domingo, 28 de fevereiro de 2010

SIMPLESMENTE PORNOGRÁFICO

SPORTING 3 PORTO 0

A fábrica de melões de Alvalade resolveu expedir hoje
mais seis milhões de melões aos destinatários habituais.
Mas agora todos os melões vão
Assim:

Pornograficamente abertos.

E viva o Sporting!
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JORNALISMO COMPARADO

Ontem o Chelsea perdeu em casa por 2 a 4 com o Manchester City. Um jornalista inglês escreveu esta crónica no tablóide The Sun.

Como se pode constatar o jornalista limita-se a descrever o que viu acontecer ante si. Por uma única vez sequer faz juízos de valor sobre os intervenientes no espectáculo: não especula, por exemplo (como aposto se faria por cá até à exaustão), com o facto de na baliza do Chelsea ter estado Hilário e não Petra Cech; sobre a arbitragem nada sabemos senão indirectamente quando refere ter havido duas expulsões de jogadores do Chelsea (mas não questiona a justiça ou não dessas expulsões e sequer diz porque as houve); pois não foi para lá julgar o árbitro e não era isso que interessava, mas sim aquilo a que Gabriel Alves chama «as incidências do jogo». O nome do árbitro só é referido uma vez, no fim da crónica, na ficha do jogo.


É toda uma outra forma de fazer jornalismo de modo a trazer ao leitor o espectáculo desportivo e não as questiúnculas que dele se pode retirar com o espírito julgador do (por exemplo) “jornalista” português que passa a vida e procurar os “culpados” disto e daquilo.


Enfim, uma lição que ninguém vai aprender. Depois do Sporting Porto de hoje, tentem seguir os ditos e os escritos dos chamados “jornalistas desportivos” e vão ver o que se discutirá e se dirá do jogo. É bem capaz de ser transformado num novo “caso Casa Pia”.

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ELOCUBRAÇÃO TRIGÉSIMA QUINTA:

“Ser culto es el único modo de ser libre”.
José MARTÍ (1853-1895)

(1) A Sexualidade é sinónimo de capacidade (leia-se, outrossim, competência) para sair da solidão e entrar em relação com o outro.
(2) A Sexualidade, se for bem orientada, não fica, ipso facto, ao mero nível do instinto. As qualidades jamais interessam por si mesmas, sim, efectivamente, como qualidades da Pessoa. O Amor integra em si e espiritualiza a atracção e a satisfação sexual.
(3) “O amor é a vocação fundamental e natural de todos os seres humanos”. Aliás, efectivamente, o “homem não pode viver sem amor. Continua a ser para si, um ser incompreensível e a sua vida não terá sentido, se não encontrar o amor, se não o experimentar e não fizer seu, se não participar nele vivamente”.
(4) E, rematando assertivamente: A Pessoa existe como homem e como mulher, para que cada um saia da sua solidão e entre, num diálogo de amor pleno e efectivo. De feito, além do mero facto biológico, a sexualidade é capacidade (competência) de relação espiritual e corporal. Exige, ipso facto, que seja vivida como sinal e parte de um Dom total recíproco.

(A)
Se determos apenas no seu aspecto meramente sexual, a Poligamia teria tido, entre os homens, numerosos defensores em todas as sociedades humanas. Demais, não é porque o casal, na sua concepção burguesa e cristã, se impôs em muitas sociedades humanas que os homens o preferem necessariamente. Parece antes irrealista e frustrante que o compromisso assumido ante o “notário” e a Igreja para o melhor e para o pior não impedirá o homem, nem a mulher desejar amar uma outra pessoa. Mesmo casado, não se deixa de permanecer sensível à beleza de um rosto de mulher, de um sorriso, ante uma juventude plena de porvir, uma inteligência que se desprende de um corpo de sonho. E, numa eloquente asserção: se pode apaixonar ou desejar… É humano, evidentemente!
(B)
De feito e, na verdade, a fidelidade que se promete aquando do acto do enlace matrimonial não é, por conseguinte, evidente. Só se respeita este voto, durante, demasiado tempo, caso se tenha a vontade de lutar contra os novos sentimentos e desejos “ilícitos”. Todavia, na realidade, muitos homens casados lutam contra eles próprios? Não procuram, antes as oportunidades e ensejos respectivos de ver e contemplar outra coisa que aquilo de que estão habituados no seu próprio Lar?
Donde e daí, se impõe reflectir sobre as seguintes questões:
a) Não estamos ante um sonho que o Islão permite, presentemente a alguns homens realizar legalmente?
b) Não estamos, outrossim, perante este sonho que certas e determinadas culturas permitem aos homens realizar?
Com efeito, de consignar, que, mesmo nos Estados Unidos puritanos, aproximadamente cem mil homens encontram em UTAH, a possibilidade de serem polígamos, sustentar haréns em nome da religião. São mórmones fundamentalistas. A Igreja mórmones fundamentalista os coage a desposar, pelo menos, três (3) mulheres, a imagem do Deus que veneram. Muitos de entre eles, aliás, possuem até treze (13), e até, por vezes mais… Possuem muitos filhos, porque os mórmones fundamentalistas devem ter muitos filhos. Entre os mórmones dos Estados Unidos da América do Norte (brancos, na sua maioria), só os polígamos irão para o Paraíso.
Enfim e, em suma: Que a poligamia seja o caminho do Paraíso ou não, permite-lhes realizar o sonho de muitos homens: Possuir todas as mulheres possíveis!
Sim, efectivamente, (ser ir) até admitir que o homem sonha possuir todas as mulheres, pode-se reconhecer que muitos homens sentem-se tentados em cometer o adultério ou, aliás, o cometem regularmente. Demais, a sua legitimação social, cultural, económica e religiosa, a Poligamia corresponder-se-ia aos seus desejos (os mais arcanos). Oferece-lhes, outrossim e, ainda, a possibilidade de desejar e amar outras mulheres, além da primeira esposa.

(C)
De feito et pour cause, a Poligamia oferece, não unicamente este privilégio, como outrossim, o de substituir as esposas idosas por mulheres mais jovens e sexualmente mais atraentes e sedutoras. Deste modo, o marido que substitui sem (as) repudiar, as suas “velhas esposas”, pode acontecer ser ele mesmo mais velho que a mais idosa das suas esposas. As sevícias corporais das maternidades repetidas desqualificam as primeiras esposas, no âmbito de uma salutar competição sexual. Sem se sentir coagido a se divorciar, o polígamo resolve este problema, colocando sal e pimenta no seu lar por intermédio de um novo casamento. Assim, qualquer que seja a sua idade, pode possuir esposas muito jovens, mais jovens que os seus próprios filhos ou netos. Se o Islão limita o número de esposas a quatro (4), a maioria das sociedades Africanas que praticam a poligamia, jamais fixaram um limite preciso. Donde, neste sentido, se pode desposar cem (100) mulheres caso seja Rei ou porque é bastante rico para as manter, pois que, deste modo, tem direito…

(D)
De feito, unicamente, pelos seus aspectos quantitativos, a Poligamia parece duplamente realista. Ou seja:
--- Garante ao homem uma variedade de escolha para o seu desenvolvimento sexual e lhe outorga o ensejo de exercer um “poder” sobre várias mulheres. Habitualmente, estas obedecem-lhe e o tratam como se tivesse sido o seu “senhor”, não economizando nenhum esforço para o tornar feliz.
--- Deste modo, sem as dificuldades económicas e todas as espécies de outros obstáculos, se reencontra à frente de um harém.
--- Na verdade, quem não estaria interessado numa tal felicidade?
--- Quem não estaria interessado no prazer de ser servido por várias mulheres que fazem, cada uma, tudo quanto possam para suscitar o desejo do homem?
Eis porque, muitos homens invejam, naturalmente as vantagens sexuais do polígamo.

(E)
O marido polígamo compartilha, em princípio, o leito com a mulher que se ocupou da cozinha.
Entre os KOTOKOLI do Togo, os turnos da cozinha principiam geralmente por um jantar. Donde, temos, por exemplo: A Senhora A começa o seu turno de cozinha, numa Segunda-feira (à noite). E, no caso de famílias em que o almoço se toma (em família), ela ocupará do almoço na Terça, depois do jantar da Terça e termina o seu turno de cozinha pelo almoço da Quarta-feira. Por sua vez, a Senhora B assumirá o revezamento pelo jantar da Quarta-feira.
E, no atinente, aos turnos do leito, a Senhora A assume os seus turnos (na noite da Segunda e da Terça, respectivamente), enquanto a Senhora B assumirá o revezamento no leito conjugal ou, então, receberá, no seu próprio quarto, o marido que cumpre os seus turnos. De anotar, que em todos os casos, regra geral, a mulher que preparou o jantar beneficiará, outrossim, da companhia do marido, salvo se determinadas condições, designadamente: Menstruação, enfermidade ou a existência de um bebé de tenra idade, a impedem, neste sentido.
De referir, todavia, que, em certos lares polígamos, as co-esposas não se coabitam. Cada uma vive, sozinha com os seus filhos. É o caso, por exemplo, do que acontece, no Senegal com algumas senegalesas. É, por conseguinte, o homem que vai a casa de cada uma das suas esposas ou as acolhe, no seu domicílio, cada uma na sua vez (ora uma, ora outra). E, partilha, com cada uma delas, em princípio, o mesmo número de dias.

Para finalizar, uma oportuna NOTA FINAL:
Com efeito, conquanto a Poligamia se afigure “legal” para os homens, seja ela oficial ou oficiosa, enquanto as mulheres não possuem o direito à poliandria, estas não se sentem forçosamente lesadas. Elas praticam, por vezes, uma poliandria de facto, elas se entregam ao MULTIPARTENARIADO sexual como se fossem homens. Elas se afastam, hodiernamente, cada vez mais e mais, das “morais” cristã e muçulmana que comprimem enormemente o campo de extensão legal da sexualidade: que só a aceita, no seio do casal.
Na verdade, estas “morais” em nome das quais as práticas sexuais relativamente livres foram combatidas estão, elas mesmas relativizadas em nome de novas formas de liberdade. No âmbito dos comportamentos sexuais dos homens e das mulheres, são estas liberdades que se exprimem em parte.
Enfim, o que é facto, mesmo quando os comportamentos femininos, presentemente se assemelham, na aparência, aos que se pôde observar no passado, mudaram, no entanto, de significação, obviamente.

Lisboa, 26 Fevereiro 2010
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).
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sábado, 27 de fevereiro de 2010

NEM DE PROPÓSITO

Até as pedras da calçada devem estar a perceber as razões deste fenómeno!...


Claro que é uma coisa boa para Portugal: são os médicos a ajudarem o governo a cortar na despesa com salários.



E certamente o Zé Povinho agradece muito que assim seja.


Mais palavras para quê?


BOM DIA.

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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

«TARDE PIASTE»

Desculpem a extensão da posta.

Não é que esteja a tratar a Senhora Ministra da Saúde com menos respeito; estou apenas a citar uma frase popular em reacção a esta notícia. Tenho o maior respeito pela Senhora Ministra pois sei (sei mesmo) que não a deixam (nunca a deixaram) fazer o que era e é preciso.

Desde há 6 anos que venho batendo na mesma tecla denunciando o "crime" que se vem cometendo, qual seja o de acabar com as carreiras médicas e fazer recurso a médicos tarefeiros para os hospitais públicos. Basta consultar os arquivos deste blogue para constatar isso.

Como sempre disse e mantenho ― e isto levou-me a ser considerado e apelidado de «mau feitio» por três administrações hospitalares sucessivas, que só não correram comigo porque não tinham como fazê-lo ―, a "política" do fim das carreiras médicas e do ataque aos médicos, foi deliberada e teve como finalidade (com sucesso) esvaziar os hospitais públicos dos médicos mais experientes e mais competentes, "obrigando-os" a passar para instituições hospitalares privadas. Disse isso várias vezes em reuniões de serviço, algumas vezes na presença de administradores hospitalares, e cheguei até a preveni-los que se mantivessem essa política transformariam muitos médicos em verdadeiros mercenários.

Julgue-me neste pormenor quem conhece o estado actual da contratação externa e do trabalho médico no sector público hospitalar, nomeadamente nas urgências.

Em seis anos apenas conseguiu-se, não só despovoar os hospitais públicos, como ainda transmitir (admito que não intencionalmente) aos mais novos a filosofia do valor supremo do dinheiro em detrimento do humanismo, do rigor, da responsabilidade e da dedicação aos doentes. Mandou-se a Causa Pública às malvas e glorificou-se o sucesso material e individual.

Tudo isso foi feito com a aceitação tácita de uma população anestesiada e invejosa que se exultava e exulta com cada ataque que se faz à classe médica. População que nunca percebeu e muito menos aceitou esta verdade simples: em última instância, com os ataques aos médicos, quem acaba por sofrer é o doente, é o Zé Povinho. O médico sair-se-á sempre bem; cada vez melhor, à medida que se corta os benefícios sociais ao Zé.

[Esta é só para para fazer espumar de raiva os zés-ninguém militantes anti-médicos: hoje em dia, apenas fazendo urgências, há médicos que chegam a ganhar por mês €22,000.00 (é isso mesmo: vinte e dois mil euros)].

Mas continuemos a historiar mais um bocadinho a desgraça a que assistimos. Numa reunião com a presença de administradores hospitalares, em que se pretendia que o pessoal médico de determinado Serviço desse o seu "contributo" para a resolução de problemas do mesmo, após eu ter acabado de dar a minha opinião, o presidente do conselho de administração comentou virando-se para mim: «Você a falar assim qualquer dia é Ministro».

Sempre quiseram encenações e yes-men; ao estilo, aliás, do actual e anterior governos socráticos (e também do de Barroso com Luís Filipe Pereira a ministro). Nunca aceitaram ou aceitam opiniões diversas (não é preciso ser contrária) à deles; é bola p'rá frente e fé em Deus.

E pelos vistos o modelo actual é o da Grécia: o que interessa são os números e as estatísticas, mesmo que seja tudo aldrabado (é o caso das listas de espera de consultas de certos Serviços ― pura mentira). Deixou-se de gastar (diminuiu-se até muitíssimo as despesas) em horas extraordinárias com os médicos; e no orçamento isso é lindo de se ler; mas tiveram que fazer aparecer nuns casos, e de aumentar noutros, a rubrica aquisição de serviços. Foi para esta coluna do orçamento (que hoje é cerca de cinco vezes maior que a das "horas extraordinárias") que se empurrou o lixo que não se queria ver e talvez não conviesse que Bruxelas visse, não se importando de com esta medida aumentar a despesa pois as horas extraordinárias eram muito mais baratas que o recurso aos tarefeiros.

Esta política aplicada por pessoas pouco competentes (os chamados boys) vai acabar muito mal.

Nessa altura penso já estar a colher café na Ilha do Fogo, em Cabo Verde. Onde, pelo menos por enquanto, não há construção em leitos de cheia (estou a falar da Ilha do Fogo).

Passar bem.
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SEM PERDÃO




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ÚLTIMA HORA

A fábrica de melões de Alvalade não tem mãos a medir. De ontem à noite até agora já expediu quatro dos seis milhões de melões a destinatários privilegiados do universo desportivo português.

Por sugestão minha só um dos melões não será expedido: o que iria para o Mário Évora, em Macau, pois este é um gentleman que só não é do Sporting porque foi “traído” pela família e amigos quando ainda era pequenino.

Um abraço, Mário.

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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

UM FURO NO PNEU

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REDES SOCIAIS

Não se contesta a utilidade das redes sociais. Que é muita. Mas elas também têm “utilidades” que nos podem chamuscar e torrar em dois tempos. Porque, por exemplo, estimulam directa e indirectamente os incautos a fornecer informação pessoal e íntima à rede.

Quer-se saber tudo de um indivíduo: “pedem” para mostrar as suas fotos, dos familiares e amigos; os seus endereços de email, o número de telefone e o local de trabalho; querem saber dos hábitos alimentares; quantos dentes furados; se costuma andar de cuecas rotas ou se não usa mesmo cuecas; se sofre ou não de hemorróidas; se tem alguma hérnia inguinal ou comichão nas partes, ou ainda lombrigas; se é homem e se tem ejaculação precoce ou se é mulher e atinge o orgasmo ou só finge que; etc., etc.

Às tantas o cidadão incauto apanha-se nu e sem qualquer segredo pessoal pois acabou por tornar público tudo o que lhe diz respeito. Fica sem “alma para o negócio” e com a sua alma pendurada em computadores alheios.

Não sei se pode haver um “eu” são (o que digo!) sem segredo; mas quer-me bem parecer que um “eu” forte, equilibrado ou não ― quer-se lá saber disso para o caso! ―, só na base de muitos segredos pessoais.

Na próxima incarnação serei psiquiatra e falarei com autoridade. Mas por ora, pelo sim pelo não, tenham cuidadinho com as informações que fornecem na Net.

Aconteceu-me "apagar" a minha página no facebook saindo de lá com a notícia de que "se quisesse reactivá-la no futuro era só entrar nela de novo com a mesma password"; fiz isso e lá reencontrei toda a informação que julgava apagada (mensagens, fotos, etc.). Tive que as apagar uma a uma antes de desactivar de novo a conta. E agora espero que a operação tenha tido sucesso; embora saiba que lá nos "armazéns" da Google fica tudinho arrumadinho para os inteligentes dos serviços de inteligência usarem se for caso disso.
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ELOCUBRAÇÃO TRIGÉSIMA QUARTA:

“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895)

Uma breve Nota acerca da Poligamia em África:

Antes de mais, um pertinente Ponto Prévio:
Antropologicamente, exprimindo, o vocábulo Poligamia designa o matrimónio de uma pessoa com várias. Teoricamente, este termo aplica-se ao facto de alguém desposar vários homens (Poliandria, extremamente rara) ou várias mulheres (Poliginia, vocábulo pouco usado).
A poligamia, neste sentido de poliginia, praticada pelos Hebreus dos tempos bíblicos, foi condenada pela Antiguidade greco-romana e ulteriormente pelos cristãos. De anotar, que uma seita protestante, os Mórmones, tentou repô-la em uso, no século XIX, porém, o Congresso norte-americano declarou a poligamia ilegal, no ano de 1862.
Admitida, actualmente, por um grande número de povos, a Poligamia não implica forçosamente a rivalidade das esposas. Muitas vezes aliás, é a mulher mais velha quem escolhe as outras companheiras do marido. E, com muita frequência, outrossim a dos filhos.
De consignar, que se denomina Polígamo o ou o homem casado ao mesmo tempo com mais de uma mulher.

(1) Com efeito, nas aldeias africanas é, em princípio, útil que o homem desposa, pelo menos, duas mulheres. Permitem ao homem ter um número importante de filhos, a despeito das condições difíceis de vida e as epidemias respectivas que explicam uma taxa de mortalidade infantil, assaz elevada. Estas crianças, em crescimento ou desde a tenra idade, constituem para as suas mães, uma “mão-de-obra” da qual depende a sobrevivência da família em sociedades, onde os meios de produção são ainda, em termos gerais bastantes rudimentares. Para as mulheres, conquanto a presença de uma co-esposa seja, frequentemente frustrante, a poligamia possui aspectos positivos que a justificam.

(2) Na verdade, quando são duas mulheres (ao menos) para o mesmo homem, cada uma das esposas, vê na sua co-esposa respectiva, uma colaboradora, uma espécie de ajuda para o conjunto dos trabalhos domésticos e campestres. Ela pode viajar, caso seja necessário. Pode, outrossim, repartir junto dos seus pais, por um longo lapso tempo, se isto se tornar útil. Ela sabe que haverá uma mulher para se ocupar do marido e de todas as crianças. Se estiver enferma, a sua co-esposa se ocupa dela, evidentemente.

(3) Quando ela dá a luz, pode amamentar o seu bebé até à idade de dois anos, até mais, sem ser coagida a ter relação sexual com o seu marido. Este aceita ou impõe tanto mais, facilmente, um longo período de abstinência sexual à mãe do bebé, pois que dispõe de uma outra (disponível). As condições de vida e de produção nas aldeias são, em geral, bastantes difíceis e a poligamia permanece aí uma solução para determinados problemas. Deste modo, muitas mulheres consideram as congéneres urbanas, que criticam este sistema, como autênticas transviadas, como as que nada compreenderam, obviamente. Aliás, não é, por acaso, que algumas esposas obrigam o seu marido a desposar uma segunda mulher. Elas lha escolhem, (elas próprias), por vezes, por razões óbvias.

(4) A Sociedade rural considera, outrossim a poligamia como uma prática normal, por que não, até mesmo, obrigatória. Eis porque, em determinadas circunstâncias, a situação de um homem monógamo não seja bem visto, pelo contrário. A sua família, pode até exercer pressão sobre ele para que despose, pelo menos, duas mulheres. Senão, se o considera, como um homem que a esposa dominou, ao ponto de o impedir de desposar uma segunda. Aliás, a poligamia e os “casamentos forçados” permitem às sociedades rurais de manter uma determinada ordem, oferecendo a todas as mulheres e a todos os homens a possibilidade de se casar. O celibato praticado aí é bastante escasso, para que não dizer mesmo nulo.

(5) De anotar, que quaisquer que sejam as taras físicas de uma mulher ou de um homem, encontrar-se-lhe um homem ou uma mulher. Mesmo, que exista mais mulheres em idade de se casar que homens adultos, cada uma delas terá um marido, pois que, um único homem pode desposar várias mulheres. De feito, permitindo à todas as mulheres a possibilidade de se casar, previne-se a decomposição do tecido social pela degenerescência dos costumes. Eis porque, se pode concluir que, na verdade, o desregramento sexual seria mais elevada nas cidades, por causa, outrossim do número elevado de mulheres assumindo o celibato.

(6) Se o Islão (sendo, este, grosso modo, religião e civilização dos muçulmanos, pregada pelo profeta MAOMÉ e edificada sobre o Alcorão), teve muito êxito em África é porque sobre este ponto, não se opôs as práticas locais. Outorgou-lhes, antes, pelo contrário um quadro novo, uma nova dimensão. Deste modo, se tornou corrente asseverar, presentemente, que quando se fala, em Africanos, significa dizer, que o Islão lhes permite possuir quatro mulheres cada um. De anotar, contudo, que todos os Africanos não são muçulmanos. Demais, mesmo se considerássemos o caso preciso dos muçulmanos, verificar-se-á, que as coisas não são sempre tão simples. De feito, na verdade, o Islão só autoriza a poligamia em determinadas condições, assaz difíceis de cumprir, na prática por um homem. O Alcorão proíbe, por exemplo, a poligamia, a todo homem, não podendo ser considerado “justo”, no respeitante as suas esposas. Na realidade e, na verdade, o Islão, que não se encontra, absolutamente, na origem da poligamia em África, teria antes limitado as possibilidades por causa das novas restrições que esta prática acarreta. Com efeito, é claramente afirmado no Alcorão o seguinte:
a. “Outorgai os vossos bens aos órfãos; não substituis o bom pelo mau.
b. “Não comeis os seus bens com os vossos; é um grande pecado, realmente!
c. “E, se receais não poder ser rigoroso com os órfãos, pois bem, aceitai esposas, por dois, por três, por quatro, entre as mulheres que vos agradam. Porém, se receeis não ser justo, então, uma única, ou as escravas que possuis.
d. “Outorgai as esposas o seu salário como de direito.

Enfim e, em suma: A prática da Poligamia nas Sociedades africanas que se referem actualmente ao Islão é, por conseguinte, por vezes, não conforme às regras desta religião. De feito, em determinados meios muçulmanos, há homens que desposam duas mulheres, pelo menos e se mostram a este respeito, abertamente injustos. Preferem uma e menosprezam a outra ou as outras. Alguns de entre eles, são muito pobres e sustentados pelas suas esposas, enquanto o Alcorão exige deles que, por seu turno, sustentem decentemente estas últimas.

Lisboa, 24 Fevereiro 2010
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).
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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

PURA PORNOGRAFIA EM SUMA

O Prof. António Hespanha, ontem no Prós & Prós, desalinhou e resumiu genialmente a questão em poucas palavras que cito de cor; mas que não andam longe disto:

Portugal é dominado por cerca de 1500 a 2000 pessoas que funcionam em circuito fechado ― passam da oposição para a situação, depois para o Governo de onde saltam para empresas públicas, para bancos, para empresas privadas ligadas ao Estado, para conselhos de administração de televisões e empresas de média, para a direcção de jornais, voltam de novo ao Governo, etc. ― sempre as mesmas pessoas em animado carrossel, que falam entre si e para si, e tratam fundamentalmente dos seus interesses, enquanto o resto dos habitantes de Portugal são a Gleba a quem tudo é retirado e nada tem.
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DA JUSTIÇA EM PORTUGAL

Alguém falou mal da Justiça?
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domingo, 21 de fevereiro de 2010

UM FÓSSIL

Na década de setenta, no Serviço de Propedêutica Cirúrgica do Hospital de Santa Maria, dirigido então pelo Prof. Cândido da Silva, o Filipe (um belíssimo cirurgião que perdeu a vida num acidente de viação) chamava-lhe «o fala-barato». Claro que de lá para cá evoluiu muito. Muitíssimo. Como hoje se ouve e se vê, aliás.

Na altura todo o mundo era seu «amigo». Hoje ainda mantém o tique ― só pode ser tique ― toda a gente continua a ser «o meu amigo» fulano, «o meu amigo» sicrano, e por aí fora... com nenhum “Darwinismo” de permeio.

Enfim... Pavonices provincianas!
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sábado, 20 de fevereiro de 2010

ESTRAGOU TUDO

É um excelente jornalista.
Que não resistiu à vaidade.
Por isso (mas não só por isso),
prefiro a Felícia Cabrita.
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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

IMPRESSIONANTE. REVELADOR.


Quantidade de CO2 emitido.
Nascimentos e falecimentos.
Em todo o mundo.
No momento.
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ISTO NÃO PÁRA

MAIS UMA NÓDOA. MAIS UMA DOR DE CABEÇA.


Hoje em dia tudo se descobre; tudo se sabe.

Começou o levantamento das identidades dosAbrantes”.


Será "calhandrice"?...

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domingo, 14 de fevereiro de 2010

TOLERÂNCIA / INTOLERÂNCIA

«Voltaire fundamenta a tolerância no facto de devermos desculpar uns aos outros as asneiras que fazemos. Há todavia uma tolice muito expandida, a da intolerância, que Voltaire, com razão, considera difícil de tolerar. De facto é aqui que a tolerância esbarra nos seus limites. Se reconhecermos à intolerância o direito de ser tolerada, acabamos por destruir quer a tolerância quer o estado de direito. Foi o destino da República de Weimar.» [Karl Popper - citando Voltaire]


(Popper diz o mesmo da arrogância).


Pena Portugal não ter governantes cultos... ou que ao menos lessem um pouco; um pouquinho todos os dias!...


BOM DIA.

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sábado, 13 de fevereiro de 2010

ESPELHO MEU

«O que o senhor primeiro-ministro prometeu aos portugueses foi fazer gelo quente, mas eu lamento senhor primeiro-ministro, gelo quente não existe
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POIS É


No dia 31 de Março de 1974, Marcelo Caetano foi aplaudido pelo estádio de Alvalade em peso. Fora lá "assistir" a um Sporting Benfica.

24 dias depois foi apeado do poder pelo "25 de Abril".

E sabe-se que o povo não gostou nada, pois não?!
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EL-REI D. CARLOS



Seja polvo, marisco ou tremoço, o que é preciso é mudar de prato; mesmo que depois seja fel. Vale bem correr este risco porque de outro modo se pode correr outro bem pior ― o de isto transformar-se, como dizia o rei D. Carlos, em: «Um país de bananas governado por sacanas».



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EU TAMBÉM!...

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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

EU APOIO O SR. INGINHÊRO

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OH SANTA PACIÊNCIA!...

SEMPRE O MESMO TRUQUE DE LINGUAGEM...


Repetido pela enésima vez.

Está bem, já ouvimos! «O governo não deu nenhuma instrução à PT para a aquisição da TVI».

OK!... E o primeiro-ministro, José Sócrates ― deu ou não deu?!
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CAUSA PERDIDA

Na política não há limites para a camalionice;
nem sequer o ridículo e o anedótico funcionam como travão.
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É O FIM

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A NEBULOSA

11:04 AM
Acabei de ler o semanário “Sol”. E a impressão (conclusão) que fica é a de que houve uma grande conspiração para controlar importantes órgãos de comunicação social (jornais, rádio, televisão).

Com uma curiosidade escondida (oculta, nebulosa) no meio daquela trupe de marionetas, manipuladores e estrategas: trata-se da figura, do papel e da movimentação de José Eduardo Moniz naquela caldeirada toda.

É preciso dar a devida relevância a isso pois tem passado despercebido.
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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

ISTO ANDA NA NET

Na sala oval, Bush discute calorosamente com Bin Laden, quando chega um repórter e pergunta o que eles estão a discutir.
Bin Laden responde:
― Estamos a planear mais um atentado.
O Repórter espantado pergunta:
― Mais um? Onde?
Bush responde:
― Vamos lançar uma bomba em Portugal e matar os tais pseudo 6 milhões de benfiquistas, e apenas 1 Sportinguista.
O repórter surpreso pergunta:
― Mas porquê 1 Sportinguista?
Bin Laden vira-se então para Bush e diz:
― Tás a ver, eu não disse que ninguém se iria importar com os 6 milhões de lampiões!...

P.S. Esta é dedicada ao FNV (Sans rancune, mec).
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«DESENCONTROS»

Há desencontros, é facto
Alguns mais dolorosos que os outros
Alguns mais definitivos que outros
Alguns que implicam em despedidas
Outros que só implicam em distância
Outros, ainda, que intensificam a saudade
Mas existem aqueles desencontros que só aumentam a
vontade.
Não é?


[Fernando Pessoa]
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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

THE NEW YORK TIMES



Uma opinião muito interessante.

No mínimo curiosa.

Sobre o futuro nuclear do Irão.


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ISTO É FANTÁSTICO

Desenterrado pelo Blasfémias. Não resisto a publicá-lo.


É UM ARTISTA PORTUGUÊS
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«UM ERRO TRÁGICO» ― disse ele.

Se isto não é uma conspiração, então vou já para a urgência do Miguel Bombarda.
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O VERDADEIRO ARTISTA

UM AUTÊNTICO PROFESSOR.

Controlo!... Qual controlo?
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ELOCUBRAÇÃO TRIGÉSIMA TERCEIRA:

“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895)


E, prosseguindo este nosso estudo sobre o TRABALHO, vendo bem com olhos de ver, não é para encontrar esta essência pura do trabalho que se deve mudar o trabalho, sim, simplesmente para o tornar sempre mais suportável e sempre mais humano.
De feito, evidentemente, querer que o Trabalho deixe de constituir a arena, onde os indivíduos se confrontam e a fonte principal da identidade, relativizar o lugar do trabalho e lhe acordar idêntico valor como as demais outras actividades humanas em que os indivíduos e as sociedades têm, outrossim necessidade para viver, afirma que o trabalho não é o nosso único destino, isto não significa, de modo nenhum, que seja preciso renunciar em melhorá-lo e em humanizá-lo, sem parar e, porque não, continuamente.

E, em jeito de Remate:
O ingente objectivo que visa melhorar e humanizar o Trabalho, exige, obviamente uma dupla Revolução:
---Primeiro: a extensão da securisação das trajectórias profissionais, isto é, do trabalho “decente”, protegido, enquadrado, garantido, remunerado decentemente, integrado no restante da Vida.
---Segundo: uma melhoria das condições de exercício do trabalho, que permitiria aos indivíduos encontrar um sentido nesta actividade. Isto supõe que a utilidade desta, para uma comunidade humana dada, fosse inequívoca e clara que possa haver, para os indivíduos, partes recebedoras nesta acção, uma conexão entre a sua contribuição e o resultado final.
Demais, de sublinhar, com ênfase, na verdade, desde sempre, não é anódino, o Trabalho manual e que, o do Artesão tenha sido tomado por modelo explícito do trabalho conseguido, visto que o artesão domina a integralidade do processo disponibilizado para ter como resultado o fabrico de um bem ou de um serviço. Eis porque, deste modo, a sua contribuição e a sua utilidade respectiva não geram dúvida. Todavia, o trabalho artesanal não esgota, infelizmente o conjunto das actividades de trabalho e, não mais do que, a autogestão ou a propriedade dos meios de produção, deste modo, não é susceptível de transformar o conjunto de actividades concretas de trabalho em acções plenas de sentido.
Donde e daí, no âmbito desta dinâmica e perspectiva respectiva, se assume quão pertinente trazer à Reflexão uma dupla questão (assaz central), menosprezada, em geral, pelos adeptos e defensores da reabilitação do trabalho. Ou seja:
(A) Pode-se, ainda fazer escapar o trabalho das lógicas economicistas e mercantis nas quais se encontra inextrincavelmente enredado desde o século XVIII (visto que foi definido, desde o princípio, como o “factor de produção” e, por conseguinte, visando a outra coisa que o seu desenvolvimento próprio) e promover um trabalho “para si” socialmente útil e dotado de sentido?
(B) É possível, no caso contrário, gerir, no próprio seio das lógicas mercantes e capitalistas, um espaço próprio para o trabalho, permitindo à maioria dos indivíduos encontrar no exercício de uma tal actividade, expressão de si e contribuição para a utilidade social? Nada é menos evidente, efectivamente! Tal é actualmente o Desafio/Repto lançado às nossas “Sociedades edificadas sobre o Trabalho”.

Lisboa, 09 Fevereiro 2010
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo
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FLATULÊNCIA

Coitado, de vez em quando ainda dá puns deste e deste calibres.
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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O «BURACO DA FECHADURA»

NEM SEMPRE O RESULTADO É ESTE


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DESCOBERTA "AFRICANA"

Descobrimos a fonte de inspiração para o nome do blogue.
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ELOCUBRAÇÃO TRIGÉSIMA SEGUNDA:

“Ser culto es el único modo de ser libre”.
José MARTÍ (1853-1895)


QUATRO MARCAS:

(1) O desenvolvimento do desemprego mostrou, que Trabalhar é uma norma. Nas sociedades Ocidentais, o trabalho constitui o principal meio de subsistência, outrossim, porém, uma parcela fundamental das ocupações de cada um. Eis porque, deste modo, a Ordem Social se organiza em torno dele. Donde e daí, a necessidade imperiosa de interrogar acerca da nossa conexão com o trabalho, visando repensar, de modo dialecticamente consequente, a sua natureza respectiva, assim como, o lugar que assume, no âmbito das nossas vidas.
(2) O Cidadão consciente vive o Trabalho e o Repouso como um dom transcendental, livre da ansiedade de produzir e da avidez de possuir, que cegam o coração e levam a explorar os mais fracos. Partilha, generosamente os seus bens com os outros. Empenha-se por que a dignidade e os direitos da Pessoa Humana sejam considerados a Base da Ordem económica e por que se respeite a Ordem harmoniosa da Natureza.
(3) O Trabalho é, concomitantemente, necessidade vital e afirmação de Liberdade, sinal de dependência e Transcendência em relação à Natureza. Só o Homem trabalha porque, ao contrário, dos demais outros animais é Sujeito inteligente, capaz de projectar e operar criativamente. Enquanto “produz” coisas úteis, desenvolve, outrossim, a sua Humanidade e um conjunto de valores relevantes, como a iniciativa, a coragem, realismo, tenacidade, ordem e solidariedade. Sim, efectivamente: Exprime e realiza a sua Dignidade de Pessoa.
(4) Enfim e, em suma: “O Trabalho é para o Homem e não o homem para o trabalho”. O Homem não vale pelo que produz, possui ou consome. Sim, efectivamente, por si próprio.


