terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

COMO PROMETIDO (4)

CONTO O QUE EU SOFRI EM CABO VERDE

Sofri uma permanente tortura musical.

É um catchapum, catchapum, catchapum constante que inferniza até as pedras da calçada.

Em todo o lado e a toda a hora há sempre uma “coluna” de som, um cantor, um músico ou um grupo musical a debitar decibéis, ao berros, nos ouvidos de quem passa ou não pode fugir.

Mesmo naquela piscina excelente, elogiada aqui mais abaixo, passei dois dias de tortura musical permanente. Valeu-me, nos restantes dias, os protestos de vários hóspedes cujos levaram o gerente a silenciar a máquina trituradora dos ouvidos.

Em todo o hotel havia sempre música de Cabo Verde. Permanentemente. E o engraçado é que no bar do hotel, onde ela até se justificaria, não havia música; mas havia um televisor sempre ligado e a fumegar.

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Exemplo de tortura logo à chegada ao aeroporto da Praia.

COMO PROMETIDO (3)

CONTO O QUE EU APRECIEI EM CABO VERDE



A excelente piscina de água salgada do Hotel Xaguate, na Ilha do Fogo. Uma das melhores piscinas que conheço tomando para comparação as de alguns destinos turísticos internacionalmente emblemáticos: Madeira; Algarve; Macau; Ilha de Phuket, na Tailândia; Ilha de Pankor, na Malásia, entre outros.

Parabéns aos proprietários portugueses que em boa hora recuperaram o Hotel e deram ao Fogo essa bela peça de infra-estrutura turística que tanta falta vinha fazendo.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

COMO PROMETIDO (2)

CONTO O QUE EU OUVI EM CABO VERDE

Naquele domingo de manhã (iniciava-se aparentemente pacato o dia 19 deste mês de Fevereiro) estava eu, como fazia, aliás, todos os dias àquela hora, a ouvir as primeiras notícias locais quando subitamente sou esmagado pela naturalidade com que a locutora de serviço lia a seguinte notícia:

«Na cidade da Praia foram hoje encontrados os corpos de três pessoas baleadas mortalmente durante a última noite de sábado...» etc., etc.

E dei comigo a pensar que o equivalente a esta notícia seria talvez ouvirmos a TSF informar-nos, com toda a normalidade:

Na cidade da Lisboa foram hoje encontrados os corpos de trinta pessoas baleadas mortalmente durante a última noite de sábado.

Mas o que é isto, minha gente?!

O senhor primeiro-ministro de Cabo verde não tem nada a dizer sobre como vai o Governo combater essa onda de violência?

O senhor Presidente da República não tem nada a dizer sobre o que pensa desta onda de violência?

Vão ficar todos calados?

É que este acontecimento é gravíssimo.

Matanças dessas não podem continuar a acontecer. E sobretudo não podem ser encaradas como a coisa mais natural do mundo.

domingo, 26 de fevereiro de 2006

COMO PROMETIDO (1)

CONTO O QUE EU VI EM CABO VERDE



Nesta viagem que agora acabou encontrei um país onde a população não vota maioritariamente no Presidente recandidato apoiado pelo partido que havia apenas três semanas ganhara de forma clara as eleições legislativas, mas vota sim, maioritariamente, no candidato apoiado pela oposição.

Isso:

numa prova clara de que, a despeito de toda a "clubização" (pretende-se que os partidos políticos sejam encarados pelos eleitores como um clube desportivo cujo emblema se apoia sempre mesmo quando não se concorda com o que lá se passa) – a despeito de toda a "clubização", dizíamos – os eleitores tiveram o discernimento suficiente para fazerem, de forma consciente, a escolha do candidato que mais garantias lhes dava;

numa prova clara de que quem reside no país não gostou da actuação que o seu Presidente tivera durante cinco anos de mandato e queria vê-lo de lá para fora não o reconduzindo no cargo.

No meu entender Pedro Pires é agora um Presidente mais fraco do que era pelo facto importante de ter saído derrotado no interior do país estando ele sentado na cadeira presidencial desde há cinco anos e beneficiando do apoio de todo um Governo legitimado nas urnas havia apenas três semanas.

É certo que a emigração o elegeu claramente (e os emigrantes não são menos cabo-verdianos que os residentes no País); mas o estigma de ter sido preterido por quem vive – digamos assim - dentro de casa com ele, de manhã à noite, todos os santos dias, é um estigma demasiadamente vincado que, no meu entender, o diminui de forma significativa para todo o mandato de cinco anos que ainda o espera.

Carlos Veiga tornou-se uma sombra demasiado grande para Pedro Pires.

E ficou demonstrado que Veiga tem capital político e apoio popular suficientes para ser um dia eleito Presidente da República.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

ADEUS E ATÉ AO MEU REGRESSO

De partida para ir inspeccionar o terreno em Cabo Verde, após duas eleições, a ver se as pedras ainda estão no seu lugar, prometo voltar lá para o final deste mês em que darei conta do que vir, cheirar e testar, se assim achar dever fazer.

Isto quer dizer que este blogue não será actualizado durante as próximas duas semanas. - Não que não haja hipótese para isso: há por lá computadores ligados à Internet; o que não há é tempo para manigâncias destas -.

Fiquem bem.

Djarfogo espera-me. Verdade!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

A SAÚDE QUE MATA

Vasco Pulido Valente (suponho que ainda) um fumador inveterado, a propósito da lei da proibição de fumar no Reino Unido:

«O Ocidente que deixou de acreditar fosse no que fosse, acredita fervorosamente na saúde. Não se percebe este amor ao corpo. Um indivíduo que não fume, que não beba, que se obrigue disciplinadamente a uma dieta punitiva e faça exercício sem parar ganha o extraordinário privilégio de trabalhar muito mais, durante muito mais tempo. Ou, pior ainda, acaba por cair numa velhice patética e por morrer entubado e espicaçado e com médicos que o tratam como quem trata o problema de uma rã

Leia aqui a posta na sua totalidade e fique bem disposto.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

A ERUDIÇÃO JÁ ERA

Julgo que é suposto a Antena 2 da RDP ser uma estação de rádio de música erudita.

Sendo-o não se compreende que um apresentador(?) de programas não saiba falar Português.

Hoje, cerca das 8:50 da manhã, o apresentador(?) de serviço falava de qualquer coisa que acontecera «de prepósito».

Inadmissível!

Já Pacheco Pereira, aqui há pouco tempo, no Abrupto, desabafava que a Antena 2 estava tendo cada vez mais palavras e cada vez menos música.

É verdade: eles, agora, falam, falam, falam... e a música até parece um jingle para a entrada desses artistas da fala.

Mas se ao menos falassem bom Português!...

Apetece dizer: até parece que é de prepósito.

domingo, 12 de fevereiro de 2006

PRESIDENCIAIS EM CABO VERDE

Hoje é dia de eleições presidenciais em Cabo Verde. Segundo todas as previsões Pedro Pires prepara-se para ser reeleito pelos eleitores que deram a vitória ao PAICV (Partido Africano para a Independência de Cabo Verde) nas legislativas de há três semanas - partido que o apoia oficialmente com a legítima e empenhada intervenção do primeiro-ministro na campanha eleitoral.

É de desejar que o exercício do previsível próximo mandato presidencial de Pires não continue no tom cinzento e deslustrado em que ocorreu o último, e ponha de novo Cabo Verde no mapa internacional a que por direito próprio pertence.

É preciso que o próximo Presidente:

1. Se lembre que há uma parte do mundo onde vivem centenas de milhar de cabo-verdianos, chamada Europa;

2. Não se esqueça, no plano interno, que o povo quando dá um mandato presidencial a alguém não o faz para que este esteja quietinho e calado deixando rédea solta ao Governo, mas seja antes um árbitro atento e interventor quanto baste para que o partido do poder não se torne no partido único;

3. Se lembre de dizer ao país quais os grandes desígnios nacionais, nos planos interno e externo;

4. Se lembre de dizer ao país o que pensa da (des)organização dessa instituição base da sociedade cabo-verdiana, a família, e do seu papel na educação dos jovens;

5. O que pensa da problemática da droga (nas suas mais variadas vertentes) em Cabo Verde;

6. O que pensa das desigualdades gritantes na distribuição da riqueza nacional pelas nove ilhas habitadas do arquipélago;

No fundo, espera-se que o próximo Presidente diga aos cabo-verdianos que desta vez ele é mesmo o Presidente e vai exercer o seu mandato com visibilidade e eficácia.

