Perante a notícia do aumento significativo do número de mortes de pessoas idosas (por gripe e por infecções respiratórias) quando comparado o Inverno deste ano com o de outros anos próximos passados, noticiou hoje a TVI que o ministro da saúde declarou que isto não tem nada a ver com os cortes na saúde e com a política de austeridade.
Sabendo que o senhor ministro da saúde não percebe nada de medicina, eu que percebo disso e julgo saber o que se passa, permito-me, então, explicar ao senhor ministro, ensinar-lhe alguma coisa sobre este fenómeno que ele nega por negar (é o que eu penso), pois não lhe compreende a génese nem o desenvolvimento.
Senhor ministro: os idosos e reformados com menores recursos deixaram de cumprir correctamente os tratamentos das doenças crónicas de que são portadores porque não têm dinheiro para comprar os medicamentos; deixaram de ir a todas as consultas a que deviam ir porque não têm dinheiro para pagar as taxas moderadoras e os transportes; deixaram de se aquecer, mesmo com botijas de água quente que dantes levavam p’rá cama, porque não têm dinheiro para o gás ou a electricidade para aquecerem a água; alimentam-se pior do que dantes porque o dinheiro hoje não chega para adquirirem alimentos de alto valor biológico, bens importantes de primeira necessidade, como a carne e o peixe, por exemplo.
Tudo isto somado: falta de tratamento, falta de vigilância médica frequente, viver ao frio e comer mal: deprimem brutalmente o sistema imunitário, senhor ministro! Deprimem o sistema que em nós combate os organismos infecciosos, os vírus e as bactérias; e é por isso que os velhos ficam doentes e ― ou morrem em casa, ou quando muitos deles chegam aos hospitais, já vão tão depauperados que acabam por morrer lá ―. Muitos idosos que são internados nos hospitais e depois têm alta, ao voltarem para casa, vindos do quentinho dos hospitais, apanham de novo com o frio, sofrem recaída da doença e morrem ainda mais depressa do que se pensa.
Tudo isto somado: falta de tratamento, falta de vigilância médica frequente, viver ao frio e comer mal: deprimem brutalmente o sistema imunitário, senhor ministro! Deprimem o sistema que em nós combate os organismos infecciosos, os vírus e as bactérias; e é por isso que os velhos ficam doentes e ― ou morrem em casa, ou quando muitos deles chegam aos hospitais, já vão tão depauperados que acabam por morrer lá ―. Muitos idosos que são internados nos hospitais e depois têm alta, ao voltarem para casa, vindos do quentinho dos hospitais, apanham de novo com o frio, sofrem recaída da doença e morrem ainda mais depressa do que se pensa.
Esta é a verdade, senhor ministro da saúde!
Esta política de austeridade e mais austeridade é criminosa e está a matar pessoas!