Vital Moreira, que em Janeiro passado o blogue Grande Loja apelidou de «putativo núncio deste governo» (vale a pena ler a posta em cauasa), não só não se cansa de aplaudir todas as medidas socráticas, como às vezes chega a fazer como a Apple fez há dias ao Windows Vista: coloca-se Beyond the Government (muito para além do Governo).
Nesta posta, no Causa Nossa, Vital não está com meias medidas; e escreve:
«Lembram-se dos protestos contra o encerramento de maternidades com poucos partos? Passado um ano, alguma das terríveis previsões se confirma?
Lembram-se dos protestos contra o encerramento de escolas com poucos alunos? Passado um ano, alguma das queixas se viu justificada?
E agora no caso do reordenamento da rede de urgências hospitalares, existe alguma razão para dar crédito aos mesmíssimos protestos?»
Pois não, Vital acha que não há a mínima razão para dar crédito aos protestos das populações e dos autarcas contra o encerramento das urgências.
Mas quem não vai na mesma cantiga, pelos vistos, é o Governo (à frente do qual se coloca, iluminado, Vital). Não só, ao que parece, o Governo deu crédito aos protestos, como recuou nos seus propósitos e ofereceu aos municípios mais do que estes reivindicavam.
Se há dias em que um homem não deve sair de casa, também há dias em que um homem não deve escrever.
domingo, 25 de fevereiro de 2007
O MEDO E O GRÃO DE ARROZ
OU MAIS UMA DO GOVERNO POWERPOINT (aquele que anuncia pomposamente umas medidas "montanhosas" que, na prática, quase sempre, acabam por parir "ratos", resultando delas outras coisas bem diferentes das anunciadas ― às vezes até o contrário do anunciado).
Escreve hoje o Diário de Notícias:
«No mesmo dia em que se reuniu com um "preocupado" José Sócrates para analisar a escalada de protestos contra o encerramento de serviços hospitalares de urgência a nível nacional, o ministro da Saúde, Correia de Campos, fechou negociações para a celebração de protocolos com os presidentes de seis municípios afectados. O protocolo, ontem assinado em Lisboa, deixou os seis autarcas "muito satisfeitos", conforme confessaram aos jornalistas. E parecem ter boas razões para isso: não só as urgências não encerram em Cantanhede, Espinho, Fafe, Macedo de Cavaleiros, Montijo e Santo Tirso como o Ministério da Saúde acaba de dar ainda mais garantias do que os autarcas esperavam à partida: além de se manterem as urgências, ampliam-se os horários de funcionamento dos centros de saúde e colocam-se viaturas especializadas em atendimento urgente à disposição dos municípios.»
Segundo escreve ainda o Diário de Notícias, e confirmando que antes da reunião com os autarcas esteve reunido com o primeiro-ministro para debater a questão dos protestos das populações contra o encerramento das urgências, «o ministro desmentiu que o chefe do Governo tenha assumido directamente o controlo da situação, como ontem noticiava o Público: "Estou tranquilo. A questão da confiança política não se põe."»
Pode não ser este o caso, mas faz lembrar o mundo do futebol: quando um treinador está na corda bamba e se noticia a sua saída iminente, costuma logo aparecer alguém do clube a declarar “toda a confiança no nosso treinador”. Para poucos dias depois se ficar a saber que afinal o clube o despediu numa esperançosa "chicotada psicológica".
Escreve hoje o Diário de Notícias:
«No mesmo dia em que se reuniu com um "preocupado" José Sócrates para analisar a escalada de protestos contra o encerramento de serviços hospitalares de urgência a nível nacional, o ministro da Saúde, Correia de Campos, fechou negociações para a celebração de protocolos com os presidentes de seis municípios afectados. O protocolo, ontem assinado em Lisboa, deixou os seis autarcas "muito satisfeitos", conforme confessaram aos jornalistas. E parecem ter boas razões para isso: não só as urgências não encerram em Cantanhede, Espinho, Fafe, Macedo de Cavaleiros, Montijo e Santo Tirso como o Ministério da Saúde acaba de dar ainda mais garantias do que os autarcas esperavam à partida: além de se manterem as urgências, ampliam-se os horários de funcionamento dos centros de saúde e colocam-se viaturas especializadas em atendimento urgente à disposição dos municípios.»
Segundo escreve ainda o Diário de Notícias, e confirmando que antes da reunião com os autarcas esteve reunido com o primeiro-ministro para debater a questão dos protestos das populações contra o encerramento das urgências, «o ministro desmentiu que o chefe do Governo tenha assumido directamente o controlo da situação, como ontem noticiava o Público: "Estou tranquilo. A questão da confiança política não se põe."»
Pode não ser este o caso, mas faz lembrar o mundo do futebol: quando um treinador está na corda bamba e se noticia a sua saída iminente, costuma logo aparecer alguém do clube a declarar “toda a confiança no nosso treinador”. Para poucos dias depois se ficar a saber que afinal o clube o despediu numa esperançosa "chicotada psicológica".
sábado, 24 de fevereiro de 2007
A APPLE GOZA COM O VISTA
Já aqui falámos sobre os inconvenientes que encontrámos quando instalámos por duas vezes o Windows Vista e ele quis tomar conta do nosso computador e de nós próprios.
Pois bem, aqui neste sítio, alguém com a mesma opinião, gozando, chama Big Mother (mais que Big Brother) ao Windows Vista.
E a Apple, no seu stand numa feira de tecnologia, faz publicidade brincando com o putativo sucesso do Vista, usando o seguinte slogan comercial para promover os computadores Machintosh: ”Go beyond Vista”.
É isso: vá para além do Vista. Compre um Mac.
Ou então, e se não quiser andar para trás, continue usando o Windows XP, digo eu.
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007
terça-feira, 20 de fevereiro de 2007
BORA LÁ MEUS AMIGOS
O próximo dia 24 de Março vai ser “O Dia Sem Computador”. Diga aqui se se acha capaz ou não de viver esse dia sem ligar o seu PC.
Aqui o “África Minha” já confirmou que se acha capaz disso e até já tomou uma decisão importante entre outras: no dia 24 de Março passará duas horas no ginásio a fazer trabalhar o físico e a transpirar que nem uma alma penada no inferno.
Abaixo a tirania do PC e da Net.
Abaixo a televisão e o sofá.
Aqui o “África Minha” já confirmou que se acha capaz disso e até já tomou uma decisão importante entre outras: no dia 24 de Março passará duas horas no ginásio a fazer trabalhar o físico e a transpirar que nem uma alma penada no inferno.
Abaixo a tirania do PC e da Net.
Abaixo a televisão e o sofá.
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007
LIBERDADE
CÉSAR DAS NEVES NO SEU MELHOR
Hoje, no Diário de Notícias, podemos encontrar esta inenarrável opinião (mais uma opinião inenarrável) de João César das Neves sobre o SIM dos portugueses à alteração da lei do aborto:
«O facilitismo e superficialidade com que pretenderam "arrumar a questão" virá a cair sobre os próprios. Certamente haverá menos crianças abandonadas, menos deficientes, menos criminosos. Só mais cadáveres pequeninos.»
«O aborto a pedido e pago pelo Sistema Nacional de Saúde assolará sobretudo as classes mais pobres, onde a tentação será mais forte. Paradoxalmente, como noutros países, isso minará a base eleitoral dos partidos de Esquerda. Haverá menos crianças a correr nos bairros de lata; menos crianças a correr nos infantários. Haverá menos crianças em todo o lado. Haverá menos portugueses.»
A perplexidade que nos assalta quando lemos estas cousas faz-nos perguntar: como é que foi possível a este homem chegar a ter um curso superior ― e mais que isso ― como é que este homem chega a ser professor no ensino superior?
«O facilitismo e superficialidade com que pretenderam "arrumar a questão" virá a cair sobre os próprios. Certamente haverá menos crianças abandonadas, menos deficientes, menos criminosos. Só mais cadáveres pequeninos.»
«O aborto a pedido e pago pelo Sistema Nacional de Saúde assolará sobretudo as classes mais pobres, onde a tentação será mais forte. Paradoxalmente, como noutros países, isso minará a base eleitoral dos partidos de Esquerda. Haverá menos crianças a correr nos bairros de lata; menos crianças a correr nos infantários. Haverá menos crianças em todo o lado. Haverá menos portugueses.»
A perplexidade que nos assalta quando lemos estas cousas faz-nos perguntar: como é que foi possível a este homem chegar a ter um curso superior ― e mais que isso ― como é que este homem chega a ser professor no ensino superior?
domingo, 18 de fevereiro de 2007
"LONGA VIDA AO CAMARADA SÁ FERNANDES"
Lembrando-me da frase “Longa vida ao camarada Mao” que os chineses partidários da Revolução Cultural de Mao Zedong costumavam proferir em cada manifestação de apoio ao então líder chinês, resolvi recuperá-la para a aplicar ao vereador independente, eleito nas listas do Bloco de Esquerda, da Câmara Municipal de Lisboa, José Sá Fernandes, o homem que, quanto a mim, está a revolucionar profundamente a forma como os assuntos imobiliários são tratados hoje nas e pelas autarquias.
Sá Fernandes, exercendo uma acção fiscalizadora eficaz, particularmente dirigida às grandes obras e aos grandes empreendimentos imobiliários em Lisboa ― sobretudo na parte que toca ao lançamento de obras autárquicas, licenciamento de projectos imobiliários, permuta de terrenos ou alienação de património autárquico a favor de terceiros ― conseguiu aquilo que está à vista de toda a gente: colocar a nu várias situações suspeitas de irregularidades que estão a ser investigadas criminalmente pelo Ministério Público.
Com isso parece-nos ― pelo menos parece ― que a autarquia lisboeta parou. Não temos mais conhecimento de novas obras ― nem sequer vemos máquinas e trabalhadores a consertar o asfalto das esburacadas ruas e avenidas de Lisboa ― e as aprovações de novos projectos; as permutas ou venda de terrenos da autarquia são, aos nossos olhos, inexistentes neste momento.
Isto leva-nos a uma pergunta inevitável:
Será que as Câmaras municipais só funcionam se as actividades relacionadas com terrenos, projectos imobiliários e obras (as obras, as obras) não forem fiscalizadas com zelo?
Pode não ser bem assim, mas lá que parece que é... ai parece, parece.
Longa vida ao camarada Sá Fernandes!
A propósito: leia aqui uma entrevista lapidar ao ex-vereador da Câmara Municipal do Porto, Paulo Morais, saída na revista “Visão online” de 25 de Agosto de 2005.
Sá Fernandes, exercendo uma acção fiscalizadora eficaz, particularmente dirigida às grandes obras e aos grandes empreendimentos imobiliários em Lisboa ― sobretudo na parte que toca ao lançamento de obras autárquicas, licenciamento de projectos imobiliários, permuta de terrenos ou alienação de património autárquico a favor de terceiros ― conseguiu aquilo que está à vista de toda a gente: colocar a nu várias situações suspeitas de irregularidades que estão a ser investigadas criminalmente pelo Ministério Público.
Com isso parece-nos ― pelo menos parece ― que a autarquia lisboeta parou. Não temos mais conhecimento de novas obras ― nem sequer vemos máquinas e trabalhadores a consertar o asfalto das esburacadas ruas e avenidas de Lisboa ― e as aprovações de novos projectos; as permutas ou venda de terrenos da autarquia são, aos nossos olhos, inexistentes neste momento.
Isto leva-nos a uma pergunta inevitável:
Será que as Câmaras municipais só funcionam se as actividades relacionadas com terrenos, projectos imobiliários e obras (as obras, as obras) não forem fiscalizadas com zelo?
Pode não ser bem assim, mas lá que parece que é... ai parece, parece.
Longa vida ao camarada Sá Fernandes!
A propósito: leia aqui uma entrevista lapidar ao ex-vereador da Câmara Municipal do Porto, Paulo Morais, saída na revista “Visão online” de 25 de Agosto de 2005.
sábado, 17 de fevereiro de 2007
ATENÇÃO POVO DAS ILHAS
Um engenheiro que nos assegurou que brevemente irá dirigir a construção de vários empreendimentos turísticos na Ilha do Sal, em Cabo Verde, disse-nos:
«Vamos dar cabo daquilo tudo com tanta construção. Aquilo vai ficar tão mau que eu, depois, não vou querer voltar lá de novo. Mas os turistas vão ficar muito bem servidos».
Portador de um largo currículo de empreitadas de construção civil em várias partes de Portugal e de África, quando instado a explicar como é que é possível acontecerem certos atentados paisagísticos e ecológicos um pouco por todo o lado, explicou-nos: «Tentamos sempre envolver de alguma forma os responsáveis locais no projecto; assim fica logo tudo facilitado à partida».
Nós, aqui no “África Minha”, esperamos e fazemos votos para que em Cabo Verde seja tudo diferente: projectos passados a pente fino pelas estruturas governativas e técnicas implicadas na sua aprovação; máxima exigência no cumprimento das normas de protecção da paisagem e do ambiente (exigindo competentes estudos de impacte ambiental realizados por organismos internacionais de reconhecida idoneidade e independência); salvaguarda de todos os direitos dos habitantes locais à permanência nas vilas e cidades onde sempre viveram e segundo os seus usos e costumes; lisura de processos na aprovação dos projectos; denúncia pública e punição de qualquer eventual tentativa de corrupção dos responsáveis locais; total independência dos titulares de cargos em organismos de fiscalização da execução dos projectos, relativamente às empresas envolvidas na sua construção e futura exploração.
