quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

(XXII) Alors Que faire?

 Prática de ACTUAÇÃO VIGÉSIMA SEGUNDA:


Continuação da Posta Anterior:

Segunda Parte:

Reatando o nosso Estudo ensaístico, se nos afigura relevante (antes de tudo), consignar que, desde os primeiros sobressaltos do que se tornará a vida, o sexo aparece (independentemente), da reprodução. De feito, no início da vida, os organismos permutam informações genéticas. Nada de indivíduo de escolha, de consentimento, de moral nesta permuta desenfreada (leia-se, outrossim, sem controlo). Todas estas noções emergirão (progressivamente). E, é só (ulteriormente), que o Homem começará a pensar como sujeito sexuado. Neste estado primitivo, no meio desta “sopa”, formas individualizadas começam (apenas), a despontar. A pouco e pouco, as permutas de matéria e de informação constituem o objeto de uma regulação até desembocar no que (presentemente),  se denomina: o sexo.
            E, explicitando, as ideias e noções (ora avançadas), temos então:
(a)           No centro da filiação dos EUCARIOTOS dos quais somos oriundos, uma forma (particularmente), codificada de sexo foi (por conseguinte), reteúdo/garantido. Dois gâmetas fundem para dar um ovo. Este divide-se (por seu turno), produz uma estrutura (no caso da espécie Humana, obviamente), que sofrerá a meiose donde sairão estruturas que produzirão gâmetas cuja fecundação reproduzirá um...ovo. E o circuito é encerrado.
(b)           Todos os EUCARIOTOS, as Plantas, os Cogumelos, os Animais e os Homens possuem como atributo este ciclo meiose/fecundação. Este território comum é contudo balizado por muitas formas e a Natureza manifesta na matéria, uma enorme fantasia. Ou seja: Pela distribuição dos papéis (em primeiro lugar): Machos e fêmeas? Hermafroditas? Gâmeta de idêntica dimensão ou dissemelhante? Pares estáveis ou velozes? Permutas desenfreadas ou controladas?
(c)           De anotar, que, quando existe várias formas de indivíduos , os modos de determinação do sexo do descendente se revelam (eles outrossim), incrivelmente variados. Os cromossomas sexuais que decidem do nosso, não são tão simples. Todavia, entre outras espécies, o sexo pode ser determinado pela temperatura da incubação do ovo, pela mãe que fecunda ou não o ovo, até por bactérias...Enfim (por outro), em algumas espécies, os indivíduos acham vantajoso mudar de sexo, no decurso da vida. É o caso de alguns peixes.



Tendo em conta, todo o arrazoado (acima expendido), vale a pena antes de prosseguir, colocar as seguintes, quão pertinentes interrogações:
(1)           O que existe de comum entre a nossa sexualidade e a dos outros organismos vivos, plantas, algas, animais?
(2)           E (antes de mais), quantos sexos há?
(3)           Um, dois, três...?
(4)           Os machos são os parasitas das fêmeas?
(5)           E se sim, porquê que estas aceitam deixar-se parasitar?
(6)           Em outros termos, porque razão a reprodução sexuada se manteve a despeito de um custo evidente e inegável?

Sem mais delongas, vamos tentar explicitar as coisas e as ideias respectivas, exarando o seguinte:
(A)          Pelo que nos diz respeito, a reprodução sexuada não constitui (unicamente), o nosso destino biológico. A sexualidade preludia à um eventual ACTO de reprodução, constitui o objeto de uma aprendizagem, sob o olhar da norma social e cultural. Do mesmo modo, a nossa identidade sexual revela-se uma construtura social e social do mesmo modo que um estado biológico. Enfim, a sexualidade Humana caracteriza-se por uma enorme diversidade.
(B)          Com efeito (et pour cause), o Homem (sob o desejo de provar), que (ele), não era (decididamente), um animal como os outros, considerou (aliás), muito tempo, que certas e determinadas práticas lhe eram próprias.
(C)          Infelizmente, as carícias preliminares, a masturbação, a busca do prazer fazem parte dos territórios partilhados com os “grandes macacos”, que não ignoram mais...A violação/estupro, ou (quiçá mesmo), o rapto das Sabinas! A prostituição, a escravatura sexual, a produção de avatares virtuais, nos singularizam.
(D)          Mísero aprazimento! Se o Ser Humano não for o único animal capaz de fabricar artefactos com os quais lhe é possível manter relações sexuais (ele) pode ser caraterizado como este animal susceptível de ter relações sexuais com (virtualmente), seja quem for (qualquer um). Entende-se, no desígnio confessado de se divertir, antes que sonhar em se reproduzir!...

