segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

COMO PROMETIDO (2)

CONTO O QUE EU OUVI EM CABO VERDE

Naquele domingo de manhã (iniciava-se aparentemente pacato o dia 19 deste mês de Fevereiro) estava eu, como fazia, aliás, todos os dias àquela hora, a ouvir as primeiras notícias locais quando subitamente sou esmagado pela naturalidade com que a locutora de serviço lia a seguinte notícia:

«Na cidade da Praia foram hoje encontrados os corpos de três pessoas baleadas mortalmente durante a última noite de sábado...» etc., etc.

E dei comigo a pensar que o equivalente a esta notícia seria talvez ouvirmos a TSF informar-nos, com toda a normalidade:

Na cidade da Lisboa foram hoje encontrados os corpos de trinta pessoas baleadas mortalmente durante a última noite de sábado.

Mas o que é isto, minha gente?!

O senhor primeiro-ministro de Cabo verde não tem nada a dizer sobre como vai o Governo combater essa onda de violência?

O senhor Presidente da República não tem nada a dizer sobre o que pensa desta onda de violência?

Vão ficar todos calados?

É que este acontecimento é gravíssimo.

Matanças dessas não podem continuar a acontecer. E sobretudo não podem ser encaradas como a coisa mais natural do mundo.