domingo, 13 de maio de 2012

(LXV) Alors que faire?


Prática de ACTUAÇÃO SEXAGÉSIMA QUINTA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).

Sim (efetivamente), encarnamos a desgraça teórica
e humana deste tempo! Um tempo que não está
disposto em mudar a Justiça do tempo. Donde, de
questionar (avisada e assertivamente), como é que
uma revolução seria possível sem um sujeito
que se reconhecesse (ele mesmo), como o próprio
a mudar o Mundo?
KWAME KONDÉ (Abril 2012)

L’ennemi d’aujourd’hui ne s’apelle pas
Empire ou Capital. Il s’apelle Démocratie”.
ALAIN BADIOU IN Abrégé de métapolitique.

Acerca do elóquio de Liberação, na óptica do capitalismo:

(A)
            O elóquio de liberação/libertação constitui, desde a sua formulação, uma das componentes fundamentais do espírito do capitalismo! Todavia, enquanto no princípio (originariamente), a forma de liberação proposta pelo capitalismo assume sentido (fundamentalmente), por referencia à oposição entre as “sociedades tradicionais” definidas como opressivas e as “sociedades modernas”, únicas susceptíveis de tornar possível uma auto realização individual (oposição que constitui ela própria uma produção ideológica constitutiva da modernidade). O espírito do capitalismo foi levado, nas suas formulações ulteriores, a oferecer uma perspectiva de libertação susceptível de integrar (outrossim), as críticas, ou seja, a não-realização, nos factos, das promessas de liberação sob o regímen do Capital.

(B)
            Donde e daí, eis porque, tudo isto, significa dizer que o espírito do capitalismo, na sua segunda expressão e nas formas que (ele) está a adoptar (na época atual), prossegue, sob esta relação, duas linhas dissemelhantes.
            A primeira toma (sempre) para alvo o “tradicionalismo” creditado do poder de ameaçar de um retorno violento às sociedades ocidentais modernas e denunciado como uma realidade (em atos), nos países do Terceiro Mundo.
            A segunda: Ocorre, em resposta (pelo menos, implicitamente), às criticas da opressão capitalista (ela mesma), comportando, uma oferta apresentada como liberatória em relação às realizações anteriores do capitalismo.
            Na verdade e, vale a pena, sublinhar, que o espírito do capitalismo, na segunda metade do século XX (pretérito), se dá por isso (simultaneamente), como um meio de aceder à autorrealização por intermédio do compromisso no capitalismo como uma via de libertação em relação ao capitalismo (ele mesmo), no que (ele) pôde possuir de opressivo, no âmbito das suas realizações anteriores.


(C)
            A dinâmica do espírito do capitalismo parece (destarte), assentar sobre “fivelas de recuperação”. De anotar (outrossim), que se pode identificar (igualmente), para o é da libertação, ou seja: Numa ampla medida em relação ao que confere o compromisso no processo capitalista o seu carácter “excitante”. De feito, o capitalismo atrai para si, atores, que realizam ter sido até esse momento oprimidos, oferecendo-lhes uma certa forma de libertação, a qual dissimula novos tipos de opressão. Donde se pode asseverar (então), que o capitalismo “recupera”, pela utilização de novas modalidades de controlo, a autonomia consentida. Todavia, estas novas formas de opressão se desmascaram (progressivamente) e se tornam o alvo da crítica, conquanto o capitalismo seja levado a transformar os seus modos de funcionamento para oferecer uma liberação sob les coups de travailcrítico.

(D)
            Enfim e, em suma: No entanto, a “libertação” obtida (desta forma), recepta (por seu turno), novos dispositivos opressivos que permitem, no quadro do capitalismo, uma reposição sob controlo do processo de acumulação. Na verdade, as “fivelas de recuperação” fazem (por conseguinte), se suceder períodos de libertação pelo capitalismo após liberação do capitalismo!
Continua...
Lisboa, 12 Maio 2012
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).