Prática de ACTUAÇÃO VIGÉSIMA PRIMEIRA:
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895)
“Não há maior mistério no Mundo – parece-me - que a existência dos sexos, particularmente desde a descoberta da parto-génese” --- Asserção de Charles DARWIN, datada de 16 Junho 1860, numa das suas cartas enviadas ao seu amigo, o eminente botânico inglês, J. S. HENSLOW.
Nos primórdios da Vida até chegar ao sexo e não só!...
NP:
O sexo não é tudo. Todavia, que seria a Vida sem sexo? E (a propósito), como principiou tudo isto?
A Sexualidade é aliás a atividade central para todos os Seres vivos!
De sublinhar (antes de mais); que somos, em todo caso (nós os Homens), os únicos para quem a Sexualidade constitui objeto de questionamento.
Com efeito, os questionamentos (filosóficos, éticos, metafísicos), não faltam. Ou seja: Do intemporal enigma do sexo dos anjos à problemática da relação amor-morte (que renova a investida do SIDA), passando por esta angustiante perspectiva: Poder-se-á no futuro privar-se da sexualidade para fazer filhos!?...
São questionamentos (assumidamente), quão pertinentes e quão relevantes, cujo estudo avisado, nos elucida ao ponto que, num determinado instante, se é tentado a colocar a questão de saber o que é (na verdade), um indivíduo!
Uma vez, posto esta elucidativa NP, vamos ao Desenvolvimento deste aliciante Tema, quão atual e assaz relevante:
Primeira Parte:
(1) O Homem à semelhança dos animais e, outrossim dos cogumelos, das algas verdes e das plantas, pertencem à descendência/filiação dos EUCARIOTOS, que compreende (identicamente), as algas pardas, os corais, as medusas, as paramécias, as amibas... Por seu turno, os EUCARIOTOS representam um dos três grandes ramos, do lado da árvore do vivo, com os dos Arqueados e das Bactérias.
(2) Em todos os animais (o Homem inclusive), a “produção” de um descendente supõe (em termos gerais), a fusão de um óvulo e de um espermatozoide. Acontece, de modo idêntico, entre as plantas, cuja reprodução necessita do reencontro de um espermatozoide e de uma célula fêmea. Com pouca diferença (salvo isso e fora disso), o espermatozoide não é produzido (diretamente), pela planta, mas pelo pólen. E que a célula femínea pertence à um conjunto complexo.
(3) A geração dos EUCARIOTOS propõe formas de reprodução sexuada (extraordinariamente), variadas: Os dois gâmetas que se unem podem (ser ou não) de dimensão idêntica. É, aliás, a dimensão dos gâmetas que permite diferenciar os machos das fêmeas. De anotar, que (por convenção), o indivíduo que só produz gâmetas volumosos será denominado fêmea.
(4) Geralmente, esta última não se contenta de produzir um volumoso gâmeta (o óvulo – pensemos na gema do ovo), ela o envolve (identicamente), de delicados cuidados, ao ponto (por vezes), de albergar e nutrir nela a sua progenitura. É o caso entre as fêmeas das plantas ou mamíferos, estes tendo mesmo desenvolvido glândulas mamais/mamárias utlizadas após o nascimento para nutrir o seu rebento. Ao pé disso, o macho comporta-se como uma figura apagada. Numa larga maioria das espécies (ele), em nada contribui para o crescimento do descendente. A sua única participação limita-se no propósito de instalar os seus genes no ovo. Deste ponto de vista (ele), pode ser considerado como um mero parasita. De feito, em todos os organismos, plantas (incluídas), o sexo pode estar ausente/agaiado/sumido.
(5) Prosseguindo (avisadamente), este nosso Estudo ensaístico, vale a pena (antes de mais), sublinhar (por outro), que o sexo (pode ou não), estar vinculado à reprodução. Ou seja: A reprodução sexuada em tempo algum constitui apenas uma das modalidades do sexo na Natureza. Entre os seres unicelulares, o sexo, na acepção de permuta genética entre dois indivíduos, está desatrelado da divisão.
(6) Na verdade, existe um tempo para o sexo, um outro para a reprodução. No caso das Bactérias, o ingresso de uma molécula de ADN num indivíduo pode constituir (simplesmente), a circunstância da absorção deste ADN (literalmente) “devorado” pela célula, seja (ainda uma vez), o efeito secundário de um fenómeno de parasitismo. Os vírus ou os plasmídeos que parasitam as bactérias podem (com efeito), arrastar com eles bocados de genoma. A conexão entre sexo e parasitismo é (por conseguinte), assaz geral. É (sem dúvida), o que pretendia dizer o biólogo inglês, CYRIL D. DARLINGTON quando declarava (avisadamente): “Não existe muita diferença entre a hereditariedade e a infecção”.
(7) O Ciclo de vida dos EUCARIOTOS esteia na alternância da meiose e da fecundação. O momento em que a meiose produz células haploides (células que possuem um único jogo de cromossomas) e (o), em que a fecundação entre duas destas células produz um ovo diploide (que possui dois jogos de cromossomas), constituem (com efeito), os dois tempos fortes do ciclo.
(8) De consignar (outrossim), que à partir do esquema geral (acima enunciado), existem múltiplas variações sobre o tema. O ovo oriundo da fecundação pode desenvolver-se num organismo complexo que (ele próprio), produzirá dos gâmetas por meiose. Entre outras espécies, o ovo sofre (imediatamente), a meiose e o organismo oriundo dos esporos produzidos por esta meiose será haploide. No caso das plantas, a fase haploide e a fase diploide conhecem relevâncias variadas. Por exemplo, no caso dos musgos o pé portador de folhas é haploide. E na extremidade deste pé são produzidos os órgãos femininos. Após fecundação, estes transportarão um indivíduo diploide (que vive como parasita), sobre o pé frondoso. Enfim, de anotar, que, na sequência da meiose, este indivíduo produzirá (por sua vez), esporos.
Continua na Posta seguinte.
Lisboa, 15 Janeiro 2012
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).