sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

BUÉ DA FIXE, MEU

Há verdades que são para se dizer quando se acha que é chegada a altura certa. E como acho a altura actual certa para o que tenho para contar, aí vai:

Era nos tempos idos do guterrismo. Portugal ia de vento em popa, todo ele engalanado, festivo e alegrete, sulcando os mares da abundância dos “fundos europeus”.

Certo dia, falando eu com um pequeno empresário, este afiançou-me com toda a veemência e xenofobia de que foi capaz: «Para trabalhar comigo, prefiro hoje um ucraniano, que é branco, do que quatro pretos».

(Isso foi antes de os ucranianos perceberem que eram mais bem preparados que a maioria dos seus patrões portugueses e começarem então a dar-lhes valentes surras de vez em quando para os pôr nos seus devidos lugares).

Este patrão de que vos falo não escapou da surra que merecia. Logo que isso lhe sucedeu ― é verdade! deram-lhe uma sova, numa quinta, em Loures, de que era proprietário e onde alojara os trabalhadores ucranianos; foi lá num domingo e encontrou aquela malta toda a fazer uma festarola do caneco e então resolveu dar-se ares de patrão mandando acabar com a festa. Encheram-lhe de pancada ― a partir dessa altura o tal empresário readmitiu de novo trabalhadores «pretos» ao seu serviço.

Mas hoje a coisa fia mais fino: os portugueses vão para os PALOP trabalhar para patrões «pretos». E daqui a nada estarão a trabalhar em Portugal para patrões «pretos».

Que tal?!...