Mas sobretudo esperamos que aquela frase inicial segundo a qual «Vamos dar cabo daquilo tudo» seja completamente falsa.
Ainda a procissão vai no adro. Por isso fazemos um apelo:
Senhor Presidente da República e Senhor Primeiro Ministro de Cabo Verde, esperamos de vós publicamente uma palavra de que não permitirão que se destrua a paisagem física e humana das ilhas de Cabo Verde (de nenhuma das ilhas) com falsos argumentos economicistas e cedências à ganância de grupos económicos sem alma e sem pátria que usam a palavra PROGRESSO como cortina de fumo para esconder os seus interesses mais mesquinhos que não têm o menor pejo de colocar à frente dos de todo um povo na hora de ganhar dinheiro.
Senhor Presidente da República e Senhor Primeiro Ministro, vamos estar atentos a essa palavra. E esperamos que defendam intransigentemente os interesses de Cabo Verde e do seu povo.
Nenhum turista, por mais e por melhor que pague para visitar Cabo Verde, merece fazê-lo se, para que isso aconteça, um natural das ilhas tem que deixar a sua casa. Os direitos de cidadania e os direitos ancestrais dos habitantes das ilhas à sua terra não podem ser espezinhados pelo dinheiro e pelo direito ao lazer dos turistas.
«Vamos dar cabo daquilo tudo com tanta construção. Aquilo vai ficar tão mau que eu, depois, não vou querer voltar lá de novo. Mas os turistas vão ficar muito bem servidos».
Portador de um largo currículo de empreitadas de construção civil em várias partes de Portugal e de África, quando instado a explicar como é que é possível acontecerem certos atentados paisagísticos e ecológicos um pouco por todo o lado, explicou-nos: «Tentamos sempre envolver de alguma forma os responsáveis locais no projecto; assim fica logo tudo facilitado à partida».
Nós, aqui no “África Minha”, esperamos e fazemos votos para que em Cabo Verde seja tudo diferente: projectos passados a pente fino pelas estruturas governativas e técnicas implicadas na sua aprovação; máxima exigência no cumprimento das normas de protecção da paisagem e do ambiente (exigindo competentes estudos de impacte ambiental realizados por organismos internacionais de reconhecida idoneidade e independência); salvaguarda de todos os direitos dos habitantes locais à permanência nas vilas e cidades onde sempre viveram e segundo os seus usos e costumes; lisura de processos na aprovação dos projectos; denúncia pública e punição de qualquer eventual tentativa de corrupção dos responsáveis locais; total independência dos titulares de cargos em organismos de fiscalização da execução dos projectos, relativamente às empresas envolvidas na sua construção e futura exploração.
Mas sobretudo esperamos que aquela frase inicial segundo a qual «Vamos dar cabo daquilo tudo» seja completamente falsa.
Ainda a procissão vai no adro. Por isso fazemos um apelo:
Senhor Presidente da República e Senhor Primeiro Ministro de Cabo Verde, esperamos de vós publicamente uma palavra de que não permitirão que se destrua a paisagem física e humana das ilhas de Cabo Verde (de nenhuma das ilhas) com falsos argumentos economicistas e cedências à ganância de grupos económicos sem alma e sem pátria que usam a palavra PROGRESSO como cortina de fumo para esconder os seus interesses mais mesquinhos que não têm o menor pejo de colocar à frente dos de todo um povo na hora de ganhar dinheiro.
Senhor Presidente da República e Senhor Primeiro Ministro, vamos estar atentos a essa palavra. E esperamos que defendam intransigentemente os interesses de Cabo Verde e do seu povo.
Nenhum turista, por mais e por melhor que pague para visitar Cabo Verde, merece fazê-lo se, para que isso aconteça, um natural das ilhas tem que deixar a sua casa. Os direitos de cidadania e os direitos ancestrais dos habitantes das ilhas à sua terra não podem ser espezinhados pelo dinheiro e pelo direito ao lazer dos turistas.
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007
ESTA AGORA!...
Fontão de Carvalho, vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, disse que não se demitia do cargo que ocupa porque não é arguido no caso Bragaparques, mas sim noutro processo.
Quer dizer: desde que não seja arguido no caso Bragaparques... pode, por absurdo, ser acusado de tudo ― assassinato, roubo, extorsão, assalto à mão armada, etc., tudo ― que não há problemas.
Desde que não seja constituído arguido, nem seja acusado no caso Bragaparques, está tudo bem.
Olhem que há cá cada uma!...
Editada às 11:55 PM
Pronto! o homem (pressionado pelo PSD e pela opinião pública) acaba de vir dizer que «reconsiderou e suspende o mandato por três meses».
Vá lá a gente perceber isto: porquê três meses?
Será que é ele, Fontão de Carvalho, quem marca o timing à Justiça para conclusão do processo em que é acusado de peculato?
Claro que não. E o que vamos ver a seguir é a maior cidade do País em banho-maria, parada, moribunda, degradando-se a olhos vistos até que a vereação da Câmara caia de podre e de podridão. Esta gente é capaz de morrer agarrada ao osso até ao último suspiro.
Irra!
Quer dizer: desde que não seja arguido no caso Bragaparques... pode, por absurdo, ser acusado de tudo ― assassinato, roubo, extorsão, assalto à mão armada, etc., tudo ― que não há problemas.
Desde que não seja constituído arguido, nem seja acusado no caso Bragaparques, está tudo bem.
Olhem que há cá cada uma!...
Editada às 11:55 PM
Pronto! o homem (pressionado pelo PSD e pela opinião pública) acaba de vir dizer que «reconsiderou e suspende o mandato por três meses».
Vá lá a gente perceber isto: porquê três meses?
Será que é ele, Fontão de Carvalho, quem marca o timing à Justiça para conclusão do processo em que é acusado de peculato?
Claro que não. E o que vamos ver a seguir é a maior cidade do País em banho-maria, parada, moribunda, degradando-se a olhos vistos até que a vereação da Câmara caia de podre e de podridão. Esta gente é capaz de morrer agarrada ao osso até ao último suspiro.
Irra!
A OPINIÃO DOS LEITORES
CORREIA DE CAMPOS
Isto da saúde, ou do ministério, ou dos médicos, é coisa bem mais complicada!
Tudo terá agravado após a descolonização.
Com o regresso dos militares, Portugal viu-se a braços com uma boa quantidade de médicos (se não me engano, durante a guerra era necessário 1 médico por cada 30 militares) em risco de desemprego.
