quarta-feira, 18 de maio de 2005

OFICIALIZAÇÃO DO CRIOULO

(Surge o primeiro problema: que fazer com a palavra "ranjo"?)

Não há ainda duas semanas, na tertúlia do Djica, que se reúne no pátio da casa que era "di nhô Lion di Custódia", o Manuel di Nininha contou, com nomes e tudo, o seguinte episódio verídico:

Um homem do Fogo foi a casa de uma senhora da Brava pedir-lhe a filha em casamento. Submetido pela senhora a um pequeno interrogatório destinado a apurar as suas condições económicas e algumas virtudes, a senhora pergunta-lhe:

- A lá nhô cu ranjo?

- N’ná cumó, n’têl própi más grandi qui di burro.

- Nhô poi ná rua. Ê cá êsse q’in praguntá nhô. Rua! Hómi di áje di nhô cá marêcê cásâ cu nhá fidja.

Nota: "ranjo", na Brava, significa teres e haveres domésticos (mobília sobretudo); no Fogo "ranjo" é o órgão sexual.

E cremos que em S. Vicente a palavra (que seria, talvez, "rónje") não existe. Ou existirá?

Cremos que não.