sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

KWAME KONDÉ

INTERVENÇÃO DÉCIMA SEGUNDA

Para um Mundo mais equitativo:



Nesta Hora de todas as Verdades, se impõe, nesta etapa de transição, rumo à uma edificação firme de um novo modelo de Sociedade, Sociedade essa que deve privilegiar o Ser em detrimento do ter, obviamente. De feito, mais que nunca, urge tornar a nossa Sociedade mais equitativa, experimentando encontrar uma nova via, assaz consequente, entre o Capitalismo selvagem que esmaga os mais débeis e o igualitarismo integral, que desencoraja o desenvolvimento individual.

“La rupture n’est plus un choix, comme au temps des révolutions ou du volontarisme politique, elle est mouvement. Elle s’est effectuée principalement avant la fin des années quatre-vingts du siècle passé. Elle se poursuit par ruptures successives, en signifiant l’appartenance à un Nouvel Âge de l’histoire.

«Ce mouvement est celui que les technologies sans répit, celui que l’économisme conquérant entretien en l’exploitant et en l’accélérant. Des «nouveaux nouveaux mondes» en naissent, ils sont déjà là, nous les habitons sans savoir vers où ils nous entraînent ni ce qu’ils sont.
«Il faut équiper d’autres moyens la volonté de savoir, de compreendre pour agir, de maîtriser un dépaysement qui nous rend étranger à nous-même».

[George BALANDIER (antropólogo, sociólogo e escritor francês), in Fenêtres sur un nouvel age (Paris, 2008)].

Posto isto, vamos, sem ser exaustivo, apontar algumas propostas, visando o referido Objectivo/Desígnio. Ou seja:

a) Outorgar um apoio público aos órgãos mediáticos independentes. Ou seja. Um apoio consequente, porém, sem nenhuma dependência financeira, política ou religiosa.

b) Pôr termo ao feudalismo capitalista:
Implantar um plafonnement adequado do Património. Sendo equitativa e redistribuitiva, esta medida permitiria “remmetre les compteurs à zero” (ou quase) em cada geração, libertando recursos para aprontar uma autêntica e verídica política de igualdade das oportunidades. A progressividade dos direitos de sucessão e um tecto judiciosamente escolhido permitiria penalizar apenas a franja mais rica da população.

c) Edificar uma fiscalidade mais equitativa:
O que significa na prática:
-Aumento sensível dos impostos progressivos para favorecer e fomentar o emprego e a habitação e para baixar outros impostos, como o IVA, que pesa sobremaneira sobre os proventos dos mais débeis.
-Implantação de uma Fiscalidade susceptível de constituir uma autêntica alavanca para a justiça social. Ou seja: Para o imposto sobre o rendimento, o IVA, os encargos patronais, implantar dissemelhantes taxas ou coeficiente conforme a contribuição para satisfação das necessidades sociais.

d) Instituir um Comércio ético e equitativo entre os povos. O que significa:
---Restituir sentido e equidade às permutas e trocas comerciais. Favorecer a democracia, a defesa dos Direitos do Homem, as conexões entre os povos e pôr termo ao “dumping social”que está a dissolver perto de dois séculos de adquiridos sociais.

Enfim, eis chegado o momento azado, o momento da Hora de todas as Verdades! O Momento de voir d’ailleus, connaître autrement…
De feito, elucidando pertinentemente, sendo a Etapa de transição em questão, por um lado curta (dado o carácter de necessidade urgente e premente como as coisas se nos apresentam, exigindo soluções adequadas, como que de imediato) para que seja criado um mínimo de bases seguras para o arrancar do Modelo de Sociedade, privilegiando o Ser, porém, que não deixa de ser bastante longa para se quedar no imobilismo, deixando as coisas acontecer ao sabor da maré e, deste modo, tudo quanto vier na rede é peixe…

Lisboa, 16 Dezembro 2008.

KWAME KONDÉ