quarta-feira, 29 de abril de 2009

UFF!!! JÁ NÃO ERA SEM TEMPO

Portugal tem finalmente o seu primeiro caso de gripe suína.

Estava-se mesmo a ver que nunca mais saía esta sorte grande aos jornais portugueses.

Agora sim, agora o que falta mesmo é que a coisa se alastre rápida e extensamente pelo país fora para que se possa noticiar com grande alarido e espalhafato o entupimento dos hospitais e dos centros de saúde e as mortes ― ai as mortes ― das primeiras vítimas da gripe suína.

Que haja muitas mortes, é o que se deseja para gáudio e conforto dos “jornalistas” dos jornais e dos telejornais.

Espera-se que seja um fartote de notícias quais delas as mais aterradoras.

Viva a imprensa portuguesa! Viva!

Viva o “jornalismo” português! Viva!
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terça-feira, 28 de abril de 2009

CONVITE




A pedido do nosso leitor, Luis Serpa, publicamos, com todo o prazer,
este convite que, da nossa parte,
agradecemos penhorados.
Para mais esclarecimentos, siga este link.
[Clique na imagem para ler melhor]
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DA GRIPE SUÍNA

Por enquanto, em Portugal, as únicas vítimas da Gripe Suína, são as rádios e as televisões.

O alarido é enorme, o alarme é geral, a masturbação é completa.

A acreditar nas televisões e nas rádios, metade da população mundial pode encomendar desde já os caixões e os funerais ― vai ser uma razia como nunca se viu.

É no que dá a crise económica ― a crise de notícias e o empolamento hiperbólico das poucas notícias que há.

O povo treme e olha para a carteira: cada embalagem de TAMIFLU custa €25,17 . E NÃO TEM COMPARTICIPAÇÃO. Esta é que era uma boa notícia! Mas os jornalistas de pacotilha, pagos a pataco, que enxameiam as redacções dos jornais e televisões, entretêm-se a assustar o pagode com o papão do vírus.

O Professor Nina, virologista do Serviço de Infecciologia do Hospital Egas Moniz, já disse ontem que «Quem tenha tomado a vacina da gripe, o ano passado, está PARCIALMENTE vacinado» pois essa vacina contemplava dois genes do actual vírus da gripe.

Mas as rádios noticiaram hoje que «O Prof. Nina disse que a vacina protegia quem a tivesse tomado». E foram logo, céleres, ouvir um pateta qualquer dizer que «essa vacina não protege ninguém».

Da protecção «PARCIAL» de que falara o Prof. Nina (com toda a razão e autoridade, diga-se), passou-se para a protecção total noticiada pelas rádios, e daí para protecção nenhuma garantida pelo tal pateta.

E continua em cena a ópera bufa portuguesa representada pelo governo, pelos partidos políticos, pelos empresários, pelos órgãos de comunicação social e tutti quantti, todos servidos pela arte medíocre de intérpretes medíocres.
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sexta-feira, 24 de abril de 2009

KWAME KONDÉ

INTERVENÇÃO TRIGÉSIMA SEGUNDA:

“Les Africains, tout comme leurs partenaires au
développement, s’accordent à dire que la réponse
devra être donnée par les Africains eux-mêmes. Ils
devront décider quelle manière et dans quelle mesure,
ils devront reformuler leurs politiques nationales et
internationales et les adapter aux changements des
années quatre vingt dix qui offrent à ce continent à la
fois des défis et des opportunités. »
Jean P. PRONK, in L’Afrique maintenant de Stephen
SMITH, Khartale 1995

« Le processus actuel de la mondialisation génère des
déséquilibres, entre pays et à l’intérieur des pays. Des
richesses sont crées,mais elles ne sont d’aucun profit
pour trop de personnes faute d’avoir suffisamment voix
au chapitre, ils ne peuvent guère influer sur le processus.
Pour la vaste majorité des femmes et des hommes, la
Mondialisation n’a pas répondu à leurs aspirations,
Simples et légitimes, à un travail décent et à un meilleur
Pour les enfants .Beaucoup d’entre eux vivent de l’économie
Informelle, sans droits reconnus, et dans de nombreux pays
Pauvres qui subsistent de façon précaire en marge de
L’économie mondiale. Même dans les pays dont l’économie
Est florissante certains travailleurs et certaines collectivités
Ont souffert de la mondialisation…Ces déséquilibres
Mondiaux sont moralement inacceptables et politiquement
Intenables. » In les conclusions de la Commission Mondiale
Sur la Dimension Sociale de la Mondialisation de 2004.

