domingo, 15 de abril de 2012

(LIII) Alors que faire?


Prática de ACTUAÇÃO QUINQUAGÉSIMA TERCEIRA:


Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

            Uma Leitura pertinente da Vida na sua assunção de uma Entidade orgânica singular (...).

            NP :
(1)           Com efeito (et pour cause), é a natureza do Homem que é revoltante! Isto implica a indeterminação recíproca da Natureza e da Cultura, da Biologia e da Política. A revolta captura o carácter inefável do Homem. Ou seja: Uma dependência/inerência transcendente na imanência viva que assumimos em nós próprio.
(2)           O Homem é o vivo que reputa a sua finitude como uma condição de imanência (sempre), ameaçada pela sua própria propensão/pendor onto-genética para a revolta. A revolta congrega, de modo plástico a alteridade do vivo em relação à si próprio. Destarte, “produzindouma figura particular da temporalidade (ela) introduz uma infidelidade em relação às estruturas (aparentemente), estáveis da Existência.

(I)
            A Paleo-Antropologia contemporânea demonstra que toda sistematização definitiva da sua natureza é alheia ao Homo sapiens! Com efeito, não cessa de mudar, tomando inumeráveis formas de descontinuidades, no decurso das suas variações, no âmbito de um projeto aberto que o vincula (tecnicamente), ao Mundo. Trata-se de uma técnica que não delimita a essência, mas que condiciona (naturalmente), o  Ser no Mundo enquanto mundo da vida.

(II)
            Eis porque, na época Biotecnológica da Sociedade pós-Luzes, quando a diferença entre o orgânico e o não orgânico se esbate (objetivamente), é fácil compreender a condição (ontologicamente), revoltante do humano. Este último conhece um deslize perpétuo e tangível (fora de si), a hibridação que o distingue, não dizendo respeito (unicamente), à sua fisionomia histórica, mas (outrossim), à sua realidade natural. Outrossim é (realmente), a forma em que o Homem assume (historicamente), o seu fundo/húmus biológico de mutante, que é revoltante.


(III)
            Donde e daí e, já agora e, em outros termos: O dado biológico do Homem é um facto/evidência natural propício à uma mutação permanente. Demais, a própria vida exprime uma lógica da transformação condicionada pela conexão onto-genética que (ela) estabelece com o Mundo. É (por conseguinte), perfeitamente inútil, para aprofundar a conformação natural do vivo-Homem, conceber um elóquio sobre a vida suposta modelar a própria vida.

(IV)
            Eis porque (destarte), a Questão clássica da Bio-filosofia: “Como a vida pensa e dispõe do seu conceito?” se afigura (por essa razão), doravante privada de sentido, por motivos e razões óbvios. E, reiterando as ideias de fundo, na verdade, a vida é uma entidade orgânica singular, visto que, a sua extravagancia natural se opõe (concomitantemente), à toda definição biológica estabelecida, uma vez por todas e (por conseguinte), à toda reprodução social da sua caracterização biológica. Resulta disto, que de um ponto de vista onto-filo-genético, a vida é apenas o nome de um trabalho de autocrítica constante. Ou seja: A sua identidade se forja graças à tudo quanto o que, no interior e no exterior dela mesma, abala e enfraquece a identidade.

(V)
            Destarte, vale a pena ponderar o seguinte: Na verdade, chegaria à uma condição (morfologicamente), satisfatória/admissível, que o Homem não se reconciliaria (para tanto), com o Mundo!? A sua conexão ao tempo permanece (a) de um inadaptado, em contenda com Mundo e com outros inadaptados, por causa da sua inadaptação constitutiva, esforçando-se adoptar o meio pelo qual (ele) se encontra às suas próprias necessidades, permuta-lo, edificando (destarte), uma organização do saber (que responde) à esta tarefa (a ordenação do Mundo), salpicado de numerosas crises e que segue uma evolução linear. E, como o mostra a Genética do século XXI (ela) desposa muito mais um percurso tortuoso entre inumeráveis episódios (totalmente contingentes e ocasionais). Enfim, de consignar, que a sua posição no Mundo não sofre nenhuma “duplicidade”.

(VI)
            Com efeito (et pour cause), a Cultura Humana se nutre do húmus natural (que nós próprios somos), sem nenhum dualismo incondicionado entre o espírito e o corpo. Não há desenvolvimento cultural sem mutação biológica e (inversamente), não há mutação biológica sem desenvolvimento cultural. E, sob o signo desta úbere conexão, pode-se considerar por crucial a descoberta segundo a qual o cérebro do homo sapiens continuou de variar nos últimos anos.

(VII)
            Vale a pena (antes de mais), reafirmar que a especificidade do Humano reside no seu carácter heterogéneo. Ou seja: Ele se define por elos/vínculos constantes e incontroláveis com o mundo exterior. É esta condição (aliás), que acredita e confirma a ideia segundo a qual o Humano, sobre a base da sua independência onto-genética, se assume como a própria causa da sua hominização. É (aliás), esta mesma ideia que destrói (para além) de toda outra consideração, o valor biomédico do genoma humano na captura/aquisição da informação integral do nosso ADN, pois que (efetivamente), só se conhece o objeto a conhecer quando já se modificou!

(VIII)
            De sublinhar (com ênfase), que (na verdade), a ordem orgânica do Homem não é imutável! Donde, não temos de nos haver (unicamente), com transformações culturais! A Natureza (ela própria), não cessa de mudar! Em consequência, o Homo sapiens se revela homo seditious no que (ele) se encontra apanhado e ocupado numa transmutação contínua do seu próprio estar no Mundo. Em outros termos, estamos ocupados numa luta perene com nós próprios, que nos modifica sem solução de continuidade. Poder-se-ia desde então pensar: que o núcleo capital da nossa existência se conserva numa experiência-limite da nossa finitude ontológica. Ou seja: No exercício da revolta! E, para ser mais claro: A revolta deve ser considerada como uma contingência fundamental, como o próprio facto de estar no Mundo!

Lisboa, 15 Abril 2012
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo)