terça-feira, 4 de outubro de 2011

A TOMADA DE PALERMO

Em O Cemitério de Praga, de Umberto Eco, Abba, um intelectual e soldado sob o comando do general Garibaldi, descreve A Batalha da Ponte do Almirante:

«Ultrapassamos a ponte, juntamo-nos no cruzamento de Porta Termini, mas estamos debaixo de fogo dos tiros de canhão de um navio que nos bombardeia do porto, e do fogo de uma barricada à nossa frente. Não importa. Um sino toca a rebate. Embrenhamo-nos pelas ruelas e, a dado momento, Deus, que visão! Agarradas a uma grade com as mãos que pareciam lírios, três meninas vestidas de branco, belíssimas, olhavam-nos mudas. Pareciam os anjos que se vêem nos frescos das igrejas. «Mas quem sois vós», perguntam-nos, e nós dizemos que somos italianos, e perguntamos-lhes quem são elas, e elas respondem que são freirinhas. Oh, pobrezinhas, dizemos nós, pois não nos teria desagradado libertá-las daquela prisão e dar-lhes alegrias, e elas gritam: «Viva Santa Rosália!» Nós respondemos: «Viva a Itália!» E também elas gritam: «Viva a Itália!», com aquelas vozes suaves de salmo, e desejam-nos a vitória. Combatemos ainda durante cinco dias em Palermo, antes do armistício, mas de freirinhas nada, e tivemos de nos contentar com as putas!»