É um facto, assaz elucidativo, que a África, na verdade, se encontra confrontada com guerras de repetição, com a dependência económica, com a marginalização crescente, com delitos e danos das démarches obsoletas, com o esboroamento constante da autoridade pública, a despeito da legitimidade recuperada graças aos recentes impulsos democráticos.
De consignar, porém, que as populações africanas possuem todas (sem excepção) a sensação que os dias vindouros serão ainda mais piores que os de outrora e, mais, que os próprios de hoje, infelizmente.
Deste modo e, no âmbito deste contexto, a questão central consiste em encontrar as vias e meios, da mesma forma, criar todos os novos mecanismos que já mostraram eloquentemente toda a sua pertinência e toda a sua eficácia respectiva.

Demais e, por outro, revisitando os processos históricos do Continente, melhor se compreende quão urgente se afigura actuar, reencontrar um outro caminho e inventar novos conceitos que respondem à uma série de exigências incontornáveis, designadamente: a mundialização/globalização, a Paz e a estabilidade, a reinvenção de novas autoridades públicas eficazes, a ascensão para a modernidade, a construção de um pedestal de prosperidade, a luta contra os micro nacionalismos sempre devastadores.
Na realidade, actualmente, ou seja, melhor dito: Hoje, efectivamente, mais que nunca, ante à complexidade do desenvolvimento, a África deve agir, actuando, com segura e efectiva eficácia, pois que cedo ou tarde determinadas orientações já bem identificadas terão, ipso facto, de ser aplicadas e, outrossim implantadas, por motivos e razões assaz óbvias.
De feito, sobre as areias movediças da mundialização/globalização, as vibrações são tão fortes que a reorientação do porvir (devir) dos Africanos se torna um imperativo perante a robusta dinâmica da História. Sim, efectivamente, para resistir, com acertada eficácia, a África deve extrair dos arcanos da sua Alma as energias mais profundas para construir um novo Destino/Desígnio portador de três Vontades. E, explicitando adequadamente, temos, então:
--- Em primeiro lugar, a Solidariedade, para conduzir, juntamente, um aggiornamento, sempre, evitando deixar passar uma parte dos povos “au bord de la route”.
--- Ulteriormente, a ancoragem de novos paradigmas da acção pública, a soberania partilhada, a gestão transfronteiriça, a démarche participante, a descentralização, a escolha do diálogo e da concertação para expulsar os demónios do ódio entre as nações e no seu seio respectivo.
--- Enfim, a Preparação do futuro, pela criação de mega espaços de convergências, quadros de reagrupamentos indispensáveis para a dupla dinâmica, resistência e adaptação.

O tríptico acima enunciado e explicitado, de molde consentâneo, porá cobro à exclusão à contrapelo (melhor dito de forma adversa) da qual tantos sofrimentos foram, destarte, causados a tantos e tantos inocentes. Por outro, a movimentação dos Estados e, muito além das sociedades, constitui fonte de riqueza e de modernização. Permite, outrossim, reformar as formas de autoridades públicas actuais para os adaptar às inevitáveis evoluções. A ambiguidade actual, sinónimo de não escolha e a expectativa abonam em favor da incapacidade em inscrever a consequente acção na duração e, outrossim possuir ambição.
E, nesta dinâmica, acima enunciada, de uma margem para outra, todos (cada um de per si e, em si) experimentam dificuldades em compreender a frescura das ideias do intelectual, em aceitar as iniciativas dinamizadoras do empreendedor, em encorajar o trabalho de alerta das ONG (S), em melhor difundir o poder e em nivelar um corpo social inapto para defrontar os desafios da modernidade.

Finalmente, para concluir, na verdade, a sedimentação dos problemas e a fragilidade estrutural dos países Africanos, desorientam os cidadãos ante às forças de arrebatamento que, se não são domadas e reguladas adequadamente, conduzem ao precipício.

Lisboa, 23 Abril 2009
KWAME KONDÉ
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domingo, 19 de abril de 2009

XUTOS E PONTAPÉS



Anda tudo do avesso
Nesta rua que atravesso
Dão milhões a quem os tem
Aos outros um passou - bem
Não consigo perceber
Quem é que nos quer tramar
Enganar
Despedir
E ainda se ficam a rir
Eu quero acreditar
Que esta merda vai mudar
E espero vir a ter
Uma vida bem melhor
Mas se eu nada fizer
Isto nunca vai mudar
Conseguir
Encontrar
Mais força para lutar…
(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer
É difícil ser honesto
É difícil de engolir
Quem não tem nada vai preso
Quem tem muito fica a rir
Ainda espero ver alguém
Assumir que já andou
A roubar
A enganar
o povo que acreditou
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar…
(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a foder
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Mas eu sou um homem honesto
Só errei na profissão
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BOM DIA

Estou de volta e com vontade de almoçar bacalhau no forno, por isso não há tempo para mais; por isso apenas publico a seguir, com o gosto de sempre, mais uma "Intervenção" do meu amigo e colega F. Fragoso.

Mas ainda há tempo para dizer que já tomei conhecimento da canção dos Xutos.

Gostei...
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KWAME KONDÉ

INTERVENÇÃO TRIGÉSIMA PRIMEIRA:

“En refusant le schéma hégélien de la lecture
de l’histoire humaine, Cheik Anta Diop s’est
par conséquent attelé à elaborer, pour la
première foi sen Afrique noire une intelligibilité
capable de rendre compte de l’évolution des peuples
noirs africains, dans le temps et dans l’espace[…] Un
ordre nouveau est né dans la compréhension du fait culturel
et historique africain. Les différents peuples africains sont des
peuples « historiques » avec leur État :L’Égypte, la Nubie, Ghana,
Mali, Zimbabwe, Kongo, Bénin, etc. leur esprit, leur art, leur science.
Mieux ces différents peuples historiques africains s’accomplissent en
Réalité comme des facteurs substantiels de l’unité culturelle africaine ».
Théophile Obenga, Dakar 1996.
Grosso modo, se define o Pan-africanismo, como o momento político e cultural que reputa a África, os Africanos e os descendentes de Africanos, vivendo e labutando no exterior de África, como uma única Unidade, visando regenerar e unificar a África, assim como encorajar um sentimento de solidariedade entre as populações do mundo africano.
No fundo, no fundo, o Pan-africanismo glorifica o Passado da África e inculca, outrossim e, ainda, o orgulho pelos valores africanos.

De anotar, que foi, efectivamente, um sociólogo e historiador norte-americano, de nome completo, William Edward Burghart DU BOIS (1868-1963) que definiu o Pan-africanismo, na sua assunção categorial hodierna e, não só.
Com efeito, uma década após ter fundado a National Association for the Advancement of Coloured People, reuniu em Paris (França), o Primeiro Congresso Pan-africano que congrega 57 delegados oriundos das colónias britânicas e francesas, assim como dos Estados Unidos e das Antilhas.
Por outro, se afigura pertinente consignar que, aquando do IIº Congresso, em Londres, no ano de 1921, foi exigida a igualdade dos direitos entre Brancos e Negros. E, na sequência, no mês de Março de 1945 teve lugar, em Manchester (Inglaterra) o Vº Congresso pan-africano que marcou um tournant, na medida em que foi dominado, concomitantemente, por delegados marxistas à imagem do antilhano Frantz FANON e do ganês Kwame NKRUMAH, outrossim porém, por nacionalistas como o queniano Jomo KENYATTA. De sublinhar pertinentemente, que as Declarações finais insistiram sobre o imperativo da concessão das Independências, visando a pôr término a “exploração colonial”, bem como da necessidade de pôr termo às divisões do Continente, postuladas, um tanto ou quanto, a la diable, constituindo, ipso facto, o corolário lógico da colonização.

