terça-feira, 6 de março de 2012

(XXXIX) Alors que faire?

            Prática de ACTUAÇÃO TRIGÉSIMA NONA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)


            NP:

                        A Organização das Nações Unidas para a Educação, as Ciências e Cultura lançou em 1994 um programa intercultural: “La Route de l’esclave”, destinado a romper o silêncio que submerge o episódio do tráfego, no desígnio de construir uma memória universal em torno deste evento. Eis porque, no enunciado do seu programa, a UNESCO (2000) apresenta o tráfego como o “ plus grand mouvement organisé de déportation de l’histoire” e o qualifica na peugada do historiador francês, Michel DEVEU de “La plus gigantesque tragédie de l’histoire humaine par l’ampleur et la durée”(...).


(A)          Na verdade (et pour cause), na África Ocidental, a escravatura não estava limitada aos povos islamizados da Savana. Esta situação existia (identicamente), sob uma forma de linhagem/ascendência. Ou seja: os cativos tronavam membros de grupos de parentesco nos quais tinham o estatuto de “inferiores”. Foi (sem dúvida), o que os Portugueses encontraram, em 1470, quando entraram em contacto com os ARAN da Costa-de-Ouro. Isto lhes permitiu (enfim), contornar o comércio trans-Sariano  e aceder às principais fontes de metal precioso da África Ocidental.
(B)          Foi (efetivamente), no âmbito desta dinâmica, que (neste preciso lugar), El Mina (“A Mina”), edificaram, em 1482, a primeira fortaleza europeia de África Tropical. De feito (vale a pena, aliás, anotar), que, em 1506, o ouro assegurava perto de um quarto dos rendimentos da Coroa Portuguesa. Esta parcela não tardou a declinar. No entanto, os escravos, apenas, por volta de 1700, se tornaram no produto de exportação mais vantajoso e útil da Costa Africana.

(C)          Vale a pena (outrossim sublinhar), que os Portugueses, na Costa-de-ouro confrontaram com um vultuoso problema. Ou seja: Contra que cousa permutar o metal? Os cavalos não podiam sobreviver muito tempo! Nesta região (à partida), propuseram (por conseguinte), armas de fogo, que foram aceites com entusiasmo, porém o Papa as interditou (de pronto), com medo que (elas), acabassem por chegar aos muçulmanos. Os Portugueses subsistem (por conseguinte), contentando-se com o tecido (geralmente originário de outras parcelas de África), os metais (provenientes da Europa) e os escravos.(D)          De anotar, que os AKAN compravam escravos, já ao norte com o seu ouro. Entre 1500 e 1535, adquiriram entre 10 000 e 12 000 por intermédio dos Portugueses. Serviam-se disso para transportar mercadorias no interior das terras e sobretudo para arrotear a floresta, o que constituía a sua ambição primordial.
(E)          De feito (outrossim e ainda, à partida), os Portugueses, se aprovisionavam no Benim, que se estendia (militarmente), e possuía cativos para vender. Todavia, o reino cessou de exportar cautivos/prisioneiros em 1516, receando perder mão-de-obra. Em seguida (leia-se mais tarde), a grande maioria dos escravos vendidos aos ARAN vieram (aparentemente), do delta do Níger e (mais à Leste) do país IGBO. Como na Ásia, os Portugueses tornaram-se intermediários marítimos, no seio de uma rede de permutas indígenas.
(F)           Descobriram (identicamente), um parceiro comercial (todo particularmente), precioso. Em 1482, o Rei do Congo, teve conhecimento que se avistou ao largo do estuário do rio Congo, criaturas nautas desconhecidas. Os marinheiros portugueses não tardaram em estabelecer relações (mutuamente), vantajosas com os senhores estrangeiros do reino, cuja autoridade (assaz incerta), dependia (robustamente), dos escravos concentrados, em torno da sua Capital.
(G)          Ali, como entre os OUOLOF, o seu comércio tornou uma empresa na qual os Soberanos e vassalos tinham interesses (profundamente), divergentes. Ávido de recursos novos e de apoios estrangeiros, o Rei do Congo aceitou ser batizado, enquanto o seu filho, Afonso MBEMBA NZINGA, que usurpou o trono em 1506, se converteu (plenamente), ao Cristianismo, adoptando o vestuário, os títulos, a etiqueta, a tecnologia e a escrita dos Portugueses. Esta estratégia prosperou durante uma década antes que tenha vindo (de modo inesperado), a crise. À partir de 1500, os Portugueses criaram plantações da cana do açúcar na Ilha de São Tomé, ao largo da Costa Gabonesa e se abasteciam em mão-de-obra no Congo. De referir, que, no ano de 1526, o reino exportava (anualmente), 2000 a 3000 escravos!
Lisboa, 03 Março 2012
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).