quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

KWAME KONDÉ

INTERVENÇÃO DÉCIMA QUARTA:

(A) A Economia, na sua assunção genuína e primordial, se pretende que seja efectivamente uma démarche rigorosa e científica, pois que, quando utilizada por uma ideologia política, forma um tandem temível que desenvolve uma lógica fria e implacável. Assim, deixa de haver lugar para os sentimentos e, nem tão pouco, ipso facto, para este “Princípio universal” de ética, de “moral universal”, de justiça intrínseca ou meramente de equidade que todo Homem civilizado experimenta dentro de si próprio.

(B) Explicitando, consentânea e apropriadamente, o nosso raciocínio, vem, ipso facto, mesmo a propósito, considerar a situação actual, ou seja, o domínio assanhado do vetusto capitalismo acompanhado pela sua estulta lei do mercado, condimentada, outrossim e, ainda, por um neoliberalismo tosco e vesgo sobre um leito de globalização. De facto, esta famigerada “receita milagre” que já não encontra nenhum freio, nos transporta, impunemente.

IMPORTANTE:
“O Homem é o autor, o centro e o fim de
Toda a vida económico-social”,
Concilio Vaticano II.

Todavia, por imperativo de ética intelectual e de cidadania respectiva, se impõe colocar um determinado número de Questões, quão pertinentes e assumidamente relevantes.

(C) Vejamos, então, as questões, ora referidas:
---É, efectivamente justo e legítimo que um patrão, quaisquer que sejam as suas responsabilidades e méritos, aufere mil (1000) vezes mais que um dos seus empregados?
---É efectivamente justo e legítimo que o mero facto de possuir uma determinada soma de dinheiro num momento X permite ganhar, sem nada fazer, no momento X’ o que um artífice ou um operário recebe, em idêntico lapso e intervalo de tempo, laborando arduamente oito horas por dia sem contar os tempos consumidos nos transportes e, outrossim, pela fadiga a que se encontra submetido?
---É, efectivamente justo e legítimo que uma multinacional decide deslocalizar uma fábrica e despedir os operários, tendo estes vinte ou trinta anos de antiguidade que fizeram dela, a multinacional o que se transformou, unicamente para atingir a taxa de rentabilidade exigida pelos accionistas?
---Enfim é, efectivamente justo e legítimo que um detentor de papéis de crédito ganhe na Bolsa, no espaço de um dia, graças a um mero e simples telefonema para o seu banqueiro, o que um modesto empregado jamais conseguirá economizar durante toda a sua vida e existência respectiva?

Finalmente, eis porque, mais que nunca, se justifica plenamente lutar com determinação e eficácia segura, para a Implantação efectiva e, de modo dialecticamente consequente, urbi et orbi, do Princípio Universal de Justiça.

Lisboa, 24 Dezembro 2008.
KWAME KONDÉ