domingo, 26 de fevereiro de 2012

(XXXVI) Alors que faire?

             Prática de ACTUAÇÃO TRIGÉSIMA SEXTA:


Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

São as pessoas que fazem o Mundo;
                                    O mato possui feridas e cicatrizes”:
Dito de um provérbio do Malawi.


            NP:
            Para os povos Africanos, a libertação do seu Continente fez da segunda metade do século XX (pretérito), “um período de triunfo, ao qual sucedeu”, no término do referido século, a “desilusão perante os “frutos” das independências”.
            Donde e daí, eis chegado o tempo de compreender, refletir, no atinente ao lugar que “os problemas contemporâneos” ocupam na longa história do Continente Africano!

(1)           A evolução da espécie Humana, busca (fundo), as suas premissas primordiais, no Leste e Sul Africanos, visto que é daí que (ela) partiu “colonizar” o Continente e o Mundo inteiro. Eis porque, para se adoptar à ambientes novos (ela), se especializou até ao momento que aparecessem grupos linguísticos e raciais distintos.
(2)           Com efeito, o domínio da produção alimentar e do trabalho dos metais deu lugar à concentração da população (lentamente, todavia), visto que, salvo no Egito e em outras regiões favorecidas, as vetustas rochas da África, os seus solos pobres, as suas chuvas caprichosas, a abundância dos insectos e a frequência excepcional das enfermidades constituíam um ambiente (assaz) hostil para as comunidades agrícolas. Donde, se pode asseverar, que a África foi (por conseguinte), até o fim do século XX,  um Continente subpovoado.
(3)           As Sociedades Africanas tinham para função primordial incrementar (ao máximo), o número de homens e colonizar a terra. De anotar, que os sistemas agrícolas eram muito maleáveis e flexíveis, pois que os homens procuravam (antes de tudo), adaptar-se ao ambiente, antes que o transformar e escapar ao desaparecimento em caso de más colheitas.

(4)           Por seu turno, as ideologias reforçavam a defesa da civilização contra a Natureza e a fecundidade. A organização das sociedades visava (identicamente), estes dois fins (em particular), através da poligamia/plurigamia (união conjugal de uma pessoa com várias outras), o que tornou os conflitos de geração, um elemento dinâmico que desempenhou, na história, um papel mais relevante que os conflitos de classe. Donde:
a.     Populações reduzidas, sobre territórios de vastidão enorme, exprimiam diferenças sociais pelo controlo dos indivíduos, a posse dos metais preciosos e do gado (no lugar onde), o ambiente o permitia (todo particularmente), no Leste e no Sul.
b.    Por outro, populações esparsas, distâncias enormes, tornaram muito difíceis os transportes, limitavam os excedentes que os poderosos podiam extorquir, impediam o aparecimento de elites letradas e de instituições formais. Enfim (destarte), deixavam muito liberdade ao camponês e frenavam a formação de Estados, a despeito dos numerosos meios inventados pelos dirigentes para se vincular os homens.
(5)           De anotar (antes de mais), que, no meio desta dinâmica de uma evolução natural, a África do Norte foi a primeira à escapar à tais constrangimentos. Todavia, o Sara a isolou do resto do Continente até que no término do primeiro milenário após J.-C. , a sua economia em expansão e a religião islâmica, franqueassem o deserto. Então (destarte), ela atraiu ouro e escravos do sistema comercial próprio à África do Oeste e estabeleceu vínculos/elos marítimos com o Centro e o Oeste do Continente. Entretanto, uma catástrofe demográfica (a peste negra), devia pôr termo à este início da evolução histórica e mergulhar a África do Norte, num declínio que durou perto de cinco séculos.
(6)           Por sua vez, no atinente à África Tropical (para o essencial), o comércio dos escravos constituiu o ensejo para o primeiro contacto aprofundado e minucioso com o mundo exterior. Feroz ironia! Um Continente subpovoado exportava homens em troca de mercadorias, que permitiam às elites incrementar a sua influência pessoal.
(7)           Na verdade, a escravatura retardou (sem dúvida), o crescimento da população durante dois séculos decisivos. Todavia, deu aos Africanos uma maior resistência às enfermidades oriundas da Europa, se bem que, quando no fim do último século, teve lugar a conquista colonial, cujas consequências demográficas (conquanto graves), foram menos catastróficas que sobre os outros continentes mais isolados.
(8)           De feito, as Sociedades Africanas resistiram (por conseguinte), com uma vitalidade inopinada e tornaram (deste modo; a formação de Estados tão difícil para os seus novos “senhores” como para os seus decisores Africanos. Os Europeus (a despeito disso), introduziram inovações cruciais (transportes mecânicos, alfabetização e sobretudo progresso médico), que, nas sociedades preocupadas em aumentar (ao máximo), a sua população iniciaram um crescimento demográfico de uma amplidão e com uma rapidez sem equivalente, no âmbito da História Humana. Donde (na verdade), ser de facto (ela), que subentende (concomitantemente), o desmoronamento/derrocada do sistema colonial, a instabilidade dos regímenes que lhe sucederam e a destruição do apartheid. É, outrossim (ela), a razão principal da crise atual! (...)

Lisboa, 26 Fevereiro 2012
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).