quinta-feira, 22 de julho de 2010

O ABISMO JÁ CHEGOU

Pode ser apenas desespero ou fingimento. Anedota é de certeza. Nenhum médico reformado (antecipadamente ou não) irá regressar ao serviço para fazer o mesmo trabalho que fazia antes da reforma ganhando apenas mais 30% sobre a sua pensão actual ― ainda por cima sabendo que trabalhando no privado ganhará 200% ou mais do que ganhava antes e que pode acumular estes proventos com a reforma (não trabalhando aos domingos e feriados, e muitas vezes trabalhando apenas às terças, quartas e quintas).

Na minha perspectiva, no domínio da Saúde atingiu-se neste Verão o ponto sem retorno. O Serviço Nacional de Saúde praticamente acabou ― não acabou totalmente ainda, mas vai acabar muito em breve.

Isto demonstra preocupantemente que Portugal atravessa de facto uma crise gravíssima; que também é demonstrada pela desorientação de alguns ministros (como a ministra da Saúde, por exemplo, que agora toma medidas que à partida sabe serem inexequíveis por serem completamente irrealistas) e pelo desaparecimento de vários outros ministros de que nem sequer nos lembramos já quem são.

Começou agora aceleradamente um novo velho tempo em que haverá uma medicina boa para quem pode pagar; uma medicina deficiente e atamancada para os remediados; e uma medicina de faz de conta para os pobres.

Há mais de seis anos que venho alertando para este fim aqui neste blogue. Se calhar isto era inevitável. Bem na senda, talvez, das inevitabilidades que Medina Carreira previu e prevê de cada vez que fala e que o tempo se encarregou e se encarregará de mostrar que eram mesmo inevitabilidades. Inevitabilidades, bem entendido, para o modo muito português de ser, de fazer, de estar e de governar.

Enfim!... Se calhar é mesmo isto que este povo merece.