Durante meses e anos a fio essa gente da direita (políticos, jornalistas económicos, “analistas/comentadores” tipo Pacheco Pereira e Lobo Xavier, por exemplo, políticos tipo Pedro Passos Coelho, Filipe Menezes, Ferreira Leite, António Borges ― o grande Senhor António Borges que ainda há bem pouco tempo andou por cá a elogiar o «subprime» ― e outros), essa gente toda da direita andou a chagar o juízo aos portugueses, numa lengalenga, numa ladainha constante e permanente que monopolizou jornais, rádios e televisões, como uma praga incontível e inexorável, durante meses e anos, com frases estafadas de economês como estas:
«Deixem funcionar o mercado»
«É preciso que o Estado saia das empresas, saia da Educação, da Saúde, da Segurança Social»
«Temos Estado a mais e o que precisamos é de menos Estado, menos regulação»; etc., etc.,
Agora que o sacrossanto MERCADO deu o berro e entrou em crise global, todas essas luminárias, ou meteram a viola no saco e estão caladinhas que nem ratos, ou, com toda a lata deste mundo, aparecem agora a defender a intervenção do Estado na Economia, ou mesmo em TODOS OS SECTORES DA ECONOMIA, como defendeu ontem Francisco Vanzeller (presidente da Confederação da Indústria Portuguesa) no programa Prós & Contras da RTP ― Vanzeller até teve a descarada sinceridade(?) de confessar que mudou de posição em relação ao que defendia antes (a saber: o sacrossanto MERCADO auto-regulando-se a seu bel-prazer) ― pedindo agora a intervenção urgente do Estado na economia «durante alguns anos se isso for necessário».
Digo eu agora: até que a economia recupere e permita que o sector privado se aproprie de novo dela para alimentar os seus regabofes, a sua cupidez, a sua irresponsabilidade, a sua insensatez e a sua gritante insensibilidade social; e a espatife de novo para que os contribuintes sejam mais uma vez chamados para mais uma recuperação daquilo que tantos sacrifícios, desemprego, trabalho precário, ordenados de miséria e sofrimento sempre causa.
A gente ouve e lê estas coisas e não acredita. Não acredita!
Nos Estados Unidos preparam-se para meter na cadeia gestores irresponsáveis que conduziram bancos e empresas em negócios fictícios e pouco claros levando-os à falência depois de declararem lucros fabulosos que permitiram grandes fortunas aos accionistas maioritários ― e aos gestores a auto-atribuição de ordenados e prémios escandalosos ―. Já hoje, dia 7 de Outubro, começam as audiências a esses (ir)responsáveis.
E em Portugal, o que vai acontecer?
Sabemos ou não sabemos todos o que vai acontecer?
Vai uma apostinha?
Nota: Quem domine minimamente o Inglês tem aqui um interessante e esclarecedor artigo, hoje publicado por Francis Fukuyama na Newsweek, em que historia a crise actual do sistema capitalista/financeiro global e aponta os erros do modelo económico liberal «anti-regulação de mercados» que a provocou.
Como sei que Pacheco Pereira visita de vez em quando este blogue, aconselho-o a ler o artigo acima referido.