terça-feira, 8 de novembro de 2011

MEDICAMENTOS GENÉRICOS

Não os tomo! Desde logo porque estou inserido numa economia de mercado ― e para bom entendedor...

Mas há mais duas razões dentre muitas.
Primeira. Se o chef de cozinha, Luís Suspiro, confeccionar um Lombo de bacalhau com molho de queijo da serra e frutos secos, batatinha a murro e miga crocante de broa de milho com grelos e servi-lo a Domingos Duarte Lima, este, depois de o degustar (ao bacalhau, ao bacalhau!), exclamará certamente ― «Divinal, meu caro Suspiro, divinal!». Mas se, por acaso, você se lembrar de levar à cozinheira de uma casa de pasto ― ali da Baixa de Lisboa, por exemplo, ― os mesmos ingredientes utilizados pelo chef Suspiro, nas mesmas proporções, acompanhados de uma receita minuciosa sobre o modo de confecção do prato, quando você regressar umas horas depois para consumir o seu bacalhau, não resistirá por certo a exclamar ― «Uma bosta! Peço desculpas D. Emília, mas isto está uma bosta».

Segunda. Aí há pouco mais de um ano, a minha médica detectou-me dislipidémia (trocado por miúdos, constatou que eu tinha os triglicéridos, a gordura no sangue, elevados); deu-me então um medicamento de marca para eu tomar. Passados dois meses repeti análises e o problema estava controlado ― «vais ter que manter esta terapêutica, meu caro! Nós também adoecemos, não é?» ― disse-me ela. Mantive a terapêutica bem como os mesmos hábitos alimentares. Um segundo controlo voltou a revelar a eficácia da terapêutica instituída. Foi aí que resolvi então substituir o medicamento de marca por um genérico “equivalente”, com a mesma dosagem e posologia, mantendo os mesmos hábitos alimentares. Passados três meses fiz análises ― Jesus! Os triglicéridos tinham trepado que nem um tigre atrás de um macaco por uma árvore acima. Preocupado, voltei de novo ao medicamento de marca ― dois meses depois tinha de novo o problema controlado (análises feitas há uma semana).

Admiro, por isso e por outras razões, quem acha que «divinal» e «bosta» são sinónimos.

Nota importante: As patentes dos medicamentos não são «receitas minuciosas» como a do bacalhau.