Vejamos, ainda mais e (mais explicitamente), o húmus de fundo desta problemática, que vimos estudando:
(1)           Consoante as Culturas Humanas, o olhar assestado sobre a fecundação, a gestação, o nascimento, etc., varia. Adaptada para as desnudas por uns, votada para os genomas por outros, a Sexualidade Humana é (concomitantemente), exutório e esguicho. É verdade que o SIDA passou por aí, fazendo o amor ou dando a vida. Eis porque, um indivíduo (doravante), pode semear a morte e a desolação. E, ao invés, as relações entre sexualidade e reprodução, se distendem (cada vez mais e mais).
(2)           De feito, se impõe sublinhar, que já a questão que se prende com a Clonagem Humana (com fim procriador), plana como um espectro em cima dos debates. Sem dúvida, eis (outrossim), uma das caraterísticas da espécie Humana, a competência de escolher os modos de reprodução, outros que os dos quais (ela), dispõe desde o princípio (originariamente) e transladar (incessantemente), as fronteiras, até de negar o seu destino biológico.

E, em jeito de Remate assertivo e avisado, vamos apresentar uma oportuna PERORAÇÃO, de húmus (eminentemente), pedagógico:
            (a), na verdade e (na realidade), atrás do imenso imbróglio da Biodiversidade e das múltiplas facetas que pode assumir o ciclo de vida das dissemelhantes espécies, o conjunto do mundo vivo possui uma unidade fundamental.
            (b) Esta unidade é (assumidamente), o corolário lógico de toda origem comum a todos da qual sabemos (ainda muito pouco) e que teve como resultância (há milhões de anos) a este derradeiro avoengo de todos os seres vivos atuais batizado: LUCA (Last Universal Common Ancestor).
            (c) Antes dele, múltiplas estruturas auto-reproduzíveis (sem dúvida), existiram das quais (infelizmente), nenhum vestígio subsiste. A partir deste tronco, três grandes ramos desenvolveram-se dos quais somos apenas uma das ramificações/parentesco. O Sexo é (sem dúvida), o que permitiu a este conjunto evoluir.
            (d) Eis porque e (por conseguinte), vale a pena trepar esta árvore, partindo de LUCA para descobrir a fabulosa riqueza de formas que a sexualidade pôde assumir nas suas dissemelhantes ramificações.
            (e) De feito, desde que Charles DARWIN (1809-1882), fundou a Biologia Moderna, possuímos uma grelha de leitura (assaz segura), desta diversidade. E, como, oportunamente escreveu (aliás), o geneticista e biólogo evolutivo, o ucraniano, THEODOSIUS DOBZHANSKY (1900-1975): “Nada em biologia tem sentido se não for à luz da evolução”.

Uma oportuna Nota Final:
            ---A Sistemática e o Estudo comparado dos organismos e dos genomas permitiram chegar à uma “Árvore filogenética”. DARWIN compara esta Árvore à um coral, na medida em que só sobrevivem as extremidades das ramificações.
            --- De sublinhar (com ênfase), que à partir de LUCA (LAST UNIVERSAL COMMON ANCESTOR), o derradeiro ser vivo que seja o Antepassado de todas as formas atuais, desenvolvem-se Três Ramos: As Bactérias, os EUCARIOTOS e os Arqueados.
            --- Por seu turno, a descoberta deste último grupo (o grupo dos Arqueados), tão dissemelhante das Bactérias como de nós (os EUCARIOTOS) o somos, constitui uma surpresa.
            --- Finalmente (e já agora), uma outra grande surpresa: Os Cogumelos estão mais próximos dos animais que das plantas.

Lisboa, 16 Janeiro 2012
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo)