Prática
de ACTUAÇÃO QUINQUAGÉSIMA TERCEIRA:
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895)
Uma Leitura pertinente da Vida na sua assunção de uma Entidade orgânica singular (...).
NP :
(1)
Com efeito (et pour cause), é a natureza do Homem que é revoltante! Isto
implica a indeterminação recíproca da Natureza e da Cultura, da Biologia
e da Política. A revolta captura o carácter inefável do Homem.
Ou seja: Uma dependência/inerência transcendente na imanência viva que assumimos
em nós próprio.
(2)
O Homem é o vivo que reputa a sua finitude
como uma condição de imanência (sempre),
ameaçada
pela sua própria propensão/pendor onto-genética para a revolta. A revolta
congrega, de modo plástico a alteridade do vivo em relação à si próprio.
Destarte, “produzindo” uma figura particular da temporalidade (ela)
introduz
uma infidelidade em relação às estruturas (aparentemente), estáveis da Existência.
(I)
A Paleo-Antropologia contemporânea demonstra que toda sistematização definitiva da sua natureza é alheia ao Homo sapiens!
Com efeito, não cessa de mudar, tomando
inumeráveis formas de descontinuidades, no decurso das suas variações, no âmbito de um projeto aberto que o vincula (tecnicamente), ao Mundo. Trata-se de uma técnica
que não delimita a essência, mas que condiciona (naturalmente), o Ser
no Mundo enquanto mundo da vida.
(II)
Eis porque, na época Biotecnológica da
Sociedade pós-Luzes, quando a diferença entre o orgânico e o não
orgânico se esbate (objetivamente), é fácil compreender a condição (ontologicamente),
revoltante
do humano. Este último conhece um deslize
perpétuo e tangível (fora de si),
a hibridação que o distingue, não
dizendo respeito (unicamente), à sua fisionomia
histórica, mas (outrossim), à
sua realidade
natural. Outrossim é (realmente),
a forma em que o Homem assume (historicamente),
o seu fundo/húmus biológico de mutante, que é revoltante.
(III)
Donde e daí e, já agora e, em outros
termos: O dado biológico do Homem é um facto/evidência natural propício à uma
mutação permanente. Demais, a própria vida exprime uma lógica da
transformação condicionada pela conexão onto-genética que (ela)
estabelece com o Mundo. É (por conseguinte),
perfeitamente inútil, para aprofundar a conformação natural do vivo-Homem, conceber um elóquio sobre a vida suposta modelar a própria vida.
(IV)
Eis porque (destarte), a Questão clássica da Bio-filosofia:
“Como a vida pensa e dispõe do seu conceito?” se afigura (por essa razão), doravante
privada de sentido, por motivos e razões óbvios. E, reiterando as ideias de
fundo, na verdade, a vida é uma entidade orgânica singular, visto que, a sua extravagancia
natural se opõe (concomitantemente), à toda definição
biológica estabelecida, uma
vez por todas e (por conseguinte), à
toda reprodução
social da sua caracterização biológica. Resulta disto, que de um ponto
de vista onto-filo-genético, a vida é apenas o nome de um trabalho
de autocrítica constante. Ou seja: A sua identidade se forja graças à tudo
quanto o que, no interior e no exterior dela mesma,
abala
e enfraquece a identidade.
(V)
Destarte, vale a pena ponderar o
seguinte: Na verdade, chegaria à uma condição (morfologicamente), satisfatória/admissível,
que o Homem não se reconciliaria (para
tanto), com o Mundo!? A sua conexão ao tempo permanece (a)
de um inadaptado, em contenda com Mundo e com outros inadaptados, por causa da sua inadaptação
constitutiva, esforçando-se adoptar o meio pelo qual (ele) se encontra às suas
próprias necessidades, permuta-lo, edificando (destarte), uma organização do saber (que responde) à esta tarefa
(a ordenação do Mundo), salpicado de numerosas crises e que segue
uma evolução linear. E, como o
mostra a Genética do século XXI (ela) desposa muito mais um percurso
tortuoso entre inumeráveis episódios
(totalmente contingentes e
ocasionais). Enfim, de consignar, que a sua posição no Mundo não sofre
nenhuma “duplicidade”.
(VI)
Com efeito (et pour cause), a Cultura Humana se nutre do húmus natural (que nós próprios somos), sem nenhum dualismo
incondicionado entre o espírito e o corpo. Não há desenvolvimento
cultural sem mutação biológica e (inversamente), não há mutação biológica sem desenvolvimento cultural. E, sob o signo
desta úbere conexão, pode-se considerar
por crucial a descoberta segundo a
qual o cérebro do homo sapiens continuou
de variar nos últimos anos.
(VII)
Vale a pena (antes de mais), reafirmar que a especificidade do Humano reside
no seu carácter heterogéneo. Ou
seja: Ele se define por elos/vínculos constantes e incontroláveis com o mundo
exterior. É esta condição (aliás), que acredita e confirma a ideia segundo a qual o Humano,
sobre a base da sua independência onto-genética, se assume como a própria
causa da sua hominização. É (aliás),
esta mesma ideia que destrói (para além) de toda outra consideração, o
valor
biomédico do genoma humano na
captura/aquisição da informação integral
do nosso ADN, pois que (efetivamente),
só
se conhece o objeto a conhecer quando já se modificou!
(VIII)
De sublinhar (com ênfase), que (na verdade),
a ordem
orgânica do Homem não é imutável! Donde, não temos de nos haver (unicamente),
com transformações culturais! A Natureza
(ela própria), não cessa de
mudar! Em consequência, o Homo sapiens se revela homo seditious no que (ele) se encontra apanhado e ocupado numa transmutação contínua do seu próprio estar no Mundo. Em outros
termos, estamos ocupados numa luta perene com nós próprios, que nos modifica sem solução de continuidade.
Poder-se-ia desde então pensar: que o núcleo capital da nossa existência se
conserva numa experiência-limite da nossa finitude ontológica. Ou seja:
No
exercício da revolta! E, para ser mais claro: A revolta deve ser considerada
como uma contingência fundamental, como o próprio facto de estar no Mundo!
Lisboa, 15 Abril 2012
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista
--- Cidadão
do Mundo)