E aí instituiu-se números clausus nas faculdades... para não piorar a situação. Diga-se de passagem que não eram alheios, TAMBEM, os interesses de pequenos agregados de tubarões da arte médica (que tubarões sempre houve em todas as artes! Ou Hipócrates foi algum santo?).
Atitude lógica, não fora a pequena desatenção entretanto ocorrida: em saúde, como em qualquer outra área das RES PUBLICA as previsões têm de ser feitas a 10/15 anos; esqueceram-se pois os homens e mulheres eleitos para a governação que à medida que a população envelhecia, nessa mesma população, um pequeno núcleo também envelhecia - o núcleo dos médicos!
Estávamos na década de 80, com grandes áreas do país sem assistência médica, o serviço médico à periferia iniciara o levantamento do país.
E aí, ainda, iniciou-se o que se chamou a colocação de especialistas nos hospitais distritais.
E continuava a haver excedente médico, pois que estavam a sair das faculdades os que tinham entrado antes de 1974 ( as últimas fornadas de grande número de médicos). Aproveitou-se a modernização e criou-se a carreira de médicos de família - que à semelhança de outros países europeus, iniciavam os cuidados primários de saúde.
Passemos à década de 90, em que os médicos distribuídos pelo país, eram muitos, e um risco potencial (isto de entrar pelo íntimo da vida alheia por vezes traz alguns revezes à RES PUBLICA! E os médicos já tinham feito história - por exemplo, a primeira greve médica foi de zelo, em 1970! Gente sadia, com garra e alma.).
Seria necessário apaziguar alguns sinais de protesto?
Surge então, por volta dessa época, o melhor ministro da saúde! Um ministro da saúde não tem de saber se o sangue tem HIV!!!!! Um ministro da saúde tem de governar. E pode-se governar... dividindo (antiquíssima lição): médicos com 42 horas e médicos com 35 horas de serviço semanais, na mesma instituição! Os primeiros a ganhar à hora mais 50% do que os segundos, em vez de ganharem mais sete horas por semana (os primeiros, os “sacrificados à causa pública a dizerem que os segundos viviam da promiscuidade entre o público e o privado; e os segundos a verem os primeiros a sair do serviço mais cedo!........)
É a classe finalmente dividida. Tão eficaz a medida que ainda hoje estão, cada um para seu lado, em silêncio. Convivendo sadiamente...
E o tempo que corre é de economia liberal! Chamaram-lhe por exemplo a ...terceira via! Mas a terceira via é como o sol: quando nasce... nasce para médicos, para governantes. Não sei se nasce para a “populaça”, mas isso é música celestial, diria Dante. Nasce até para doentes!
Que isto da política, agora só faz correr a tinta que nós deixarmos: Mas deixamos! Soezes panos de fundo nos encobrem.
Também já todos sabemos (a democracia é jovem, mas não tanto como a pintam. Já começa a nevar no cabelo de cada um de nós) que os governos caiem pela saúde ou pela educação, verdadeiras pedras angulares.
E a boa (ou menos boa) prática médica começou a alastrar como uma mancha de nafta. Como tantas outras manchas de nafta em outros sectores. Sem controle, à boa maneira portuguesa. Organizações da classe a defender o indefensável. O desatino completo.
E todos (médicos, doentes e governantes) trazem uma história para contar. Pelo caminho ficam imensas histórias... incontáveis!
Até se descobrir que o que até então fora bom, o médico funcionário público, chegara a um ponto sem recuo : nem doentes, nem governos, nem médicos, nem organizações, sabiam onde tinham perdido o pé, e o tempo de todos nós. O tempo do país, essa coisa esboroada por entre os dedos de todos. O médico funcionário público deixara de funcionar!
O médico funcionário público não funciona, senhores! Mas não funciona como tantos outros funcionários públicos! Só que aqui não é papel, certidão, ou outro fruto. Aqui o fruto chama-se minha pele e tua pele.
E para essa minha pele, preciso de algum solteiro disposto a morrer!
Não que este solteiro venha sem mácula! Ele também a traz. E não venho defendê-lo.
Mas tenho por mim que neste país, quando se tenta gerir alguém ou alguma coisa, só encontramos multidões de lusitanos, de um e outro lado! Eles não governam nem deixam governar!
MCPC
(Leitora devidamente identificada)
Isto da saúde, ou do ministério, ou dos médicos, é coisa bem mais complicada!
Tudo terá agravado após a descolonização.
Com o regresso dos militares, Portugal viu-se a braços com uma boa quantidade de médicos (se não me engano, durante a guerra era necessário 1 médico por cada 30 militares) em risco de desemprego.
E aí instituiu-se números clausus nas faculdades... para não piorar a situação. Diga-se de passagem que não eram alheios, TAMBEM, os interesses de pequenos agregados de tubarões da arte médica (que tubarões sempre houve em todas as artes! Ou Hipócrates foi algum santo?).
Atitude lógica, não fora a pequena desatenção entretanto ocorrida: em saúde, como em qualquer outra área das RES PUBLICA as previsões têm de ser feitas a 10/15 anos; esqueceram-se pois os homens e mulheres eleitos para a governação que à medida que a população envelhecia, nessa mesma população, um pequeno núcleo também envelhecia - o núcleo dos médicos!
Estávamos na década de 80, com grandes áreas do país sem assistência médica, o serviço médico à periferia iniciara o levantamento do país.
E aí, ainda, iniciou-se o que se chamou a colocação de especialistas nos hospitais distritais.
E continuava a haver excedente médico, pois que estavam a sair das faculdades os que tinham entrado antes de 1974 ( as últimas fornadas de grande número de médicos). Aproveitou-se a modernização e criou-se a carreira de médicos de família - que à semelhança de outros países europeus, iniciavam os cuidados primários de saúde.
Passemos à década de 90, em que os médicos distribuídos pelo país, eram muitos, e um risco potencial (isto de entrar pelo íntimo da vida alheia por vezes traz alguns revezes à RES PUBLICA! E os médicos já tinham feito história - por exemplo, a primeira greve médica foi de zelo, em 1970! Gente sadia, com garra e alma.).
Seria necessário apaziguar alguns sinais de protesto?
Surge então, por volta dessa época, o melhor ministro da saúde! Um ministro da saúde não tem de saber se o sangue tem HIV!!!!! Um ministro da saúde tem de governar. E pode-se governar... dividindo (antiquíssima lição): médicos com 42 horas e médicos com 35 horas de serviço semanais, na mesma instituição! Os primeiros a ganhar à hora mais 50% do que os segundos, em vez de ganharem mais sete horas por semana (os primeiros, os “sacrificados à causa pública a dizerem que os segundos viviam da promiscuidade entre o público e o privado; e os segundos a verem os primeiros a sair do serviço mais cedo!........)
