terça-feira, 17 de maio de 2005

CRIOULO LÍNGUA OFICIAL

De Macau, um amigo e colega (não sei se gostaria que eu pusesse aqui o seu nome) mandou-me um email dizendo-me que algumas pessoas lhe pediram que me dissesse que gostariam de saber a minha opinião sobre a problemática da “oficialização do Crioulo” em Cabo Verde.

Da resposta que lhe dei respigo esta parte que com uma pequena nuance que lhe introduzi creio responder de alguma forma aos que gostariam de me ler sobre o assunto em causa:

«Sobre a oficialização do Crioulo eu só poderia emitir uma opinião muito leiga cujo importância seria ridícula: a de que vejo imensas dificuldades na escolha da variante do Crioulo que se oficializaria (o de Santiago – creio que tem mais hipóteses – ou o de Santo Antão, do Fogo, da Brava, etc.?). Penso que é um assunto demasiado complexo, e fundamentalmente destinado aos linguistas, para me meter nele sem sair totalmente chamuscado e reduzido a uma extrema insignificância. Nisso, e ao contrário de alguns conhecidos sabichões encartados da nossa praça a quem só falta opinar sobre medicina, astronáutica e mecânica quântica, penso conhecer as minhas limitações pelo que me abstenho de pronunciar. É que essa questão é muito mais técnica que política ou social. E eu só poderia opinar sobre estas duas últimas vertentes, o que, não sendo, contudo, pouco, é, no entanto, manifestamente insuficiente por passar ao lado do âmago dessa problemática – sendo que o que interessa mesmo é saber como oficializar um Crioulo que todos percebam em Cabo Verde e que todos possam saber ler e escrever sem lhes parecer uma coisa “estranha” face ao Crioulo que falam e que sempre souberam falar os seus ancestrais e ouvem hoje aos seus contemporâneos.

Não é coisa fácil.»