977.
Presa e condenada à morte, ao que rezam as crónicas, por ordem de Agostinho Neto (por curiosidade um colega de profissão), Sita, corajosa como todos nós nos lembramos de ter sido, recusou ser vendada tendo enfrentado, olhos nos olhos, o pelotão de fuzilamento que o "democrata" Agostinho Neto mandou que a trespassasse de balas após um julgamento revolucionário em que não houve lugar a defesa.
- Até que nos voltemos a encontrar, Sita! Hoje, no 27º aniversário do teu assassinato, quero dizer-te que a tua memória perdurará para sempre entre aqueles de nós que te conhecemos a fibra de lutadora, a nobreza de carácter e o amor pelo povo angolano.
quinta-feira, 26 de maio de 2005
O FANTASMA DE RICARDO

Um fotógrafo espírita conseguiu documentar a razão pela qual Ricardo não tem tranquilidade na baliza; tem, até, medo de saltar às bolas altas; e está sempre desejoso de fugir de lá para fora.
terça-feira, 24 de maio de 2005
SALMOURA MILIONÁRIO
A Sra. Mónica Martinez, em nome de:
MR PEDRO WILLIAMS
DIRECTOR OF FOREIGN OPERATIONS
MEGA TRUST AGENCY MADRID SPAIN
E-Mail: contactmegatrust@netscape.net
TeL:0034-685-401-378
Fax:0034-685-401-378
teve a amabilidade de me comunicar, por email, que aquela Agência jogou, em meu nome (vajam lá que generosidade!?), a lotaria El Gordo, que saiu a 25 de Abril passado, em Espanha, e que após um sorteio na dita agência EU GANHEI, com o meu ticket number 085-12876077-09 with serial number 51390-0 that drew the lucky numbers of 03-05-12-14-28-38, a bonita soma de:
1.600.000.00 Euros
( ONE MILLION SIX HUNDRED THOUSAND EUROS )
in cash credited to file with REF: Nº.EGS/3662367114/13.
Pede-me a Sra. Mónica que eu não divulgue esta notícia até receber o meu dinheiro pois que, de contrário, pode alguém antecipar-me e reclamar o prémio para si.
Informa-me ainda a Sra. Mónica que eu terei que entregar à Agência 10% do meu prémio pois este montante foi estabelecido quando a Agência gastou o seu dinheiro para comprar uma lotaria em meu nome.
Tudo o que eu tenho que fazer para receber o meu prémio é contactar o Sr. Pedro Williams fornecendo-lhe a minha identificação completa mais alguns dados importantes (nome, residência, dados do passaporte e a identificação de uma conta bancária minha para onde o dinheiro será transferido).
Simples, não acham?
Pois bem: segundo rezam as crónicas, quando alguém cai neste conto do vigário podem acontecer-lhe várias coisas desagradáveis: com os seus dados verdadeiros mas fraudulentamente usados podem tentar e conseguir burlar instituições de crédito e empresas de variadas finalidades obtendo empréstimos e fazendo transacções em nome do burlado (no meu nome, por exemplo). Para além disso parece que ainda antes de fazerem a tal transferência que nunca se concretizará costumam pedir ao feliz contemplado com a lotaria uma soma insignificante em dinheiro (mil ou dois mil euros) para pagar as despesas inerentes à transferência da taluda para o seu banco.
Quem é que não paga mil ou dois mil euros para receber um milhão e seiscentos mil euros?
Eu pagaria. Se não tivesse já conhecimento deste esquema de burla e acreditasse ingenuamente que alguém joga por mim, sem eu saber, uma lotaria, e depois ainda tem a honestidade santa de me comunicar que o meu bilhete, por ele comprado, ganhou a taluda, que a taluda é minha, ficando essa pessoa contente em receber apenas 10% do bolo.
A magnanimidade do nosso benfeitor fica mais revelada quando constatamos que ele é capaz de jogar em nosso nome, com o seu dinheiro, e que quando não sai nada no bilhete a pessoa em causa perde alegremente o seu dinheiro sem nos dizer nada.
Belo e harmonioso mundo este, não é?
P.S. O engraçado é que compraram o bilhete em meu nome, mas não sabem o meu nome. Eu sou apenas e só "Salmoura".
MR PEDRO WILLIAMS
DIRECTOR OF FOREIGN OPERATIONS
MEGA TRUST AGENCY MADRID SPAIN
E-Mail: contactmegatrust@netscape.net
TeL:0034-685-401-378
Fax:0034-685-401-378
teve a amabilidade de me comunicar, por email, que aquela Agência jogou, em meu nome (vajam lá que generosidade!?), a lotaria El Gordo, que saiu a 25 de Abril passado, em Espanha, e que após um sorteio na dita agência EU GANHEI, com o meu ticket number 085-12876077-09 with serial number 51390-0 that drew the lucky numbers of 03-05-12-14-28-38, a bonita soma de:
1.600.000.00 Euros
( ONE MILLION SIX HUNDRED THOUSAND EUROS )
in cash credited to file with REF: Nº.EGS/3662367114/13.
Pede-me a Sra. Mónica que eu não divulgue esta notícia até receber o meu dinheiro pois que, de contrário, pode alguém antecipar-me e reclamar o prémio para si.
Informa-me ainda a Sra. Mónica que eu terei que entregar à Agência 10% do meu prémio pois este montante foi estabelecido quando a Agência gastou o seu dinheiro para comprar uma lotaria em meu nome.
Tudo o que eu tenho que fazer para receber o meu prémio é contactar o Sr. Pedro Williams fornecendo-lhe a minha identificação completa mais alguns dados importantes (nome, residência, dados do passaporte e a identificação de uma conta bancária minha para onde o dinheiro será transferido).
Simples, não acham?
Pois bem: segundo rezam as crónicas, quando alguém cai neste conto do vigário podem acontecer-lhe várias coisas desagradáveis: com os seus dados verdadeiros mas fraudulentamente usados podem tentar e conseguir burlar instituições de crédito e empresas de variadas finalidades obtendo empréstimos e fazendo transacções em nome do burlado (no meu nome, por exemplo). Para além disso parece que ainda antes de fazerem a tal transferência que nunca se concretizará costumam pedir ao feliz contemplado com a lotaria uma soma insignificante em dinheiro (mil ou dois mil euros) para pagar as despesas inerentes à transferência da taluda para o seu banco.
Quem é que não paga mil ou dois mil euros para receber um milhão e seiscentos mil euros?
Eu pagaria. Se não tivesse já conhecimento deste esquema de burla e acreditasse ingenuamente que alguém joga por mim, sem eu saber, uma lotaria, e depois ainda tem a honestidade santa de me comunicar que o meu bilhete, por ele comprado, ganhou a taluda, que a taluda é minha, ficando essa pessoa contente em receber apenas 10% do bolo.
A magnanimidade do nosso benfeitor fica mais revelada quando constatamos que ele é capaz de jogar em nosso nome, com o seu dinheiro, e que quando não sai nada no bilhete a pessoa em causa perde alegremente o seu dinheiro sem nos dizer nada.
Belo e harmonioso mundo este, não é?
P.S. O engraçado é que compraram o bilhete em meu nome, mas não sabem o meu nome. Eu sou apenas e só "Salmoura".
domingo, 22 de maio de 2005
É MESMO OBRA!

(Foto retirada de "O Jumento")
O fabuloso José Peseiro, qual atrasado mental, acaba de conseguir um recorde inédito.
Com a humilhante derrota de hoje, do Sporting, no seu próprio estádio, perante o Nacional da Madeira - que só este ano, e em apenas dois jogos, afinfou 8-2 ao Sporting -, José Peseiro consegue levar os leões a perder, em oito dias, três oportunidades de ouro, a saber:
a) no estádio da Luz, frente ao Benfica, disse adeus ao título ao perder por 1-0;
b) perdeu a seguir a final da Taça UEFA, no seu próprio estádio, contra uma equipa que estava perfeitamente ao alcance do Sporting;
c) e perdeu hoje o segundo lugar na classificação do campeonato português, que dava acesso directo à Liga dos Campeões, valendo, logo à partida, oito milhões de euros apenas pela participação na prova.
O que esperam os dirigentes do Sporting para despedirem esse incompetente de falinhas mansas e vistas curtas?
Será que os adeptos leoninos vão continuar a chorar as oportunidades ingloriamente desbaratadas em campo por causa deste incompetente?
sexta-feira, 20 de maio de 2005
MEMÓRIAS

1968. Festa da passagem do ano, no Grémio, em S. Vicente.
Toca o conjunto "West Side", o primeiro agrupamento musical residente em Cabo Verde a possuir instrumentos electrónicos (importados, ao tempo, directamente do Japão, pela Casa Serradas) que custaram então um dinheirão: cerca de quarenta e seis mil escudos.
Que fique para a história da música em Cabo verde.
quinta-feira, 19 de maio de 2005
ASSIM NÃO PODIA DAR MESMO


A dupla infernal, Ricardo & Peseiro Lda.
Deixei passar a raiva. Deixei atenuar a dor. Tentei sublimar a frustração. Mas não consegui esquecer que as derrotas do Sporting contra o Benfica e o SCKA (bem como muitas outras no campeonato e taça de Portugal) se ficaram a dever, em grande parte, a uma dupla terrivelmente ineficaz: a dupla Ricardo & Peseiro, Lda.
Ricardo porque ele tem uma relação complicadíssima com as bolas altas: contra o CSKA comeu o primeiro golo porque "não foi lá"; contra o Benfica comeu o golo porque "foi lá", mas em vez de socar tentou agarrar a bola – ele que não há memória de ter alguma vez na vida agarrado uma bola alta em disputa directa com qualquer adversário.
Peseiro porque ele é um treinador que "inventa uma equipa nova" sempre que é preciso apostar na rotina da "equipa velha"; e porque é um treinador que não sabe armar uma defesa (à Mourinho, por exemplo – custa muito copiar isso?) e faz da retaguarda do Sporting um autêntico passador onde mor das vezes não mora um único defesa para cobrir os adversários.
quarta-feira, 18 de maio de 2005
OFICIALIZAÇÃO DO CRIOULO
(Surge o primeiro problema: que fazer com a palavra "ranjo"?)
Não há ainda duas semanas, na tertúlia do Djica, que se reúne no pátio da casa que era "di nhô Lion di Custódia", o Manuel di Nininha contou, com nomes e tudo, o seguinte episódio verídico:
Um homem do Fogo foi a casa de uma senhora da Brava pedir-lhe a filha em casamento. Submetido pela senhora a um pequeno interrogatório destinado a apurar as suas condições económicas e algumas virtudes, a senhora pergunta-lhe:
- A lá nhô cu ranjo?
- N’ná cumó, n’têl própi más grandi qui di burro.
- Nhô poi ná rua. Ê cá êsse q’in praguntá nhô. Rua! Hómi di áje di nhô cá marêcê cásâ cu nhá fidja.
Nota: "ranjo", na Brava, significa teres e haveres domésticos (mobília sobretudo); no Fogo "ranjo" é o órgão sexual.
E cremos que em S. Vicente a palavra (que seria, talvez, "rónje") não existe. Ou existirá?
Cremos que não.
Não há ainda duas semanas, na tertúlia do Djica, que se reúne no pátio da casa que era "di nhô Lion di Custódia", o Manuel di Nininha contou, com nomes e tudo, o seguinte episódio verídico:
Um homem do Fogo foi a casa de uma senhora da Brava pedir-lhe a filha em casamento. Submetido pela senhora a um pequeno interrogatório destinado a apurar as suas condições económicas e algumas virtudes, a senhora pergunta-lhe:
- A lá nhô cu ranjo?
- N’ná cumó, n’têl própi más grandi qui di burro.
- Nhô poi ná rua. Ê cá êsse q’in praguntá nhô. Rua! Hómi di áje di nhô cá marêcê cásâ cu nhá fidja.
Nota: "ranjo", na Brava, significa teres e haveres domésticos (mobília sobretudo); no Fogo "ranjo" é o órgão sexual.
E cremos que em S. Vicente a palavra (que seria, talvez, "rónje") não existe. Ou existirá?
Cremos que não.
terça-feira, 17 de maio de 2005
AS TERTÚLIAS DO FOGO

Tertúlia do Viagra
O hábito é de antanho e perdura até hoje:
Na ilha do Fogo, todas as manhãs, há grupos de núcleos perfeitamente fixos que se formam num mesmo local público para passarem um bom bocado do dia discutindo invariavelmente os mesmo temas mas sempre com novas variantes, historietas e condimentos adicionais que vão fazendo com que a tertúlia seja sempre agradável de se viver, fortaleça os laços de amizade e solidariedade dos seus elementos e dê algum sentido à existência de cada um deles.
Esta é a tertúlia capitaneada pelo Totóni Filáiba, que se reúne, religiosamente, todos os santos dias, à porta de "cá Péléti".
Um abraço a cada um deles.
TALVEZ FASCISTA SURREAL
Fiz este teste que vi “publicitado” no Barnabé e concluí que sou de esquerda e estou situado, em França, entre o Partido Socialista Francês e o Partido da Esquerda Radical.
Não sei se isto é bom ou mau para mim. Mas descansou-me quanto a um pormenor: conhecendo-me, só mesmo um louco me acharia fascista.
Não sei se isto é bom ou mau para mim. Mas descansou-me quanto a um pormenor: conhecendo-me, só mesmo um louco me acharia fascista.
CRIOULO LÍNGUA OFICIAL
De Macau, um amigo e colega (não sei se gostaria que eu pusesse aqui o seu nome) mandou-me um email dizendo-me que algumas pessoas lhe pediram que me dissesse que gostariam de saber a minha opinião sobre a problemática da “oficialização do Crioulo” em Cabo Verde.
Da resposta que lhe dei respigo esta parte que com uma pequena nuance que lhe introduzi creio responder de alguma forma aos que gostariam de me ler sobre o assunto em causa:
«Sobre a oficialização do Crioulo eu só poderia emitir uma opinião muito leiga cujo importância seria ridícula: a de que vejo imensas dificuldades na escolha da variante do Crioulo que se oficializaria (o de Santiago – creio que tem mais hipóteses – ou o de Santo Antão, do Fogo, da Brava, etc.?). Penso que é um assunto demasiado complexo, e fundamentalmente destinado aos linguistas, para me meter nele sem sair totalmente chamuscado e reduzido a uma extrema insignificância. Nisso, e ao contrário de alguns conhecidos sabichões encartados da nossa praça a quem só falta opinar sobre medicina, astronáutica e mecânica quântica, penso conhecer as minhas limitações pelo que me abstenho de pronunciar. É que essa questão é muito mais técnica que política ou social. E eu só poderia opinar sobre estas duas últimas vertentes, o que, não sendo, contudo, pouco, é, no entanto, manifestamente insuficiente por passar ao lado do âmago dessa problemática – sendo que o que interessa mesmo é saber como oficializar um Crioulo que todos percebam em Cabo Verde e que todos possam saber ler e escrever sem lhes parecer uma coisa “estranha” face ao Crioulo que falam e que sempre souberam falar os seus ancestrais e ouvem hoje aos seus contemporâneos.
Não é coisa fácil.»
Da resposta que lhe dei respigo esta parte que com uma pequena nuance que lhe introduzi creio responder de alguma forma aos que gostariam de me ler sobre o assunto em causa:
«Sobre a oficialização do Crioulo eu só poderia emitir uma opinião muito leiga cujo importância seria ridícula: a de que vejo imensas dificuldades na escolha da variante do Crioulo que se oficializaria (o de Santiago – creio que tem mais hipóteses – ou o de Santo Antão, do Fogo, da Brava, etc.?). Penso que é um assunto demasiado complexo, e fundamentalmente destinado aos linguistas, para me meter nele sem sair totalmente chamuscado e reduzido a uma extrema insignificância. Nisso, e ao contrário de alguns conhecidos sabichões encartados da nossa praça a quem só falta opinar sobre medicina, astronáutica e mecânica quântica, penso conhecer as minhas limitações pelo que me abstenho de pronunciar. É que essa questão é muito mais técnica que política ou social. E eu só poderia opinar sobre estas duas últimas vertentes, o que, não sendo, contudo, pouco, é, no entanto, manifestamente insuficiente por passar ao lado do âmago dessa problemática – sendo que o que interessa mesmo é saber como oficializar um Crioulo que todos percebam em Cabo Verde e que todos possam saber ler e escrever sem lhes parecer uma coisa “estranha” face ao Crioulo que falam e que sempre souberam falar os seus ancestrais e ouvem hoje aos seus contemporâneos.
Não é coisa fácil.»
segunda-feira, 16 de maio de 2005
A CHACOTA CONTINUA
Na Guiné, nessa chacota pegada que alguns ainda teimam em chamar Estado, aconteceu ontem mais um episódio caricato protagonizado pelo impagável doido e bêbado Kumba Ialá. Que convocou uma manifestação ou lá o que foi e se declarou Presidente da República.
Não há fome que não dê em fartura. Agora já são dois presidentes: o Kumba Ialá por um lado e o presidente interino, Henrique Rosa, por outro. E no meio da balbúrdia instalada ninguém se entende e as autoridades e os tribunais não funcionam.
Os militares, maioritariamente da etnia balanta (a etnia de Kumba Ialá), estão calados que nem ratos. E nesse quintalão enorme que ainda alguns chamam Estado da Guiné-Bissau vai fermentando o ódio e a irresponsabilidade temendo-se o pior, ou seja: o habitual – mais um golpe de Estado.
Lembram-se que eu já tinha dito que o chefe dos militares prometera em tempos matar Nino? Pois bem, com este cenário, teme-se o cumprimento da promessa.
Tudo em nome da democracia e do desenvolvimento da Guiné.
Leia parte dessa história aqui; leia para crer.
Não é mentira, não. A Guiné existe mesmo. É o Estado da Chacota pegada.
Não há fome que não dê em fartura. Agora já são dois presidentes: o Kumba Ialá por um lado e o presidente interino, Henrique Rosa, por outro. E no meio da balbúrdia instalada ninguém se entende e as autoridades e os tribunais não funcionam.
Os militares, maioritariamente da etnia balanta (a etnia de Kumba Ialá), estão calados que nem ratos. E nesse quintalão enorme que ainda alguns chamam Estado da Guiné-Bissau vai fermentando o ódio e a irresponsabilidade temendo-se o pior, ou seja: o habitual – mais um golpe de Estado.
Lembram-se que eu já tinha dito que o chefe dos militares prometera em tempos matar Nino? Pois bem, com este cenário, teme-se o cumprimento da promessa.
Tudo em nome da democracia e do desenvolvimento da Guiné.
Leia parte dessa história aqui; leia para crer.
Não é mentira, não. A Guiné existe mesmo. É o Estado da Chacota pegada.
sábado, 14 de maio de 2005
INCONFIDÊNCIA
Meu amigo e cunhado, entre o incrédulo e o gozão, pergunta-me num email:
«Joyce nas férias? Em Cabo Verde?»
E eu respondi-lhe:
«Não te admires. Eu sou assim: capaz de comer chicharro e fazer sobremesa com profiteroles; de comer caviar e depois mascar cana de açúcar.
O Joyce, para mim, é o druida da poção mágica para a alma. Indispensável até no deserto. Ou mesmo em pleno inferno.»
Nota: E para que não me interpretem mal... acrescento em jeito de esclarecimento: e mesmo em Cabo Verde onde os santos diabos dos meus amigos não me dão tempo para nada e me metem constantemente no pecado.
«Joyce nas férias? Em Cabo Verde?»
E eu respondi-lhe:
«Não te admires. Eu sou assim: capaz de comer chicharro e fazer sobremesa com profiteroles; de comer caviar e depois mascar cana de açúcar.
O Joyce, para mim, é o druida da poção mágica para a alma. Indispensável até no deserto. Ou mesmo em pleno inferno.»
Nota: E para que não me interpretem mal... acrescento em jeito de esclarecimento: e mesmo em Cabo Verde onde os santos diabos dos meus amigos não me dão tempo para nada e me metem constantemente no pecado.
sexta-feira, 13 de maio de 2005
O SAPATEIRO ALÉM DA CHINELA
Segundo uma notícia da VisãoNews:
«O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Fernando Neves, negou Segunda-feira qualquer possibilidade de uma adesão de Cabo Verde à União Europeia, num artigo publicado no Jornal de Notícias.
No texto intitulado “Cimeira União Europeia em 2007 sem adesão de Cabo Verde” pode-se ler e citamos: “Quanto à hipotética adesão de Cabo Verde à UE - ideia lançada, há meses, por Mário Soares e Adriano Moreira -, Fernando Neves é taxativo na recusa de tal pretensão.
Fernando Neves lembra que "no artigo 1 do Tratado (da União Europeia), é dito que qualquer país europeu que respeite os critérios de Copenhaga pode ser candidato. Não creio que Cabo Verde seja europeu...", disse o governante de Lisboa.»
Peguemos agora nesta notícia e vejamos o seguinte:
O artigo 1 do Tratado (da União Europeia) ao dizer que “qualquer país europeu que respeite os critérios de Copenhaga pode ser candidato” enuncia um direito desses países,
mas não exclui, explicita ou implicitamente, que outros países não possam ser candidatos à adesão.
Isso só se verificaria se nesse artigo 1 em vez da palavra “qualquer” estivesse escrita uma palavra que lá não está – a palavra “só”; então o artigo diria: “Só os países europeus que respeitem os critérios de Copenhaga podem ser candidatos”.
Aí então estaríamos conversados: Cabo Verde não é europeu, logo não pode candidatar-se.
Mas ao não estar lá a palavra “só” temos que concluir, no mínimo, que o senhor secretário de Estado precipitou-se e não interpretou correctamente o artigo em causa.
E no máximo teríamos que lhe chamar adepto da diarreica teoria da “parceria”.
Mas há mais uma coisa importante que ressalta dessa precipitação do senhor secretário de Estado: ao dizer o que disse, o senhor secretário Fernando Neves desautorizou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Diogo Freitas do Amaral, de que é ajudante (no dizer de Cavaco Silva). É que Freitas do Amaral, juntamente com Adriano Moreira e Mário Soares, é, ele também, um dos subscritores da proposta de adesão de Cabo Verde à União Europeia.
Ora, quem é que acredita que, sendo Freitas do Amaral um reputadíssimo Professor de Direito, ele fosse subscrever uma proposta que esbarra logo no primeiro artigo do Tratado da União Europeia?
Dá para acreditar? Francamente!...
Ou muito nos enganamos ou o secretário de Estado Fernando Neves tão cedo não voltará a abrir a boca sobre esta questão.
É que Freitas do Amaral deve ter-lhe dado um enormíssimo puxão de orelhas lembrando-lhe que o sapateiro não deve ir além da chinela.
Como pode o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros de Portugal negar a pretensão da proposta de adesão de Cabo Verde à União Europeia com base no tão estapafúrdio argumento de inidentidade territorial de Cabo Verde em relação à Europa quando as negociações para a entrada da Turquia (95% asiática) na Europa estão já oficializadas e vão começar?
O que esse homem fez não passa, portanto, quanto a nós, de uma declaração absurda a que se não deve dar qualquer crédito. Abriu a boca precipitadamente e saiu asneira. Tão só.
«O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Fernando Neves, negou Segunda-feira qualquer possibilidade de uma adesão de Cabo Verde à União Europeia, num artigo publicado no Jornal de Notícias.
No texto intitulado “Cimeira União Europeia em 2007 sem adesão de Cabo Verde” pode-se ler e citamos: “Quanto à hipotética adesão de Cabo Verde à UE - ideia lançada, há meses, por Mário Soares e Adriano Moreira -, Fernando Neves é taxativo na recusa de tal pretensão.
Fernando Neves lembra que "no artigo 1 do Tratado (da União Europeia), é dito que qualquer país europeu que respeite os critérios de Copenhaga pode ser candidato. Não creio que Cabo Verde seja europeu...", disse o governante de Lisboa.»
Peguemos agora nesta notícia e vejamos o seguinte:
O artigo 1 do Tratado (da União Europeia) ao dizer que “qualquer país europeu que respeite os critérios de Copenhaga pode ser candidato” enuncia um direito desses países,
mas não exclui, explicita ou implicitamente, que outros países não possam ser candidatos à adesão.
Isso só se verificaria se nesse artigo 1 em vez da palavra “qualquer” estivesse escrita uma palavra que lá não está – a palavra “só”; então o artigo diria: “Só os países europeus que respeitem os critérios de Copenhaga podem ser candidatos”.
Aí então estaríamos conversados: Cabo Verde não é europeu, logo não pode candidatar-se.
Mas ao não estar lá a palavra “só” temos que concluir, no mínimo, que o senhor secretário de Estado precipitou-se e não interpretou correctamente o artigo em causa.
E no máximo teríamos que lhe chamar adepto da diarreica teoria da “parceria”.
Mas há mais uma coisa importante que ressalta dessa precipitação do senhor secretário de Estado: ao dizer o que disse, o senhor secretário Fernando Neves desautorizou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Diogo Freitas do Amaral, de que é ajudante (no dizer de Cavaco Silva). É que Freitas do Amaral, juntamente com Adriano Moreira e Mário Soares, é, ele também, um dos subscritores da proposta de adesão de Cabo Verde à União Europeia.
Ora, quem é que acredita que, sendo Freitas do Amaral um reputadíssimo Professor de Direito, ele fosse subscrever uma proposta que esbarra logo no primeiro artigo do Tratado da União Europeia?
Dá para acreditar? Francamente!...
Ou muito nos enganamos ou o secretário de Estado Fernando Neves tão cedo não voltará a abrir a boca sobre esta questão.
É que Freitas do Amaral deve ter-lhe dado um enormíssimo puxão de orelhas lembrando-lhe que o sapateiro não deve ir além da chinela.
Como pode o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros de Portugal negar a pretensão da proposta de adesão de Cabo Verde à União Europeia com base no tão estapafúrdio argumento de inidentidade territorial de Cabo Verde em relação à Europa quando as negociações para a entrada da Turquia (95% asiática) na Europa estão já oficializadas e vão começar?
O que esse homem fez não passa, portanto, quanto a nós, de uma declaração absurda a que se não deve dar qualquer crédito. Abriu a boca precipitadamente e saiu asneira. Tão só.
terça-feira, 10 de maio de 2005
O PRAZER DO BELO
(Ou quando a prosa é pura poesia)
Há dias assim. Em que um homem se sente feliz com um bocado de um livro que tenha entre mãos.
Aconteceu-me nestas últimas férias.
Entre muitas passagens belas do Ulisses de Joyce, deliciei-me especialmente com esta:
«Esposa e companheira de Adão Kadmon: Heva, Eva nua. Ela não teve embigo. Contempla. Ventre sem jaça bojando-se ancho, broquel de velino reteso, não, alvicúmulo trítico, oriente e imortal, elevando-se de pereternidade em pereternidade. Matriz do pecado.»
Há dias assim. Em que um homem se sente feliz com um bocado de um livro que tenha entre mãos.
Aconteceu-me nestas últimas férias.
Entre muitas passagens belas do Ulisses de Joyce, deliciei-me especialmente com esta:
«Esposa e companheira de Adão Kadmon: Heva, Eva nua. Ela não teve embigo. Contempla. Ventre sem jaça bojando-se ancho, broquel de velino reteso, não, alvicúmulo trítico, oriente e imortal, elevando-se de pereternidade em pereternidade. Matriz do pecado.»
REGRESSO DE FÉRIAS

Fritz
Encontrado doente e quase a morrer
foi salvo dos bichos que o comiam
Regressei doente. Com uma mão entrapada por causa de um gato.
Por causa de um gato bati violentamente com o dorso de uma mão na quina de um móvel e caí desamparado, de costas, dentro de uma mala aberta.
– A tampa deveria ter-se fechado e ter-te guardado para a eternidade – ouvi alguém murmurar lá de bem longe, do outro lado do mar.
Eram quatro horas da madrugada do dia cinco deste mês de Maio quando o acidente se deu. Mas com aquele meu gesto trapalhão salvei o Fritz de ser de novo levado por sua mãe lá para o ninho espinhoso de onde viera – todo ele feridas, todo ele magreza, todo ele larvas, infecção e infestação –.
Se mais nada justificasse a minha presença no Fogo, este salvamento bastaria para o fazer e autorizar-me a falar cada vez mais na integração de Cabo verde na União Europeia.
– Ouve lá, oh paspalhão, o que tem esse c. a ver com as calças?
– Tem, tem muito a ver: permitiu-me conversar com muita gente a quem contei a história do gato e fiz perguntas outras. Fiquei contente com respostas populares à “famosa proposta” e esbocei vários sorrisos quando falei com alguns políticos. Estes, contrariados, vão ter que fazer uma ginástica do “escataralho” para mudarem o discurso e poderem assim acompanhar a opinião de quem realmente manda. Aliás, o Primeiro Ministro já começou a dar a volta ao texto.
Vai ser bonito de se ver.
A diarreia ora intitulada “parceria” vai ter que dar lugar a outra palavra – mais bonita, mais concreta, mais substantiva e mais consentânea com a realidade.
E lá deixei o Fritz aos cuidados da Lígia, uma apoiante convicta da ideia de integração, para me ir relatando o que dizem os indígenas sobre o assunto.
sexta-feira, 29 de abril de 2005
quinta-feira, 28 de abril de 2005
PACIÊNCIA
Pedro Pires passou ontem por Lisboa onde foi instado a falar sobre a proposta de integração de Cabo Verde na União Europeia. E falou. Mas não falou. Porque não disse qual era a sua posição sobre essa proposta.
E o importante era saber isso e não outra coisa.
Interrogado sobre a questão, a única coisa que conseguiu fazer foi dar uma notícia: a de que o Governo de Cabo Verde está a negociar uma parceria especial com a União Europeia, na senda, aliás, – acrescentamos nós – de outras parcerias já negociadas com o Governo português e com grupos empresariais portugueses. Sem que isso signifique mais nada senão negócios, pois, segundo o jornal Voz di Povo o Presidente terá dito que Cabo Verde «está a trabalhar para "estabelecer com a UE uma parceria especial que permita ao país financiar o seu desenvolvimento».
À Pergunta concreta sobre a proposta de integração, acreditando no que escreve o mesmo jornal, Pires terá considerado essa proposta um elogio para o seu país, mas observou que «até lá muita água vai passar por baixo da ponte».
Isso todos nós estamos mais que fartos de saber: a proposta de Adriano Moreira, como, aliás, escrevemos mais abaixo, em 12 de Fevereiro de 2005, constitui «um tema de grandíssima importância e bastante melindre - tema para mais que uma geração discutir, interiorizar, promover, decidir, negociar e concretizar - cabe, sem a mais pequena dúvida, ao Presidente da República falar à nação e marcar a agenda da sua discussão pública.»
O que seria necessário, portanto, era que Pedro Pires tivesse alguma coisa a ver com essa "água". Mas ao que parece quer apenas vê-la passar debaixo da "ponte". É, sem dúvida, uma posição cómoda que não esperávamos dele.
Paciência!...
Nota: Tínhamos já dito que não voltaríamos a falar de Pedro Pires quanto a esta questão. Mas não podíamos deixar de quebrar essa promessa quando constatámos que a sua posição, para já, não é nenhuma.
E o importante era saber isso e não outra coisa.
Interrogado sobre a questão, a única coisa que conseguiu fazer foi dar uma notícia: a de que o Governo de Cabo Verde está a negociar uma parceria especial com a União Europeia, na senda, aliás, – acrescentamos nós – de outras parcerias já negociadas com o Governo português e com grupos empresariais portugueses. Sem que isso signifique mais nada senão negócios, pois, segundo o jornal Voz di Povo o Presidente terá dito que Cabo Verde «está a trabalhar para "estabelecer com a UE uma parceria especial que permita ao país financiar o seu desenvolvimento».
À Pergunta concreta sobre a proposta de integração, acreditando no que escreve o mesmo jornal, Pires terá considerado essa proposta um elogio para o seu país, mas observou que «até lá muita água vai passar por baixo da ponte».
Isso todos nós estamos mais que fartos de saber: a proposta de Adriano Moreira, como, aliás, escrevemos mais abaixo, em 12 de Fevereiro de 2005, constitui «um tema de grandíssima importância e bastante melindre - tema para mais que uma geração discutir, interiorizar, promover, decidir, negociar e concretizar - cabe, sem a mais pequena dúvida, ao Presidente da República falar à nação e marcar a agenda da sua discussão pública.»
O que seria necessário, portanto, era que Pedro Pires tivesse alguma coisa a ver com essa "água". Mas ao que parece quer apenas vê-la passar debaixo da "ponte". É, sem dúvida, uma posição cómoda que não esperávamos dele.
Paciência!...
Nota: Tínhamos já dito que não voltaríamos a falar de Pedro Pires quanto a esta questão. Mas não podíamos deixar de quebrar essa promessa quando constatámos que a sua posição, para já, não é nenhuma.
quarta-feira, 27 de abril de 2005
AI DJARFOGO, DJARFOGO
Na Ilha do Fogo há noites magníficas iluminadas apenas pela luz das estrelas. Vou lá estar a partir do dia 30 deste mês para, olhando o céu estrelado e conversando com minha mãe, relembrar as noites em que ela, passeando-me ao colo pelo pátio da nossa casa, cantando baixinho uma canção de embalar, me ajudava a conciliar o sono enquanto lá em cima as estrelas me fascinavam com o seu brilho.