(I)
Por muito, que se queira ou não, a REALIDADE se encontra, sempre, na calha dos Acontecimentos. É a lei da Verdade Universal a se impor, assertivamente os seus ditames.
Demais, não há dúvida nenhuma, que pressões contraditórias se exercem sobre o Trabalho. Ou seja:
---Por um lado, numerosos elementos se conjugam para ir para um trabalho mais “moderno”, isto é, um Trabalho de conteúdo mais interessante, permitindo aos trabalhadores desenvolver trajectórias ascendentes, fazendo mais apelo às suas competências e, permitindo-lhes continuar a aprender, todo ao longo da sua vida, um trabalho melhor integrado na vida e, de algum modo, mais formulado, no âmbito da sua organização, mesmo, tomando em conta os outros papéis dos assalariados, um Trabalho dotado de mais sentido e, susceptível de permitir aos indivíduos de poder exprimir os seus talentos respectivos.
E, explicitando assertivamente:
a) Na qualidade dos elementos que militam para tais mudanças, para um trabalho mais “moderno”, mais decente, mais sustentável, temos em consideração a irresistível vontade das mulheres de se inserir, se manter e progredir no emprego (enquanto são portadoras de uma conexão, necessariamente mais equilibrada no trabalho por causa das outras funções que lhes foram, até aqui, incumbidas) e a necessidade de elevadas taxas de actividade feminina para financiar a protecção social e contribuir para o crescimento.
b) Consideremos, identicamente como um elemento favorável as possibilidades as quais abrem as mudanças demográficas anunciadas que poderiam transmitir aos assalariados margens de negociação e incitar os empregadores a propor postos mais em conformidade com as aspirações das pessoas. Neste mesmo tipo de argumentação, temos em conta, por conseguinte, outrossim, o desejo das jovens gerações de possuir um trabalho “interessante”, permitindo um verdadeiro equilíbrio entre vida profissional e vida familiar com a recusa relativa dos jovens, desde presentemente, de assumir qualquer tipo de trabalho, designadamente os que em que as condições de trabalho e os salários respectivos são pouco alternativos, os ofícios em cadeia, fatigantes, repetitivos, dotados de pouco sentido ou permitindo pouca oportunidade para desenvolver a criatividade.

(II)
De anotar e sublinhar, por outro, que numerosos elementos se conjugam, identicamente para fazer do trabalho uma mera variável de ajustamento, cada vez menos protegida e, cada vez mais e mais, dócil, flexível, maleável. De acrescentar, que a globalização, o financiamento da Economia, a persistência de um desemprego massivo, a inadaptação do direito, o predomínio das lógicas económicas, a ausência de demonstração dos custos humanos e sociais engendrados pelo facto de tratar o trabalho como uma “coisa”, alimentam esta tendência.

(III)
De feito, aparece (claramente), presentemente que o novo rosto do Trabalho dependerá para muitos da capacidade dos países europeus em construir novo modelo social virado para bens e serviços de elevado valor acrescentado, a mobilização de trabalhadores altamente educados e, tanto mais produtivos como o seu próprio trabalho será bem integrado na sua vida, apoiado em trajectórias e mobilidades profissionais facilitadas, realimentadas por etapas de formação todo ao longo da vida, permitindo garantir a sua prospecção. Todavia, dependerá, outrossim, da capacidade da Europa em relançar o crescimento, um crescimento de qualidade durável, por conseguinte, da sua capacidade em se tornar efectivo um verdadeiro direito ao trabalho para todos, direito objectivo apoiado em instituições e políticas activas, como acontece, por exemplo, no caso concreto, nos Países do Norte.

(IV)
Conquanto, alguns países europeus, designadamente, a França se esforça, por vezes, em considerar o que se faz nos países do Norte, como uma curiosidade impossível de se aclimatar num “grande País”, estes últimos constituem uma oportunidade para reflectir, visto que apresentam elevadas taxas de actividades femininas, uma verdadeira integração do trabalho e da vida e uma capacidade para assegurar, ao maior número um direito real ao trabalho ao longo da vida: As razões desta excelência são, evidentemente a procurar, por um lado, na elevadíssima taxa de sindicalização dos assalariados e na capacidade em passar amplos compromissos sociais e, por outro, do lado do modelo específico de protecção social, modelo “social-democrático”, modelo, aliás, que visa não unicamente a indemnizar as pessoas na ocorrência de um risco, outrossim, porém, em “equipá-las” para toda a sua vida, outorgando-lhes a possibilidade concreta para exercer um trabalho através de políticas activas e de uma oferta importante, no âmbito de serviços sociais.
Dos três (3) tipos de regímen de protecção social, é o que acorda aos indivíduos a mais elevada capacidade para se libertar da dependência do mercado, por direitos sociais amplos. Neste modelo, as prestações são financiadas por imposto, sendo o objectivo central deste regímen de protecção social: o de uma redistribuição igualitária.
Exerce, por conseguinte, um efeito unificador sobre a estrutura social. De consignar, todavia, neste particular, se permite a cada (homem e mulher) exercer o seu direito ao trabalho, não se afirma menos excessivamente preocupado com reconhecer aos indivíduos a possibilidade concreta de possuir outras fontes de identidades, outras ancoragens para exercer outras actividades.
Paradoxalmente, a promoção de um trabalho de qualidade poderá, obviamente, ser obtida, concomitantemente que uma determinada relativização do trabalho, considerado menos como uma fonte de prestígio e de poder, uma arena, onde os indivíduos se confrontam e estão em competição, que (como um dos modos de participar na vida social) se realizar e ser útil.

(V)
O Conteúdo de verdade, que emana, em substância, do arrazoado, ora, acima, enunciado, significa que não se atinge, sem dúvida, a uma visão mais cooperativa e mais apaziguada do trabalho se não revemos, em profundidade, os indicadores que servem para medir a riqueza das nossas sociedades e os progressos do seu desenvolvimento respectivo. De feito, não estar a par das evoluções de uma sociedade que pelo auxílio do único PIB (por conseguinte, do único incremento do volume e do preço dos bens e serviços permutados no mercado), dá, evidentemente uma ideia substancialmente empobrecida do que é a vida social e a vida “tout court”. De consignar, no entanto, que possuir um robusto PIB, ou uma robustíssima produção jamais permitirá, a cada momento, ter uma sociedade relativamente igualitária, possibilidades para todos de ter acesso ao emprego, possibilidades reais de tempo para participar na vida pública ou na vida familiar, um ambiente de qualidade, relações sociais pacificada, um elevado nível de Educação e de Cultura para todos.
Com efeito, mensurar os Progressos de uma Sociedade (apenas pelo aumento da produção), é olvidar que esta pode, concomitantemente deteriorar ou destruir uma parcela da riqueza desta sociedade. A actividade, que faz a produção, o Trabalho, importa, no mais elevado grau. Todavia, as demais outras actividades, outrossim e, ainda, os outros “patrimónios colectivos”, identicamente e, quiçá é preciso que a lógica se saia bem e se recordar que, no fim de contas, o Trabalho é para o Homem e as Sociedades nas quais vive, apenas um meio e não um fim.

(VI)
Donde e daí, de sublinhar, que ele importa, por conseguinte, absolutamente, não apenas para tornar o Direito ao Trabalho (e, ao trabalho decente), efectivo e melhorar, continuadamente as condições de trabalho das pessoas (sendo este expressão, entendida, na sua acepção mais lata). No entanto, ele importa, identicamente se desfazer de uma ilusão que poderia nos ser fatal, que consiste em pensar que, graças em melhorar estas condições, quiçá, repelindo o TAYLORISMO, poder-se-ia reencontrar o TRABALHO, na sua pureza, que seria o equivalente do lazer e, para melhor dizer, que seria pura potência de expressão de si, pura cooperação, pura produção da sociedade, sem constrangimentos.
(Em tempo útil, de anotar que TAYLORISMO é sistema de organização do trabalho concebido pelo engenheiro norte-americano, Frederick Winslow TAYLOR (1856-1915), com o qual se pretende alcançar o máximo de produção e rendimento com o mínimo de tempo e de esforço)
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Trata-se, no caso presente, nada mais, nada menos que uma ilusão, visto que atrás do TAYLORISMO e as actuais condições de trabalho, nenhuma época áurea que se poderia encontrar, em que o trabalho seria exclusivamente manual, exclusivamente intelectual ou totalmente autógeno e mudaria, desde então de natureza.

Continua na próxima ELOCUBRAÇÃO, ou seja na TRIGÉSIMA TERCEIRA.

Lisboa, 07 Fevereiro 2010
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).
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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

RAZÕES DA CEPA TORTA

Um pensador centrifugado, deliberadamente, pelo incómodo que vinha causando à malta inculta que dirige o seu partido.

Centrifugado segundo a máxima: Se és medíocre e queres que te vejam, livra-te dos mais capazes.
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HITLER E ESTALINE

Com o andar da carruagem vou descobrindo cada vez mais defensores da liberdade de expressão à direita do que à esquerda. Pelo menos é assim que a coisa me parece.

Maria José Nogueira Pinto diz, aqui nesta coluna de opinião do DN, tudo o que me parece relevante sobre o "Caso Mário Crespo".

Estarei a ficar de direita? Ou será que a "asfixia" reinante se colocou tão no ponto onde os extremos se tocam que acabou por empurrar tudo para a direita?

Não nos esqueçamos que Hitler e Estaline viveram no mesmo quarto no que à repressão dizia respeito.
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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

ALGUMA DÚVIDA?

Vasco Graça Moura, um «cavaquistíssimo» (a frase é do próprio), escreve hoje uma crónica no DN ― na minha opinião uma das melhores caracterizações ultimamente feitas do actual estado a que Portugal chegou ― prevendo aquilo cuja possibilidade é tão real quanto a de haver calor num dia de Verão.

Diz VGM:
«Num país que está descaracterizado e de rastos, em que muito poucos valores são respeitados, a economia não produz, a justiça não funciona e a autoridade não existe, está-se mesmo a ver o que pode acontecer.»

Antes de fazer este aviso, VGM mostra muito acertadamente não acreditar numa possível maioria absoluta do PS caso se realizassem eleições agora (medo que entretanto parece existir nos directórios partidários do PSD e do CDS).

De facto, é hoje manifesto que grande parte das pessoas que passam pelo espaço público (sem fazerem qualquer análise política, jogando apenas com o que vêm e sentem na pele) diz, aparentemente esperançada, coisas como esta que já ouvi centenas de vezes: «Isto não pode continuar assim, qualquer dia vai haver um golpe de Estado». Não sabem, claro está, que a integração de Portugal na União Europeia desfez literalmente essa possibilidade; mas a verdade é que essa integração não desfez a possibilidade admitida pelo Sr. Presidente da República: a da tal «situação explosiva».

E Graça Moura termina a sua crónica assim:
«Desde 1974 que não se via, como hoje, tanta descrença e tanta desconfiança no espírito do cidadão comum. Ele sabe que a política actual não lhe vai dar mais nada. E na sua vida o resto é silêncio e desencanto.»
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