quinta-feira, 28 de abril de 2005

PACIÊNCIA

Pedro Pires passou ontem por Lisboa onde foi instado a falar sobre a proposta de integração de Cabo Verde na União Europeia. E falou. Mas não falou. Porque não disse qual era a sua posição sobre essa proposta.

E o importante era saber isso e não outra coisa.

Interrogado sobre a questão, a única coisa que conseguiu fazer foi dar uma notícia: a de que o Governo de Cabo Verde está a negociar uma parceria especial com a União Europeia, na senda, aliás, – acrescentamos nós – de outras parcerias já negociadas com o Governo português e com grupos empresariais portugueses. Sem que isso signifique mais nada senão negócios, pois, segundo o jornal Voz di Povo o Presidente terá dito que Cabo Verde «está a trabalhar para "estabelecer com a UE uma parceria especial que permita ao país financiar o seu desenvolvimento».

À Pergunta concreta sobre a proposta de integração, acreditando no que escreve o mesmo jornal, Pires terá considerado essa proposta um elogio para o seu país, mas observou que «até lá muita água vai passar por baixo da ponte».

Isso todos nós estamos mais que fartos de saber: a proposta de Adriano Moreira, como, aliás, escrevemos mais abaixo, em 12 de Fevereiro de 2005, constitui «um tema de grandíssima importância e bastante melindre - tema para mais que uma geração discutir, interiorizar, promover, decidir, negociar e concretizar - cabe, sem a mais pequena dúvida, ao Presidente da República falar à nação e marcar a agenda da sua discussão pública.»

O que seria necessário, portanto, era que Pedro Pires tivesse alguma coisa a ver com essa "água". Mas ao que parece quer apenas vê-la passar debaixo da "ponte". É, sem dúvida, uma posição cómoda que não esperávamos dele.

Paciência!...

Nota: Tínhamos já dito que não voltaríamos a falar de Pedro Pires quanto a esta questão. Mas não podíamos deixar de quebrar essa promessa quando constatámos que a sua posição, para já, não é nenhuma.