Prática
de ACTUAÇÃO QUINQUAGÉSIMA SÉTIMA:
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895)
NP:
A revolta incondicionada (sem sujeito, sem voz
e
sem rosto),
constitui
o inadmissível da
Reflexão política
e o impensado da Filosofia
Contemporânea (...)
“Sim (efetivamente), encarnamos a desgraça
teórica
e
humana deste tempo! Um tempo que não está
disposto
em mudar a Justiça do tempo. Donde, de
questionar
(avisada e assertivamente), como
é que uma
revolução
política seria efetivamente possível sem
um
sujeito que se reconhecesse (ele
mesmo), como
o
próprio a mudar o Mundo?”
KWAME KONDÉ (2012).
(1)
Com efeito (et pour cause), a antífona/estribilho dos intelectuais sobre o fim do sujeito político no discurso público cessa de se fazer
entender/ouvir (assim que), um movimento
(morfologicamente) genérico
surja na idade do desmoronamento estrutural da política
clássica. Eis que principia (então),
a procura/busca
febril de uma identidade, a fim de desentocar/desemboscar
um sujeito capaz de fazer valer o
que (ele) pretende, de modo
consciente e responsável.
(2)
Nos outros casos (todavia), se (o) que atua/age não fala, se (ele) nega a própria validade de todo enunciado
político, o poder declara a guerra:
Tem-se
desde então de se haver com o vácuo e o vazio!
(3)
É como se a estupidez da separação entre a teoria
e a práxis não tivesse sido bastante sublinhada e como se, quando se cai na realidade e que se abandona o espaço etéreo da especulação, um sujeito unitário devia a despeito disso persistir, na medida em
que a lógica (politicamente
pacificada), dos interesses económicos (em
conflito), torna inconcebível a possibilidade de um evento, no espaço e no tempo, como (o) de uma revolta
contra toda condição revoltante.
(4)
Eis porque, no âmbito da dinâmica, acima expendida
(aliás), para bem refletir nisso, o desprezo
filosófico e político para a revolta, reitera uma vetusta e prístina ideia!
Ou seja: A revolta só se torna tolerável à partir do instante em que (ela)
é
orientada para uma mudança da Sociedade projetada para o futuro e centrada na
dialéctica do princípio do poder.
(5)
Todavia, a revolta não possui menos a
capacidade de dilacerar o interdito como a fere quando um acréscimo de real o
impõe no Mundo!
(6)
Se for preciso aceitar a ideia do conceituado filósofo
alemão, FRIEDRICH NIETZCHE (1844-1900), no atinente à inconsistência filosófica do sujeito, é necessário (outrossim), deduzir disso o fim
de todo princípio da política moderna para o discurso político.
Em contrapartida, desde então, que uma figura nova se impõe na cena do Mundo e
promete “mudar as coisas” em nome de uma identidade, pudemos estar seguros
que temos à haver com um organismo que se limitará, quer a administrar
o que existe, quer a forjar um projeto criminoso, quando se não
for ambos, simultaneamente!
(7)
Donde (et
pour cause), se (presentemente),
se invoca o nascimento de uma identidade política para remeter o Mundo nas suas
bases (Quais?), isto significa
que se está longe de uma política que
está ao nível do seu objetivo/desígnio/fim, e que se ambicionaria menos em produzir uma mudança na “arte de
governar”, que em transfigurar o “estado
da existência”, decompondo, em nome de uma “crítica de todo o existente”, o estatuto
teológico da política moderna (que
sobrevive), tal um fantasma, à sua morte!
(8)
Sem sombra de dúvida (atualmente), leia-se (obviamente,
nos dias de hoje), uma subjetividade
política plural só pode ser e constituir evento: Ou seja: Um enxame
de singularidades ostentadas num evento inopinado/imprevisto. E, em
outros termos: A única subjetividade possível é (a), que destrói a sua própria dimensão subjetiva!
Estamos, a falar, no caso concreto dos migrantes que se rebelam (por toda a
parte), no Mundo contra a exploração
da sua clandestinidade. Trata-se (obviamente),
de um precipitado de singularidades que nada congrega (de forma
unitária) e que só um território permite reatar entre elas, na base de uma condição revoltante comum
(potencialmente), do mesmo modo, fazer existir
os inexistentes (de feito, para
todos os dos quais se pode mesmo ter a impressão que eles estão privados do
corpo, a revolta é a oportunidade de se
desembaraçar da sua invisibilidade). Enfim e (de modo), assertivo: Na revolta, o
indivíduo isolado rompe a lei da sua miserável rotina revoltante!
(9)
Pode-se pensar, que, mesmo, na ausência da revolução, “um
revolucionário é um revolucionário” (do
mesmo modo que um escritor permanece provavelmente um escritor quando ele não
escreve!). Em contrapartida, o “revoltado só é um revoltado no tempo da
revolta”. Senão, ele se encontra
debandado/destroçado na obscuridade/treva/olvido do é!... De feito, o revoltado não existe antes do evento que (ele)
desencadeia.
Não
existe insurrecto/revoltado sem revolta! Na verdade, conquanto, o ser-revoltante
concentre nele uma consistência ontológica do Humano, esta vocação/propensão, que partilha não importa qual forma de vida, não
acede (forçosamente), à uma revelação
mundana. Trata-se antes (muito
pelo contrário) de um gesto envolto num nevoeiro da história.
Não existe (por conseguinte), determinismo
ontológico entre o ser-revoltante e a REVOLTA!
(10)
E, para terminar e, em jeito de Remate consequente,
se nos afigura oportuno, avançar as seguintes pertinentes considerações:
a.
O instante da revolta determina a
autorrealização imprevista da singularidade enquanto (ela) pertence à uma colectividade
política (para além da) política
concebida nos termos de uma constituição jurídica das relações Humanas.
b.
O revoltado aniquila todo formalismo do
sujeito e,
eis
porque (ele) só existe na práxis da ação concreta.
c.
Demais, do
mesmo modo, a especulação acerca do ser-revoltante só é possível se a revolta se
realize.
d.
O tipo de elo/vínculo que existe entre si é
da mesma natureza que (o) que prenderia a atenção do filósofo
francês, Michel FOUCAULT (1926-1984) à propósito da Filosofia e da Política.
Ou seja: A Filosofia não revela a verdade da Política (ela)
verifica
na Política a validade da sua atitude!
e.
Enfim e, em suma: É quando o pensamento
que (a) pensa, separa disso o conceito e é quando (ela)
se precipitou na experiência da revolta e
que a verdade (que for necessária é dissimulada no Mundo), é que a verdade do ser-revoltante se
revela. A revolta extrai de si mesma a sua verdade! Ela precede todo saber que a diz respeito,
obviamente!
Lisboa, 23 Abril 2012
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista
--- Cidadão
do Mundo).