Sabia que este número do jornal francês Libération não foi distribuído em Lisboa no passado dia 18 por ter acontecido «uma oportuna falha de impressão»?
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quinta-feira, 25 de março de 2010
UM IMBRÓGLIO
A suspeita seria sempre inevitável ― é um ónus a pagar. E há certamente casos (muitos?) em que há razão para suspeita. Mas também os filhos de governantes não podem ficar obrigatoriamente no desemprego por serem quem são.
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ELOCUBRAÇÃO TRIGÉSIMA OITAVA:
Da Civilização:
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895)
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895)
(I)
A história do vocábulo/lexema “Civilização”mostra que o seu papel consistiu, antes de mais, sublinhar a diferença entre os povos mais “evoluídos” e os demais outros. Donde, no âmbito desta perspectiva, a Civilização representa, por conseguinte, as características dos povos que empregam este vocábulo e fazem dele uma teoria. Ou seja: os países da Europa Ocidental que, num contexto colonialista (sendo colonialista o partidário do colonialismo, obviamente), classificaram, deste modo, a sua cultura como superior à dos demais outros.(II)
Todavia, para além desta atitude comum dos dissemelhantes países europeus, a história deste lexema (e, por conseguinte, do conceito que exprime) esteve estreitamente vinculado à história da Língua e das Ideias de cada país. De feito, nas diversas línguas, o termo “civilização” assumiu tonalidades assaz variegadas, o que torna, demasiado difícil, a sua tradução respectiva. (III)
Por seu turno, o erudito sociólogo alemão, Norbert ELIAS (1897-1990) descreveu a evolução conducente à modificação da acepção dos termos Kultura e Zivilisation, na sociedade germânica a partir do século XVIII, enquanto regular e concomitantemente, a burguesia assumia o destino da Nação. De feito, na época de FREDERICO II, a separação social que opunha a aristocracia prussiana à burguesia, não permitia à esta se identificar com os valores contidos no vocábulo Zivilisation e expressos pela classe no Poder.(IV)
Eis porque, a expressão Kultur, elaborada pela classe média, contém, ipso facto, uma visão do Mundo que se opõe ao ideal cortês (da Corte): este ideal de homem delicado e cultivado, que tem para modelo um rei galante e uma Corte magnífica é rejeitado como algo, quão falso e hipócrita pelos intelectuais burgueses: Estes exaltam, em contrapartida, as qualidades de “coeur” e não como natural a distinção entre os homens. O conceito de Kultur se transforma, ulteriormente, ou seja, quando a burguesia germânica apodera-se do poder político ao qual aspira. Deste modo, o conceito em apreço, de carácter peculiar e sui generis inerente à uma camada social, será sentido e experimentado como um carácter nacional.(V)
Já agora, vale a pena, analisar o que se passou, por exemplo, em Inglaterra, Itália e França, neste âmbito:Em Inglaterra, o termo é confirmado desde o ano de 1722, triunfando (levando a melhor) sobre Civility, porém, no século XIX, um outro vocábulo entra em cena para opor as sociedades modernas às sociedades Primitivas. Estamos a referir ao lexema Cultura.
No atinente à Itália, o vetusto vocábulo civiltà, já utilizado pelo Poeta DANTE ALIGHIERI (1265-1321) veda a intrusão de novas aquisições.
Finalmente, em França, os estudos conduzidos acerca do advento e a história do vocábulo “civilização” demonstram como se operou uma dupla identidade entre o elóquio acerca da língua e o discurso acerca da civilização, por um lado e entre civilização francesa e civilização universal, por outro. Demais, de sublinhar, que os especialistas estão de acordo, no atinente à data do advento oficial do lexema “civilização”, em França: 1771.
E, rematando assertivamente, se afigura, quão pertinente, e quão interessante observar que desde as suas primeiras utilizações, este vocábulo/lexema revela a sua polissemia. Indica, concomitantemente “[…] um processo de aperfeiçoamento das conexões sociais e dos recursos materiais; […] o conjunto das Instituições e das técnicas” logrados pelos grandes Impérios antes da sua decadência; “[...] a realidade contemporânea com tudo o que comporta de irregularidade e de injustiças”.
Enfim e, em suma: Verifica-se, em particular, que designa um processo e o seu respectivo corolário lógico. Demais, deste modo, “civilização” se torna o objecto de uma crítica moral, visando as suas falsas interpretações, que consistem num abrandamento superficial dos costumes sem atingir “le fond et la forme”, consoante a clássica concepção do político francês, Honoré, conde de MIRABEAU (1749-1791).
Lisboa, 24 Março 2010
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).
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KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).
quarta-feira, 24 de março de 2010
«DÁ-ME O TELEMÓVEL JÁ!»
VERSÃO AMERICANA
Coitadinha da aluna!...
A Associação Portuguesa de Pais,
com o apoio da Assembleia da República,
vai enviar um protesto a Obama.
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com o apoio da Assembleia da República,
vai enviar um protesto a Obama.
terça-feira, 23 de março de 2010
HABITUEM-SE
OBAMA É MESMO DIFERENTE
“Teme-se” que Obama tenha praticamente inviabilizado a sua possível reeleição ao cumprir a promessa eleitoral da criar nos Estados Unidos um sistema de saúde universal que abranja todos os americanos levando os cuidados de saúde a cerca de 32 milhões de novos beneficiários que deles estavam excluídos pelas seguradoras que eram donas e senhoras da saúde, da bolsa e da vida dos americanos.
Não passou ainda pela cabeça de nenhum dos profetas, opinantes, analistas e demais istas, que finalmente pode ter surgido um político (Barak Hussein Obama) que coloca os interesses do seu povo e do seu país acima das suas ambições pessoais e partidárias.
Concordo que isto é esquisito, é verdade, mas só quem esteja distraído dos discursos de Obama, ou quem os toma por discursos de político normal e obrigatoriamente tacticista e mentiroso, é que pode estar admirado que Obama cumpra uma promessa eleitoral e não se importe com impactes da mesma numa futura eleição presidencial.
Habituem-se!...
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Não passou ainda pela cabeça de nenhum dos profetas, opinantes, analistas e demais istas, que finalmente pode ter surgido um político (Barak Hussein Obama) que coloca os interesses do seu povo e do seu país acima das suas ambições pessoais e partidárias.
Concordo que isto é esquisito, é verdade, mas só quem esteja distraído dos discursos de Obama, ou quem os toma por discursos de político normal e obrigatoriamente tacticista e mentiroso, é que pode estar admirado que Obama cumpra uma promessa eleitoral e não se importe com impactes da mesma numa futura eleição presidencial.
Habituem-se!...
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segunda-feira, 22 de março de 2010
ESTÚPIDOS
Ao contrário do que se faz agora em Portugal, a América universaliza a cobertura do seu Sistema Nacional de Saúde.
Num discurso memorável, após votação favorável da sua proposta no Senado, Barak Obama teve estas palavras que resumem o essencial da questão e só não servem de lição ao PS, a Sócrates e à Direita a que eles pertencem, porque para isso são precisas: cultura, sensibilidade e inteligência acima da média.
Num discurso memorável, após votação favorável da sua proposta no Senado, Barak Obama teve estas palavras que resumem o essencial da questão e só não servem de lição ao PS, a Sócrates e à Direita a que eles pertencem, porque para isso são precisas: cultura, sensibilidade e inteligência acima da média.
«A votação de hoje responde aos anseios de cada americano
que desejou profundamente que se fizesse alguma coisa
a um sistema de saúde
que funcionava para as companhias seguradoras,
mas não para o cidadão comum.»
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que desejou profundamente que se fizesse alguma coisa
a um sistema de saúde
que funcionava para as companhias seguradoras,
mas não para o cidadão comum.»
sábado, 20 de março de 2010
ACTUALIDADES
EIS O ESPECTRO POLÍTICO PORTUGUÊS ACTUAL
Da esquerda para a direita:
BE ― PCP ― CDS ― PSD ― PS
BE: Bloco de Esquerda (Esquerda de Inspiração Trotskysta)
PCP: Partido Comunista Português (Comunista)
CDS: Centro Democrático Social (Partido Social Democrata)
PSD (Entre o Liberalismo, o Neoliberalismo e a confusão)
PS (Partido Neoconservador de Direita).
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Da esquerda para a direita:
BE ― PCP ― CDS ― PSD ― PS
BE: Bloco de Esquerda (Esquerda de Inspiração Trotskysta)
PCP: Partido Comunista Português (Comunista)
CDS: Centro Democrático Social (Partido Social Democrata)
PSD (Entre o Liberalismo, o Neoliberalismo e a confusão)
PS (Partido Neoconservador de Direita).
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3 CONDIÇÕES PARA VOTAR CDS

2) Propor a redução significativa do número total de deputados à Assembleia da República.
3) Garantir explicitamente aos eleitores que não mente e não os trairá após as eleições fazendo letra morta de qualquer parte do seu programa eleitoral.
Et voilá! Mais simples do que isto não há.
É que está bem à vista que o CDS é neste momento o partido da classe média;
Enquanto o PS é Neoconservador de Direita; E o PSD é coisa nenhuma.
O Partido Comunista e o Bloco de Esquerda são como o algodão ― não enganam.
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O GRUNHO
Em estalando o verniz, surge lá de dentro o grunho que existe em cada um de nós.
Este de há muito que vivia com o grunho de fora.
Outros nunca conseguiram sequer disfarçar o seu grunho.
E outros ainda, de tão grunhos, nem sabem sequer que o são.
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Este de há muito que vivia com o grunho de fora.
Outros nunca conseguiram sequer disfarçar o seu grunho.
E outros ainda, de tão grunhos, nem sabem sequer que o são.
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E AGORA PSD?

Ferreira Leite espera que o próximo líder do PSD
«não seja escolhido pelo aspecto físico».
BOM DIIIA!
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sexta-feira, 19 de março de 2010
BENFIQUISTA POR HORA E MEIA
Apesar de ser um sportinguista dos mil costados, devo ser um degenerado ― pelo menos na óptica dos fala-barato de cachecol que costumam dizer a despropósito (ou com o propósito da autopromoção) que não viram um jogo porque estavam a «operar um doente àquela hora». Como quem diz: “eu estava a fazer um milagre”. Quando muitas vezes apenas se limitam a ver outros fazerem o trabalho.
Passe o desplante e o atrevimento, mas para colocar as coisas nos seus devidos termos, direi: eu que estou aqui obscurinho e sentadinho, e me sinto como se tivesse nascido ontem e feito ainda nada na vida, já fiz mil e tal “milagres” desses. O que prova que não é milagre nenhum.
Claro que não é bem assim. Mas. Exagerando um bocado ― a coisa é um tanto parecida com o milagre do canalizador que nos resolve um problema de inundação em casa, em que não sabíamos de onde chegava a água e como estancar a torrente destrutiva.
Isto para dizer (também) que ontem torci muito pelo Benfica e fiquei contente que tivesse eliminado o Marselha.
E viva o Sporting!
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Passe o desplante e o atrevimento, mas para colocar as coisas nos seus devidos termos, direi: eu que estou aqui obscurinho e sentadinho, e me sinto como se tivesse nascido ontem e feito ainda nada na vida, já fiz mil e tal “milagres” desses. O que prova que não é milagre nenhum.
Claro que não é bem assim. Mas. Exagerando um bocado ― a coisa é um tanto parecida com o milagre do canalizador que nos resolve um problema de inundação em casa, em que não sabíamos de onde chegava a água e como estancar a torrente destrutiva.
Isto para dizer (também) que ontem torci muito pelo Benfica e fiquei contente que tivesse eliminado o Marselha.
E viva o Sporting!
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JOSÉ ADELINO MALTEZ

Sim! Livres!
Porque há espíritos cultos vendidos. Há-os comprados; lambe-botas, papistas, etc.
E há-os ainda açaimados.
Adenda (20/03/2010, 02:16 PM). Atenção! Nada de confusões. Eu só falei de "espíritos cultos".
SOBRE O “CASAMENTO” LARILAS
Na minha besteira, desde o início me pareceu que isto se nos mete pelos olhos adentro. Mas ainda bem que Freitas do Amaral vem agora dizer, com a autoridade que se lhe reconhece, que a Constituição Portuguesa acolhe o bom senso.
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quinta-feira, 18 de março de 2010
PERFEITO

Resultado: uma resposta mais que esperada da parte dos médicos ― reformas antecipadas e o abandono em massa do Serviço Público por parte dos mais velhos e dos mais qualificados. Que assim resolveram ― finalmente, diria eu ― ajudar de forma patriótica e politicamente empenhada, José Sócrates e o Partido Socialista a continuarem tão meritório “trabalho” no domínio da Saúde, agora que o PS está em minoria absoluta.
Esse “trabalho” ainda não está completo ― vai ser melhor, isto é, vai ser pior, podem crer! Pior para a população e melhor para os médicos. Pois então!...