É a classe finalmente dividida. Tão eficaz a medida que ainda hoje estão, cada um para seu lado, em silêncio. Convivendo sadiamente...
E o tempo que corre é de economia liberal! Chamaram-lhe por exemplo a ...terceira via! Mas a terceira via é como o sol: quando nasce... nasce para médicos, para governantes. Não sei se nasce para a “populaça”, mas isso é música celestial, diria Dante. Nasce até para doentes!
Que isto da política, agora só faz correr a tinta que nós deixarmos: Mas deixamos! Soezes panos de fundo nos encobrem.
Também já todos sabemos (a democracia é jovem, mas não tanto como a pintam. Já começa a nevar no cabelo de cada um de nós) que os governos caiem pela saúde ou pela educação, verdadeiras pedras angulares.
E a boa (ou menos boa) prática médica começou a alastrar como uma mancha de nafta. Como tantas outras manchas de nafta em outros sectores. Sem controle, à boa maneira portuguesa. Organizações da classe a defender o indefensável. O desatino completo.
E todos (médicos, doentes e governantes) trazem uma história para contar. Pelo caminho ficam imensas histórias... incontáveis!
Até se descobrir que o que até então fora bom, o médico funcionário público, chegara a um ponto sem recuo : nem doentes, nem governos, nem médicos, nem organizações, sabiam onde tinham perdido o pé, e o tempo de todos nós. O tempo do país, essa coisa esboroada por entre os dedos de todos. O médico funcionário público deixara de funcionar!
O médico funcionário público não funciona, senhores! Mas não funciona como tantos outros funcionários públicos! Só que aqui não é papel, certidão, ou outro fruto. Aqui o fruto chama-se minha pele e tua pele.
E para essa minha pele, preciso de algum solteiro disposto a morrer!
Não que este solteiro venha sem mácula! Ele também a traz. E não venho defendê-lo.
Mas tenho por mim que neste país, quando se tenta gerir alguém ou alguma coisa, só encontramos multidões de lusitanos, de um e outro lado! Eles não governam nem deixam governar!
MCPC
(Leitora devidamente identificada)
domingo, 11 de fevereiro de 2007
TUDO ÀS AVESSAS
Vimos nas televisões: imagens das gentes defensoras do NÃO, todas felizes e sorridentes, batendo palmas infindas como se o SIM tivesse sido derrotado e o NÃO tivesse vencido.
Imagens de autêntica esquizofrenia.
Talvez não.
Talvez antes imagens surreais de um país sui generis. Inigualável.
Já agora os resultados: SIM 59%, NÃO 41%.
.
Imagens de autêntica esquizofrenia.
Talvez não.
Talvez antes imagens surreais de um país sui generis. Inigualável.
Já agora os resultados: SIM 59%, NÃO 41%.
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sábado, 10 de fevereiro de 2007
TUDO A NU
POR CAUSA DE UM SIMPLES SURTO GRIPAL
Após terem sido encerrados por ordem superior, os SAP (Serviços de Atendimento Permanente) dos Centros de Saúde vão de novo estar abertos até às 22 horas ou até à meia-noite (conforme os casos) vigorando esta medida até ao final deste mês de Fevereiro.
Quer dizer:
Às segundas, terças e quartas, manda-se encerrar Serviços.
Às quintas, sextas e sábados, manda-se abrir os mesmos Serviços.
Apetece citar Fernando Pessoa:
«Aceito que um grande matemático some dois e dois para dar cinco: é um acto de distracção, e a todos nós pode suceder. O que não aceito é que não saiba o que é somar ou como se soma.»
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Após terem sido encerrados por ordem superior, os SAP (Serviços de Atendimento Permanente) dos Centros de Saúde vão de novo estar abertos até às 22 horas ou até à meia-noite (conforme os casos) vigorando esta medida até ao final deste mês de Fevereiro.
Quer dizer:
Às segundas, terças e quartas, manda-se encerrar Serviços.
Às quintas, sextas e sábados, manda-se abrir os mesmos Serviços.
Apetece citar Fernando Pessoa:
«Aceito que um grande matemático some dois e dois para dar cinco: é um acto de distracção, e a todos nós pode suceder. O que não aceito é que não saiba o que é somar ou como se soma.»
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domingo, 4 de fevereiro de 2007
EU VOTO “SIM”
Por motivos que agora não interessam,tenho sido solicitado a dar a minha opinião (se quiserem, a minha resposta) à pergunta do referendo sobre a alteração da lei do aborto.
E não me escuso a resumir o que penso sobre este assunto.
Sob os pontos de vista social e profissional, voto SIM. Sob o ponto de vista político, votaria (se pudesse) NÃO.
Não vou sequer tentar explicar detalhadamente porque voto SIM. O argumentário seria longo, com partes técnicas fastidiosas e pouco compreensíveis para o cidadão comum.
Digo apenas que acho a questão mais do foro íntimo das pessoas do que pertença colectiva sujeita à razão ponderada que exigiria a cada um de nós complexas elucubrações ideológicas, filosóficas, científicas, religiosas, etc., antes de uma tomada de posição ― coisa que a grandíssima maioria dos eleitores não tem capacidade para fazer.
Por isso penso, até, que se deveria evitar “esclarecer” as pessoas. Dito por outras palavras: penso que se deveria evitar tentar convencer este ou aquele a votar num sentido ou no outro, deixando antes à consciência ou inconsciência de cada um a tomada da decisão do seu voto.
E aqui aponto todos os dedos à retrógrada Igreja Católica, parasita social e factor de subdesenvolvimento dos povos modernos, por ter sido ela a dar o pontapé de saída para esta luta de galos a que se vem assistindo, em que os argumentos são os mais falaciosos e descabidos que se pode imaginar, e em que até a execução de Saddam já serviu como arma de arremesso.
Mas explico porque votaria NÃO: pelo simples facto de não compreender como é que um Governo que com argumentos economicistas condena uma população inteira à penúria de cuidados de saúde essenciais ao seu bem-estar, saúde e sobrevivência como ser humano, admite pagar integralmente 25.000 abortos por ano, abortos em que uma grande parte será feita a pedido, como método anticoncepcional (pós-concepcional, melhor dizendo).
Acho isso simplesmente absurdo. Mas, como primeiro voto SIM, não posso votar também NÃO porque senão anularia o meu voto.
Não falei no assunto até agora porque achei, desde o início, que a discussão foi levada para o campo da disputa partidária, de facção ou de grupo, numa como que espécie de clubismo em que predominam as emoções e os falsos argumentos, por culpa de um povo pouco ou nada informado, imbuído de fantasmas que lhe são transmitidos por igrejas ou religiões retrógradas, ou grupos políticos ou politizados supostamente esclarecidos mas agindo mais na base do combate das ideias e das posições dos adversários, do que em explicar as suas próprias ideias, estando todos fundamentalmente interessados no mesmo: ganhar votos para um lado ou para o outro, independentemente de saber se quem vota vota em consciência ou não.
