quarta-feira, 9 de novembro de 2011

(XII) Alors Que faire?

                         Prática de ACTUAÇÂO Décima Segunda:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

Um grande vento sopra nas árvores, de todas as partes
tombam frutos – verdades. É a louca generosidade de
um Outono demasiado opulento: tropeça-se à cada passo
sobre verdades, se esmaga algumas Il y en a trop”.
(NIETZSCHE, ECCE HOMO)

Uma abordagem da Questão que se prende com a apologia do mercado, tendo em conta que: “Os vícios privados engendram o bem público”:

            NP:

                        Não há dúvida nenhuma, que a cupidez/ganância e o medo permanecem os principais motores do mercado. Com efeito, mesmo quando as nossas preocupações ultrapassam a nossa minúscula pessoa, o mercado nos torna ávidos e cobardes, apresentando os nossos concorrentes como eventuais fontes de proveito ou como ameaças ao triunfo.
                        Todavia (antes de mais), convém referir, que não é ao capitalismo que se deve a invenção da cupidez e do medo, pois que (efetivamente), estes sentimentos estão (profundamente) ancorados na nossa natureza humana. De sublinhar (com ênfase), que a diferença da civilização feudal (que o precedeu), e que tinha a delicadeza (cristã ou outra), de condenar a cupidez, o capitalismo fez dela uma apologia evidente.

(1)     Para principiar (avisadamente), este nosso Estudo, se nos afigura pertinente e oportuno, asseverar que (na verdade), toda tentativa de realização do Ideal socialista embate (concomitantemente) contra o império do capitalismo e o egoísmo dos homens. Eis porque, se (se) pretende levar (a sério) a política, deve-se contar com estes obstáculos (obviamente). Todavia, esta evidência não deve constituir razão para trair este nobre ideal (antes pelo contrário). De feito, renunciar à isso, sob pretexto que se tropeça neste duplo obstáculo, é sinónimo de ir em debandada, mesmo quando é possível  defendê-lo (quiçá, um tanto ou quanto menos resolutamente), que se o deveria, visto que terá perdido de vista a sua própria definição primordial.
(2)     E, numa tentativa (de índole eminentemente pedagógica), no desígnio de assentar (assertivamente), as ideias, que enformam (em substância), o húmus desta temática (que estamos a estudar), visando a assunção de uma práxis eficaz e afirmativa, susceptível de levar á bom porto este nobre Ideal, se impõe (antes de mais), anunciar (assertivamente), que o “Socialismo tem por ambição aplicar a comunidade e a justiça ao conjunto da nossa vida económica”. De anotar, todavia, que, conquanto se afigure assaz difícil (à primeira vista), levar a cabo, com êxito esta árdua e ingente tarefa não constitui motivo para renunciar à este nobre Ideal. Bien sûr, au contraire! É a Hora de todas as Verdades!
(3)     E vendo bem (com avisados olhos de ver”), as vitórias da Comunidade Humana, nos domínios da Saúde e da Educação (designadamente) estabeleceram (assaz bem) e de modo eloquente, formas viáveis de produção e de distribuição, o que nos impele (presentemente), por imperativo (óbvio) defender a nossa Comunidade (um valor constantemente ameaçado), pelo princípio do mercado, através das suas estultas leis, as leis do mercado (uma das mais infames imposturas intelectuais do nosso tempo), que os seus defensores (mais acérrimos), os economistas (estes falsos cientistas), teimam em eleger como o esteio para o desenvolvimento consentâneo e seguro das nossas Sociedades. Sem comentários!
(4)     Impõe-se, sublinhar (com ênfase), que o mercado tem tendência a sobrepor um máximo de relações sociais. De facto, aos homens de negócios jamais lhes faltam uma ocasião para transformar em bem de consumo, o que (ainda), não o é. Deixada (entregue à si mesma), a dinâmica capitalista se auto alimenta e, para lhe criar obstáculo, os socialistas (na acepção nobre do termo e da expressão), têm (por conseguinte), necessidade de elaborar uma política (sumamente), organizada e credível.
(5)     Definia ALBERT EINSTEIN (1879-1955), o Socialismo como uma tentativa “de ter razão da fase de predação do desenvolvimento humano e de avançar para além de”. De facto, todo mercado (mesmo “socialista”) é um sistema predador. Todavia, conquanto (a despeito) de até presentemente, todos os esforços envidados, visando ultrapassar esta fase, tenham malogrado, não deve constituir motivo para tanto, baixar e cruzar os braços, deixando o Mundo entregue aos “profissionais” da política (estes autênticos casos psiquiátricos).

Uma vez posto isto, se nos afigura (assaz relevante), reforçar o conteúdo de verdade do acima expendido, relembrando o seguinte:


                        --- Que o devir do sistema técnico necessita para se tornar “devir do porvir” da Sociedade, em que se produz  de uma dupla interrupção do curso ordinário das cousas. Ou seja: No âmbito deste Processo complexo, que é a individuação psicossocial, se impõe avançar com o seguinte:
1)     Uma mutação técnica (que suspende), um estado de facto dominante (leia-se obviamente: a primeira época/primeira suspensão da ordem estabelecida)
2)     Por outro, é necessário, que a Sociedade opera outrossim, uma segunda suspensão, para que se constitua uma época (propriamente falando), o que significa (logicamente) e para que se elabore (outrossim) um pensamento novo (que se traduz), em novos modos/modelos de vida (dito, de outro modo), que se afirma uma vontade nova de futuro, estabelecendo uma nova ordem (ou seja: uma civilização, uma civilidade reinventadas, obviamente).

E, explicitando (adequadamente), as nossas ideias (acima expendidas), vamos exarar o seguinte:
(A)    De feito, o modelo industrial usitado desde o início do século XX (pretérito) e que assenta na partição produção/consumo, tornou-se (totalmente), caduco e conduziu ao impasse, o capitalismo e as “democracias ocidentais”, no seio dos quais se desenvolveu e continua a se desenvolver (impunemente). De anotar (assertivamente), que um sinal patognomónico deste impasse e da decadência (que daí resulta), é (assumidamente), a cretinização dos consumidores (deliberadamente), organizada pelas estultas cadeias de televisão.
(B)    De elucidar (adequadamente), que um Pensamento só tem sentido se possuir a força suficiente para abrir como novo, a indeterminação de um porvir. No entanto, este porvir só pode dar novos modelos/modos de Vida, se estas vidas (por sua vez), constituírem novos modelos de Existências. De facto, a Vida Humana é uma Existência!
(C)    Todavia (de sublinhar), que a situação presente se caracteriza pela ausência de tomadas de decisões conducentes à criação necessária destes novos modelos/modos de existência susceptível de substituir um processo adaptativo de sobrevivência, em que as (próprias possibilidades de existir), se primam pela ausência e, acima de tudo, se encontram rebaixadas em meras modalidades de subsistência, onde se vende “tempo de cérebro humano”.
(D)   O homem pode (sem dúvida), “subsistir sem existir”. Todavia (na nossa óptica), esta subsistência é jamais duradoura, visto que (ela), se torna (rapidamente), psíquica e socialmente, insuportável, na medida em que (ela), conduz (inexoravelmente), à liquidação do narcisismo primordial. E (por seu turno), esta liquidação conduz (ela mesma) à da Lei. Ou seja: Leia-se do que “constitui a condição de um DEMO”: A diferença de facto e de direito. Eis porque (ipso facto), destarte, o modelo industrial caduco, liquida o político e faz da “democracia uma farsa de onde só podem surdir descrédito e desdém”.
Lisboa, 31 Outubro 2011
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).