quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

(XXVII) Alors Que faire?

Prática de ACTUAÇÃO VIGÉSIMA SÉTIMA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

“L’être-révoltant” é o que no imo do Humano permanece (eternamente), indefinível. Designa uma tensão sem fim
na própria finitude ao que é Humano: UMA DISPOSIÇÃO
INESGOTÁVEL PARA A MUDANDÇA...

IL EST BEAUCOUP PLUS AGRÉABLE DE FAIRE LA RÉVOLUTION
QUE D’ÉCRIRE SUR ELLE”.

            “Pour instaurer la relation politique (problématique, inédite, tangible) entre le singulier et le pluriel, il nous faut bouger. Les révoltes que se répandent dans le monde à l’aube du XXIº Siècle, rendent cette tâche difficile un peu moins difficile. Elles nous indiquent par où il faut commencer”.

                        NP:

                        Com efeito, a figura da revolta suscita a desconfiança/suspeita. Prefere-se-lhe (geralmente), a da revolução. Todavia (et pour cause), se nos afigura mais apropriado considerar (pelo contrário), a revolta como o pressuposto ultra-político de toda política verdadeira, visto que (ela) se encontra (ontologicamente), inscrita em cada um de nós. Demais, o Ser só pode (com efeito), se exprimir (leia-se, de melhor forma), no âmbito da sua propensão fundamentada na revolta, pois que Ele é (sûrment), o “Être révoltant”.Donde, se nos afigura (antes de mais), pertinente e oportuno relevar: é que mesmo o que há nela (a revolta obviamente), de (politicamente) enigmática nos coloca em presença do que “existe de mais Humano na vida e existência Humanas”
                        De feito, a revolta é um fenómeno por alguns conspectos, indecifrável, visto que (ela em si mesma) é (conceptualmente), opaca. Trata-se (precisamente), de algo que escapa à toda definição, tanto quanto (ela), se tornou efetiva. Não há (por conseguinte), nesta acepção, pensamento da revolta. Sim (efetivamente): Unicamente ACTOS revoltantes!...

ORA SUS!

                        QUIÇÁ
                                   Chegou a Hora do
“ÊTRE RÉVOLTANT”! Leia-se (avisadamente), na esteira e peugada
de ALBERT CAMUS (1913-1960): “L’Homme révolté” (1951), quando nesta magnífica Obra, exara:
Apparemment négative puisqu’elle ne crie rien,
La révolte est profondément positive puisqu’elle
Révèle ce qui, en l’homme, est toujours à se
Defendre...L’histoire d’aujourd’hui, par ses contestations
Nous force à dire que la révolte est l’une des dimensions
Essentielles de l’homme. Elle est notre réalité historique.
A moins de fuir la réalité, il nous faut trouver en ele
Nos valeurs
 
(I)
            Com efeito (et pour cause), se a revolta, no instante da sua atualização for uma negação da História, encarna (ela), um poder que precede ou  excede a revolução? Provavelmente sim! Todavia, na acepção em que nenhuma revolução, como o pensa MARTIN HEIDEGGER (1889-1976), no término da década de 1930 :”jamais é assaz revolucionaria” (“Kleine “Révolution” ist” revolutiona” genug”), visto que (ela) permanece (totalmente), adoptada, no âmbito da dialéctica do derrubamento/desordem, na fascinação da estrutura binária da soberania hodierna: (poder/contrapoder).

(II)
            Por conseguinte, a revolta não é (no entanto), como os adeptos/partidários liberais estimam em julga-la, um evento/acontecimento hostil à práxis da revolução. Ela é antes o que confunde e complica o estatuto. Ela é (mais precisamente), o sinal de um outro género de evento situado num plano dissemelhante do Ser.
            Nesta acepção (ela) incita e induz à criação de uma figura da revolução (veridicamente), revolucionaria. Uma figura que não encarna (simplesmente), a instituição de um novo regímen económico-político da acumulação e do controlo. Trata-se (antes), de um fenómeno capaz de romper a imagem rígida do Ser e da existência, propalada pelos que têm contra os que não têm.

O
O O O

            O que é facto, é que a revolta problematiza a concepção do tempo no qual, se nutre a lógica do poder político hodierno. Eis porque (ela) difere (ontologicamente), da revolução. Com efeito, a revolta e a revolução diferem por uma experiência heterogénea da temporalidade. Emergindo-se no tempo, a revolução opera à favor da maturação histórica no quadro de um processo político, social e económico preciso. Em contrapartida, a revolta suspende, no tempo, o tempo histórico e outorga forma à um evento/acontecimento  insurrecional (mais precisamente), ela forja a oportunidade do tempo no tempo, destituindo o valor irrevogável do tempo histórico. Ela faz irrupção na História e perturba (nesse sentido), o curso canónico. Ela eclode no Mundo, parecendo surdir de um outro mundo.
            Na verdade, se a revolução, enquanto efeito específico de manobras reflectidas (cumpridas na expectativa do bom momento), desenrola-se consoante uma estratégia de longa duração, na base de uma ação política (devidamente), sazonada, antecipando (pelo menos), nas intenções dos que a guiam, o que deveria se produzir no termo da mobilização, a revolta (pelo contrário), interdita aos que nisso participam conhecer (preliminarmente), o desfecho. Podem (por certo), formular os votos. Na realidade (todavia), o fim da revolta jamais coincide com o seu fim, visto que um tempo-revoltante não tem nem princípio nem fim! HÉLAS!
            A revolta instaura um tempo estático que vale por ele próprio e não pela significação que lhe outorga, consoante o caso, o passado e o futuro. A revolta não prevê. Ela transporta nela (na sua ignorância), um conhecimento epistemológico que mostra que a única realidade do tempo reside no instante. A sua ação é (simultaneamente), radical e subtil. Os seus frutos amadurecem (lerdamente). Ela não se desenrola num tempo calculável, mas inconcebível. Ela é o imprevisto da política. Ela encarna o impensável que destrói toda “administração” autoritária do futuro. Ela é estranha à toda atitude temporal predeterminada e é (precisamente), por que razão o tempo da revolta é sempre vindo!

            Mais (precisamente), o momento da revolta é um instante (potencialmente), sempre disponível (a oportunidade da revolta confunde-se com o seu ato. Por conseguinte, todo momento é bom). Nesse instante, nada possui de comum com a cadência habitual do tempo, visto que não existe um único dia que não seja (potencialmente), revoltante, no que difere de todos os outros. Não existe um único momento (nem um único evento), que não seja bom para a revolução no íntimo do ser-revoltante. Demais (o bom senso que se exprime nas obras-primas da idade d’oiro de HOLLYWOOD), permite (à sua maneira), debuxar a fisionomia de uma ontologia da revolta: Com efeito (et pour cause), para um revoltado, amanhã é-sempre-um outro dia!

Lisboa, 30 Janeiro 2012
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo):