terça-feira, 20 de março de 2012

(XLIV) Alors que faire?

Prática de ACTUAÇÃO QUADRAGÉSIMA QUARTA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

            NP:

                        “Os comerciantes negros de Bony e de Calabar, que são muito entendidos em compreender e em falar as diversas línguas do seu próprio país, como as dos Europeus, descem todos os quinze dias aproximadamente com escravos: Quinta-feira ou Sexta-feira é geralmente o seu dia de comércio. Vinte ou trinta pirogas, às vezes mais, às vezes menos, chegam ao mesmo tempo. Em cada uma pode haver vinte a trinta escravos. Os braços de alguns de entre eles estão atados atrás das costas com ramagens, canas, cordas de erva ou outros ligamentos do país; e se descobrem serem mais fortes que de costume, são igualmente garrotados debaixo do joelho. Neste estado, são lançados no fundo da piroga, onde resvalam em grandes sofrimentos e frequentemente quase inteiramente recobertos por água. Ao desembarcar, são levados para as casas dos negociantes, onde eles são untados com óleo, alimentados e preparados para a venda”. IN Depoimento de W. JAMES (1789).

(1)           Os negreiros europeus praticavam (com efeito), dois sistemas de troca. O primeiro denominado “fábrica” constituía nos seus factos, uma espécie de diáspora comercial inspirada no modelo Africano, no lugar onde as autoridades políticas permitiam aos Brancos estabelecer fundações/feitorias permanentes a fim de aí concentrar escravos e os fazer embarcar. Estas “fábricas” eram dispendiosas. Só foram fundadas por companhias de privilégio, no século XVII, ou no lugar onde os escravos eram (particularmente), numerosos, como no Daomé.
(2)           Já, os  traficantes privados recorriam (geralmente), à um outro sistema. Os seus navios cruzavam ao longo da Costa, comprando alguns escravos (ao mesmo tempo), até que dispusessem de um carregamento completo. Num caso como noutro, o sistema encontrava-se (em última instância), sob controlo Africano. Dava lugar à dilatados comércios, facilitados pela hospitalidade, pela corrupção, alianças políticas, uma boa quantidade de álcool e das relações pessoais entre dois grupos comerciais, possuindo numerosos interesses comuns.
(3)           Vale a pena, neste ponto, deste nosso Estudo, referir, que os Europeus afirmaram (frequentemente), que os Africanos se vendiam entre si “por simples bijutarias ou armas de guerra”. Efetivamente (por vezes), as bijutarias faziam parte da troca, sobretudo, no início. Nos anos 1680, as pérolas e as pedras semipreciosas representavam ainda perto de 40% das importações da Senegâmbia. Todavia (regra geral), os Europeus vendiam aos Africanos as mesmas mercadorias que os colonos americanos.
(4)           De anotar, que, nos séculos XVII e XVIII, a metade (pelo menos), das importações da África Ocidental, compreendia tecidos oriundos (na sua maioria), da Índia ou de outras partes da África e (mais tarde), da Europa. O ferro e o cobre brutos tinham (outrossim), importância como os caurins (que serviam de moeda), no Golfo do Benim. No século XVIII (e à exceção) dos tecidos, quatro artigos, a saber: O álcool, o tabaco, diversos produtos manufacturados (na sua maioria à base de metal), as armas de fogo e a pólvora, representavam, cada um, 10% das importações. Todavia, é para o fim do século XVII, que os Europeus se puseram à vender armas, quando mosquetes/arcabuzes (baratos), fiáveis, impeliram alguns Estados, na Costa-do-Ouro e no Golfo do Benim, em rearmar as suas forças. Um século mais tarde, a África Subsariana, importava perto de 200 000 por ano!...
Continua...

Lisboa, 17 Março 2012
KWAME KONDÈ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo)