domingo, 9 de maio de 2010

PROVOCAÇÕES

Há intelectuais cabo-verdianos de altíssimo coturno (e outros pretensos intelectuais de baixíssimo coturno) que têm convergido numa coisa: aderiram uns, e são simpatizantes outros, de muitas ideias espúrias do movimento Negritude. E teimam a vida toda em transformar Cabo Verde numa terra de negros e de pretos.


Se, parafraseando o outro, andassem por aqui e convivessem com o verdadeiro povão, facilmente mudariam de opinião, pois, como disse uma vez, regra geral, o cabo-verdiano não se considera negro e muito menos “preto”.


Mudando agora de assunto ficando no mesmo.


Um patrão português, racista, aqui radicado, que viveu a maior parte da sua triste vida na África do Sul, num dos seus habituais acessos de desadaptação social e de manifestação das suas já conhecidas qualidades de animal culturalmente inferior, chateado com qualquer coisa feita ou não feita por três dos seus empregados, chamou-os à sua presença e disse-lhes:



«O que vocês fizeram está mal feito. Olhem para mim: sou branco; eu não faria isso assim», e mandou-os regressar ao trabalho.


Um dos rapazes, com o 12º ano, contou-me há pouco o episódio e disse-me:


«Nós, um dia, se calhar, teremos que lhe dar o devido troco em sopapos; por enquanto vamos tentando civilizá-lo mostrando-lhe que deve ser educado e usar outra linguagem para falar com as pessoas; temos-lhe perdoado devido à sua idade e porque sabemos que ele não tem cultura; porque: se conhecesse a história de Cabo Verde saberia que aqui não há pretos, saberia que NÓS SOMOS MESTIÇOS».


Aí cimentei ainda mais a minha convicção de que o cabo-verdiano, qualquer que ele seja, não se considera preto – mas sobretudo confirmei mais uma vez uma outra convicção minha: o cabo-verdiano, na sua terra, não é normalmente violento como se tenta fazer crer em muito lado por este mundo.


Eu e certos intelectuais somos excepções à regra: eles quanto à "pretice"; eu quanto à violência intrínseca.


BOM RESTO DE DOMINGO!

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