QUANDO A PROPAGANDA IMPÕE (UM)A REALIDADE
«Durante anos acreditei que o Partido era a vanguarda da classe operária; que o Comité Central era a vanguarda do Partido; que o Secretário Geral era, inevitavelmente, a expressão personalizada do Comité Central; que enfim a experiência da classe operária era a experiência mais rica e historicamente prospectiva. Tudo isso funcionava maravilhosamente. Portanto, falando, o Secretário Geral definia a verdade histórica mais avançada em qualquer momento. Até que veio o escândalo do Staline. Afinal o Secretário Geral impunha-se pelo terror eliminando fisicamente os membros do Comité Central que o não acatavam; o Comité Central era escolhido pelo Secretário Geral; os membros do Partido eram recrutados pelo Comité Central. Resultado, o Secretário Geral não enunciava verdades, mas contra-verdades. O Estado caiu por terra.»
«Pela última vez sacralizei instituições humanas.»
«Só é verdadeiro, meu Caro, o que nós sentimos como verdadeiro.»
«A verdade refere-se ao objectivo, mas tem de ser experimentada subjectivamente.»
(António José Saraiva em carta a Óscar Lopes, 23/03/1964)