domingo, 5 de outubro de 2008

“AS CASAS DE LISBOA”

NEM UM SÓ SE SAFA!
Baptista Bastos foi apanhado numa daquelas curvas apertadas que a vida sempre coloca no nosso caminho: descobriram (ou já tinham descoberto e agora noticiaram) que é um dos privilegiados pelo Município de Lisboa com a atribuição de uma casa de renda baixa, coisa que está nas mãos da Polícia Judiciária, que investiga da legalidade ou não da atribuição dessas mesmas casas a centenas de pessoas, senão mesmo a mais do que isso, pois, a Câmara de Lisboa é proprietária de cerca de três mil casas.

Conhecido pela sua truculência e implacabilidade na apreciação do comportamento político e moral dos seus concidadãos ― apreciado por mim em muitos dos seus escritos a ponto de, por mais que uma vez, o ter citado neste blogue ― Baptista Bastos resolveu defender-se (no meu entender da pior maneira) neste artigo no DN justificando-se assim: «...eu estava desempregado. Abandonara o jornalismo, ou o jornalismo abandonara-me em 1990. O contrato assinalava que a renda aumentaria consoante os ritmos da inflação.».

Ao que me parece Baptista Bastos defende-se sem êxito.

E porquê?

Simplesmente porque a renda que ele paga hoje lhe fora calculada na base das suas dificuldades de desempregado de então, e embora actualizada com referência à inflação talvez também o devesse ser com base no seu salário a partir do momento em que recomeçou a trabalhar. E acresce, ao que consta, que Baptista Bastos tem uma casa de campo em Constância, no Ribatejo.

É assim... deixou-se estar com a renda de carenciado quando arranjou emprego e passou a não carenciado... e isso é no mínimo um pecado; tanto mais que depois arranjou casa de campo mantendo a renda carenciada da de Lisboa.

Sem nenhuma dúvida que é pecado. E muito maior pecado é se julgarmos Baptista Bastos com base na sua cartilha política e moral implacavelmente aplicada por si aos seus concidadãos.

Conclusão mais que óbvia: não há pessoa nenhuma no mundo asséptica a 100% sob o ponto de vista moral ― nem sob o ponto de vista da sua própria moral ―.


Isso é impossível! Somos todos humanos!

Menos o Pacheco Pereira.