Dispensam-se falsas preocupações. Dos portugueses em geral; do seu governo eleito; e do Partido Socialista. O país tem o governo que merece e os Serviços de Saúde que merece.
Apraz-me verificar que os médicos estão tranquilos. Nada de greves; de paralisações; de manifestações; de combates verbais nos média. Nada disso! Acção! Apenas acção.
Há sempre um hospital perto de cada médico.
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quarta-feira, 17 de março de 2010
domingo, 14 de março de 2010
APOSENTADO POR DESCRENÇA (EU!)

P’RÓ CAIXOTE DO LIXO
Com 35 anos de experiência e uma especialidade de que Portugal mais tem falta (Obstetrícia), estou em casa faz hoje 42 dias, de perna traçada (é uma forma de dizer porque tenho passado os dias a ler, a estudar e a blogar).
Apesar de ter feito há dois meses um check-up médico completíssimo que, felizmente para mim, me deu como apto a 100% ― decidi pela reforma antecipada. Já não aguentava constatar, ver desfazer-se em meu redor a capacidade formativa e assistencial do meu e de outros Serviços do hospital onde comecei a trabalhar desde o dia da sua inauguração.
Na altura em que saiu a notícia da corrida às reformas antecipadas em que se disse que 300 médicos pediram a reforma numa só semana, uma Pediatra (outra especialidade com escassez de médicos) me confidenciou ― juro pela minha honra ― «Já meti os papéis para a reforma antecipada, mas ainda não disse nada à Directora do meu Serviço; estou à espera que os papéis dêem entrada na Caixa Geral de Aposentações para só depois a informar porque senão ela ainda era capaz de me obrigar a retirar o pedido».
Este é o ambiente entre os médicos mais experientes nos muitos hospitais (quiçá em todos os hospitais públicos: de Lisboa pelo menos). Falo com médicos, da minha geração, de todos esses hospitais, e sei muito bem o que sentem e pensam. E a solução não passa nem passará pela contratação de médicos aposentados. Muito poucos trocarão a sua posição de aposentados (de pessoa finalmente "livre") por dinheiro; ainda por cima regressando ao Serviço, agora em posição subalterna, com miúdos a mandarem nele.
Assobia-se para o lado e vai-se arranjando desculpas esfarrapadas, não reconhecendo que o que falta nos hospitais é pessoal ― pessoal qualificado e em número suficiente ―. Mas um dia qualquer no futuro, se por acaso os responsáveis do poder não acordarem a tempo para esta realidade, ainda serão capazes de já terem à porta a Maria da Fonte.
Quais são os responsáveis por isto?! São os sucessivos ministros da saúde dos últimos sete oito anos. Mas são sobretudo os Governos que definiram a política de Saúde aplicada por aqueles ministros. Pressionados ou não por interesses económicos instalados. Mas satisfazendo-os claramente.
Quero fazer justiça à actual Ministra da Saúde, Dra. Ana Jorge, Pediatra, que tal como eu trabalhou sempre e apenas no Serviço Público; que quando entrou para o Governo já encontrou a terra quase completamente queimada. Eu sei! Muito tem tentado fazer esta Ministra para evitar a morte do Serviço Nacional de Saúde. Mas ela própria já deve ter consciência que não tem nem terá os apoios necessários para inverter o rumo dos acontecimentos.
É que o problema agora já não é sequer o de qual o Modelo de Saúde para o País; é mais complexo: é mais que o “vamos privatizar a Saúde porque assim prestaremos melhores serviços à população” (o que é uma refinada mentira! E seria ou será um desastre). O problema, quer se trate do sector público ou do sector privado, é já ― e vai passar a ser ainda mais ― um problema de capacidade nacional para; e de qualidade assistencial para; acudir com equidade e universalidade a população deste Portugal onde os mais velhos estão praticamente abandonados à sua sorte. O caso dos doentes oncológicos, por exemplo, é preocupantíssimo ― demasiadas vezes não chega a resposta em tempo oportuno.
É por isso que, quando oiço um político falar em «os que mais precisam» ― francamente! ― O que me apetece é cortar-lhe a língua e dá-la ao gato.
P.S. Este blogue tem sete anos de existência. E nunca eu disse em qualquer posta aqui publicada qual era a minha profissão. Mas hoje senti-me na obrigação de o dizer ― no que é a primeira, e espero que seja a única vez. Porque sei que eu não interesso para nada. O que interessa é a Saúde dos portugueses. E é o que a mim me interessa também.
