domingo, 18 de setembro de 2011

(III) Alors Que faire?

Prática de Actuação Terceira:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895)

            Acerca do Divórcio entre Tecnologia e Sociedade (Leia-se outrossim): A Idade (suposta) “Pós-moderna”:

(1)           Na impossibilidade da dupla renovação epocal, Tecnologia e Sociedade divorciaram. De anotar, que com o aniquilamento da Ideia de Progresso (que outrossim não podia ser outra coisa que a Crença), é (efectivamente) a Crença na própria Política que se aniquilou. Todavia, este aluimento de causas (ao mesmo tempo), intrínsecas ao devir do processo de individuação psíquica e colectiva Ocidental (ele mesmo), onde estão inscritas, desde a sua origem causas próprias (peculiares aliás), na época recente do desenvolvimento capitalista.
(2)           É (com efeito), no âmbito deste duplo nível Histórico que é necessário (se situar), para analisar e estudar o que se torna impossível a realização da dupla renovação epocal. Na verdade, se a dupla renovação epocal (pela qual se conquista uma nova época de civilização), na sequência de uma mudança do sistema técnico (inerente e peculiar) a esta época, não se produz (actualmente), é porque ante à instabilidade (tornada crónica) do devir técnico (situação aliás completamente) inédita, no âmbito da História Humana, a individuação psicossocial não consegue inventar uma época da individuação (que integra) esta híper-diacronicidade tecno lógica como o seu móbil e objectivo.
(3)           Eis porque (desde então), a evolução incessante das tecnologias híper-diacrónicas nisto (a sua obsolescência sempre acelerada) tem por resultado (completamente paradoxal), a ponto que as sociedades e os indivíduos (que os compõem) regridem aos seus estádios mais arcaicos, projectando-se num estado de híper-sincronização gregário em que (eles) se desindividualizam. Donde e daí, a sua diacronicidade já apenas ser definida pelos seus objectos e estes (por seu turno) suportam adequações cujos modelos comportamentais são formalizados e estandardizados pelo marketing, enquanto a sua obsolescência não permite que o tempo transforme estas aplicações em práticas.

(4)           De anotar (antes de mais), que além de outros mil motivos (em que FREUD forneceu os mais relevantes, precisamente), no lugar onde (Ele) estuda as tendências como pulsão de vida e de morte e (identicamente), o seu conflito no século XX como idade das multidões na sua conexão com a explosão das técnicas), dizíamos, a impossibilidade de efectuar um salto no âmbito de uma individuação psicossocial (que integra) a diacronicidade técnico-lógica se deve a duas razões (que propalam) *as duas extremidades da história da individuação ocidental, à saber:
a.     Por um lado, o nascimento da Filosofia
b.    E doutro, a transformação híper-industrial do capitalismo. E, explicitando adequadamente:
                                                  i.    A primeira razão vincula-se ao bloqueio metafísico que está inscrito na história (a mais vetusta e clássica) da individuação psíquica e colectiva ocidental, designadamente: o recalcamento da constitutividade da técnica pelo clericato religioso ou laico, aliás (presentemente) ainda.
                                                ii.    Por sua vez, a segunda razão diz respeito ao modo como os poderes dominantes cultivam a obsolescência do político, afim de facilitar e acelerar a realização do processo capitalista à partir de uma inteligência da técnica (pragmaticamente) emancipada da metafísica ocidental e (nesta qualidade), factualmente “desconstrutora” , fazendo (no entanto) desta “desconstrução” uma destruição cujo resultado é o que se caracterizou como decadência das democracias industriais.
Enfim e, em suma: A questão que assume atrás de todos estes processos é a da crença, tal como a morte de Deus e os desenvolvimentos das teorias económicas ou de gestão empresarial da confiança (leia-se como confiança calculada), tornaram-na (concomitantemente) crucial e impensável. De anotar, que a confiança calculada (por seu turno), dando (eventualmente) lugar ao que se denomina: ”matemáticas da confiança” (elas mesmas) oriundas da teoria dos jogos.

Lisboa, 16 Setembro 2011
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).