É que os eleitores cabo-verdianos vão hoje às urnas eleger um Presidente

e não um mero habitante do palácio presidencial.


Editado às 23:33 do dia 12/02/06:
Telefonema de Cabo Verde garante que Pires vai à frente na contagem dos votos e se estima que terá uma diferença de cerca de seis mil votos mais que Carlos Veiga; mais foi dito que na Ilha do Fogo (de onde Pires é natural) este ganhou com uma diferença de quatro mil votos.

Reeditado às 11:18 do dia 26/02/06:
Como se ficou a saber pela divulgação dos resultados eleitorais, feita pela Comossão Nacional de Eleições (CNE) cabo-verdiana, afinal Pedro Pires perdeu as eleições em Cabo Verde tendo-as ganho graças aos votos da emigração.
Eis os resultados definitivos:
Pedro Pires: 50,98%
Carlos Veiga: 49,02%

sábado, 11 de fevereiro de 2006

DE CÓCORAS

MAS O IRAQUE FICA JUSTIFICADO

Uma maioria significativa de governos de países ocidentais colocou-se de cócoras perante o Islão por causa das tão faladas caricaturas da Dinamarca. O medo tolhe-lhes o raciocínio e obriga-os a aceitar cobardemente a sentença dos ayatholas e dos imans que em nome de religião se sentam na cadeira do poder e fazem política com todas as letras.

É a globalização a funcionar no seu maior esplendor:

Já não há fronteiras rigidamente definidas e o território jurisdicional de cada governo passou a ser o planeta inteiro.

E no meio da balbúrdia instalada quem esfrega as mãos de contente são o senhor Bush e a senhora Condoleezza Rice.

É que se o Irão e os restantes países muçulmanos se acham no direito de condenar, ameaçar e actuar contra países ocidentais pelo simples facto de haver, nestes, jornais que publicaram caricaturas de Maomé;

Então também o senhor George Bush tem toda a legitimidade de mandar pôr o Irão em sentido e, em o querendo, lhe mandar despejar em cima umas valentes toneladas de bombas e, quiçá, experimentar a eficácia de uma ou outra armazinha nuclear que esteja a apodrecer nos armazéns do exército americano.

Com este comportamento os países árabes acabam por legitimar, à posteriori, a invasão do Iraque pelos Estados Unidos.

E eu que sempre fui contra a invasão do Iraque, hoje tenho as maiores dúvidas de que a América não tenha feito precisamente aquilo que devia fazer.

É que a Civilização Ocidental, tal como a conhecemos, está, de facto, ameaçada.

E é imperativo que quem quer continuar a viver nela esteja ao lado dos que a defendem.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

RIR É O MELHOR REMÉDIO

DE FACTO

Mar Salgado parodia com muito humor o actual momento dos lampiões da Luz.

Eu, adepto de «paleontólogos», rio a bom rir com o humor de FNV.

domingo, 5 de fevereiro de 2006

PREVISÃO ACERTADA

Entretenham-se a ler O Espectro pois lá está acontecendo precisamente o que eu previra quando disse, há apenas 4 dias, aqui em baixo:

«Estes dois blogueiros vão por certo ajudar-nos a descobrir as incongruências dos figurões políticos da praça portuguesa e a identificar os disparates dos infalíveis comentadores da coisa».

Leiam as postas intituladas:

A REFERÊNCIA,
TOLERÂNCIAS,
A LEI DO MAIS FORTE,

e digam-me se não é de saudar as chegadas de Constança Cunha e Sá (ccs) e de Vasco Pulido Valente (vpv) à blogosfera.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

APENAS UM SLOGAN INFELIZ

A candidatura de Carlos Veiga terá tido (digo assim porque não sei se o slogan é oficial) a infeliz ideia de produzir um slogan um pouco pretensioso e deslocado da realidade, o qual dirá “O Pai da Democracia”.

Por causa disso já recebi, pela Internet, dois reenvios da seguinte mensagem da Sra. Ariane Morais Abreu:

«Livre de qualquer afilhaçao partidaria, acho revelador (e infeliz) o slogan de campanha do Carlos Veiga : " O PAI DA DEMOCRACIA" porque se deve antes de tudo analizar e ponderar as palavras utilizadas em termos de comunicaçao social e eleitoral.
Uma questao: O Pai da Democracia em si ou em geral??
O(s) autor(es) desliza(m) sem dar conta nos mesmos tipos de substantivos, sintomaticos dos desvios e da perversao do poder politico, cuja conotaçao paternalista e absolutista nao coaduna com o belo lema: "Um Presidente para todos". Ele(s) condena(m) mas parafrasea os piores slogans propagandistas que caracterizam ainda hoje presidentes e governos que nada têm a ver com a ideia e a pratica democraticas.
Quanto ao candidato Carlos Veiga, certamente nao imaginou o impacto negativo e a contradiçao estructural e conjontural deste slogan. Nao é necessario dizer-se o melhor para agir da melhor maneira, e se teimam em deificar o "homus politicus" desta forma, ele certamente passara a pensar si mesmo como um demurgio todo poderoso (precisamente o que condena a mensagem do candidato Carlos Veiga). Em materia de estado, ja sabemos onde tais deturpamentos ja conduziram milhares de seres humanos.
Entao sejamos criticos mas coherentes, intransigentes mas justos, militantes mas lucidos...
QUE O MELHOR GANHA!!! E "rezamos" que o candidato eleito seja efectivamente o melhor Presidente para TODOS os Cabo-verdianos.»


A um dos “reenviantes” respondi da única forma que na altura me pareceu mais adequada, com o intuito de pôr uma certa água na fervura. É que não me parece que o caso mereça tamanho alarido e seja motivo de lapidação do candidato Carlos Veiga.

E respondi escrevendo o seguinte:

«Convenhamos que julgar um político pela simples análise de um slogan (com o qual pode nem sequer ter nada a ver) é de um exagero e de uma enormidade inauditos.

Não fica nada bem a quem o faz; e não fica nada bem a quem apoia quem o faz.

Sejamos francos: o slogan em causa, "O Pai da Democracia", a existir, é, de facto, infeliz.

Carlos Veiga é, quanto muito, um filho da Democracia.

Mas ver nesse slogan de campanha eleitoral um prenúncio de futura perversão do regime é outro exagero e outra enormidade inauditos.

Tenhamos calma e sejamos justos. E não pretendamos sequer insinuar que o pai da democracia é Pedro Pires.

Porque também não o é.

E fiquemos por aqui.

Deixemos o veredicto das eleições presidenciais cabo-verdianas aos eleitores e deixemo-nos destes exercícios tristes de pitonisas da política.»

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

NOTÍCIA FRESCA

O Professor Vasco Pulido Valente (ou simplesmente vpv, como é bem conhecido pelos leitores dos jornais e revistas) é um fenómeno característico de amor/ódio.

Por vezes amamo-lo e por vezes odiámo-lo, consoante o que escreve nos agrada pela consonância com o que pensamos; ou nos desagrada e fere pela dissonância.

Mas, uma coisa é certa: mesmo quando nos fere, gostamos sempre de o ler.

Pois bem, aqui o temos na blogosfera, acompanhando Constança Cunha e Sá (ccs), neste novo blogue chamado O Espectro.

Estes dois blogueiros vão por certo ajudar-nos a descobrir as incongruências dos figurões políticos da praça portuguesa e a identificar os disparates dos infalíveis comentadores da coisa.

Desde já, bem-vindos à blogosfera!