E já agora se me permitem: desde de 1976 que não sou filiado em qualquer partido político. Voto e opino segundo a minha consciência, e mudo às vezes de opinião. Já votei em mais que um partido. Só sou ortodoxo numa coisa: sou adepto do Sporting, sou sportinguista dos mil costados ― «forever», como disse o outro.
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Apesar de ter feito há dois meses um check-up médico completíssimo que, felizmente para mim, me deu como apto a 100% ― decidi pela reforma antecipada. Já não aguentava constatar, ver desfazer-se em meu redor a capacidade formativa e assistencial do meu e de outros Serviços do hospital onde comecei a trabalhar desde o dia da sua inauguração.
Na altura em que saiu a notícia da corrida às reformas antecipadas em que se disse que 300 médicos pediram a reforma numa só semana, uma Pediatra (outra especialidade com escassez de médicos) me confidenciou ― juro pela minha honra ― «Já meti os papéis para a reforma antecipada, mas ainda não disse nada à Directora do meu Serviço; estou à espera que os papéis dêem entrada na Caixa Geral de Aposentações para só depois a informar porque senão ela ainda era capaz de me obrigar a retirar o pedido».
Este é o ambiente entre os médicos mais experientes nos muitos hospitais (quiçá em todos os hospitais públicos: de Lisboa pelo menos). Falo com médicos, da minha geração, de todos esses hospitais, e sei muito bem o que sentem e pensam. E a solução não passa nem passará pela contratação de médicos aposentados. Muito poucos trocarão a sua posição de aposentados (de pessoa finalmente "livre") por dinheiro; ainda por cima regressando ao Serviço, agora em posição subalterna, com miúdos a mandarem nele.
Assobia-se para o lado e vai-se arranjando desculpas esfarrapadas, não reconhecendo que o que falta nos hospitais é pessoal ― pessoal qualificado e em número suficiente ―. Mas um dia qualquer no futuro, se por acaso os responsáveis do poder não acordarem a tempo para esta realidade, ainda serão capazes de já terem à porta a Maria da Fonte.
Quais são os responsáveis por isto?! São os sucessivos ministros da saúde dos últimos sete oito anos. Mas são sobretudo os Governos que definiram a política de Saúde aplicada por aqueles ministros. Pressionados ou não por interesses económicos instalados. Mas satisfazendo-os claramente.
Quero fazer justiça à actual Ministra da Saúde, Dra. Ana Jorge, Pediatra, que tal como eu trabalhou sempre e apenas no Serviço Público; que quando entrou para o Governo já encontrou a terra quase completamente queimada. Eu sei! Muito tem tentado fazer esta Ministra para evitar a morte do Serviço Nacional de Saúde. Mas ela própria já deve ter consciência que não tem nem terá os apoios necessários para inverter o rumo dos acontecimentos.
É que o problema agora já não é sequer o de qual o Modelo de Saúde para o País; é mais complexo: é mais que o “vamos privatizar a Saúde porque assim prestaremos melhores serviços à população” (o que é uma refinada mentira! E seria ou será um desastre). O problema, quer se trate do sector público ou do sector privado, é já ― e vai passar a ser ainda mais ― um problema de capacidade nacional para; e de qualidade assistencial para; acudir com equidade e universalidade a população deste Portugal onde os mais velhos estão praticamente abandonados à sua sorte. O caso dos doentes oncológicos, por exemplo, é preocupantíssimo ― demasiadas vezes não chega a resposta em tempo oportuno.
É por isso que, quando oiço um político falar em «os que mais precisam» ― francamente! ― O que me apetece é cortar-lhe a língua e dá-la ao gato.
P.S. Este blogue tem sete anos de existência. E nunca eu disse em qualquer posta aqui publicada qual era a minha profissão. Mas hoje senti-me na obrigação de o dizer ― no que é a primeira, e espero que seja a única vez. Porque sei que eu não interesso para nada. O que interessa é a Saúde dos portugueses. E é o que a mim me interessa também.
E já agora se me permitem: desde de 1976 que não sou filiado em qualquer partido político. Voto e opino segundo a minha consciência, e mudo às vezes de opinião. Já votei em mais que um partido. Só sou ortodoxo numa coisa: sou adepto do Sporting, sou sportinguista dos mil costados ― «forever», como disse o outro.
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