– Xô, piegas! Pára lá com esta redacção da quarta classe! Não seria melhor falares dos amigalhaços que lá te esperam para juntos beberem um bom copázio e curtirem uma boa paródia, em vez de andares por aqui a relembrar essas coisas?
– Pois é: talvez fosse melhor falar desses amigos. Mas o fascínio daquele céu… o calor daquelas noites… o silêncio, o silêncio daquela terra austera e mãe de todos nós… Como não relembrar isso com saudade?
– Xô, piegas! Pára lá com esta redacção da quarta classe! Não seria melhor falares dos amigalhaços que lá te esperam para juntos beberem um bom copázio e curtirem uma boa paródia, em vez de andares por aqui a relembrar essas coisas?
– Pois é: talvez fosse melhor falar desses amigos. Mas o fascínio daquele céu… o calor daquelas noites… o silêncio, o silêncio daquela terra austera e mãe de todos nós… Como não relembrar isso com saudade?
domingo, 24 de abril de 2005
MAIS DESCRÉDITO PARA A GUINÉ
Na Guiné-Bissau, ao que parece, qualquer bicho-careta pode ser Presidente da República.
Se assim não fosse como se entenderia que já hajam 21 candidatos – vinte e um – com candidaturas regularizadas para as próximas eleições presidenciais?
É o que eu digo: como pode um território desses aspirar a ser tratado como País pela comunidade internacional?
Enquanto não acabarem com essa chacota pegada que é “a política à moda da Guiné” não sairão da cepa torta e não abandonarão o lugar de País mais atrasado do mundo.
Ao que tudo leva a crer há dois candidatos que discutirão entre si o lugar de Presidente: o doido e bêbado Kumba Ialá, por um lado, e o acusado de assassínio e corrupção, Nino Vieira, por outro.
Parece que Kumba Ialá tem mais hipóteses de ser eleito por pertencer à etnia balanta que é aquela que predomina no e domina o exército local; Nino é pepel (ou papel, como se diz em português) mas também conta com apoios numa facção do mesmo exército. Mas o comandante supremo do exército é um antigo companheiro de armas de Nino a quem Nino mandara em tempos condenar à morte e o qual jurara, após ter-se escapado ao fuzilamento, que um dia haveria de matar Nino Vieira.
Como se pode antever, o futuro da Guiné será radiante.
Se assim não fosse como se entenderia que já hajam 21 candidatos – vinte e um – com candidaturas regularizadas para as próximas eleições presidenciais?
É o que eu digo: como pode um território desses aspirar a ser tratado como País pela comunidade internacional?
Enquanto não acabarem com essa chacota pegada que é “a política à moda da Guiné” não sairão da cepa torta e não abandonarão o lugar de País mais atrasado do mundo.
Ao que tudo leva a crer há dois candidatos que discutirão entre si o lugar de Presidente: o doido e bêbado Kumba Ialá, por um lado, e o acusado de assassínio e corrupção, Nino Vieira, por outro.
Parece que Kumba Ialá tem mais hipóteses de ser eleito por pertencer à etnia balanta que é aquela que predomina no e domina o exército local; Nino é pepel (ou papel, como se diz em português) mas também conta com apoios numa facção do mesmo exército. Mas o comandante supremo do exército é um antigo companheiro de armas de Nino a quem Nino mandara em tempos condenar à morte e o qual jurara, após ter-se escapado ao fuzilamento, que um dia haveria de matar Nino Vieira.
Como se pode antever, o futuro da Guiné será radiante.
sábado, 23 de abril de 2005
quinta-feira, 21 de abril de 2005
EURO CABO VERDE?
Porque este blolgue passou a ter um número significativo de leitores em Cabo Verde, publico o seguinte convite cuja divulgação me foi pedida:
«Convite
É convidado para a tertúlia "Adesão de Cabo Verde à União Europeia – Que Alternativas?", no dia 25 de Abril de 2005 (2ª Feira!), às 19:00 Horas, na sede da AMARCV -Associação dos Marítimos de Cabo Verde (na Laginha, no edifício onde funcionava a EMPA, ao lado da Alfândega)
De entre os objectivos desta reflexão pela causa da cidadania: 1. Contribuir para a elucidação e o posicionamento inteligente, racional, idóneo e descomplexado do cidadão. 2. Envolver os cidadãos na tomada de decisão sobre o destino de TODOS e de cada um de nós. 3. Contribuir para o envolvimento de todos os cidadãos interessados sobre o tema.4. Contribuir para desmistificação de “tabus” e a consequente “desdogmatização” e a libertação de “consciências”!
Organização: Uma série de curtas comunicações de conceituados de intelectuais, seguidas de debate!
Antecedentes: Há cerca de dois meses cidadãos portugueses proeminentes promoveram uma petição cuja finalidade é a adesão de Cabo Verde à União Europeia. A reacção da comunidade cabo-verdiana à esta petição, no geral, tem sido de expectativa do posicionamento do Presidente da República ou do Governo. Alguns avançavam a necessidade de um referendo.
Motivação: Mas onde fica a sociedade cabo-verdiana? Será que a capacidade de pensar e de agir de vários milhares de quadros superiores e intelectuais, é ofuscada e inibida pela sapiência e o “saber fazer” dos governantes? Salve um ou outro posicionamento individual, quer para apoiar ou para contrariar, no geral argumentando-se mais na paixão e menos na razão, algumas vezes com uma fundamentação discutível, não devem ser tomadas como o posicionamento desta sociedade. Fica claro que a comunidade cabo-verdiana no geral, parece não querer a “chatice” de se assumir “crescida”. Os “outros” que resolvam o seu problema: ela faz-se passar de “coitada” que precisa de “apoio”! (Duas palavras malditas que precisam ser banidas do vocabulário das ilhas)!
O destino de Cabo Verde (o isolamento, as alianças, a integração, a adesão ou não em zonas ou regiões, económicas ou políticas, é um assunto primariamente dos cidadãos e não devia ser deixado ao critério de alguns governantes ou figuras políticas… que normalmente funcionam na lógica da conveniência “partidária” ou, posto de outro forma, no “assalto” ou na “manutenção” do volante da máquina do Estado.
A sociedade cabo-verdiana não pode continuar no absentismo da cidadania. A cidadania, como a democracia, carece de ser exercida continuamente e nos assuntos maiores: chega dessa dita democracia exercida esporadicamente e em regime “part time” …que muito convêm a nobreza partidária e a realeza governamental!
A sua acção!
· Venha e Traga as suas certezas, dúvidas, opiniões, sugestões. Compartilhe com outros para construir uma sociedade mais esclarecida, actuante e saudável!
· Reenvie "Faça forward" para eventuais interessados. Convide outras pessoas.
· Agradecia que informasse o seu interesse (ou a sua indisponibilidade) em participar nesta iniciativa.
· Caso pense que esta iniciativa é pertinente mas pode estar fisicamente presente, favor envie os seus comentários e sugestões para um dos seguintes endereços: antoniosilva_cv@homail.com, antoniopsilva_cv@yahoo.com, silvapedro@hotmail.com, Fax: 2324584, Telefone: 2324148.
António Pedro Silva»
«Convite
É convidado para a tertúlia "Adesão de Cabo Verde à União Europeia – Que Alternativas?", no dia 25 de Abril de 2005 (2ª Feira!), às 19:00 Horas, na sede da AMARCV -Associação dos Marítimos de Cabo Verde (na Laginha, no edifício onde funcionava a EMPA, ao lado da Alfândega)
De entre os objectivos desta reflexão pela causa da cidadania: 1. Contribuir para a elucidação e o posicionamento inteligente, racional, idóneo e descomplexado do cidadão. 2. Envolver os cidadãos na tomada de decisão sobre o destino de TODOS e de cada um de nós. 3. Contribuir para o envolvimento de todos os cidadãos interessados sobre o tema.4. Contribuir para desmistificação de “tabus” e a consequente “desdogmatização” e a libertação de “consciências”!
Organização: Uma série de curtas comunicações de conceituados de intelectuais, seguidas de debate!
Antecedentes: Há cerca de dois meses cidadãos portugueses proeminentes promoveram uma petição cuja finalidade é a adesão de Cabo Verde à União Europeia. A reacção da comunidade cabo-verdiana à esta petição, no geral, tem sido de expectativa do posicionamento do Presidente da República ou do Governo. Alguns avançavam a necessidade de um referendo.
Motivação: Mas onde fica a sociedade cabo-verdiana? Será que a capacidade de pensar e de agir de vários milhares de quadros superiores e intelectuais, é ofuscada e inibida pela sapiência e o “saber fazer” dos governantes? Salve um ou outro posicionamento individual, quer para apoiar ou para contrariar, no geral argumentando-se mais na paixão e menos na razão, algumas vezes com uma fundamentação discutível, não devem ser tomadas como o posicionamento desta sociedade. Fica claro que a comunidade cabo-verdiana no geral, parece não querer a “chatice” de se assumir “crescida”. Os “outros” que resolvam o seu problema: ela faz-se passar de “coitada” que precisa de “apoio”! (Duas palavras malditas que precisam ser banidas do vocabulário das ilhas)!
O destino de Cabo Verde (o isolamento, as alianças, a integração, a adesão ou não em zonas ou regiões, económicas ou políticas, é um assunto primariamente dos cidadãos e não devia ser deixado ao critério de alguns governantes ou figuras políticas… que normalmente funcionam na lógica da conveniência “partidária” ou, posto de outro forma, no “assalto” ou na “manutenção” do volante da máquina do Estado.
A sociedade cabo-verdiana não pode continuar no absentismo da cidadania. A cidadania, como a democracia, carece de ser exercida continuamente e nos assuntos maiores: chega dessa dita democracia exercida esporadicamente e em regime “part time” …que muito convêm a nobreza partidária e a realeza governamental!
A sua acção!
· Venha e Traga as suas certezas, dúvidas, opiniões, sugestões. Compartilhe com outros para construir uma sociedade mais esclarecida, actuante e saudável!
· Reenvie "Faça forward" para eventuais interessados. Convide outras pessoas.
· Agradecia que informasse o seu interesse (ou a sua indisponibilidade) em participar nesta iniciativa.
· Caso pense que esta iniciativa é pertinente mas pode estar fisicamente presente, favor envie os seus comentários e sugestões para um dos seguintes endereços: antoniosilva_cv@homail.com, antoniopsilva_cv@yahoo.com, silvapedro@hotmail.com, Fax: 2324584, Telefone: 2324148.
António Pedro Silva»
terça-feira, 19 de abril de 2005
NOTÍCIAS
Eis uma notícia saída no jornal “VozdiPovo-Online”:
«O presidente da Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde (ANMCV), Américo Silva, advogou quarta-feira a integração plena e não um mero estatuto especial do seu país junto da União Europeia (UE) como pretendido pelo governo do arquipélago.
"Hoje a Europa tem um desenvolvimento bastante bom a todos os níveis, e Cabo Verde pode aspirar a esse nível de desenvolvimento", declarou Américo Silva que igualmente preside à Câmara Municipal do Paul, na ilha de Santo Antão.
O autarca falava momentos antes de deixar o país à frente de uma delegação da ANMCV com destino ao arquipélago português dos Açores, para participar nas jornadas autárquicas das Regiões Ultra-Periféricas da União Europeia, de Portugal e de Cabo Verde.
Neste momento, disse, há um ambiente favorável à integração de Cabo Verde na UE pelo que os autarcas cabo-verdianos esperam conseguir a influência e o apoio das suas congéneres dos outros arquipélagos.
Segundo ele, a Associação dos Municípios Portugueses já manifestou publicamente esse apoio. "Nós queremos que Cabo Verde esteja cada vez mais em condições de usufruir também daquilo que são as vantagens da União Europeia", precisou.
Para o autarca, a grande preocupação que a ANMCV leva para o encontro dos Açores é o acesso de Cabo Verde aos fundos europeus, uma vez que até agora o arquipélago "tem estado a beneficiar sobretudo de acções de formação, de estudos, de projectos, mas não de obras físicas".
A possibilidade de Cabo Verde aderir à UE foi avançada em Lisboa, há cerca de um mês, numa iniciativa do ex-Presidente português Mário Soares e do académico Adriano Moreira, quatro anos depois de o governo cabo-verdiano ter adoptado como sua prioridade a obtenção do estatuto de parceiro especial da organização comunitária.»
Fonte/Nota: PANAPRESS - www.panapress.com
Nota: O meu obrigado a Carlos Pires pela chamada de atenção para esta notícia.
«O presidente da Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde (ANMCV), Américo Silva, advogou quarta-feira a integração plena e não um mero estatuto especial do seu país junto da União Europeia (UE) como pretendido pelo governo do arquipélago.
"Hoje a Europa tem um desenvolvimento bastante bom a todos os níveis, e Cabo Verde pode aspirar a esse nível de desenvolvimento", declarou Américo Silva que igualmente preside à Câmara Municipal do Paul, na ilha de Santo Antão.
O autarca falava momentos antes de deixar o país à frente de uma delegação da ANMCV com destino ao arquipélago português dos Açores, para participar nas jornadas autárquicas das Regiões Ultra-Periféricas da União Europeia, de Portugal e de Cabo Verde.
Neste momento, disse, há um ambiente favorável à integração de Cabo Verde na UE pelo que os autarcas cabo-verdianos esperam conseguir a influência e o apoio das suas congéneres dos outros arquipélagos.
Segundo ele, a Associação dos Municípios Portugueses já manifestou publicamente esse apoio. "Nós queremos que Cabo Verde esteja cada vez mais em condições de usufruir também daquilo que são as vantagens da União Europeia", precisou.
Para o autarca, a grande preocupação que a ANMCV leva para o encontro dos Açores é o acesso de Cabo Verde aos fundos europeus, uma vez que até agora o arquipélago "tem estado a beneficiar sobretudo de acções de formação, de estudos, de projectos, mas não de obras físicas".
A possibilidade de Cabo Verde aderir à UE foi avançada em Lisboa, há cerca de um mês, numa iniciativa do ex-Presidente português Mário Soares e do académico Adriano Moreira, quatro anos depois de o governo cabo-verdiano ter adoptado como sua prioridade a obtenção do estatuto de parceiro especial da organização comunitária.»
Fonte/Nota: PANAPRESS - www.panapress.com
Nota: O meu obrigado a Carlos Pires pela chamada de atenção para esta notícia.
domingo, 17 de abril de 2005
CHEGOU POR FIM A AMEAÇA
Acabo de receber, por e-mail, esta ameaça de Germano Almeida.
«Sei que será lamentável, mas foi você que começou. Mantenhas GA»
«Sei que será lamentável, mas foi você que começou. Mantenhas GA»
LÁ VAI PUBLICAÇÃO
Na sequência do texto "O EDUCADOR DO POVO" que publiquei mais abaixo (clique aqui e leia esse texto antes de continuar), Germano Almeida, como, aliás, eu já dissera, escreveu-me. Como ele insiste para que eu publique a correspondência que se gerou entre nós, é com alguma pena que me vejo forçado a fazer essa publicação pois, em primeiro lugar considero a correspondência pessoal confidencial, e por outro lado acho a publicação desta nossa "prosa" um acto um tanto ou quanto masoquista por parte de Germano.
Mas o que é que eu posso fazer quando é o próprio que insiste em ver aqui o que dissemos um ao outro?
Preparem-se então pois a coisa aqui vai.
Esclareço que o que está escrito em letras carregadas, a negrito, é o que escreveu Germano. E o que está em itálico e entre parêntesis rectos são as minhas respostas ao desvario de Germano.
PRIMEIRO E-MAIL
PARCERIA COM A EUROPA:
Caramba, salmoura, você justifica o seu nome à exaustão, levou consigo todo o sal das ilhas [mais uma boa quantidade do enxofre do vulcão do Fogo]. Mas é um erro ser tão fascistamente intolerante [aqui está um insulto gratuito e um claro sinal de intolerância] com nós outros que preferimos "PARCERIA" com a União Europeia em vez de "INTEGRAÇÃO". Você gosta mais desta que da outra? [Eu “gosto” do que o povo de Cabo Verde vier a escolher em referendo não viciado que almejo haja]. Terá as suas razões [claro, o senhor de La Palice não diria melhor], até porque tudo leva a crer que está por lá, com tempo até para blogar! [Lá porque sou imigrante aqui em Portugal acha que os portugueses me deveriam tratar abaixo da cão, isto é, diferentemente do tratamento que lhe dão a si, e que pelos vistos não deprecia, a ponto de eu não ter tempo para blogar?] Explica-as, pois, para nós coitados que somos ignorantes. Mas sem insultar, sem nome feios [olha quem fala: não começou logo por me apelidar de fascista?], deve ser um defeito que lhe ficou do passado [não se fie em palpites. Se está a referir-se ao meu passado pessoal engana-se rotundamente: pergunte por aí que há muito quem me conheça em S. Vicente, Praia e Fogo -, a começar por quem pelos vistos quer apoiar em futuras eleições e passando depois pelos mais velhos do seu partido] mas terá que ser combatido [desde que democraticamente, tudo bem], de contrário não convence nem o pessoal que está entre o sim e o não quanto mais os outros [o seu erro é pensar que se deve debater ideias para “convencer” A ou B. Deixe a quem ouve e lê a liberdade de escolher o que quer - não tente “convencer” ninguém - o cabo-verdiano não é burro. Seria um exercício mal recebido em democracia o de “convencer” as pessoas; isso faz parte do arsenal de acção política dos regimes autoritários], então não vai já para 30 anos que acabou essa estória de que quem não é por nós é contra nós? [já, já, e espero que tenha isso sempre bem presente]. Olhe, venha até Cabo Verde, promova debates para os quais terá todo o apoio, cada um defenderá as suas razões e depois veremos quem melhor convence [continua com a mania de “convencer”. Aí em Cabo Verde compete a vós promover debates; eu fá-los-ei aqui em Portugal onde vivo – ou quer retirar aos cabo-verdianos emigrados o direito ao debate a à opinião em referendo sobre essa proposta? Nem pense nisso! Senão não há como evitar que alguém lhe chame o nome feio que me chamou de início]. Mas, cuidado!, aqui em Cabo Verde não se insulta nos debates, só nos comícios [mais uma vez lhe digo: bem prega frei Tomás].
Mantenhas [para si também].
PS: Ponha o seu nome completo [Agnelo do Sacramento Monteiro], as pessoas estão a telefonar-me a perguntar quem é que me insultou [que exagero! mas se se acha insultado peço desculpas] e só sei dizer que é um anónimo que se esconde debaixo de um ASM [agora já pode dizer quem sou]. Germano Almeida
PS2: Se vier até cá [vou muitas vezes. Passarei o próximo 1º de Maio no Fogo] terei todo o prazer em oferecer-lhe uma colecção dos meus livros [aceito-a desde já e espero que cumpra a sua palavra], vai (ver) que nem todos são assim tão maus como ouviu dizer [não seja presunçoso e leviano no julgamento dos outros: de três livros seus que li, “Estórias de Dentro de Casa”, “As Memórias de Um Espírito” e “O Testamento do Senhor Napumoceno da Silva Araújo”, achei os dois primeiros medíocres. Não falei em “mau”. É uma opinião pessoal que tenho todo o direito de ter como leitor – até porque comprei os livros com dinheiro proveniente do meu trabalho. E se quer que lhe diga achei interessante o “Testamento” pela intriga]. GA
Até sempre
ASM
SEGUNDO E-MAIL
(Germano achou que tinha erros de concordância e então substituiu-o por um terceiro email).
TERCEIRO E-MAIL
PARCERIA COM A EUROPA:
Desculpe o reenvio (do e-mail), mas como homem atento deve ter reparado em pelo menos 2 erros de concordância. GA [Já tinha dado por isso mas não ia ligar. É que segundo julgo saber a “gramática portuguesa” que você costuma usar nem sempre está disponível. Por isso esteja à vontade. Pode escrever com erros que não há problema. Já agora sempre lhe digo que também já tinha reparado que tem dificuldades em usar a pontuação. Leia Eça e Camilo que eles são excelentes exemplos de bem-escrever o Português (mais o Camilo que o Eça) e vai ver que com o tempo melhorará a sua performance. Evite ler Saramago pois que com isso pode piorar a coisa. Mas se preferir pode fazer como o outro: escreva sem pontuação, mande a pontuação toda à parte que eu depois encarrego-me de a colocar correctamente no texto; talvez assim seja melhor] Já estava a pensar, afinal o fulano é cobarde, não honra o nome da sua ilha (espreitei o blog, claro!), atira a pedrada e esconde-se sob uma sigla [esse é um defeito que tem: é preconceituoso]. Mas eis que me diz ser Agnelo Sacramento Monteiro. Muito bem, já estamos conversados e já entendo melhor a sua posição europeísta... [lá vem de novo o preconceito: como sou Sacramento Monteiro só posso ser fascista e “europeista”. Para si o apelido gera a ideologia - esta é nova e digna de um novo manual político de sua autoria que esperemos saia em breve.] Sem ofensa, palavra d'honra! Devo o meu primeiro emprego a Leão Sacramento Monteiro, governador em 65/66 [pelos vistos naquele tempo não se importava de ter «laços comestíveis com o Estado». Fico satisfeito por saber que o meu primo fascista o ajudou no passado]. E também esclareço: quando digo "fascista" não pretendo de forma alguma ofender. Infelizmente essa palavra perdeu o seu significado ideológico para passar a pejorativo, mas (pode continuar a chamar-me "leviano" e "presunçoso") tenho formação jurídica e política suficiente para saber usá-la correctamente [bom dia, senhor doutor, eu sou um antigo guarda-redes]. A sua atitude foi fascista, não aceita que outrem possa ter posição diferente da sua que considera a mais acertada de todas as outras [esta afirmação é gratuita. Não há uma única passagem do meu texto onde você pode encontrar justificação para dizer isso. Não nego a ninguém o direito à opinião. O que aconteceu foi que, estribando-se em incoerências e argumentos falsos, você construiu inevitavelmente uma falácia que eu não quis deixar passar em claro. É que ainda por cima apresentou-a ao público como se fosse uma máxima filosófica saída da mais fina e arguta elucubração. O que eu fiz foi dizer: atenção que alí há incoerência grossa. Mais nada] Aliás, conta isso sobre os seus amigos que dizem "não" quanto ao euro (?). E afirmou-o abertamente quando achou que eu deveria sentir-me grato por alguns portugueses me honrarem com a sua companhia nas mesas e fotografias [não falei em “honrar”. O que fiz foi admirar-me do facto de, recorrendo você à xenofobia dos portugueses para rejeitar a “proposta de integração”, esses xenófobos portugueses, sabendo isso, se sentem à mesa consigo e você com eles - é que aqui há qualquer coisa que não bate certo, não acha?]. Olhe que nem Salazar teria ido tão longe na afirmação da superioridade de um povo sobre outro [eu já tinha reparado que você anda a ver fantasmas por todo o lado. Espero que não seja um caso sério de delírio persecutório ou de outra patologia afim], porém, descanse que não é um exclusivo seu. Nós que nascemos e crescemos sob esse regime temos que estar permanentemente a nos vigiarmos se queremos evitar sermos surpreendidos por comportamentos do tipo: é que saem sem a gente se dar conta [confesso-lhe que eu não vivo nesse pesadelo permanente de me “vigiar”, e nisso tenho pena de si: essa “vigilância” permanente deve levar a um estado de extrema exaustão mental capaz de perturbar o raciocínio e determinar comportamentos anómalos]. Por isso discordo de si quando recusa os debates... Aliás essa é mesmo uma atitude leviana (de "leve", nada de ofensas, começamos a comportarmo-nos como se fóssemos ["fóssemos"? isto é mesmo erro de Português, não é lapsus calami] civilizados!), então ainda há dias não saiu de uma campanha em Portugal? Ou acha que o PS ganhou porque as pessoas acordaram naquele domingo e pensaram, São bons rapazes, vamos votar neles! [o que é que tem este cu a ver com as calças, sabe dizer-me? Mas deixe-me dizer-lhe o seguinte: eu fiz campanha pelo PS e votei PS – nada mau para um fascista, não é?] Debate-se para "convencer" e depois "vencer", a pequena conquista relativamente ao passado é que em democracia os inimigos são tratados por adversários [então seja coerente e trate-me como adversário em vez de andar por aí a berrar tresloucadamente que sou fascista, fascista, fascista sem saber que mais dizer].
