Prática
de ACTUAÇÃO SEXAGÉSIMA QUINTA:
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895).
“Sim (efetivamente), encarnamos a desgraça teórica
e humana deste tempo! Um
tempo que não está
disposto em mudar a Justiça do tempo. Donde, de
questionar (avisada e assertivamente), como é que
uma revolução seria possível sem um
sujeito
que se reconhecesse (ele mesmo), como o próprio
a mudar
o Mundo?
KWAME KONDÉ (Abril 2012)
“L’ennemi d’aujourd’hui ne s’apelle
pas
Empire ou Capital. Il s’apelle Démocratie”.
ALAIN BADIOU IN Abrégé de
métapolitique.
Acerca do elóquio
de Liberação, na óptica do
capitalismo:
(A)
O elóquio de liberação/libertação constitui,
desde a sua formulação, uma das componentes fundamentais do espírito do
capitalismo! Todavia, enquanto no princípio (originariamente), a forma de liberação proposta pelo capitalismo
assume sentido (fundamentalmente),
por referencia à oposição entre as “sociedades tradicionais” definidas como opressivas
e as “sociedades modernas”, únicas
susceptíveis de tornar possível uma auto
realização individual (oposição
que constitui ela própria uma produção
ideológica constitutiva da modernidade). O espírito do capitalismo foi levado, nas suas formulações ulteriores,
a oferecer uma perspectiva de libertação susceptível
de integrar (outrossim), as críticas,
ou seja, a não-realização, nos factos, das promessas de liberação sob
o regímen do Capital.
(B)
Donde e daí, eis porque, tudo isto,
significa dizer que o espírito do capitalismo, na sua segunda
expressão e nas formas que (ele) está a adoptar (na época atual), prossegue, sob esta
relação, duas linhas dissemelhantes.
A primeira
toma (sempre) para alvo o “tradicionalismo” creditado do poder de ameaçar
de um retorno violento às sociedades ocidentais modernas e denunciado como uma realidade (em atos),
nos países do Terceiro Mundo.
A segunda: Ocorre, em resposta
(pelo menos, implicitamente),
às criticas da opressão capitalista (ela
mesma), comportando, uma oferta apresentada como liberatória em
relação às realizações anteriores do capitalismo.
Na verdade e, vale a pena, sublinhar,
que o espírito do capitalismo, na segunda
metade do século XX (pretérito),
se dá por isso (simultaneamente), como um meio de aceder à autorrealização por intermédio do compromisso no capitalismo como uma via de libertação em relação ao capitalismo (ele mesmo), no que (ele) pôde possuir de opressivo, no âmbito das suas realizações anteriores.
(C)
A dinâmica do espírito do
capitalismo parece (destarte),
assentar sobre “fivelas de recuperação”. De anotar (outrossim), que se pode identificar (igualmente), para o é da
libertação, ou seja: Numa ampla medida em relação ao que confere
o compromisso no processo capitalista o seu carácter “excitante”. De
feito, o capitalismo atrai para si, atores, que realizam ter sido até esse momento oprimidos,
oferecendo-lhes uma certa forma de
libertação, a qual dissimula novos tipos de opressão. Donde se
pode asseverar (então), que o
capitalismo “recupera”, pela utilização de novas modalidades de controlo, a
autonomia consentida. Todavia, estas novas formas de opressão se desmascaram (progressivamente) e se tornam o alvo da crítica,
conquanto o capitalismo seja levado a transformar
os seus modos de funcionamento para
oferecer uma liberação sob “les
coups de travail” crítico.
(D)
Enfim e, em suma: No entanto, a
“libertação” obtida (desta forma), recepta (por seu turno), novos dispositivos opressivos que permitem, no quadro do capitalismo, uma reposição sob controlo do processo de
acumulação. Na verdade, as “fivelas de recuperação” fazem (por conseguinte), se suceder períodos
de libertação pelo capitalismo após liberação do capitalismo!
Continua...
Lisboa,
12 Maio 2012
KWAME
KONDÉ