domingo, 15 de janeiro de 2006

NEM RACISTAS NEM XENÓFOBOS

APENAS CABO-VERDIANOS



«Fiscais da Câmara Municipal da Praia denunciam Director»

«Nós fiscais da Câmara Municipal da Praia, de costa virada com o senhor Director desta Instituição, subcomissàrio Faustino Garcia, " Tino". por causa da divisão de comparticipação de multas nesta direcção. O motivo é que durante este ano, só para o director, lá vão 440.000$00 que dá para comprar um carro para passear com a família dele. Enquanto para alguns o dinheiro não dá nem para comprar uma bicicleta e para os restantes policias, colocados, neste destacamento, também não foge às regras para os seus bolsos entraram 440.000 mil, embora este dividido por 10 efectivo, durante este ano entre 1° e 2° semestre.

Sabendo que o actual director tem 50% do vencimento do cargo que ele assumiu, mais 800$00 por ser chefe de destacamento, sobre os seus 10 policias efectivos, tudo isso só para o actual director, recebe da parte da Câmara durante este ano de 2005 cerca de 956000$00 e os restantes policias efectivos recebe da Câmara 60.000$00 cada um deles por ano e ainda mais comparticipação de multas acima referida.

Por causa da imagem televisiva passada, o jornal da noite do dia 29 de Dezembro, sobre o protesto que os fiscais disseram do director, começou a sua vingança, um por um, essa começou por aqueles que estudem à noite, ele colocou no turno à noite, e os que não estudam ele colocou na caiada., subúrbio desta cidade, dois período durante 15 dias, mas tudo isso somente para os fiscais desta direcção, porque, para os seus policias que também estudam, a noite não foram escalados, tampouco para aqueles que estudam diurno não foram prejudicados.

Para o sobrinho dele que também trabalha na câmara, em tão pouco tempo, cerca de quatro meses atrás, colocaram-lhe em Monte Babosa, com direito a subsidio de transporte, isso de modo a lhe facilitar os estudos, à noite.

Agora nós gostaríamos de saber, junto de quem de direito, o porquê do nosso descontentamento e o motivo desse clima dentro dessa direcção.

Mais grave ainda é que o actual Director anda a autorizar a pessoas amigas e familiares construir, clandestinamente, como é o caso de um africano, que tem uma autorização da parte do senhor director a escavar um terreno, na zona de ponta Achada Santo António, numa zona miradora para Palmarejo, com duas máquinas de grande potência, com quatro camiões durante todo o dia. Os fiscais telefonaram para o Director, mostrando o ponto da situação, ele recusou continuar a conversa alegando estar numa reunião, contudo meia hora depois o Director se encontrava junto com este africano a almoçar, e no dia seguinte, quando a equipa de fiscalização deslocou até o local para de novo fazer uma fiscalização, o africano já se encontrava com a autorização nas mãos, assumindo que já tinha falado com o senhor Faustino. Em monte vermelho, também, recebemos uma queixa contra o senhor Faustino e quando deslocamos até lá, prendemos matérias de construção, e era da comadre dele, que nem sequer passa a multa dos matérias e tão pouco nem multa da transcrição feita pela mesma.»


Para além de reflectir o aspecto da corrupção, do compadrio, e da prática de liberdade de imprensa e de expressão em Cabo Verde, esta notícia – claramente escrita por um cabo-verdiano pouco instruído - reflecte cabal e definitivamente um aspecto importantíssimo que já tínhamos referido quando escrevemos o seguinte aqui:

«o cabo-verdiano, qualquer que ele seja, não se considera "preto"»;

tal é o facto de esta denúncia se referir duas vezes a «um africano» (obviamente um não cabo-verdiano).

Faltava uma prova de que tínhamos razão; de que estávamos certos quando dissemos aqui que o cabo-verdiano não se considera "preto";

pois agora essa prova chegou com a redacção desta denúncia.

É que não cremos que os fiscais denunciadores sejam brancos, albinos, amarelos ou vermelhos;

eles são cabo-verdianos,

isto é: não “pretos”.

Mais nada!