sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Peça Ensaística Quinquagésima, no âmbito de

Na Peugada de NOVOS RUMOS:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).

Estudo  do CONJUNTO TÉCNICO:

                Considerando o domínio da Energia, verificamos que os “Savoi-faire” evoluem conforme se passa da Energia Humana à energia animal, na sequência e, ulteriormente às energias eólica ou hidráulica, à vapor, ao motor de explosão, à Electricidade. A roda, a alavanca, a biela manivela… e todas as técnicas de produção e de transformação do movimento e do transporte estão vinculadas aos diversos tipos de energias utilizadas. Isto constitui autênticas evidências. Aliás, é óbvio, que os membros de uma Sociedade desenvolvem o seu “sentido prático”, no interior de um sistema tecnológico dado e apuram a sua habilidade e perícia e, bem assim, as suas aptidões em relação com o equipamento técnico de que dispõem.
                E, exemplificando, com o mínimo de rigor, temos que: “Isolado no deserto de Kalahari, um engenheiro europeu, a despeito dos seus conhecimentos, correria o risco de morte, enquanto um BOSQUÍMANO, munido da experiência milenária da sua etnia, é capaz de subsistir sem dificuldade”.

Estudo do CONJUNTO ECONÓMICO:
                A satisfação das necessidades elementares, ou seja: a preservação da Unidade Social é assegurada por tarefas de produção e de reprodução. Estas têm em conta os recursos naturais e do meio ambiente. Sim, efectivamente, a Economia é, antes de mais, ecológica.
                De feito, para cultivar a terra, diversos parâmetros estão em jogo: A própria terra e a sua fertilidade, o Sol, a Água, as sementes, outrossim porém, a Energia para preparar o solo, semear, fazer a colheita, os conhecimentos técnicos, que permitem evidenciar informação na matéria (estrume, selecção das espécies, conjunto de ferramentas, (…) sem olvidar os consumidores (ou bem de si próprio e da sua família, ou bem outrossim dos clientes…).
                --- Se não existe caça, pesca e colheita, é necessário controlar e dominar estes diversos parâmetros. As Sociedades o fizeram, cada uma conforme a sua “economia” respectiva, ou seja, consoante a sua própria Arte de gerir a sua casa. Esta administração supõe, concomitantemente, uma coerência interna e uma adaptação às condições naturais.
                --- Se encontra na situação de auto-subsistência e o regime das chuvas for regular, é, a priori, inútil investir em trabalhos de irrigação. Uma pesquisa, visando melhorar a fertilidade do solo, se afigura sem objectivo, caso seja possível utilizar indefinidamente terrenos virgens, praticando a cultura itinerante.

Estudo do CONJUNTO CULTURAL:
                Eis, com efeito, o domínio, em que as contradições com os dados técnicos são mais relevantes e menos bem conhecidas. Pôde-se demonstrar, que as invenções técnicas maiores do início da e das quais somos sempre os herdeiros, são oriundas de preocupações de ordem simbólica, ritual e religiosa. A roda apenas serviu, muito tempo ao carregador utilizado aquando de cortejo fúnebre (solene) do Rei Divino. A observação do céu e a noção do tempo astronómico são tributários, originariamente (no princípio) de Especulações Astrológicas, etc.
                As Sociedades Humanas, de imediato (leia-se, outrossim (à primeira tentativa, logo à primeira) elaboraram Representações do Mundo. Todavia, por seu turno, o Imaginário Humano pôs ordem na realidade natural, instituindo diferenças, atribuindo um lugar à cada elemento do Cosmos. Constrangimentos, por oposição ao animal cujos os comportamentos são codificados geneticamente, de se dar finalidades, as sociedades deveriam definir, em primeiro lugar, as visões do Mundo expressas por símbolos e portadoras de Normas e de Valores.

                De sublinhar, com ênfase, em função dela considerar que o Homem é uma parte do Cosmos como uma outra e que depende de poderes sobrenaturais, ou bem que o Homem é o senhor do Universo, a Cultura de uma Sociedade leva esta a investir, mais ou menos, no domínio técnico, ou seja, em multiplicar ou a restringir o número das necessidades à satisfazer para além dos meros Imperativos da sobrevivência.

                Eis, então o Ponto supremo. A conexão à Natureza (que é a técnica) é definida pela relação do, de homem a homem e pela relação à Deus. Neste ponto intervém o que se poderia designar: O preço humano a pagar ao progresso. Para inventar a galera, foi necessário, antes de mais, “inventar” a escravatura. A Técnica é uma dimensão paradoxal da Condição Humana, pois que “não é nem positiva, nem negativa, nem neutra”. É uma ilusão, com efeito, acreditar que se pode fazer ou um bom ou um mau uso da Técnica (com o átomo: a electricidade ou a bomba…).
                Enfim e, em suma: A verdade é que a esfera técnica conquistou, progressivamente a sua autonomia, como se ela se evadisse naturalmente das considerações de ordem ética. Ela funciona, na época actual, como se “todo o progresso técnico, que é do domínio do possível se tornasse obrigatório”.

Lisboa, 23 Setembro 2010
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).