terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

(XXXVII) Alors que faire?

             Prática de ACTUAÇÃO TRIGÉSIMA SÉTIMA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÌ (1853-1895)


(A)          Sem sombra de dúvida, a população constitui um tema histórico, de primeiro plano. O que não é algo de peculiar da África. Com efeito, no cerne/íntimo de cada história rural, existe uma história demográfica. Os pioneiros foram atores históricos decisivos na Europa medieval, na Rússia, na China e nas Américas.
(B)          Eis porque, a história moderna de todos os Países do Terceiro Mundo deve ser reescrita em função do crescimento demográfico. Todavia (de anotar, antes de mais), que certas e determinadas características foram próprias da África. Explicitando:
a.     O ambiente era (extraordinariamente), hostil. Eis por que, a evolução dos Seres Humanos do Continente teve como consequência, uma evolução rica e (excepcionalmente), variada dos seus parasitas.
b.    De feito e (por outro), enquanto os Russos, os Chineses e os Americanos colonizavam as terras, avançando desde fronteiras lineares, difundindo culturas aparecidas, no seio de populações densas, a colonização da África foi (antes de tudo), um processo interno, com inumeráveis fronteiras locais, no interior das quais a maioria das suas culturas se formaram (experiência aliás reforçada), pelo fracasso do Egito para exportar a sua para o resto do Continente a maneira da civilização do Ganges para a Índia, no seu todo. Enfim, vale a pena, acentuar, que a África possuía tradições culturais muito ricas (que dizem respeito),  à terra, mesmo (no lugar onde), era escassa! Já (as da Índia), lhe acordaram pouco lugar, mesmo (no lugar onde), ela não faltava!

(C)          Mais relevante, se afigura, consignar (ainda), que o povoamento  da África se desenrolou no quadro de uma relação única com o centro eurasiano do Antigo Mundo. Trata-se de um tema (aparentemente), secundário, que (no entanto), vale a pena, estudar, adequadamente.
(D)          Com efeito, o Continente Africano desfrutara um lugar idêntico aos outros, até que, no Terceiro milenário antes J.-C., as condições climatéricas provocam o aparecimento dos desertos.
(E)          Em seguida (ou sejam, mais tarde), a África Subsariana ocupou uma posição excepcional no das franjas da Eurásia, tais como a Escandinávia ou a Ásia do Sudoeste, que adoptaram (a pouco e pouco), as culturas eurasianas (todavia, menos que as Américas), onde se viu aparecer culturas (que ignoram a tecnologia do ferro), outrossim os animais domésticos, as enfermidades, as relações comerciais, as religiões e a alfabetização, que a África Subsariana partilhava (um pouco com) a Eurásia.
(F)           De anotar, já agora e (antes de mais), que (por causa) desta integração parcial, os fenómenos culturais assumiram uma forma  (peculiarmente), africana. Os Africanos estavam (deste modo), dispostos à uma integração mais avançada, o que explicaria (ao mesmo tempo), a sua receptividade ao Islão e ao Cristianismo e o seu desastroso desvelo em exportar escravos, enquanto a sua resistência excepcional às enfermidades tanto eurasianas como tropicais lhes conferia um maior valor mercantil.
(G)          Donde e daí, o comércio dos escravos constituir (identicamente), um outro tema digno de ser estudado (adequadamente), por motivos óbvios. Com efeito, o sofrimento representa um aspecto central da experiência Africana, pois que (esta) resulta da áspera luta com a Natureza ou da crueldade dos homens. Contra ela, os Africanos elaboraram defesas ideológicas que lhes são próprias. É (deste modo), que o cuidado com a Saúde ocupava (sem dúvida), um maior lugar nos seus sistemas de valores que nos dos outros Continentes. Porém (regra geral), eles o confrontaram (francamente), colocando a resistência e a coragem (no primeiro lugar), de todas as virtudes.
(H)          Para as pessoas ordinárias, tais atributos relevam da honra, enquanto as elites conceberam códigos mais elaborados. Os historiadores menosprezam estas noções, que (frequentemente), mostraram os Africanos no passado e desempenham um papel fundamental para a compreensão dos comportamentos políticos atuais.

Posto tudo isto, vamos, em jeito de conclusão assertiva, visando assentar melhor, as ideias de fundo deste nosso Estudo, exarar o seguinte:
(a)           É (sem dúvida), nos anos 1950, que principiaram investigações sérias sobre a África. Deste modo, várias histórias gerais do Continente apareceram ulteriormente!
a.     A primeira insistia na fundação dos Estados e na resistência ao domínio estrangeiro
b.    Uma segunda geração de historiadores (curada das suas ilusões), fazem ressaltar as permutas comerciais, a integração no seio da Economia Mundial e no subdesenvolvimento.
c.     Finalmente, os trabalhos mais recentes concentraram-se sobre as questões de Sociedade e de Ambiente.
d.    Enfim e, em suma: Todas estas abordagens contribuíram para o saber e sobretudo para o reconhecimento da diversidade Africana.
(b)           Com efeito, a demografia não constitui (na verdade e por certo), o motor principal da mudança histórica. Esta tese apenas vale (provavelmente), para a segunda metade do século XX. A evolução das populações não constitui uma força autónoma. Ela é o resultado de outros processos históricos, que transmontam, absolutamente, toda vontade social. Todavia (ela), constitui (precisamente), nesta acepção um indicador (muito sensível), de uma dinâmica histórica com o seu cortejo de consequências, designadamente:
a.     A ação das elites, em política ou à um nível superficial de atividade económica, nas permutas comerciais, mais outrossim, nas condições de vida e no âmbito das preocupações mais fundamentais das pessoas ordinárias.
b.    Donde, fazer do estudo das populações um tema central não constitui (aliás), uma concessão às preocupações dos nossos dias, nem uma propaganda a favor do controlo de nascimentos. As mudanças demográficas constituem (realmente antes), o fio que vincula a história da África à todos os seus dissemelhantes níveis e aos seus dissemelhantes períodos.


E, em jeito  de peroração avisada!...Na verdade, impõe-se consignar o seguinte.
           
(1)           A História geral do século XX pode apoiar-se (fundamentalmente), em fontes escritas e bem assim nas técnicas correntes do historiador. Estas fontes remontam à 3000 anos antes J.-C., no Egito e no século VII após J.-C., para as referencias árabes na África Ocidental.
(2)           Todavia, algumas partes da África Equatorial não possuem Arquivos escritos anteriores ao nosso Século. Em razão destas carências, o conhecimento do passado deve se apoiar (fundamentalmente), na Arqueologia, que fez progressos gigantescos desde à década de 1950, sobretudo, no âmbito dos seus métodos de datação, graças ao carbono 14 (datação por carbono 14) e à outras técnicas sofisticadas. Estamos perante uma disciplina (assaz laboriosa e dispendiosa), que (ela), unicamente aflorou bem, zonas do passado da África.
(3)           Enfim!...Enfim!... Pode-se acrescentar, a análise das línguas, do folclore, das tradições orais, dos materiais etnográficos, da Arte, assim como as informações biológicas oriundas dos corpos humanos, que (por seu turno), transportam a memória.
(4)           Tudo isto, contribuiu (enormemente), para a nossa compreensão eloquente do passado. De anotar, todavia, que existe lugar, para investigações arqueológicas, que não foram (ainda), levadas à cabo! Demais, vale a pena, sublinhar (com ênfase), que (efetivamente), um dos aspectos mais apaixonantes da história da África é que para uma boa parte (ela), se encontra (ainda), inumada debaixo da terra.
Lisboa, 27 Fevereiro 2012
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).