domingo, 10 de abril de 2005

NINO VIEIRA NA GUINÉ

Vou apresentar-vos a seguir uma notícia por mim comentada, com os meus comentários em itálico e entre parêntesis rectos [ ].

Regresso de Nino Vieira à Guiné Bissau

Do correspondente em Bissau da Agência Noticiosa Lusa, José Sousa Dias.

Nino Vieira foi transportado para Bissau a bordo de um helicóptero das Forças Armadas da Guiné-Conacri sem previamente ter pedido autorização para entrar no espaço aéreo guineense; daí o facto de ter optado pelo estádio e não pelo aeroporto de Bissau.

[Isto demonstra que consideração os países vizinhos têm pelas autoridades da Guiné-Bissau – ou seja: Nenhuma! Aquilo é chegar, entrar e descarregar o passageiro; não há controlo do espaço aéreo, não há fronteira, não há autoridades fronteiriças, não há alfândega, não há nada. É terra de ninguém onde a lei é feita pela vontade de cada um.]

O ministro dos Transportes e Comunicações da Guiné-Bissau, Rui Araújo, explicou ontem que ninguém pode entrar no espaço aéreo nacional sem, 48 horas antes, ter entregue um plano de voo e um pedido de autorização para aterrar à Direcção-Geral da Aviação Civil. Rui Araújo acrescentou que Nino violou o espaço aéreo guineense, o que dá ao Governo a possibilidade de apreender o helicóptero que o transportou.

[Mas ao que se sabe não houve qualquer apreensão tendo o helicóptero regressado a Conacri e tendo Nino ido pacificamente para casa de um familiar sem ter mostrado, ao menos, qualquer documento de identificação a quem quer que fosse].

Numa reunião as chefias militares guineenses voltaram ontem a manifestar a sua subordinação ao Governo, disse o ministro da Defesa, Daniel Gomes, no final de um encontro dos responsáveis das Forças Armadas com o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.

[Que raio de País é este em que semana sim, semana não, as chefias militares têm que dizer se estão ou não subordinadas ao Governo? Sendo a Guiné um território governado (?) por um grupo de cidadãos sob tutela militar isto quer dizer que ainda os militares não estão suficientemente chateados para correr com os governantes (?) e pôr lá outros que mais lhes agradem.]

Gomes Júnior, também porta-voz do PAIGC [vejam só: o porta-voz de um partido político é também, ao mesmo tempo, Primeiro Ministro], garantiu aos jornalistas que a reunião tratou apenas de "questões da segurança geral do Estado". Recusando comentar o regresso de Nino Vieira, o ministro da Defesa afirmou que o Governo "não se preocupa" com essa questão porque "cada cidadão é responsável pelos seus actos". [E esqueceu de imediato a tal "violação do espaço aéreo"].

[Como podem ver é por esta e por outras que criticamos duramente o que se passa na Guiné-Bissau e dizemos que a (des)organização desse Estado é uma autêntica chacota. Foi também por isso que criticámos em tempo a visita do Presidente da República de Cabo Verde, Comandante Pedro Pires, àquele território. É que nenhuma autoridade máxima de qualquer País do mundo lá vai em visita oficial pois que os (ir)responáveis daquele território caíram em total descrédito internacional. - Não quero aqui lembrar que tudo isso se passa desde que correram com os cabo-verdianos da Guiné].