Agora o argumento que eu mais abomino é o daqueles que se dizem “pró-vida”; dos que se dizem "a favor da vida”.
Sem saberem definir o que é a vida, definição que, por sinal, ninguém infelizmente tem de forma definitiva, inquinam todo o debate com palavras como “assassínio” e “morte”, chamando “criança” a um ovo composto de duas células (o espermatozóide e o óvulo), enfim: um chorrilho de asneiras e patranhas que fazem inveja aos inquisidores de antanho.
Se para a Ciência, Vida é fundamentalmente movimento da matéria e movimento na matéria, «o começo da vida» ― frase tão ouvida e quase sempre mal discutida em vários fóruns ― ter-se-á dado com o aparecimento da matéria. Isto é, a vida começou e existe desde sempre. Qualquer vida existe desde sempre. Sob outras formas de vida, é certo, mas vida à mesma. A parte de uma molécula do braço de um bebé (vivo) já era vida sob a forma da planta, do animal (vaca, porco ou galinha), ião ou catião que a mãe desse bebé comeu ou bebeu e se transformou em parte do braço dele. E antes disso mesmo, há milhões e milhões de anos, já era Vida sob outra forma qualquer.
E se se fala de morte como cessação de uma forma de vida, como passagem de uma forma de vida para outra forma de vida, então os pró-vida terão que admitir que eles próprios têm uma existência indigna de ser vivida uma vez que são fruto de um infinito número de mortes e assassinatos, só continuando ainda vivos graças a um holocausto gigantesco a que a sua existência obriga a sociedade e a Natureza.
É por tudo isto que eu voto SIM.
E não me escuso a resumir o que penso sobre este assunto.
Sob os pontos de vista social e profissional, voto SIM. Sob o ponto de vista político, votaria (se pudesse) NÃO.
Não vou sequer tentar explicar detalhadamente porque voto SIM. O argumentário seria longo, com partes técnicas fastidiosas e pouco compreensíveis para o cidadão comum.
Digo apenas que acho a questão mais do foro íntimo das pessoas do que pertença colectiva sujeita à razão ponderada que exigiria a cada um de nós complexas elucubrações ideológicas, filosóficas, científicas, religiosas, etc., antes de uma tomada de posição ― coisa que a grandíssima maioria dos eleitores não tem capacidade para fazer.
Por isso penso, até, que se deveria evitar “esclarecer” as pessoas. Dito por outras palavras: penso que se deveria evitar tentar convencer este ou aquele a votar num sentido ou no outro, deixando antes à consciência ou inconsciência de cada um a tomada da decisão do seu voto.
E aqui aponto todos os dedos à retrógrada Igreja Católica, parasita social e factor de subdesenvolvimento dos povos modernos, por ter sido ela a dar o pontapé de saída para esta luta de galos a que se vem assistindo, em que os argumentos são os mais falaciosos e descabidos que se pode imaginar, e em que até a execução de Saddam já serviu como arma de arremesso.
Mas explico porque votaria NÃO: pelo simples facto de não compreender como é que um Governo que com argumentos economicistas condena uma população inteira à penúria de cuidados de saúde essenciais ao seu bem-estar, saúde e sobrevivência como ser humano, admite pagar integralmente 25.000 abortos por ano, abortos em que uma grande parte será feita a pedido, como método anticoncepcional (pós-concepcional, melhor dizendo).
Acho isso simplesmente absurdo. Mas, como primeiro voto SIM, não posso votar também NÃO porque senão anularia o meu voto.
Não falei no assunto até agora porque achei, desde o início, que a discussão foi levada para o campo da disputa partidária, de facção ou de grupo, numa como que espécie de clubismo em que predominam as emoções e os falsos argumentos, por culpa de um povo pouco ou nada informado, imbuído de fantasmas que lhe são transmitidos por igrejas ou religiões retrógradas, ou grupos políticos ou politizados supostamente esclarecidos mas agindo mais na base do combate das ideias e das posições dos adversários, do que em explicar as suas próprias ideias, estando todos fundamentalmente interessados no mesmo: ganhar votos para um lado ou para o outro, independentemente de saber se quem vota vota em consciência ou não.
Agora o argumento que eu mais abomino é o daqueles que se dizem “pró-vida”; dos que se dizem "a favor da vida”.
Sem saberem definir o que é a vida, definição que, por sinal, ninguém infelizmente tem de forma definitiva, inquinam todo o debate com palavras como “assassínio” e “morte”, chamando “criança” a um ovo composto de duas células (o espermatozóide e o óvulo), enfim: um chorrilho de asneiras e patranhas que fazem inveja aos inquisidores de antanho.
Se para a Ciência, Vida é fundamentalmente movimento da matéria e movimento na matéria, «o começo da vida» ― frase tão ouvida e quase sempre mal discutida em vários fóruns ― ter-se-á dado com o aparecimento da matéria. Isto é, a vida começou e existe desde sempre. Qualquer vida existe desde sempre. Sob outras formas de vida, é certo, mas vida à mesma. A parte de uma molécula do braço de um bebé (vivo) já era vida sob a forma da planta, do animal (vaca, porco ou galinha), ião ou catião que a mãe desse bebé comeu ou bebeu e se transformou em parte do braço dele. E antes disso mesmo, há milhões e milhões de anos, já era Vida sob outra forma qualquer.
E se se fala de morte como cessação de uma forma de vida, como passagem de uma forma de vida para outra forma de vida, então os pró-vida terão que admitir que eles próprios têm uma existência indigna de ser vivida uma vez que são fruto de um infinito número de mortes e assassinatos, só continuando ainda vivos graças a um holocausto gigantesco a que a sua existência obriga a sociedade e a Natureza.
É por tudo isto que eu voto SIM.
NÃO DEIXEMOS QUE A VACA ARREFEÇA
Na página 33 do Expresso em papel ― esporadicamente comprado por aqui ― sob o título “Schwharznegger dá Saúde à Califórnia”, escreve-se que este governador estadual terá proposto um sistema de saúde que abranja toda a população do Estado que ele governa dizendo que se os cidadãos «não tiverem dinheiro para isso, o Estado vai ajudá-los». A notícia vai mais longe e termina com este parágrafo de que assumimos a responsabilidade pelos realces:
«Os candidatos presidenciais democratas pressentem que se trata de um tema político ganhador e alguns deles propõem algo ainda mais radical: um sistema de saúde universal. Até agora, os republicanos e a poderosa e altamente lucrativa indústria de saúde conseguiram matar essa ideia. O Senador Barak Obama, um dos dois candidatos presidenciais democratas mais populares, lançou o desafio aos seus adversários: “Estou absolutamente determinado a que até ao fim do primeiro mandato do próximo presidente possamos ter um sistema de saúde universal neste país".»
É neste preciso momento em que os americanos concluem que foi um erro colossal terem escolhido um sistema de saúde privado que deixa de fora dos cuidados de saúde mais básicos, segundo números recentes a que esta notícia também se refere, cerca de 50 milhões de americanos ― é neste preciso momento ― que assistimos em Portugal a um governo de um partido dito socialista levando a cabo a destruição do Serviço Nacional de Saúde (sistema universal) querendo caminhar rumo a esse abismo da saúde privada ora chumbada na pátria do liberalismo, aquela mesma onde esse sistema nasceu vai para cerca de 40 anos.
Porque não aprender já com o erro americano, em vez de, cega e surdamente, se tentar comprovar esse erro na prática lançando milhões de portugueses no sofrimento e na doença?
Porque tentar experimentar aquilo cujos próprios criadores consideram hoje um erro! Para daqui a 20 ou 40 anos, tal como hoje os americanos estão a fazer, se vir depois dizer: “afinal falhámos, é melhor fazermos um sistema universal de saúde”?!
Que cegueira é esta; que obstinação no erro é este que leva o Governo “socialista” de Portugal a seguir as ideias de um ministro que nem sequer tem tido a coragem de dizer claramente aos portugueses o que pretende de facto fazer com a Saúde em Portugal ― ministro cujas medidas desde já vão suscitando as maiores dúvidas (como, aliás, tem sido pública e notoriamente evidenciado pelas notícias mais variadas que têm chegado quase todos os dias ao conhecimento dos cidadãos).
Ficam aqui estas perguntas simples. Mas somos muito pessimistas quanto ao desfecho de tudo isto. Quer-nos parecer que este Governo, que alguns já apelidam, e bem, de "Governo PowerPoint", continuará leslumbrado com a sua performance no que respeita às apresentações propagandísticas de medidas (tipo PowerPoint), esquecendo de olhar para a realidade que o cerca.
«Os candidatos presidenciais democratas pressentem que se trata de um tema político ganhador e alguns deles propõem algo ainda mais radical: um sistema de saúde universal. Até agora, os republicanos e a poderosa e altamente lucrativa indústria de saúde conseguiram matar essa ideia. O Senador Barak Obama, um dos dois candidatos presidenciais democratas mais populares, lançou o desafio aos seus adversários: “Estou absolutamente determinado a que até ao fim do primeiro mandato do próximo presidente possamos ter um sistema de saúde universal neste país".»
É neste preciso momento em que os americanos concluem que foi um erro colossal terem escolhido um sistema de saúde privado que deixa de fora dos cuidados de saúde mais básicos, segundo números recentes a que esta notícia também se refere, cerca de 50 milhões de americanos ― é neste preciso momento ― que assistimos em Portugal a um governo de um partido dito socialista levando a cabo a destruição do Serviço Nacional de Saúde (sistema universal) querendo caminhar rumo a esse abismo da saúde privada ora chumbada na pátria do liberalismo, aquela mesma onde esse sistema nasceu vai para cerca de 40 anos.
Porque não aprender já com o erro americano, em vez de, cega e surdamente, se tentar comprovar esse erro na prática lançando milhões de portugueses no sofrimento e na doença?
Porque tentar experimentar aquilo cujos próprios criadores consideram hoje um erro! Para daqui a 20 ou 40 anos, tal como hoje os americanos estão a fazer, se vir depois dizer: “afinal falhámos, é melhor fazermos um sistema universal de saúde”?!
Que cegueira é esta; que obstinação no erro é este que leva o Governo “socialista” de Portugal a seguir as ideias de um ministro que nem sequer tem tido a coragem de dizer claramente aos portugueses o que pretende de facto fazer com a Saúde em Portugal ― ministro cujas medidas desde já vão suscitando as maiores dúvidas (como, aliás, tem sido pública e notoriamente evidenciado pelas notícias mais variadas que têm chegado quase todos os dias ao conhecimento dos cidadãos).
Ficam aqui estas perguntas simples. Mas somos muito pessimistas quanto ao desfecho de tudo isto. Quer-nos parecer que este Governo, que alguns já apelidam, e bem, de "Governo PowerPoint", continuará leslumbrado com a sua performance no que respeita às apresentações propagandísticas de medidas (tipo PowerPoint), esquecendo de olhar para a realidade que o cerca.
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007
E AGORA?
Aqui, no site do Ministério da Saúde, pode-se ler o seguinte comunicado do senhor ministro da Saúde. (Os sublinhados no texto são de minha responsabilidade).
«Ministério da Saúde emite comunicado sobre o Relatório Final da Rede de Serviços de Urgência - 02.02.2007.
A Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgência entregou ao Ministro da Saúde e procedeu à divulgação pública do seu Relatório/Proposta Final da Rede de Serviços de Urgência. O Processo foi intensamente participado desde a apresentação da primeira versão da proposta, em Setembro de 2006, tendo sido objecto de apreciação por um número elevado de Autarquias, Instituições, Partidos Políticos e Cidadãos. A Comissão Técnica foi ouvida na Associação Nacional dos Municípios Portugueses e na Comissão Parlamentar de Saúde e disponibilizou-se para uma segunda audição.
A proposta assenta na requalificação e redistribuição geográfica dos pontos de urgência, tipificados em 3 modalidades e reafirma a importância e necessidade de reforço da rede móvel treinada e articulada para recolha e transporte pré-hospitalar.
O mapa proposto pelo Grupo Técnico reduz consideravelmente o tempo médio de acesso e melhora de forma substancial a equidade territorial e a qualidade da assistência. Implica, certamente, encargos financeiros adicionais, bem justificados pelo esperados ganhos de equidade e qualidade, mas impossíveis de reunir e aplicar de imediato na totalidade. O Grupo Técnico trabalhou em condições de reconhecida independência e liberdade de opinião tendo produzido trabalho altamente meritório.
Tem agora o Governo o conhecimento completo da situação, que lhe vai permitir aplicar gradualmente as recomendações e pontualmente alterá-las, onde surja informação adicional que o justifique. O princípio básico a adoptar será o da mais valia para oferta: onde for recomendável diminuir a aparente disponibilidade de meios, a operação será contrabalançada pela oferta alternativa ou cumulativa de melhores meios.
O Governo irá proceder à aplicação progressiva das alterações a introduzir, ouvindo ainda, de novo, as autarquias mais directamente envolvidas. O projecto global de mudança será ainda levado ao conhecimento da Associação Nacional de Municípios Portugueses e da Comissão Parlamentar de Saúde antes da sua entrada em execução.
O Ministro da Saúde,
António Correia de Campos
Lisboa, 2 de Fevereiro de 2007»
Não tendo a veleidade de pretender interpretar para si, caro(a) leitor(a), passagens deste comunicado, permito-me só chamar a sua tenção para o facto de nele não se falar uma única vez sequer nos recursos humanos a envolver na dita “requalificação das urgências”. Repare que nele não se fala de PESSOAL.
Repare ainda na frase sublinhada «diminuir a aparente disponibilidade de meios». Quer dizer: propõe-se diminuir o que é apenas e só aparente, mesmo sabendo de antemão que é aparente, isto é: acha-se possível tocar o intangível; alterar o que é inexistênte (porque se diz claramente que os meios só aparentemente estão disponíveis). Um must!
Sabendo-se como se sabe que não há médicos e enfermeiros em número suficiente a trabalhar para o Estado, este é um grandessíssimo busílis: é que o privado, que se esperaria então poder ver-se envolvido na rede de cuidados de urgência, quer ter tudo menos urgências; tudo menos cuidados intensivos e de Neonatologia; tudo menos serviços com internamentos de longa duração.
Quer é ter apenas o que dá lucro.
Percebido?!
A RELATIVIDADE SEGUNDO SÓCRATES
FOI PIOR A EMENDA QUE O SONETO
Tentando Esclarecer as inconcebíveis palavras proferidas pelo senhor ministro da economia na China, o senhor Primeiro Ministro, José Sócrates, disse mais ou menos isto em Macau (e as rádios transmitiram): «o que senhor ministro da Economia disse está bem dito: ele disse que os ALTOS salários dos quadros técnicos portugueses, apesar de serem ALTOS ainda são inferiores à média dos salários europeus».
Perceberam o truque de linguagem? ― O senhor ministro da economia não propagandeou os baixos salários dos portugueses para captar investimento chinês em Portugal. O que ele fez foi dizer aos empresários chineses que em Portugal há ALTOS salários que são mais BAIXOS que a média dos salários europeus. E de aí deverem investir em Portugal.
Entenderam agora, ó seus estúpidos de uma figa?
ALTOS salários. Que são Baixos.
Onde é que está o problema?
P.S. Eu tenho cá em casa um cão gigante que é mais pequeno que os cães dos meus vizinhos.
É verdade: O MEU CÃO É UM... GIGANTE PEQUENO.
Tentando Esclarecer as inconcebíveis palavras proferidas pelo senhor ministro da economia na China, o senhor Primeiro Ministro, José Sócrates, disse mais ou menos isto em Macau (e as rádios transmitiram): «o que senhor ministro da Economia disse está bem dito: ele disse que os ALTOS salários dos quadros técnicos portugueses, apesar de serem ALTOS ainda são inferiores à média dos salários europeus».
Perceberam o truque de linguagem? ― O senhor ministro da economia não propagandeou os baixos salários dos portugueses para captar investimento chinês em Portugal. O que ele fez foi dizer aos empresários chineses que em Portugal há ALTOS salários que são mais BAIXOS que a média dos salários europeus. E de aí deverem investir em Portugal.
Entenderam agora, ó seus estúpidos de uma figa?
ALTOS salários. Que são Baixos.
Onde é que está o problema?
P.S. Eu tenho cá em casa um cão gigante que é mais pequeno que os cães dos meus vizinhos.
É verdade: O MEU CÃO É UM... GIGANTE PEQUENO.
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007
UMA «VERDADE» CONDENÁVEL
Faz hoje notícia o que disse na China o Ministro de Economia, Manuel Pinho, para convencer os empresários chineses a investirem em Portugal: «Em Portugal os salários são inferiores à média dos salários europeus».
Conhecido o dislate, toda a oposição, bem como os sindicatos e muitos cidadãos com dois dedos de testa, condenaram o senhor ministro.
Ao que parece o senhor ministro defende-se ― e os seus “defensores” defendem-no ― com o argumento de que «disse uma verdade».
Ora bem, condena-se o senhor ministro não pelo simples facto de ter dito «uma verdade», mas sim pelo facto de ter-se socorrido de uma verdade negativa para promover Portugal. Os baixos salários são uma verdade negativa a que urge pôr cobro; uma verdade negativa que é urgente ser banida da sociedade portuguesa. E é por isso que não se admite que um ministro se socorra dela para promover o País.
O que se diria se alguém com responsabilidades públicas dissesse isto no estrangeiro para promover o turismo, por exemplo: "façam férias em Portugal porque em Portugal temos das mulheres mais boas da Europa".
Primeiro morreria meio mundo de riso; depois morreria outro meio de vergonha. Mas não sem antes condenar-se o desmiolado que tal frase proferisse. Sem que, contudo, deixasse de ter dito «uma verdade». Neste caso, até, uma verdade não negativa: de facto Portugal tem das mulheres mais boas da Europa. E isso não é coisa má. Mas não caberia na cabeça de ninguém que tal verdade pudesse ser usada para promover o turismo em Portugal.
O senhor ministro merece, pois, toda a reprovação pelo que disse na China. Porque envergonhou Portugal e ofendeu os portugueses.
Conhecido o dislate, toda a oposição, bem como os sindicatos e muitos cidadãos com dois dedos de testa, condenaram o senhor ministro.
Ao que parece o senhor ministro defende-se ― e os seus “defensores” defendem-no ― com o argumento de que «disse uma verdade».
Ora bem, condena-se o senhor ministro não pelo simples facto de ter dito «uma verdade», mas sim pelo facto de ter-se socorrido de uma verdade negativa para promover Portugal. Os baixos salários são uma verdade negativa a que urge pôr cobro; uma verdade negativa que é urgente ser banida da sociedade portuguesa. E é por isso que não se admite que um ministro se socorra dela para promover o País.
O que se diria se alguém com responsabilidades públicas dissesse isto no estrangeiro para promover o turismo, por exemplo: "façam férias em Portugal porque em Portugal temos das mulheres mais boas da Europa".
Primeiro morreria meio mundo de riso; depois morreria outro meio de vergonha. Mas não sem antes condenar-se o desmiolado que tal frase proferisse. Sem que, contudo, deixasse de ter dito «uma verdade». Neste caso, até, uma verdade não negativa: de facto Portugal tem das mulheres mais boas da Europa. E isso não é coisa má. Mas não caberia na cabeça de ninguém que tal verdade pudesse ser usada para promover o turismo em Portugal.
O senhor ministro merece, pois, toda a reprovação pelo que disse na China. Porque envergonhou Portugal e ofendeu os portugueses.
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