Eu direi que uma parceria é mais vantajosa para nós, darei as minhas razões, você defende a adesão e justificará e depois as pessoas escolhem [assim já está um bocadinho melhor: «as pessoas escolhem». Mas deixe-me que lhe aponte agora qual o seu ERRO MONUMENTAL. Havendo uma “Proposta de Integração de Cabo Verde na União Europeia”, proposta formulada por personalidades portuguesas do mais alto gabarito, a qual poderá levar a um referendo em Cabo Verde, o meu amigo (posso tratar-lhe assim ou é ofensa?), na pressa de se fazer ouvir sobre essa proposta, não pensou duas vezes naquilo que ia dizer. Com efeito, falar como faz em “Parceria com a Europa”, quando o que se propõe é “Integração”, é um perfeito disparate. É que a única proposta que existe é de “Integração”. Não há proposta de “Parceria”. Portanto, se quer propor “Parceria” a referendo, terá, em primeiro lugar, que conceber, fundamentar e apresentar ao Governo de Cabo Verde e à União Europeia uma proposta nesse sentido (e sempre eu queria ver que “compagnons de route” arranjaria para assinarem consigo uma pepineira desse jaez). Andar a falar em “Parceria” antes de fazer isso é simplesmente patético, nada mais. É que não faz qualquer sentido, percebeu? A haver referendo sobre “Integração” os cidadãos só terão que responder “sim” ou “não” ao que lhes é perguntado; não podem ir para lá dizer que querem outra coisa que não lhes é proposta. De contrário seria o mesmo que alguém lhe perguntar (a si, Germano) “quer ou não casar com a Maria?” e você responder: quero casar com a Genoveva”. Percebeu? É que não bate a bota com a perdigota] E digo-lhe mais e sem paixão, até porque eu daqui nunca sairei: mesmo para os emigrantes ganharemos mais com a parceria. Leu por acaso as entrevistas do prof. Adriano Moreira e do Dr. Mário Soares? Para este último somos porta-aviões no meio do Atlântico, para o outro a Europa precisa crescer para o Atlântico. E nós caboverdianos? [trabalharemos e cresceremos no nosso porta-aviões] Você acusa-me de ter a sobrevivência garantida (por acaso não à custa dos livros vendidos em Portugal) e por isso estar contra a "integração", mas deve saber (para alguma coisa tem lhe servir ser do Fogo!) como a dignidade é importante para o nosso povo. Foi, mesmo nos tempos das grandes fomes [alto aí e pára o baile! Sobre dignidade, a mim não me dá lições. Fique com esta: o meu avô materno, Agnelo Adolfo Avelino Henriques, Administrador do Concelho do Fogo, nos anos trinta, foi mandado prender pelo Governo Colonial de então, juntamente com o meu tio avô, António Avelino Henriques, por, juntos, terem publicamente declarado a populares desesperados que aos milhares acorreram a S. Filipe clamando por uma solução para a fome: «damos um prazo de x dias ao Governo de Cabo verde para resolver a situação, findo este prazo, se nenhuma solução for encontrada, pediremos intervenção estrangeira». Na sequência dessas declarações o Governo Colonial mandou ao Fogo uma canhoneira que desembarcou um pequeno destacamento da marinha, comandado por Henrique Galvão (esse mesmo que desviou o paquete Santa Maria), o qual prendeu os dois irmãos, os encarcerou no Fortim em S. Vicente e os fez julgar em tribunal especial que os condenou: meu tio avô António cumpriu degredo em S. Tomé, e meu avô Agnelo perdeu todos os direitos políticos sendo banido definitivamente da Administração Pública e tendo sobrevivido até aos noventa e sete anos de idade sem nunca se ter curvado perante qualquer “autoridade”. Morreu em 1983 com um passaporte cabo-verdiano no bolso. Como pode ver, fui formado numa “escola” de valores que dispensa lições de quem quer que seja. Mais cabo-verdiano do que nós não há!] Reafirmo: O caboverdiano não tem condições para ser inferior! Ou pelo menos a grande maioria [na qual tem forçosamente de me incluir].
Quanto à oferta dos livros, as pessoas que me conhecem sabem que sou homem de palavra. Mas lembre-se: Se vier até cá, a S.Vicente! E já que vem para o 1º de Maio no Fogo, dê um salto a SV, não só lhe entrego os livros como promoveremos um debate público sobre adesão ou integração europeia. Claro que estaremos em posições adversas, mas é como com os meus livros, gosto de "Estórias de dentro de casa" e nem por isso do "Testamento".
Enfim, esta já vai longa, mas não posso deixar de dizer (e esperar) que seria um acto democrático publicar essa nossa correspondência no seu blog, mesmo permeado de comentários em itálico [aproveito esta “autorização” pois é assim que costumo responder aos e-mail que me mandam]. Parece-me mais justo, tendo em atenção as pessoas que leram a sua catilinária contra mim, a menos que queira ser considerado totalitário [como já deve ter reparado, esta não pega]. Ah, esquecia-me já: não tenho filiação partidária. Tenho estado do lado daqueles que acho que defendem os interesses de Cabo Verde [eu sei: ora com uns, ora com outros, ora de novo com os anteriores - é problema seu] e dos caboverdianos, vivo da advocacia, não tenho laços comestíveis com o Estado. Tenho-os recusado sempre porque quero continuar um homem livre. [Felicito-o por isso. Sem qualquer ponta de ironia]
PS: Se lhe agrada a ideia do debate, pode escolher um dia da primeira semana de Maio. Na seguinte estarei ausente [não me parece de utilidade um debate consigo nesta fase do processo. Decante as ideias, arrume-as melhor e depois debateremos se for caso disso].
Continuação de mantenhas, [para si também]. Germano Almeida
Até sempre
ASM (Antigo guarda-redes do Derby)
QUARTO E-MAIL
Acabo de abrir o seu blog. Posso confessar a minha desilusão de si? Francamente, de um desportista esperava mais. Então recusa-me o elementar direito de resposta? E quer ser democrata? Afinal terei que o considerar fascista, agora no sentido pejorativo da palavra.Terá que vir buscar os livros a minha casa. GA
[Se calhar julga que eu não tenho mais que fazer e passo por isso a vida sentado ao computador à espera dos seus e-mails para ir logo publicá-los no meu blogue.
Sei que está nervoso e impaciente por corrigir as asneiras que disse. Mas olhe que cada vez que cava mais fundo sai mais minhoca fedorenta.
Agora sim: chama-me fascista mesmo para ofender. É esta a alta noção que tem de dignidade.
Não vê a figura ridícula que faz com isso?
Chamar-me “fascista” é a mesma coisa que eu chamar-lhe (a si) galã ou bonitão – vê-se logo a desadequação do termo à personagem.
Tenha mas é juizo!
Agora uma informação: não pense que vou continuar a dar-lhe tempo de antena aqui no blogue. Eu sei que você é viciado em protagonismo. Não conte comigo para lho dar.
É que este blogue é meu.
Não é da Joana!]
sábado, 16 de abril de 2005
MEMÓRIAS DO FUTEBOL (1)

Campo da Várzea, na Praia.
O Derby tinha ido jogar com o Boavista da Praia a primeira-mão da final da Taça Casa do Leão (perdemos na Praia por 1-0 e ganhámos depois em S. Vicente por 2-0 ficando a taça em nosso poder).
(2)

Eis a Taça Casa do Leão ganha ao Boavista.
(Foto by Djibla)
(3)

Estádio da Fontinha, S. Vicente. (Foto by Djibla)
Mais um jogo do Derby com o Mindelense.
Nota: A Taça Casa do Leão era, ao tempo (anos 60), como que uma Supertaça de Cabo Verde.
quinta-feira, 14 de abril de 2005
O EDUCADOR DO POVO
Costuma se dizer que «há dias em que um homem não deve sair de casa». Pois. Também se pode dizer que "há dias em que um homem não deve abrir a boca". É precisamente isto que se pode dizer de Germano Almeida quando se lê o que ele declarou ao jornal "Expresso" e também fez publicar em Cabo Verde para rejeitar a ideia da integração de Cabo Verde na União Europeia. Aliás, Germano não disse nada. O que ele fez foi produzir argumentação coxa onde mistura o disparate puro e simples, ao ressábio e ressentimento do "preto" (a palavra é dele) a quem controlam a bagagem à chegada ao aeroporto internacional de Lisboa.
Não contente com o disparate e o ressábio acrescentou a isso uma pitada de soberba ao dizer que aquando de um futuro referendo fará campanha aconselhando o "não" à integração julgando-se assim um grande e respeitado senador cabo-verdiano a quem o povo não deixará de seguir com devoção e confiança. Rejeita a integração porque os portugueses (entenda-se os europeus) serão xenófobos. Isto é: usa a xenofobia para combater a xenofobia dos portugueses e europeus. E faz a mesma confusão que outros já fizeram: confunde Portugal com União Europeia. Fala como se o que está em jogo é a integração de Cabo verde em Portugal e não na Europa da União. É por isso que ele trouxe à baila a história das «adjacências» num exercício sem nexo e destituído de qualquer razão de ser nesta altura.
Eu não desconheço, e até já o escrevi, que há xenofobia e racismo em Portugal. Isto é um dado adquirido. Mas também há xenofobia e racismo na China, nos Estados Unidos, na Holanda, no resto do mundo.
Vamos por isso isolarmo-nos ou vamos combater a xenofobia e o racismo com as únicas armas possíveis e necessárias? - a educação, a instrução, a cultura e a convivência e cooperação entre os povos.
O que se passa é que Germano tem o seu problema de sobrevivência resolvido (pelos vistos bem resolvido) em parte graças à sua colaboração com os xenófobos portugueses. Que lhe dão notoriedade fazendo-lhe entrevistas e deixando-se fotografar à mesa com ele; que lhe publicam e vendem alguns livros medíocres que tem escrito; que reproduzem (como fez o Expresso) as sua asneiras sobre a integração de Cabo Verde na União Europeia, etc., etc.
Germano aceita que ele próprio pode conviver e tirar proveito do convívio com os portugueses xenófobos. O que Germano não aceita é que os cabo-verdianos convivam com os portugueses e tirem proveito dessa convivência. Aqui Germano age como o outro: façam o que eu digo, não façam o que eu faço.
É ridículo que alguém (nesse caso Germano Almeida) ignore o relativamente vastíssimo número de emigrantes cabo-verdianos integrados nos países de acolhimento nos mais variados cantos do mundo e defenda a teoria absurda do isolamento de Cabo Verde em relação à União Europeia. Isto não tem pés nem cabeça. É uma parvoíce como outra qualquer. E até o "preto" (a palavra continua a ser de Germano) cabo-verdiano mais imbecil será capaz de ver isso e votar pela integração de Cabo verde na União Europeia caso venha a haver (e eu sou dos que defendem que deverá haver) um referendo em Cabo verde sobre essa possibilidade.
Para finalizar quero deixar aqui uma nota de humor e dizer a Germano Almeida o seguinte: ele sabe muito bem o que quer dizer a palavra "preto" em Cabo Verde (sabe mas finge esquecer que sabe). E sabe que o cabo-verdiano, qualquer que ele seja, não se considera "preto". E é engraçado que quem se considere "preto" seja precisamente Germano, ele próprio um "moreno pintado". Ele há cada coisa que às vezes até apetece mandar certas pessoas àquela parte.
Germano andou toda uma vida de estudante a gozar as delícias de viver em Portugal; continua a gozar as delícias de ser tratado em Portugal como se fosse um escritor de verdade; e dá-lhe agora (terá bebido alguma coisa?) para cuspir na sopa. Ou pior: para c.... à saída.
Germano nunca usou o argumento da xenofobia dos portugueses para recusar uma entrevista a um jornal português, editar e vender um livro em Portugal, dizer umas larachas numa mesa-redonda ou num colóquio em Portugal. É que sempre esteve "integrado" em Portugal. Mas o que ele não quer mesmo é que os outros cabo-verdianos se integrem também. Não somente em Portugal, como ele afinal está integrado, mas na Europa.
Francamente! não há pachorra para aturar esses «educadores do povo».
Editada às 9:52 AM do dia 16/04/2005 para acrescentar o seguinte:
Satisfazendo um pedido de Germano Almeida, esclareço os leitores que ASM são as inicias do meu nome (Agnelo do Sacramento Monteiro). Antigo guarda-redes do Club Sportivo Derby de S. Vicente.
Não contente com o disparate e o ressábio acrescentou a isso uma pitada de soberba ao dizer que aquando de um futuro referendo fará campanha aconselhando o "não" à integração julgando-se assim um grande e respeitado senador cabo-verdiano a quem o povo não deixará de seguir com devoção e confiança. Rejeita a integração porque os portugueses (entenda-se os europeus) serão xenófobos. Isto é: usa a xenofobia para combater a xenofobia dos portugueses e europeus. E faz a mesma confusão que outros já fizeram: confunde Portugal com União Europeia. Fala como se o que está em jogo é a integração de Cabo verde em Portugal e não na Europa da União. É por isso que ele trouxe à baila a história das «adjacências» num exercício sem nexo e destituído de qualquer razão de ser nesta altura.
Eu não desconheço, e até já o escrevi, que há xenofobia e racismo em Portugal. Isto é um dado adquirido. Mas também há xenofobia e racismo na China, nos Estados Unidos, na Holanda, no resto do mundo.
Vamos por isso isolarmo-nos ou vamos combater a xenofobia e o racismo com as únicas armas possíveis e necessárias? - a educação, a instrução, a cultura e a convivência e cooperação entre os povos.
O que se passa é que Germano tem o seu problema de sobrevivência resolvido (pelos vistos bem resolvido) em parte graças à sua colaboração com os xenófobos portugueses. Que lhe dão notoriedade fazendo-lhe entrevistas e deixando-se fotografar à mesa com ele; que lhe publicam e vendem alguns livros medíocres que tem escrito; que reproduzem (como fez o Expresso) as sua asneiras sobre a integração de Cabo Verde na União Europeia, etc., etc.
Germano aceita que ele próprio pode conviver e tirar proveito do convívio com os portugueses xenófobos. O que Germano não aceita é que os cabo-verdianos convivam com os portugueses e tirem proveito dessa convivência. Aqui Germano age como o outro: façam o que eu digo, não façam o que eu faço.
É ridículo que alguém (nesse caso Germano Almeida) ignore o relativamente vastíssimo número de emigrantes cabo-verdianos integrados nos países de acolhimento nos mais variados cantos do mundo e defenda a teoria absurda do isolamento de Cabo Verde em relação à União Europeia. Isto não tem pés nem cabeça. É uma parvoíce como outra qualquer. E até o "preto" (a palavra continua a ser de Germano) cabo-verdiano mais imbecil será capaz de ver isso e votar pela integração de Cabo verde na União Europeia caso venha a haver (e eu sou dos que defendem que deverá haver) um referendo em Cabo verde sobre essa possibilidade.
Para finalizar quero deixar aqui uma nota de humor e dizer a Germano Almeida o seguinte: ele sabe muito bem o que quer dizer a palavra "preto" em Cabo Verde (sabe mas finge esquecer que sabe). E sabe que o cabo-verdiano, qualquer que ele seja, não se considera "preto". E é engraçado que quem se considere "preto" seja precisamente Germano, ele próprio um "moreno pintado". Ele há cada coisa que às vezes até apetece mandar certas pessoas àquela parte.
Germano andou toda uma vida de estudante a gozar as delícias de viver em Portugal; continua a gozar as delícias de ser tratado em Portugal como se fosse um escritor de verdade; e dá-lhe agora (terá bebido alguma coisa?) para cuspir na sopa. Ou pior: para c.... à saída.
Germano nunca usou o argumento da xenofobia dos portugueses para recusar uma entrevista a um jornal português, editar e vender um livro em Portugal, dizer umas larachas numa mesa-redonda ou num colóquio em Portugal. É que sempre esteve "integrado" em Portugal. Mas o que ele não quer mesmo é que os outros cabo-verdianos se integrem também. Não somente em Portugal, como ele afinal está integrado, mas na Europa.
Francamente! não há pachorra para aturar esses «educadores do povo».
Editada às 9:52 AM do dia 16/04/2005 para acrescentar o seguinte:
Satisfazendo um pedido de Germano Almeida, esclareço os leitores que ASM são as inicias do meu nome (Agnelo do Sacramento Monteiro). Antigo guarda-redes do Club Sportivo Derby de S. Vicente.
domingo, 10 de abril de 2005
NINO VIEIRA NA GUINÉ
Vou apresentar-vos a seguir uma notícia por mim comentada, com os meus comentários em itálico e entre parêntesis rectos [ ].
Regresso de Nino Vieira à Guiné Bissau
Do correspondente em Bissau da Agência Noticiosa Lusa, José Sousa Dias.
Nino Vieira foi transportado para Bissau a bordo de um helicóptero das Forças Armadas da Guiné-Conacri sem previamente ter pedido autorização para entrar no espaço aéreo guineense; daí o facto de ter optado pelo estádio e não pelo aeroporto de Bissau.
[Isto demonstra que consideração os países vizinhos têm pelas autoridades da Guiné-Bissau – ou seja: Nenhuma! Aquilo é chegar, entrar e descarregar o passageiro; não há controlo do espaço aéreo, não há fronteira, não há autoridades fronteiriças, não há alfândega, não há nada. É terra de ninguém onde a lei é feita pela vontade de cada um.]
O ministro dos Transportes e Comunicações da Guiné-Bissau, Rui Araújo, explicou ontem que ninguém pode entrar no espaço aéreo nacional sem, 48 horas antes, ter entregue um plano de voo e um pedido de autorização para aterrar à Direcção-Geral da Aviação Civil. Rui Araújo acrescentou que Nino violou o espaço aéreo guineense, o que dá ao Governo a possibilidade de apreender o helicóptero que o transportou.
[Mas ao que se sabe não houve qualquer apreensão tendo o helicóptero regressado a Conacri e tendo Nino ido pacificamente para casa de um familiar sem ter mostrado, ao menos, qualquer documento de identificação a quem quer que fosse].
Numa reunião as chefias militares guineenses voltaram ontem a manifestar a sua subordinação ao Governo, disse o ministro da Defesa, Daniel Gomes, no final de um encontro dos responsáveis das Forças Armadas com o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.
[Que raio de País é este em que semana sim, semana não, as chefias militares têm que dizer se estão ou não subordinadas ao Governo? Sendo a Guiné um território governado (?) por um grupo de cidadãos sob tutela militar isto quer dizer que ainda os militares não estão suficientemente chateados para correr com os governantes (?) e pôr lá outros que mais lhes agradem.]
Gomes Júnior, também porta-voz do PAIGC [vejam só: o porta-voz de um partido político é também, ao mesmo tempo, Primeiro Ministro], garantiu aos jornalistas que a reunião tratou apenas de "questões da segurança geral do Estado". Recusando comentar o regresso de Nino Vieira, o ministro da Defesa afirmou que o Governo "não se preocupa" com essa questão porque "cada cidadão é responsável pelos seus actos". [E esqueceu de imediato a tal "violação do espaço aéreo"].
[Como podem ver é por esta e por outras que criticamos duramente o que se passa na Guiné-Bissau e dizemos que a (des)organização desse Estado é uma autêntica chacota. Foi também por isso que criticámos em tempo a visita do Presidente da República de Cabo Verde, Comandante Pedro Pires, àquele território. É que nenhuma autoridade máxima de qualquer País do mundo lá vai em visita oficial pois que os (ir)responáveis daquele território caíram em total descrédito internacional. - Não quero aqui lembrar que tudo isso se passa desde que correram com os cabo-verdianos da Guiné].
Regresso de Nino Vieira à Guiné Bissau
Do correspondente em Bissau da Agência Noticiosa Lusa, José Sousa Dias.
Nino Vieira foi transportado para Bissau a bordo de um helicóptero das Forças Armadas da Guiné-Conacri sem previamente ter pedido autorização para entrar no espaço aéreo guineense; daí o facto de ter optado pelo estádio e não pelo aeroporto de Bissau.
