Desenhou-se antes, e parece hoje cada vez mais nitidamente, que a Alemanha não abandonou os seus propósitos de domínio da Europa. Parece que agora tenta dominá-la através do controlo das economias e dos orçamentos de cada um dos Estados da União Europeia.
Sabe-se que os maiores compradores das dívidas de Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha são os bancos alemães. Os bancos alemães financiam-se no Banco Central Europeu a juros de 1% e emprestam dinheiro a Portugal a juros de 6%. 7% e 8%. Isto tem um nome ― chama-se usura ― e é irónico que a perseguição e tentativa de extermínio dos judeus na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, se tenha baseado, entre muitas outras “razões”, na acusação aos judeus posteriormente exterminados em campos de concentração, de usura e prejuízo consequente da economia alemã.
Esta Europa da União Europeia não parece ser saudável e parece a cada dia que passa mais talhada (mas talhada desde o seu início) para ser conquistada e comandada (senão subjugada) pela Alemanha.
Como não lembrar das previsões e dos alertas, de há cerca de trinta anos, lançados por Álvaro Cunhal quando se discutia a entrada de Portugal na então CEE (Comunidade Económica Europeia). Apetece dizer: ― Acorda Cunhal! Vem ver quanta razão tinhas quando te chamaram retrógrado.
Estes tempos são muito maus! E infelizmente adivinham-se tempos piores ― tempos negros ― para médio longo prazo. Oxalá os Estados Unidos e seus aliados monetários consigam encurralar e acabar com o Euro. Será mais uma derrota para a Europa; mas será também mais uma derrota ― a terceira ― para a incorrigível Alemanha.