E, em complemento pertinente, vale a pena, acrescentar o seguinte:
a)— O notável pedagogo e Estadista, oriundo da Libéria, Edward Wilmot BLYDEN (1832-1912) é considerado o Pai do movimento pan-africanista hodierno.
b)— O movimento Rastafari de Jamaica nasceu do pan-africanismo. De feito, quando o Comunicador, Empresário e Activista jamaicano, Marcus Mosiah GARVEY (1887-1940) declarou “Voltai para a África para a coroação de um Rei negro” os Rastas se voltaram para Hailé SÉLASSIÉ Iº da Etiópia.
c)— Existe outrossim, uma outra interpretação do Pan-africanismo – o Afrocentrismo – que se apoia nos trabalhos do cientista senegalês, Cheik Anta DIOP (1923-1986), ulteriormente retomados, designadamente pelo conhecido teorizador afrocentrista, o afro-americano, Molefi Kete ASANTE (n-1942) e, assim como, em França por Jean-Philippe OMOTUNDÉ, Réné Louis PARFAIT. De consignar, que este movimento, em apreço, tenta reexaminar a história da África e da sua Diáspora respectiva de um “ponto de vista africano”, se opondo ao Eurocentrismo. Trata-se de retorno para conceitos tradicionalmente denominados africanos e referenciados à “Cultura Africana”. A Civilização Egípcia, assim como, demais outras, são então reputadas como Civilizações que buscam, fundo, as suas origens respectivas em África, o Continente, Berço da Humanidade.
d)— Existem Departamentos de Estudos Pan-africanos em numerosas Universidades da América do Norte, desde os anos de 1960. Ama MAZAMA, Professor antiliano aí ensina na Pensilvânea, assim como Teófilo OBENGA, Professor congolês, outrossim ensina aí, no Estado da Califórnia.

Finalmente, no atinente aos símbolos (aquilo que possui um poder evocativo; emblema/divisa), importa referir, que um dos símbolos do pan-africanismo é o gesto materializado no punho da glória (Fist of Glory), o Símbolo do movimento Black Power. Vários grupos retomaram este símbolo, designadamente: Otor, na Europa de Leste.
E, no respeitante às cores, temos que:
---As cores do pan-africanismo seriam: o verde, o ouro e o vermelho, cores oriundas da Etiópia. Se os reencontram presentemente em numerosas bandeiras de Países Africanos.
---Enfim: As cores: vermelho, negro e verde foram declaradas cores oficiais da raça africana pela Universal Negro Improvement Association and African Communities League (a UNIA), no já remoto ano de 1920.

Lisboa 18 Abril 2009
KWAME KONDÉ
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sábado, 4 de abril de 2009

ATENÇÃO GALERA!

Obama está na Europa e eu estou no país mais interessante do mundo: em Cabo Verde, pois claro.

E isto quer dizer que pode não haver postadura por aqui até ao próximo dia 18 pelo menos.

Um abraço amigo aos leitores deste blogue.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

KWAME KONDÉ

INTERVENÇÃO TRIGÉSIMA:

“Em Setembro do ano passado fomos surpreendidos por
uma revelação teatral: nós, que pensávamos viver em um mundo
seguro, apesar das guerras, genocídios, hecatombes e torturas
que aconteciam, sim, mas longe de nós, em países distantes e selvagens,
nós vivíamos seguros com o nosso dinheiro guardado em um banco
respeitável ou nas mãos de um honesto corretor da bolsa quando fomos
informados de que esse dinheiro não existia, era virtual, feia ficção
de alguns economistas que não eram ficção, nem eram seguros, nem respeitáveis.
Tudo não passava de mau teatro com triste enredo, onde poucos
Ganhavam muito e muitos perdiam tudo.
Políticos dos países ricos fecharam-se em reuniões
Secretas e de lá saíram com soluções mágicas.
Nós, vítimas de suas decisões, continuamos
Espectadores sentados na última fila das galerias”.
Augusto BOAL
(Encenador e Formador brasileiro e Inventor do “Teatro do Oprimido”),
In Mensagem Internacional para o Dia Mundial do Teatro para o Ano de 2009.

(I) Historicamente, exprimindo, a Banca hodierna se afirmou no término do século XVII graças a um duplo “tournant”, no âmbito da história económica. E, explicitando as ideias, temos então que:
--- Em primeiro lugar, o seu mister deixou de se confundir com o dos negociantes que acumulavam uma profissão anexa de mutuante com a sua actividade principal. Com efeito, o advento da banca resultou de uma especialização decisiva no seio do sistema económico.
--- Em segundo lugar, este novo mister se colocou, logo à primeira (sem dificuldade, à primeira tentativa) a ofertar créditos muito mais do que o montante dos recursos confiados aos agentes.
De anotar, que os primeiros banqueiros entendiam, deste modo, poder corresponder às necessidades económicas que se incrementavam já sensivelmente, muito antes, aliás da fase denominada de “décollage économique”. Todavia, os riscos que assumiam necessitavam ser controlados, obviamente. Então, efectivamente apareceu o banco central. Assim, no âmbito desta dinâmica controlar o desenvolvimento é a primeira, senão, a única, das razões que impeliram a instituição dos bancos centrais da Suécia e da Inglaterra e, ulteriormente dos seus homólogos advindos na sequência.

(II) Com efeito, os primeiros bancos procuravam crédito para a sua clientela respectiva, emitindo notas análogas às que jazem nas nossas carteiras. Contudo, enquanto as nossas constituem meros direitos de tiragem a respeito dos bens e serviços disponíveis, oriundos directamente das tipografias dos bancos centrais, as primeiras notas representavam, em primeiro lugar, as espécies metálicas entregues aos banqueiros pelos depositantes. De consignar, que foi, efectivamente sobre esta base prática que o poder de emissão bancária se pôde instituir.

(III) Na verdade, há, aproximadamente três décadas atrás, ainda a banca era um organismo, exercendo o mister de colocar o dinheiro de uns (os depositantes e os economizadores) às ordens (e porque não, à discrição) dos outros (as empresas e os lares investidores e consumidores). De consignar, que este dinheiro podia ser entregue aos seus destinatários sob a forma de empréstimos ou subscrições ao capital das empresas. Eis porque, se pode asseverar que, efectivamente, a banca se situava por constituição no percurso que deve obter por empréstimo de que alguns não precisam e que outros todavia reivindicam.

(IV) Eis nos, de feito, ante o ponto primordial a reter, mesmo se as coisas eram, na sua essência, mais complexas na prática. A banca, por seu turno, desempenhava, obviamente o seu mister com o dinheiro dos outros e esta situação lhe conferia uma posição de força no seio do sistema económico. Aliás, devia, de modo que, as somas procuradas pelos obséquios lhe assegurem um rendimento suficiente para remunerar os seus depositantes e os seus economizadores, cobrir os seus encargos e libertar um provento de exploração sobremaneira dissemelhante, no seu princípio do rédito das empresas, relevando os demais outros sectores de actividade.

(V) No entanto e, antes de mais, vale a pena abordar, de forma avisada, os perigos que ameaçavam os banqueiros, no desempenho do seu mister respectivo. Ou seja:
a) O primeiro era o que se prendia com a questão da insolvência do mutuante, perigo que, aliás, ameaça todo o emprestador.
b) O segundo perigo decorria do risco de levantamento das espécies, que lhes tinham sido confiadas, espécies metálicas, numa primeira fase, espécies fiduciárias, num fase ulterior.
Deste modo, evidentemente, o papel dos brancos centrais, face aos perigos, ora enunciados, consistiu em enquadrar a actividade de empréstimos dos banqueiros, oferecendo-lhes, concomitantemente uma determinada caução. Nesta dinâmica, os banqueiros foram autorizados a emprestar junto deles (referindo-se obviamente, aos bancos centrais), em caso de dificuldades transitórias. E, simultaneamente, as notas que eram títulos de créditos privados representativos das espécies metálicas depositadas neles, emitidos sob a sua responsabilidade, se “pressentiram”estarem a substituir títulos de pagamento universais directamente emitidos pelo banco central.
De referir, outrossim, que enquanto os bancos comerciais puderam, entretanto, se aplicar, mais comodamente no desempenho da sua actividade de mutuantes, os bancos centrais assumiram o título oficial de institutos de emissão, acentuando o seu monopólio na matéria. Demais, outrossim e, ainda, reforçaram progressivamente as suas intervenções e participação respectiva na dinâmica da economia, ofertando liquidez aos bancos comerciais, no limite fixado pelas suas próprias reservas em metais preciosos, até ao que este limite terminasse por desaparecer, por seu turno. De feito, foi transpondo estas dissemelhantes etapas que o sistema bancário assumiu a sua parte, essencial, na expansão económica destes três derradeiros séculos.

(VI) Assim, desde então, a fortiori, a actividade tradicional da banca comercial passou a ser analisada, soit disant, “metodologicamente”, como uma tarefa dupla (de mediação e de transformação), inseparáveis, uma da outra. Deste modo, por um lado, a banca actuava como grossista (negociante por grosso), “comprando” ou “armazenando” a moeda que os agentes económicos entendiam, quer manter na tesouraria, quer fazer frutificar. E, por outro, emprestava a prazo, enquanto a massa principal das suas disponibilidades podia ser recuperada a cada instante pelos seus depositantes, obviamente.

Lisboa, 29 Março 2009
KWAME KONDÉ
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