[Isto demonstra que consideração os países vizinhos têm pelas autoridades da Guiné-Bissau – ou seja: Nenhuma! Aquilo é chegar, entrar e descarregar o passageiro; não há controlo do espaço aéreo, não há fronteira, não há autoridades fronteiriças, não há alfândega, não há nada. É terra de ninguém onde a lei é feita pela vontade de cada um.]
O ministro dos Transportes e Comunicações da Guiné-Bissau, Rui Araújo, explicou ontem que ninguém pode entrar no espaço aéreo nacional sem, 48 horas antes, ter entregue um plano de voo e um pedido de autorização para aterrar à Direcção-Geral da Aviação Civil. Rui Araújo acrescentou que Nino violou o espaço aéreo guineense, o que dá ao Governo a possibilidade de apreender o helicóptero que o transportou.
[Mas ao que se sabe não houve qualquer apreensão tendo o helicóptero regressado a Conacri e tendo Nino ido pacificamente para casa de um familiar sem ter mostrado, ao menos, qualquer documento de identificação a quem quer que fosse].
Numa reunião as chefias militares guineenses voltaram ontem a manifestar a sua subordinação ao Governo, disse o ministro da Defesa, Daniel Gomes, no final de um encontro dos responsáveis das Forças Armadas com o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.
[Que raio de País é este em que semana sim, semana não, as chefias militares têm que dizer se estão ou não subordinadas ao Governo? Sendo a Guiné um território governado (?) por um grupo de cidadãos sob tutela militar isto quer dizer que ainda os militares não estão suficientemente chateados para correr com os governantes (?) e pôr lá outros que mais lhes agradem.]
Gomes Júnior, também porta-voz do PAIGC [vejam só: o porta-voz de um partido político é também, ao mesmo tempo, Primeiro Ministro], garantiu aos jornalistas que a reunião tratou apenas de "questões da segurança geral do Estado". Recusando comentar o regresso de Nino Vieira, o ministro da Defesa afirmou que o Governo "não se preocupa" com essa questão porque "cada cidadão é responsável pelos seus actos". [E esqueceu de imediato a tal "violação do espaço aéreo"].
[Como podem ver é por esta e por outras que criticamos duramente o que se passa na Guiné-Bissau e dizemos que a (des)organização desse Estado é uma autêntica chacota. Foi também por isso que criticámos em tempo a visita do Presidente da República de Cabo Verde, Comandante Pedro Pires, àquele território. É que nenhuma autoridade máxima de qualquer País do mundo lá vai em visita oficial pois que os (ir)responáveis daquele território caíram em total descrédito internacional. - Não quero aqui lembrar que tudo isso se passa desde que correram com os cabo-verdianos da Guiné].
sábado, 9 de abril de 2005
EURO CABO VERDE (4)
Há poucos dias, numa daquelas "sondagens" que às vezes fazemos a amigos e colegas, eu "provocava-os" dizendo-lhes: «então, já sabes, qualquer dia Cabo Verde será Europa». Invariavelmente desaprovavam a ideia negando qualquer identidade a Cabo Verde para tal merecimento. Confrontados com o facto de a Turquia se preparar para fazer parte da União Europeia, todos diziam mais ou menos isto: «mas a Turquia é Europa» (!); tendo mesmo alguém dito: «a Turquia está mesmo aqui ao lado(?) e está "pegada" a nós».
Avaliem isto como quiserem.
O meu contra-argumento foi quase sempre este: olha que a Turquia fica na Ásia e está um pouco longe, mas se o argumento é esse de «estar pegado» então a China também está pegada a Portugal. E por baixo do mar - tudo está pegado a tudo afinal.
É isto: os argumentos de rejeição expendidos por aqueles cidadãos assumiam um carácter disparatado e revelavam não assentar em qualquer conhecimento minimamente aproximado da realidade.
Tenho para mim, até, que aqueles argumentos não valem por si. Que não são genuínos e verdadeiros. E que não querem exprimir o que literalmente exprimem.
Penso que aqueles argumentos escondem um outro argumento - o verdadeiro argumento - que não convém revelar: o que se baseia na xenofobia e no racismo larvar ainda há pouco tempo denunciado por alguns estudos sérios já divulgados.
Sendo importante a opinião de qualquer cidadão sobre propostas deste tipo é preciso, por isso mesmo, deixar bem claro que o que se propõe é a adesão de Cabo Verde à Europa e não apenas a Portugal. É que este ponto é muito importante e deve ficar bem claro: não se propõe a Portugal que "aceite" Cabo Verde como ilhas adjacentes (uma espécie de uns Açores situados um pouco mais a sul). A proposta é dirigida à União Europeia e exprime o desejo de Cabo Verde, integrando a Macaronésia (o conjunto das ilhas atlânticas dos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde), contribuir para a consolidação desse espaço geoestratégico situado entre o bloco europeu e o bloco americano. É tão simples ou esquisito quanto isso.
Trata-se da proposição de um negócio político arriscado que pode beneficiar a Europa e Cabo Verde. Não se trata de um pedido de esmola ou da colocação de Cabo Verde em saldo.
Estou em crer que a adesão, a fazer-se num futuro ainda longe dos nossos dias, se fará mais por pragmatismo político, por geoestratégia de blocos político-militares, por interesses comerciais ou qualquer outro motivo ou razão de Estado do que por identidade cultural, por amizade, por passado histórico comum, ou qualquer coisa similar.
Cabo Verde, ao pretender aderir à Europa, terá bem presente que essa adesão será uma adesão de conveniência mútua: uma adesão que à Europa convirá na perspectiva da formação futura de um bloco político-económico-militar que se diferencie dos Estados Unidos; e que a Cabo Verde convirá na perspectiva do desenvolvimento industrial, social e humano que inevitavelmente lhe acontecerá.
É um assunto que os políticos da ambos os lados (Cabo Verde e União Europeia) saberão tratar com o pragmatismo habitual que se põe na abordagem dessas questões relegando para o baú das tralhas os maus humores, as xenofobias e os racismos vários dos povos.
E faço aqui um parêntesis para dizer que até hoje conheci apenas dois povos que na sua grande maioria não são xenófobos ou racistas. São eles: o povo brasileiro e o povo cabo-verdiano.
Mas arrumar o racismo e a xenofobia no baú das tralhas não significa esquecer que existem. É bom que esta realidade escondida seja sempre tida em conta quando lidamos uns com os outros, quando pedimos opinião, discutimos assuntos de algum melindre ou propomos reflexões sobre temas, como por exemplo o da integração de Cabo Verde na Europa, para, ao mesmo tempo que discutimos, podermos combatê-la e tentar eliminá-la pois é um cancro que rói os espíritos e os diminui significativamente.
Porque sabemos que os políticos de topo europeus dão lugar ao pragmatismo político e livram-se de preconceitos quando negoceiam;
porque sabemos que os verdadeiros intelectuais europeus ultrapassaram de há muito a fase da "superioridade ocidental" sobre os outros povos (e tem piada que Cabo Verde é ocidente e pertence ao hemisfério norte) e olham para o resto do mundo com natural espírito de equidade;
achamos que vale a pena levar avante este discussão, tentando envolver nela os políticos e os intelectuais de ambos os lados (Europa e Cabo Verde) pois só com os contributos destes dois mundos será possível fazer ver a todos o interesse mútuo da adesão de Cabo Verde à União Europeia.
Avaliem isto como quiserem.
O meu contra-argumento foi quase sempre este: olha que a Turquia fica na Ásia e está um pouco longe, mas se o argumento é esse de «estar pegado» então a China também está pegada a Portugal. E por baixo do mar - tudo está pegado a tudo afinal.
É isto: os argumentos de rejeição expendidos por aqueles cidadãos assumiam um carácter disparatado e revelavam não assentar em qualquer conhecimento minimamente aproximado da realidade.
Tenho para mim, até, que aqueles argumentos não valem por si. Que não são genuínos e verdadeiros. E que não querem exprimir o que literalmente exprimem.
Penso que aqueles argumentos escondem um outro argumento - o verdadeiro argumento - que não convém revelar: o que se baseia na xenofobia e no racismo larvar ainda há pouco tempo denunciado por alguns estudos sérios já divulgados.
Sendo importante a opinião de qualquer cidadão sobre propostas deste tipo é preciso, por isso mesmo, deixar bem claro que o que se propõe é a adesão de Cabo Verde à Europa e não apenas a Portugal. É que este ponto é muito importante e deve ficar bem claro: não se propõe a Portugal que "aceite" Cabo Verde como ilhas adjacentes (uma espécie de uns Açores situados um pouco mais a sul). A proposta é dirigida à União Europeia e exprime o desejo de Cabo Verde, integrando a Macaronésia (o conjunto das ilhas atlânticas dos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde), contribuir para a consolidação desse espaço geoestratégico situado entre o bloco europeu e o bloco americano. É tão simples ou esquisito quanto isso.
Trata-se da proposição de um negócio político arriscado que pode beneficiar a Europa e Cabo Verde. Não se trata de um pedido de esmola ou da colocação de Cabo Verde em saldo.
Estou em crer que a adesão, a fazer-se num futuro ainda longe dos nossos dias, se fará mais por pragmatismo político, por geoestratégia de blocos político-militares, por interesses comerciais ou qualquer outro motivo ou razão de Estado do que por identidade cultural, por amizade, por passado histórico comum, ou qualquer coisa similar.
Cabo Verde, ao pretender aderir à Europa, terá bem presente que essa adesão será uma adesão de conveniência mútua: uma adesão que à Europa convirá na perspectiva da formação futura de um bloco político-económico-militar que se diferencie dos Estados Unidos; e que a Cabo Verde convirá na perspectiva do desenvolvimento industrial, social e humano que inevitavelmente lhe acontecerá.
É um assunto que os políticos da ambos os lados (Cabo Verde e União Europeia) saberão tratar com o pragmatismo habitual que se põe na abordagem dessas questões relegando para o baú das tralhas os maus humores, as xenofobias e os racismos vários dos povos.
E faço aqui um parêntesis para dizer que até hoje conheci apenas dois povos que na sua grande maioria não são xenófobos ou racistas. São eles: o povo brasileiro e o povo cabo-verdiano.
Mas arrumar o racismo e a xenofobia no baú das tralhas não significa esquecer que existem. É bom que esta realidade escondida seja sempre tida em conta quando lidamos uns com os outros, quando pedimos opinião, discutimos assuntos de algum melindre ou propomos reflexões sobre temas, como por exemplo o da integração de Cabo Verde na Europa, para, ao mesmo tempo que discutimos, podermos combatê-la e tentar eliminá-la pois é um cancro que rói os espíritos e os diminui significativamente.
Porque sabemos que os políticos de topo europeus dão lugar ao pragmatismo político e livram-se de preconceitos quando negoceiam;
porque sabemos que os verdadeiros intelectuais europeus ultrapassaram de há muito a fase da "superioridade ocidental" sobre os outros povos (e tem piada que Cabo Verde é ocidente e pertence ao hemisfério norte) e olham para o resto do mundo com natural espírito de equidade;
achamos que vale a pena levar avante este discussão, tentando envolver nela os políticos e os intelectuais de ambos os lados (Europa e Cabo Verde) pois só com os contributos destes dois mundos será possível fazer ver a todos o interesse mútuo da adesão de Cabo Verde à União Europeia.
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