Umberto Eco é deveras um escritor, um ser fascinante. Eu servi-lo-ia, por exemplo, na simples limpeza do seu escritório só para ter o privilégio de o ouvir falar de vez em quando sobre o que quer que fosse.
Neste livro que vou lendo, Construir o Inimigo, cada página (que digo!), cada parágrafo é assunto para um livro.
Nunca escondi de ninguém o meu fascínio pela Mulher, e é com imensa e profunda admiração por esta obra única de Deus, que é a mulher, que leio, através de Umberto Eco, o que Odão de Cluny, no século X, escreveu na intenção de ‘construir’ a mulher como inimiga, pela destruição da imagem desse ser mágico que Deus criou para salvar o Homem ― Para salvar a Humanidade:
«A beleza do corpo está toda na pele. Com efeito, se os homens vissem aquilo que está debaixo da pele, dotados como os linces da Beócia da penetração visiva interna, a vista das mulheres bastaria para se tornar nauseabunda: esta graça feminina não é senão saburra, sangue, humor e fel. Considerai aquilo que se esconde nas narinas, na garganta, no ventre: por toda a parte, imundícies [...] E nós, a quem causa repugnância o tocar, mesmo só com a ponta dos dedos, o vómito ou o estrume, como podemos então desejar apertar nos nossos braços um simples saco de excrementos!»
EU TENHO A RESPOSTA!