segunda-feira, 27 de julho de 2009

AI A BICICLETA!...

Estou de férias.

Andando pelas ruas da localidade onde me encontro, li numa banca de jornais duas notícias que comentei para mim mesmo em silêncio; e li um papel que me deixou pensativo.

Primeira notícia:
«No pódio do Tour de France que terminou ontem, Lance Armstrong, de 37 anos, ocupou o terceiro lugar».

Meu comentário ― Bravo Lance! Admiro a tua tenacidade, capacidade de luta e de resistência à adversidade; para o ano espero ver-te no primeiro lugar, para que o Bérnard Hinault se engasgue de vez com as suas próprias palavras.

Segunda notícia:
«Nicolas Sarkozy, Presidente francês, amante e praticante de ciclismo, não pôde estar presente, como gostaria, à coroação dos vencedores do Tour, pois, foi hoje (ontem) hospitalizado por se ter sentido mal quando fazia exercício». Pode ler-se aqui mais isto: "This episode, which happened after 45 minutes of intensive physical exercise, was not accompanied by a loss of consciousness."

Meu comentário ― Também... na sua idade... há que ter cuidado com o tipo de exercício que se faz; se estivesse a pedalar na sua bicicleta a coisa podia ser bem pior.

Andei um pouco mais, e, perto de uma farmácia, no chão, aberta à minha frente, vi uma bula de VIAGRA (o papel que acompanha o medicamento); apanhei-a do chão maquinalmente como um supersticioso que pensa ter encontrado um aviso divino que não deve ignorar.

E li ao acaso:

«Antes de iniciar qualquer tratamento para a disfunção eréctil, o médico deve considerar a situação cardiovascular dos seus doentes, na medida em que existe um risco cardíaco associado à actividade sexual».

Não fiz nenhum comentário.
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KWAME KONDÉ

INTERVENÇÃO QUINQUAGÉSIMA QUARTA:

Segunda Parte:

Uma Sucinta e pertinente abordagem das obras, mais significativas de FRANTZ FANON (1925-1961):

(A)

Les Damnés de la terre, publicada pela primeira vez, em Paris, no ano de 1961:
Trata-se de uma obra publicada, no remoto ano de 1961, numa época, em que se desencadeia a violência colonial, com a Guerra da Argélia. Apreendida várias vezes, aquando do seu advento, ulteriormente prefaciado por Jean-Paul SARTRE (1905-1980), conheceu um Destino excepcional.
Serviu e serve, aliás, ainda, presentemente de inspiração e de referência a gerações de militantes anti-colonialistas. A sua análise do traumatismo do colonizado, no quadro do sistema colonial e o seu projecto (reputado “utópico”) de um Terceiro Mundo revolucionário, ipso facto, portador de um “Homem Novo” permaneceu um grande clássico do terceiro mundo, a obra capital e o seu verdadeiro Testamento Político, sem sombra de dúvida.

Este livro, cujo o título, foi o único que ele próprio escolheu e, não os editores, foi redigido por um homem que se sabia condenado, por uma enfermidade, da qual, enquanto médico, que era incurável.
E, numa autêntica corrida contra o relógio e, outrossim contra a própria morte, FANON pretende fazer passar uma derradeira mensagem. A quem?
A resposta assertiva, pronta surge: Aos Deserdados, que já não são, fundamentalmente os proletários dos países industrializados, no término do século XIX, cantando, em alto e bom som: De pé, os condenados da terra, de pé os degredados da fome.
Com efeito, de anotar, avisadamente, que os condenados da terra, aos quais FANON se dirige, são os deserdados dos países pobres, que querem, realmente a terra e o pão, enquanto, na época a classe operária do mundo ocidental, amiúde racista e manifestamente ignorante das populações de ultramar, testemunha uma relativa indiferença no atinente à sorte das colónias das quais extrai, indirectamente benefício.

Esta obra, em apreço e análise, não é, nem um tratado de Economia, nem um Ensaio de Sociologia e, nem, tão pouco de Política, sim, um verdadeiro Apelo e, identicamente, um grito de alarme sobre o estado e o futuro dos países colonizados. Como, em toda a sua obra, aliás, FANON coloca nela em tensão política, cultura e o próprio indivíduo, tendo em conta, os efeitos do domínio económico, político e cultural sobre o dominado. A sua análise insiste sobre as consequências da escravização e da servidão respectiva, não unicamente dos povos, porém, dos indivíduos/sujeitos e sobre as condições da sua libertação, que é, antes de tudo, uma libertação do indivíduo, uma “descolonização do ser”.

Nos Condenados da terra se prossegue a sua lúcida e avisada interrogação acerca da alienação por um mundo dominante/dominador, que subverte e altera tão bem as colectividades como os indivíduos no seu devir pessoal.
A Obra retoma, radicalizando-os, no quadro do combate político, os dados das conexões dominador/dominado e as condições de Libertação, aliando ao político e à cultura, a libertação do sujeito/indivíduo. Os dois derradeiros capítulos são, aliás, consagrados, um à cultura e o outro às perturbações psíquicas traumáticas, respectivamente, engendradas de parte e de outra pela
Guerra de Argélia.

FANON escreveu, servindo-se da sua experiência singular, desde a história imediata, da sua imersão nesta mesma história, experiência que lhe é necessária elaborar e transmitir. A escrita segue outrossim, este movimento: os dissemelhantes temas que compõem os cinco (5) capítulos do livro são dispostos como fragmentos, como as estrofes de um poema às quais se mesclam tempos de análise rigorosa, porém, sempre escrita, numa linguagem que procura produzir, para além das significações, uma compreensão, que não se encontra vinculada a um único manuseio do conceito.

Enfim e, em suma:
Os Condenados da terra, reputado como uma obra farol e guia dos anos Setenta do Século XX pretérito, se assume vinculada fundamentalmente ao “terceiro mundo”, em que os avanços políticos eram então privilegiados, em detrimento da sua interrogação persistente e porfiada sobre os fundamentos da alienação do oprimido, em que se encontra, sucumbiu ulteriormente no olvido e, com ele, o conjunto da própria obra de FANON reputada, um tanto ou quanto, irreflectidamente como uma obra datada.
As suas audácias políticas foram consideradas e designadas estultamente de obsoletas. E a questão, que se levanta, obviamente, não havia FANON sobrestimado a força das massas camponesas nas lutas de Libertação? O que acontece, porém, é que, no contexto político da luta argelina, na época, os camponeses constituíam o contingente maioritário dos combatentes argelinos.
Não se pode e, nem se deve olvidar que FANON escreveu, baseando-se numa experiência histórica pontual. Eis porque, para ele, o dinamismo do camponês pode tão bem, como explica, aliás, no capítulo segundo dos Condenados da terra: “Grandeur et faiblesses de la spontaneité” acompanha a reacção como outrossim, a revolução.
Sim, efectivamente, FANON analisava uma realidade contingente Eis porque, o seu Livro não pode (aliás, não deve) ser percebido como algo despropositado, que se o limita ao contexto da sua época, em vez de o entender como um autêntico Apelo ao que seria possível.
Que as suas esperanças não tenham sido concretizadas tornam errónea a realidade a partir da qual as exprimia? É outra questão que se levanta. Todavia, se o sabe bem, esta realidade, em questão, inclusive a da violência, já não se assume, presentemente, em termos de opressão colonial ou de futuro do terceiro mundo, porém, em termos de incremento das desigualdades, de desvio crescente entre o Norte e o Sul, da exclusão e da redução dos sujeitos/indivíduos a meros objectos. Eis, sim, a verdadeira realidade dos factos!

(B)

Uma outra obra da lavra de FRANTZ FANON que merece ser referenciada, visando relevar as suas virtuosas linhas de força e, outrossim, para mostrar os sólidos e robustos conhecimentos que FANON possuía da Patologia do oprimido (neste caso concreto, o do oprimido/colonizado), é evidentemente Peau noire, masques blancs.
Uma vez feita a descolonização, este Ensaio de compreensão da conexão Negro Branco conservou todo o seu valor profético, visto que o racismo, a despeito dos horrores com os quais afligiu o Mundo, permanece um problema de futuro.
De feito, nesta obra, o racismo é abordado e combatido de frente, com todos os recursos das Ciências do Homem e, com uma paixão ardente do quem veria a ser um verdadeiro mestre na Arte de pensar, para muitos Intelectuais do Terceiro Mundo.

A primeira edição de Peau noire, masques blancs apareceu no ano de 1952,na colecção Esprit, FANON tinha apenas 25 anos de idade. Nesta Obra, a reflexão sobre o racismo aparece vinculada ao domínio de determinadas culturas decretado unilateralmente: não se trata de um acidente, de um capricho psicológico, porém de um sistema cultural de opressão a operar identicamente na situação colonial. Lutar contra o racismo se afigura uma tarefa vã, se não se elucida os efeitos da opressão exercida pela cultura dominante, opressão que atinge as comunidades, o político e a cultura, outrossim, porém, o Ser psíquico.

Peau noire, masques blancs, principia, de modo eloquentemente avisado, com uma acutilante citação do Poeta, Dramaturgo e Homem Político, Aimé CÉSAIRE (1913-2008), extraída da sua célebre obra, “Discours sur le colonialisme” (1950), ou seja:”Je parle de millions d’hommes à qui on a inculque savamment la peur, le complexe d’infériorité, le tremblement, l’agenouillement, le larbinisme » :
Nesta obra, com efeito, FANON constrói uma Análise, de um ponto de vista psicológico do que deixou o colonialismo como herança à Humanidade e isto, partindo da conexão entre o Negro e o Branco. É todo um jogo de definições que faz por diferenciações e, neste sentido, o Primeiro Capítulo presume bases de Linguística.
E, encurtando razões, nada melhor, que apresentar uma breve Sinopse da Obra:
Os Três Primeiros capítulos se ocupam do Negro moderno. “Tomo o Negro e experimento determinar as suas atitudes no mundo branco”. Por seu turno, os dois derradeiros abordam a tentativa de exploração psicopatológica e filosófica do existir do negro.
A análise é sobretudo regressiva.
O quarto e o quinto capítulos se situam, num plano fundamentalmente dissemelhante. No quarto, FANON critica avisadamente o trabalho de O. MANNONI (1950), que reputa de perigoso, sem, contudo, deixar de reconhecer que o próprio MANNONI está consciente da ambiguidade da sua posição. E, já no Capitulo quinto, que intitula de “L’expérience vécue du Noir”, mostra o negro perante a sua raça. Percebe-se que não existe nada de comum entre o negro deste capítulo e o que procura fazer amor com a Branca. Encontra-se, neste último, um desejo de ser Branco. Uma sede de vingança, no entanto, neste caso em concreto, pelo contrário, se assiste aos esforços desesperados de um negro que se encarniça em descobrir o sentido da identidade negra.
Elucida ainda mais, que a civilização branca, a cultura europeia impuseram ao Negro, um desvio existencial. Mostra, outrossim, enfim, que o que designa por alma negra é uma construção arquitectada pelo Branco.
“O Negro “evoluído,”escravo do mito negro, espontâneo, cósmico sente, num momento dado, que a sua raça já não o compreende”.
Sim, que ele, já não a compreende, outrossim.
Então, “se felicita desse facto e, desenvolvendo esta diferença, esta incompreensão, esta desarmonia encontra aí o sentido da sua verídica humanidade”.

Lisboa, 21 Julho 2009
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista – Cidadão do Mundo).
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quarta-feira, 22 de julho de 2009

KWAME KONDÉ

INTERVENÇÃO QUINQUAGÉSIMA TERCEIRA:


Recordando FRANTZ FANON (1925-1961):

“Faire sauter le monde colonial est désormais
une image d’action très claire, très compréhensible
et pouvant être reprise par chacun des individus
constituant le peuple colonisé. »FRANTZ FANON

PRIMEIRA PARTE :

O psiquiatra, escritor e ensaísta antilhano, de ascendência africana, FRANTZ FANON, que faleceu bastante jovem, ou seja aos trinta e seis (36) de idade, na sequência de uma leucemia, se hoje estivesse, ainda vivo, completaria, no próximo dia 20 de Julho, deste corrente ano de 2009, a bela idade de 84 anos.
Com efeito, nasceu, em Fort-de France, Martinica, a 20 de Julho de 1925, tendo vindo a falecer, a 6 de Dezembro de 1961, em Washington. DC.
Quiçá tenha sido, o maior pensador do século XX pretérito, no âmbito dos temas da descolonização e da psicopatologia da colonização. As suas obras foram inspiradas nos movimentos de libertação anti-coloniais, por mais de quatro décadas.
Militante do Movimento para a Independência da Algéria, no seio da Frente de Libertação Nacional (FLN), é autor das seguintes obras:
--- Peau noire, masques blancs (Seuil, 1952) ;
--- L’An Vde la révolution algérienne (Librairie François MASPERO, 1959) ;
--- Pour la révolution africaine (Librairie François MASPERO, 1964) ;
--- Les damnés de la terre : publicado pela primeira vez, no ano de 1961, pelas Edições François MASPERO e, em 1968, pelo mesmo editor, com o famigerado prefácio de Jean-paul SARTRE.

De feito, FRNTZ FANON nasceu no ano de 1925, em Fort-de France, MARTINICA, no seio de uma família da pequena burguesia abastada. Criança oriunda de uma fratria numerosa evolui, num mundo da vetusta colónia, onde não é ainda uso se interrogar acerca da escravatura. Todavia, muito jovem, FANON se compromete nas Forças gaulistas, o batalhão V, reagrupando os voluntários das Caraíbas. E, é, na realidade, no decurso deste “engagement”que adquire a sua cultura de Resistência e, identicamente fez a experiência do racismo trivial, quotidiano.
Uma vez, desmobilizado, com a Cruz de Guerra retorna a Martinica em 1945, passa o seu Baccalauréat e frequenta as tertúlias de Aimé CÉSAIRE (1913-2008).
Rapidamente, se reencontra em França para prosseguir os seus estudos de Medicina, na cidade de Lyon. Paralelamente, a estes estudos, se apaixona pela filosofia, antropologia, o Teatro e se embrenha, empenhando, a fundo, na sua especialização, no âmbito da Psiquiatria.
Simultaneamente, conquanto não adira a nenhum partido político, participa, porém, em todo movimento anti-colonialista e contribui na redacção de um pequeno periódico, Tam Tam destinado aos estudantes originários das colónias. E escreve, então, um primeiro artigo na revista Esprit (1952), “Le syndrome nord-africain”, no qual se interroga acerca do operário nord-africain, exilado, sofrendo por ser um “homme mort quotidiennement” que, afastado das suas origens e separado dos desígnios e objectivos, tornam um objecto, uma coisa arremessada no grande tumulto.

No Hospital de Saint-Alban, onde permanecerá quinze (15) meses, FANON fez um encontro fundamental, com o psiquiatra de origem espanhola e militante anti-franquista de nome François TOSQUELLES. Este encontro soldou para ele numa formação assaz determinante, no plano e domínio da Psiquiatria, outrossim e, ainda, no dos seus futuros compromissos ideológicos e políticos. Encontra, então aí, o verdadeiro ponto de encontro, onde a alienação é interpelada, em todo os seus registos, em vez da junção do somático e do psíquico, da estrutura e da história.
Finalmente, em 1953, conclui os exames de médico dos hospitais psiquiátricos e é, então, nomeado para o hospital de BLIDA, na Argélia.

Em Argélia, se encontra confrontado, não unicamente com a Psiquiatria clássica dos asilos, porém, identicamente com a teoria dos psiquiatras da Escola de Argel, acerca do primitivismo dos indivíduos.
A pouco e pouco (gradualmente) descobre a realidade colonial da Algéria da época. Num primeiro tempo, colocará toda a sua energia, com o objectivo de transformar os serviços, sob a sua responsabilidade efectiva, introduzindo a “social-thérapie” estudada e praticada com TOSQUELLE. Não terá de cessar de transformar, deste modo, a conexão dos pacientes com os alienados, com os Europeus, identicamente, porém, com os “indígenas” muçulmanos, procurando restaurar os seus referentes culturais, a sua língua, a organização da sua vida social, tudo quanto pudesse fazer sentido, obviamente. De consignar, que esta pequena revolução psiquiátrica é reconhecida tão bem pelo pessoal dos cuidados de Saúde (na maioria, empenhados politicamente), como outrossim, por militantes da região. Deste modo, a sua reputação se estende e de que maneira. Estamos já no Ano de 1955 e a guerra conducente à Libertação da Algéria do domínio colonial francês, principiou, sob o bom Signo.

Por razões assaz óbvias, FANON não compreende a deletéria cegueira do Governo socialista francês de então ante o sério desejo de Independência dos Argelinos. Eis porque, as suas robustas posições anti-colonialistas são, cada vez mais e mais, conhecidas. Assim, será contactado pelo movimento “Amitiés algéreinnes”, Associação humanitária destinada a levar apoio material às famílias dos detidos políticos, dirigida, de facto, por militantes nacionalistas em ligação com os combatentes, que abraçaram a guerrilha, perto de BLIDA. E o primeiro pedido que lhe é feito é de assumir a responsabilidade de cuidar dos guerrilheiros, padecendo de perturbações psíquicas.

É, deste modo, por capilaridade entre Psiquiatria e empenhamento político, que FANON se compromete na luta dos Argelinos para a conquista da sua Independência efectiva.
No ano de 1956, demite do seu cargo de médico psiquiatra, através de uma carta aberta endereçada ao Résident General, Robert JACOSTE em que escreve, asseverando que lhe é impossível querer, custe que custar, desalienar indivíduos, os “remettre à leur place dans un pays où le non-droit, l’inégalité et le meurtre sont eriges en príncipes législatifs, où l’autoctone, aliéné permanent dans son propre pays, vit dans un état de dépersonlisation absolu”. E, como corolário lógico desta famigerada carta aberta FANON é expulso da Argélia.

Passa, em seguida, três (3) meses em França, no primeiro trimestre do ano de 1957, estadia, no decurso do qual não encontra eco à sua sólida convicção, que a Independência da Argélia é inelutável. Apoiado pela Federação de França da FLN, regressa a Tunes (Capital da Tunísia, sendo esta, por seu turno, Estado da África Setentrional e que confina com a Argélia, a Oeste), onde implanta a Organização externa do Movimento de Libertação Nacional. Está, deste modo, consumada a ruptura.

FANON, uma vez, na Cidade de Tunes, prosseguirá uma dupla actividade, concomitantemente, como Psiquiatra e Político. Tornará membro da equipa do Jornal da FLN, El Moudjahid. Assistirá do interior a todas as contradições, grassando no seio da Frente de Libertação Nacional, inclusive as querelas crescentes entre os representantes políticos e o exército. Frequentemente, decepcionado permanecerá, contudo, um acérrimo defensor da Luta de Libertação da Argélia e um Psiquiatra continuadamente inovador. Interessar-se-á, cada vez mais e mais, pela África Sub-Sariana e será designado pelo Governo Provisório da República da Argélia, como Embaixador Itinerante em África Negra, no término do ano de 1959. É o Ano das Independências africanas.
De feito, FANON será veridicamente um autêntico Itinerante, na verdadeira acepção do termo e da expressão respectiva, se consumindo, sem levar em conta, do Gana aos Camarões, de Angola ao Mali, no desígnio de promover um combate para uma verdadeira Independência. Encara, identicamente a possibilidade de edificar uma Frente que partiria do Mali para atravessar o Sara e reunir os combatentes argelinos.
Todavia, infelizmente, em Dezembro de 1960, no decurso de uma Estadia em Tunes, descobre que está enfermo de uma Leucemia mielóide. Resta-lhe, apenas um ano para viver, no decurso do qual, escreverá Les Damnés de la terre.

Lisboa, 17 Julho 2009
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista – Cidadão do Mundo).
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sábado, 18 de julho de 2009

ENTRE A MENTIRA E A FALTA DE ESCRÚPULOS

Dentre em breve haverá eleições legislativas em Portugal. Com dois protagonistas mais visíveis. O PSD e o PS. Que trarão aos eleitores destes dois campos políticos uma dor de cabeça dos diabos.

A escolha entre Manuela Ferreira Leite e José Sócrates é uma escolha difícil senão impossível.

O PSD apelidou Sócrates de Pinóquio apresentando-o com um nariz de pau maior que o mundo em cartazes que mandou espalhar por este Portugal fora enquanto trazia a público inúmeras promessas eleitorais não cumpridas por Sócrates, para além de o desnudar naquilo em que os seus (de Sócrates) assessores de imagem o terão transformado: em perito de «Anúncios e Propaganda» sem suporte real; em mestre da realidade virtual.

Adriano Moreira num dos programas “Prós & Contras” da RTP disse, e cito de cor, “Governar não é representar uma comédia com a finalidade de ganhar eleições”.

Ouvindo e lendo tudo isto, e auscultando as pessoas à nossa volta, conclui-se que o PSD convenceu muitos eleitores, mesmo muitos, que José Sócrates é Mentiroso.

Ora bem, vejamos agora Manuela Ferreira Leite.

Entre muitas incongruências detectadas no seu discurso em que hoje diz o contrário do que dissera e fizera no passado quando fora ministra de duas pastas em governos PSD (a pasta da Educação e depois a das Finanças), agora, no espaço de uma semana esta senhora disse uma coisa Enorme (uma enormidade) e o seu contrário:

Disse: «Se o PSD ganhar as próximas eleições, rasgará todas as políticas sociais deste Governo do Partido Socialista».

E passada uma semana ― sete diazinhos apenas ― o que é que diz a senhora quando lhe pedem publicamente que confirme o que dissera antes?

Não esteve com meias medidas! Disse ― com a maior desfaçatez que se pode encontrar num indivíduo inescrupuloso ― o seguinte:

«O PSD não rasga coisa nenhuma».

Pois bem, digam-me lá por favor: entre um mentiroso contumaz e uma incoerente natural (que se contraria como quem respira), quem escolher para Primeiro Ministro de Portugal?

Eu escolho o Menino Jesus.
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KWAME KONDÉ

INTERVENÇÃO QUINQUAGÉSIMA SEGUNDA:

(III)

Uma Questão, que não deixa de ser, assaz pertinente, colocar e analisar, ipso facto e, por motivos óbvios, com o mínimo de bom senso e entendimento respectivo, diz respeito à rejeição e a dificuldade respectiva do Estado de Israel em se adaptar à verdade activa dos factos e, assim, poder se libertar da estulta obstinação, que vem assumindo… São, aliás, várias as razões que se encontram na base desta deletéria obstinação e, que vamos dilucidar as mais percucientes. Donde, temos então:
A Primeira Razão se prende com o facto da guerra assimétrica, jamais faz parte das prioridades de TSAHAL (o exército israelita). Este tem sempre por objectivo uma atenção privilegiada à guerra convencional, em que teria a se opor à uma ameaça maior da parte de vários exércitos árabes para a existência de Israel, reputada como “segurança fundamental” (“ BITAHON YESSODI”). Por outro, a ameaça dos grupos irregulares, relevando da “segurança corrente” (“BITAHON SHOTEF”), jamais foi vista como susceptível de pôr em causa a existência do País.

No entanto, o que é facto é que a Instituição militar jamais pensou a guerra assimétrica enquanto tal. Não originou, com efeito, uma doutrina de acção inovadora, ad hoc, específico. Jamais tentou conceptualizar esta nova ameaça, se fiando nas qualidades de improvisação e de inventividade das suas unidades de combate e dos seus oficiais, sem se preocupar com a coerência do conjunto.Com efeito, são os constrangimentos, de curto prazo, que definem o tipo de reacção como grau de violência ostentada e desfraldada pelos grupos armados, ou as pressões exercidas pela opinião pública israelita, as quais os dirigentes políticos e militares são sobremodo sensíveis. De referir ainda, que o peso do factor corporativista nunca foi desprezível. Enfim, é necessário, entender, outrossim, com isso, os comportamentos decorrendo da vontade de restaurar a imagem de TSAHAL cada vez que estima ter sido atingida.

Uma outra razão, ou seja a segunda, que merece ser estudada adequadamente, se vincula à convicção que toda a estratégia correria o risco de deixar uma impressão de fraqueza e encorajar os “terroristas” a prosseguir a via da violência. Eis porque muitos generais se recusaram à estratégia da “força mínima”, excluindo a “estratégia do terror”.
No fundo, tudo termina por conduzir ao problema da “capacidade de dissuasão do exército” que se confina na obsessão (sem dúvida, compreensível), num País, que vive sob o receio permanente de ser “apagado um dia do mapa”. É efectivamente, a vitória, a título póstumo, das concepções do General MOSHÉ DAYAN (1915-1981) e as de MOSHÉ SHARETT (1894-1965), sendo este, o Segundo Primeiro-Ministro de Israel (de 1953 a 1955), entre os dois mandatos de BEN--GURION, um dos signatários da Declaração do Estado de Israel. Outrossim e, ainda, dos “activistas” sobre os “moderados”.

Não deixa de se afigurar, assaz pertinente, sublinhar que as elites dirigentes israelitas, civis e militares acreditaram, identicamente, sempre nas virtudes da capacidade militar de TSAHAL, da sua potência de fogo, muito consideravelmente superior à dos Grupos armados. Bastaria fazer dele “bom uso”:”castigar” duramente os homens armados e os seus sponsors, exercer pressão sobre as populações civis que os abrigam voluntariamente ou em defesa própria. Depois esperar e “ver como as coisas se desenvolverão”. No entanto, a ideia que uma tal estratégia “exacerba a violência anti-israelita não faz parte do discurso estratégico em Israel”.
O que é facto, é que os malogros/fracassos de repetição desta estratégia jamais conduziram à sua colocação em causa, que não poderia se fazer sem dor. Aceitá-la equivaleria, com efeito, a reconhecer que o fundamento sobre o qual assenta a política de defesa de Israel, “a capacidade de dissuasão de TSAHAL”, não é apropriada para este conflito, o que seria, aliás, reconhecer a impotência da sua real potência bélica. Isto poderia, por outro, conduzir a um choque psicológico importante, porém salutar, porquanto TSAHAL veria coagido em encontrar vias clássicas, mais imaginativas que a força armada para defrontar, fazendo frente ao “terrorismo” e cessar, pelas suas reacções desproporcionadas, de fazer o jogo do inimigo.

Enfim e, em suma:
-- 1 A adesão à esta estratégia, em apreço, se encontra vinculada à ausência, entre os dirigentes políticos Israelitas de visão, a longo prazo, dizendo respeito à solução do conflito israelo-palestiniano, aos contornos do futuro Estado Palestiniano, o porvir das colónias da Cisjordânia, as fronteiras definidas, ou ainda o estatuto de Jerusalém.
-- 2 A excepção notável dos Acordos de Paz de Oslo (1995), rapidamente violados, nenhum dirigente israelita propôs um projecto político global, dizendo respeito as relações israelo-palestinianas susceptível de pôr cobro ao conflito.
-- 3 Na ausência de directivas políticas claras, o exército, frequentemente se contentou com reacções, au coup par coup (seja, por acções específicas e dissemelhantes de cada vez), de forma improvisada. Eis porque, não pode, seguramente ser considerado como único responsável desta estratégia da resposta desproporcionada, salvo, no início da Segunda Intifada, em que o Estado-maior do exército tentou contrariar os esforços do Primeiro-Ministro de alcançar uma solução negociada com o Chefe da Autoridade Palestiniana.
-- 4 Finalmente, todavia, nenhum militar de alta patente, nunca sugeriu uma abordagem algo inovadora, diferente, comparável a do marechal LYAUTEY (1854-1934), que esperava ardentemente que a separação se “fasse sans douleur”, ou à que o general norte-americano PETRAEUS (n-1954) tentou no Iraque, não sem um determinado êxito.

Lisboa, 12 Julho 2009
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista — Cidadão do Mundo).
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terça-feira, 14 de julho de 2009

KWAME KONDÉ

INTERVENÇÃO QUINQUAGÉSIMA PRIMEIRA:
(II)

Prosseguindo o nosso Estudo sobre a Estratégia militar israelita, impõe-se, sublinhar, que, na verdade e, na realidade, os responsáveis israelitas nunca levaram em conta a exacta dimensão do peso dos médias e da opinião pública mundial. O Mundo teria aceite, em princípio, que TSAHAL (o exército israelita) violasse o Direito Internacional, com a condição de o fazer, de modo parcimonioso e, na ausência de poder dispor de outros meios de defesa, seguramente.

De feito, a opinião que circulava na década de noventa do século XX pretérito, teria acabado por aceitar e, quiçá mesmo relevar Israel pelo facto de se defender contra o “terrorismo” de “Setembro negro”, liquidando, um a um, os membros do comando que tinha organizado e executado o assassinato dos atletas israelitas em Munique (Alemanha, aquando dos Jogos Olímpicos), no já longínquo ano de 1972. Todavia, as liquidações assinaladas de repetição, no decurso da Segunda Intifada, o uso de Tanques de combates em zonas urbanas, a ostentação perante população pobre e, outrossim e, ainda, o recurso a combatentes invisíveis foram percebidos, de forma, sobremaneira negativa e, muito, muito negativa, mesmo, obviamente.

Sim, efectivamente, a opinião pública Internacional não suportou o excesso da resposta israelita. De feito, os Israelitas não compreenderam que não bastava possuir o direito de exercer a legítima defesa para ganhar a simpatia do público Internacional Era necessário fazê-lo, em proporções razoáveis e, ipso facto, quiçá aceitáveis para a sua sensibilidade. Analisaram, identicamente a opinião pública, de forma passional, acusando-a de se revelar, assaz iníqua e injusta.

Lamentavelmente, em vez de fazer uma análise fria da forma de gerir este constrangimento, os Israelitas, todas as tendências somadas, se inclinam para as recordações do passado anti-semita da Europa, como elemento explicativo do desamor e indiferença respectiva do qual amargam. Existe, com efeito, em Israel, uma ausência total de reflexão acerca da desaprovação internacional a que se encontra condenada, mesmo pelos que fazem parte da oposição de “esquerda” e que contestam os métodos do exército. Esta posição ora enunciada, é visto sistematicamente como uma injustiça insuportável.
Perante à ameaça activa de grupos armados, mestres assumidos na manipulação de imagens endereçadas e dirigidas, em força, ao Público, os Israelitas continuam, neste aspecto, ainda na autêntica Idade da Pedra da Comunicação, que menosprezam, pois, realmente, de tal modo, é convicção que são as vítimas, com razão (com justiça e merecidamente), cujo o resultado é uma deletéria incapacidade para compreender as energias e competências respectivas da emoção do Público.

E, para uma elucidação, do que temos vindo a exarar, vale a pena trazer à colação, o exemplo seguinte, por constituir o paradigma, assaz convincente, no atinente à debilidade enunciada. Ou seja:
Precisamente, no dia do “massacre” de uma família judaica ocupada em festejar PESSAH, em Março de 2002, o Primeiro-Ministro ordena a mobilização de reservistas e a ocupação das cidades palestinianas transpostas sob controlo da Autoridade Palestiniana.
De anotar, antes de mais, que PESSAH significa, em hebraico, Páscoa e é a principal festa familiar da Cultura judaica. Simboliza a Festa da Liberdade e comemora, por conseguinte, a libertação de Israel da servidão Egípcia.
E, como vínhamos dizendo, de repente, a atenção da opinião pública, quão comovida e quão enternecida, porém alarmada, como se pode compreender, pelo atentado perpetrado por NETANYA se voltou para a Cisjordânia. Deste modo, em vez de “enceleirar” os “resultados” do “massacre”, e lograr mobilizar um apoio duradoiro das Nações Unidas e dos Médias, em torno deste Evento/Acontecimento trágico, o governo israelita de então, na sua pressa e rapidez, com isto poder aproveitar o desejado ensejo de dilacerar os activistas palestinianos, acabou por fazer olvidar a tragédia e, deste modo, revirou a opinião pública mundial contra si mesma.

De sublinhar, enfim, que, no âmbito desta deletéria perspectiva israelita, se ouve, quase sempre (a maior parte das vezes, ordinariamente), da boca dos seus dirigentes e responsáveis respectivos e, outrossim e, ainda, de simples cidadãos, o seguinte lamento: “De toda a maneira, o Mundo está contra nós”. Donde, relevante, se assume consignar, que tudo isto se afigura, pelo menos (quanto menos), assaz inconsequente esperar um apoio do Mundo, quando se o acusa de parcialidade.

Lisboa, 10 Julho 2009
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista – Cidadão do Mundo).
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domingo, 12 de julho de 2009

KWAME KONDÉ

INTERVENÇÃO QUINQUAGÉSIMA:


Para Principiar:

Na era das migrações permanentes devidas a pressões económicas, culturais, militares ou climáticas, o Estado torna, cada vez mais e mais, num lugar transitório, temporário e os seus habitantes respectivos são, cada vez mais, outrossim, verdadeiros apátridas.

E, no âmbito desta dinâmica, se impõe, avisadamente levantar algumas questões pertinentes, designadamente:
(1) O que é que os filósofos e os intelectuais coevos podem asseverar acerca deste fenómeno que diz respeito, tanto como, afinal, aos palestinianos como aos membros da União Europeia?
(2) Como se pode possuir, ainda o sentimento de pertencer à uma Nação?
(3) Quem exerce, efectivamente, o poder actualmente?
(4) Temos sempre o direito de possuir direitos?
(5) Enfim, que significa, por exemplo, o facto de cantar o hino americano, no idioma cabo-verdiano?
Sim, efectivamente Questões, assaz oportunas e, quão percucientes!

(I)

O Regionalismo Crítico é algo de difícil entender, pelo facto do robusto poder do Nacionalismo (Sentimento de pertencer a um grupo por vínculos étnicos, linguísticos e históricos que reivindica o direito de formar uma Nação autónoma), até mesmo do sub nacionalismo étnico e demais outros quejandos, pelo facto, que os Agentes transnacionais grassam, imperando de Estado nação por Estado nação.

E, já agora, et pour cause, vale a pena, trazer à colação, algumas ideias acerca da Constituição Europeia. Trata-se, acima de tudo, de um documento económico. E, para a aplicar, se invoca uma determinada memória cultural – quiçá para substituir o Nacionalismo puro e duro.
De anotar, demais, que o Tratado para a Constituição Europeia não passou porque a França e os Países Baixos votaram contra. Na verdade, o documento principia como se tivesse havido sempre uma Europa, mesmo no momento em que os Países aí davam entrada. Sabemos, no entanto, que as Constituições devem sempre inserir uma contradição, quiçá singela ou, outrossim, nas antípodas dos grandes objectivos.
Contudo, existe uma assimetria entre dissemelhantes considerações performantes. Deste modo, a Europa se encontra ocupada em outorgar o seu nascimento, invocando a sua presença original para consolidar a unidade económica no novo mercado global – e, assim se outorgar acesso a cosmo política – só pode ser percebida como evento idêntico aos trabalhadores “sem papel” da Califórnia, reclamando um direito para além da Nação, conducente, desta forma, ao advento desta. Isto, simplesmente porque a habitam, variedades dissemelhantes de condição performative.
Eis porque, quando o filósofo alemão Jörgen HABERMAS (n-1929) fala dos “prosélitos de uma democracia cosmopolita”, baseada na Europa de um novo estatuto político de “cidadãos do Mundo”, fá-lo no quadro desta discussão, em apreço e análise, quão pertinente e, quão oportuna.

Por outro, o Sentido do Global dos dominantes europeus se encontra, outrossim, parcialmente vinculado à Imigração.
E, de consignar, DESTARTE, que os Estados emergentes do Sul Global estão para limitar o acesso à esfera pública para o cidadão, simplesmente porque a esfera pública específica ao Estado se reduz à esfera económica global.
Na verdade, o que é facto é que não existe cidadania sólida para as pessoas na mais baixa da escala. Estes Estados gerentes globais do Ultraliberalismo são apátridas dentro dos seus próprios Estados, se considera o Estado como uma estrutura abstracta. É, aliás, esta estrutura de redistribuição de protecção Social e de constitucionalidade do interior do Estado que se encontra actualmente em curso de se corroer e se carcomer.

Aqui se nos afigura assaz pertinente e oportuno, chamar à atenção, outrossim e, ainda, em complemento elucidativo, para os doutos ensinamentos da lavra do filósofo francês, Jacques DERRIDA (N-1930) exarados no trabalho ensaístico---VOYOUS (Paris-2004), em que aborda toda a arquitectura Kantiana para pensar o Mundo, a Liberdade e o Vínculo entre a cosmo política e a guerra o que tornam KANT (quiçá) inoperante para pensar e se comprometer numa democracia global vindoura.
Todavia, DERRIDA em Politiques de l’amitié (Paris, 1994), no intuito de uma melhor precisão das suas ideias e forma de pensar, no âmbito desta problemática, em estudo, denominou, DESTARTE, este desliamento/desfecho/desenlace do vínculo entre nascimento e cidadania, de: o desconstrucionismo da Genealogia. É aí, efectivamente que principia o Regionalismo Crítico.

Finalmente e, em jeito de Remate assertivo:
Com efeito, os nossos movimentos sociais globais nos foram confiscados. Somos “apoiados”, a cada passo (a todo o momento). No entanto, se verifica porquê o “crítico” intervém neste pensamento do regionalismo. E, explicitando, melhor as nossas ideias, temos então:
(1) Nos jornais, a Índia e o Paquistão são sempre inimigos, mesmo se ocorre permutas entre os seus Primeiros-Ministros respectivos.
(2) A China e a Índia são reputados como estar em concorrência, visando obter o favor dos USA e, assim, sucessivamente.
(3) Os vetustos limites, datando de antes Bandung, entre Pan-africanismo e anti-colonialismo existem ainda?
(4) Os Heróis da Humanidade no-lo fariam esperar.
(5) Enfim: A nova América latina pode controlar o desejo euro americano de Universalismo?
Deste modo, (quiçá) se pode lobrigar porquê “crítico” e porquê “regionalismo”.
De feito, todo o seu húmus de fundo se encontra aquém de e, outrossim além do nacionalismo, preservando as estruturas abstractas de Algo que se assemelha ao Estado. Isto permite uma correcção constitucional contra a mera vigilância e recolha de dados, no atinente aos Direitos Humanos, ou aos processos de interesse público, tudo isto em nome de um público que não pode agir e actuar por si próprio, ipso facto…

Lisboa, 06 Julho 2009
KWAME KONDÉ
(Intelectual/internacionalista Cidadão do Mundo).
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terça-feira, 7 de julho de 2009

THE SHOW MUST GO ON

(OU O NEGÓCIO DAS ALMAS)
(OU AINDA: ANTES MORTOS QUE VIVOS)


Pois é! Já os juntaram: Marilyn, Elvis e Jacko.

E as notícias que se lêm em jornais de todo o mundo são de que
Jacko vende agora muito mais que quando estava vivo.
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domingo, 5 de julho de 2009

KWAME KONDÉ

INTERVENÇÃO QUADRAGÉSIMA NONA:

Nota Preliminar:

O Estado de Israel, desde a sua criação no ano de 1948, conheceu várias vagas de “terrorismo”, designadamente:
--- A dos fedayins vindos à partir do Egipto ou da Jordânia, na década de cinquenta do século XX pretérito;
--- A de Setembro “negro” nos anos setenta do século XX passado;
--- A conduzida contra aldeias no Norte de Israel em 1974;
--- A dos anos 90, do século XX passado, após os Acordos de Oslo (Noruega), estabelecidos e acordados no ano de 1995;
--- A da Segunda Intifada, marcada, enfim, por uma vaga de atentados suicidas, sem precedente.
Do acima, expendido, somos conduzido, ipso facto, às interrogações seguintes:
(1) Como TSAHAL (o exército israelita) conduziu ou vem conduzindo a sua luta contra o “terrorismo”?
(2) Soube, por outro, gerir este tipo de conflito “no seio das populações”?
Todavia, o que é facto, é que o Balanço respectivo não encontrará graças, nem ante os olhos dos incondicionais de Israel, nem, obviamente perante aos da causa palestina. Na verdade, o exército israelita não escolheu a estratégia do pior, a da violência extrema, no entanto, efectivamente, não há dúvida nenhuma, que cometeu vários erros.
Não assimilou, outrossim, as regras implacáveis da “guerra assimétrica”.
Enfim, desde a criação do Estado de Israel em 1948, privilegiou-se a doutrina do risco da “resposta desproporcionada”, inapropriada a este conflito. Este tipo de procedimento cumpriu mal (muito mal, mesmo) a sua função dissuasiva e conduziu todo o País para uma situação, cada vez mais inextrincável.

(A)
Todavia, Sessenta (60) anos de experiência de luta desenfreada contra o “terrorismo”, muito poucas coisas parecem ter mudado nos esquemas de Pensamento do exército israelita, desde a criação do Estado de Israel. De feito, ante uma ameaça “terrorista” ou uma insurreição, quer armada ou desarmada, TSAHAL recorre a idêntico tipo de resposta, à famigerada “resposta desproporcionada”, fustigando, punindo, concomitantemente combatentes e não combatentes, quando não for possível fustigar um sem atingir o outro, com uma determinada desmesura calculada, envidando-se evitar derrapar, num crime em vasta escala.

(B)
Este tipo de reacção faz parte integrante da Cultura estratégica de Israel. Obviamente, a sua aplicação respectiva, pode variar, em função do contexto e, não só. Outrossim e, ainda, dos Primeiros-Ministros, em pleno exercício de seus mandatos e da personalidade dos dirigentes do Exército. Todavia, estas variações são geralmente de débil efeito.
De facto, praticamente, todos os Primeiros-Ministros e os Ministros da Defesa, quer de “esquerda” ou de direita, sustentaram o Princípio de uma reacção brutal e “desproporcionada” em detrimento à uma táctica “terrorista”, ou à uma insurreição, designadamente:
-- David BEN GOURION (1886-1973), nos anos cinquenta do século XX pretérito;
-- Menahem BEGIN (1913-1992), durante a guerra do Líbano;
-- Itzhaz RABIN (1922-1995), durante a primeira Intifada;
-- Ariel Scheinemann SHARON (n-1928), aquando da segunda Intifada.
Por seu turno, EHUD BARAK (n-1942) envolvido em negociações com a Autoridade Palestiniana, era neste aspecto mais reticente, porém, não soube impor a sua vontade ao Exército.

(C)
A resposta desproporcionada é, efectivamente, um elemento essencial da cultura estratégica de Israel. Trata-se de um conjunto de crenças, de atitudes e de práticas, dizendo respeito ao uso da força, ao qual aderiram praticamente todos os dirigentes civis e militares de Israel. Esta forma de actuar e agir reenvia para a identidade que os Israelitas se forjaram a seu modo, de se poder situar num espaço geográfico que lhes é francamente hostil, à sua percepção da ameaça, à sua angústia para a sua existência, ao seu receio de só poder contar com eles próprios.
Estamos, na verdade, ante algo de sui generis e de peculiar. Sim, concretamente perante:
---O Reflexo desta mescla de sentimento de poder e de grande vulnerabilidade que conduziu o exército a utilizar meios sobredimensionados em relação à ameaça real.
---Uma Fórmula de estar e de se defender contra uma agressão externa.
---Uma Reacção reflexiva, constituindo o objectivo, de um amplo consenso no País, ou seja: “Se formos atacados, os nossos agressores devem saber que pagarão o robusto preço pela sua agressão”.
Enfim e, em suma: No fundo, todo o resto passa para o segundo plano, designadamente: a eficácia de uma idêntica visão; o preço para eles desta reacção; os ataques dos civis de outra facção, os desgastes feitos às suas relações com o mundo árabe e com os seus aliados ocidentais, a degradação da sua imagem no Mundo, a legitimação, in fine, do seu próprio combate.

(D)
TSAHA não assumiu, ou não quis assumir, a consciência que esta estratégia era admissível num conflito clássico, não numa guerra assimétrica, contra grupos irregulares. Jamais reconheceu a sua inadequação a este tipo de conflito, que os seus peritos denominam de “baixa intensidade”. Opostamente, aos demais outros exércitos, americano, britânico e francês, não procurou, na verdade, se adaptar aos constrangimentos da guerra assimétrica, salvo para melhorar o seu serviço de Informação e as suas capacidades militares. Jamais houve no interior do TSAHA uma doutrina respeitante à “guerra no seio das populações”. Facto que parece, um tanto ou quanto, pouco desconectado desses debates doutrinais que agitaram os estados-maiores dos Países Ocidentais, nestes derradeiros anos:
Deste modo, no âmbito desta dinâmica, se impõe colocar avisadamente uma pertinente questão. Ou seja: Possui, na verdade, uma estratégia de luta contra-insurreição?
A este propósito, vale a pena trazer à colação, as ideias avançadas pelo Tenente General, Aviv KOHAVI (Comandante das tropas pára-quedistas, no início da Segunda Intifada), aquando de uma conferência de Imprensa concedida, no princípio do ano 2003, ao afirmar o seguinte: que, na verdade, quando a Segunda Intifada rebentou, o exército não possuía “nem doutrina, nem técnicas adequadas para o combate de débil intensidade em zonas urbanas povoadas”.
Como facilmente, se pode depreender:
--- Não houve Reflexão organizada acerca dos mecanismos complexos da guerra assimétrica, nem acerca da forma de gerir objectivos que podem se verificar contraditórios.
--- Não houve, outrossim pensamento rigoroso acerca da articulação entre os objectivos e os modos operatórios, sim, efectivamente está-se ante uma autêntica ausência de Reflexão construída no atinente às consequências do uso de tal ou tal arma, dos efeitos de tal ou tal tipo de e operações.
Enfim, de sublinhar, que ainda, consoante este, que foi um dos Altos Responsáveis da luta “anti-terrorista” no Conselho Nacional de Segurança, “não existe em Israel, uma estratégia escrita de guerra contra o “Terrorismo”.
Demais, reforça o seu pensamento, nesta matéria, asseverando avisadamente, que “A estratégia não é, nem clara, nem coerente, dependendo demasiado das posições ideológicas dos decisores e da situação política em Israel”. E, que “demasiada importância é acordada ao oral, à palavra”. Finalmente, que “A estratégia se preocupa do que aconteceu ontem e do que passará amanhã. Temos necessidade de uma estratégia organizada e os líderes políticos têm dificuldade em assumir decisões de longo prazo, por causa do equilíbrio das forças políticas interna em Israel, o que não facilita uma tal démarche”.
Resumindo e concluindo, a persistência destes reflexos contrasta com a sua flexibilidade e a sua capacidade respectiva de adaptação, num conflito clássico, exército contra exército, como foi o caso da famigerada Guerra dos Seis Dias, no ano de 1967, com apoio expresso dos USA. Com efeito, perante o conflito assimétrico, o exército israelita não deu provas de muita imaginação.

(E)
O que é facto, é que nenhuma lição parece ter sido sacado e extraído das experiências pretéritas, quer no atinente à Guerra de Algéria, da Guerra do Vietname, ou outrossim da Guerra do Afeganistão, porém identicamente e, sobretudo, das do próprio Israel, que foi, contudo, ele mesmo, na época do Mandato britânico, no papel do “fraco” que torturava o peão, no auge (no momento mais intenso) da contenda, com o apoio de meios que incitava, coagindo este último a cometer erros quão imperdoáveis e quão estultos.
Todavia, por outro, o que não deixa de ser significativo, sublinhar é, que, na verdade, ninguém parece ter lido ou relido os escritos do sexto Primeiro-Ministro de Israel, Menachem BEGIN (1913-1992), Prémio Nobel da Paz, em 1978, em parceria com o Presidente egípcio Muhamed Anwar al-SADATE (1918-1981), evocando o seu combate contra os Britânicos nos anos de 1946-1948.
Trata-se, com efeito, de escritos de uma ardente actualidade, onde mostra como a repressão de uma revolta “acaba por enfraquecer o prestígio de um regímen colonial, vivendo sobre o mito da sua omnipotência”. De feito, “cada ataque que não pode prevenir constitui um golpe vibrado à sua Existência. Demais, se o ataque malogre, corrói o seu prestígio e, esta fissura não cessa de se alargar a cada agressão.

Finalmente, os Generais israelitas, nunca reflectiram, outrossim sobre os lúcidos escritos da lavra do militar francês, (de origem tunisina), DAVID GALULA (1916-1967) para quem: “Dans une guerre conventionnelle, un soldad qui, pris à partie, ne riposterait pas avec la puissance de feu maximale, manquerait à son devoir. Dans une guerre révolutionnaire, la situation est inverse: la règle est d’en faire un usage aussi limité que possible », in Contre-insurrection, théorie et pratique.

Lisboa, 03 Julho 2009
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista Cidadão do Mundo)
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sábado, 4 de julho de 2009

ABAIXO DE CÃO



Eis claramente definido aquilo em que esta gentalha tem estado, e está, a transformar o velho grande Benfica: numa autêntica Merda!

«Gagando», pois claro! Em plena Mesa da Assembleia Geral do Glorioso.

«Cagando».
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RESPEITO E AMOR

Uma cama desfeita: quatro almofadas, lençóis e um edredão. E dois gatos estrategicamente aninhados e em sono profundo em espaços privilegiados da cama ― o Picasso até ressona ― pode cair o prédio que ele não acorda por nada deste mundo ―.

Claro, eu sei: eu posso ir fazer a sesta para outro quarto! ...

Mas eu gostaria era de fazer a sesta... na minha cama!...

E não tenho coragem de incomodar ― e muito menos de acordar ― os meus gatos.

Prefiro vir para aqui blogar...

Até logo Gauguin e Picasso!

Tenham bons sonhos!
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sexta-feira, 3 de julho de 2009

CUIDADINHO MINHA AMIGA!


As agências de marketing, comunicação e imagem deram-lhe cabo... da Imagem.
Durante estes últimos quatro anos a dose foi de tal maneira excessiva que hoje em dia só de vê-lo apetece vomitar; nem sequer é por causa da política ― é porque aquela imagem já enjoa de tanto nos entrar pelos olhos adentro.

E agora subsiste um dilema que pode acabar em tragédia: se o PSD ganhar as próximas eleições legislativas, o caminho para a meta da destruição do que resta do aparelho de Estado (caminho encetado pelo PSD e continuado paulatinamente pelo PS de Sócrates) será rapidamente percorrido rumo ao abismo.



Quem não se lembra de ter havido já uma Ministra da Educação chamada Manuela Ferreira Leite?

― Uma péssima Ministra da Educação ao tempo!

Quem não se lembra de ter já havido uma Ministra das Finanças chamada Manuela Ferreira Leite?

― Uma péssima Ministra das Finanças ao tempo!

Toda a gente se lembra disso, com certeza.

Aliás, foi essa mesma Ministra quem estrangulou as Pequenas e Médias Empresas (PME) com um imposto chamado PEC (Pagamento Especial por Conta). E hoje essa mesma Manuela Ferreira Leite, criadora do PEC, anda a gozar com a memória da malta exigindo veementemente ao Governo que extinga o famigerado imposto que ela criou, como se ela nada tivesse a ver com a coisa.

Haja ao menos um pouco de vergonha! E também um pouco de humildade já agora.

É que a votação nas europeias não é sondagem em que se possa confiar para as legislativas. O PSD ficou todo ufano e agora já fala alto e canta de galo por ter ganho as eleições europeias em que houve uma abstenção monumental.

Mas seria bom que certas pessoas no PSD pensassem bem qual o campo político que tinha razões para se abster de votar. Certamente não era o campo da Direita; quem se absteve de votar foi a Esquerda. Esta, sim ― zangada, ferida, traída, achincalhada e desprezada pelo PS e sua maioria absoluta ―, não foi votar desta vez.

Um exemplo apenas: aqui desta humilde palhota de onde escrevo, o PS teve 4 votos nas últimas legislativas; nas europeias de há dias... teve: zero, noves fora, Zero.

Mas a malta irá votar nas legislativas!...

Querem saber o sentido do voto? Telefonem a perguntar que já vos damos uma resposta errada para vos baralhar as sondagens.
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