A ASAE QUE INTEVENHA
Com o rádio da cozinha sempre sintonizado na Antena1 (desde a idade da pedra), aos domingos, às nove da manhã, lá tenho que ouvir, entre o incomodado, o perplexo e o teimoso, um pouco da ‘missa em directo’ enquanto preparo e tomo o pequeno-almoço.
Trata-se invariavelmente de ‘missa cantada’. É uma sensaboria que roça a indigência intelectual: as palavras são as mesmas, as orações são as mesmas, os cânticos são os mesmos e são interpretados por coros desafinadíssimos; tudo aquilo cheira a mofo de há largas décadas ― talvez até mais que um século ―. Mas o que há ainda de pior na ‘missa cantada’ é sobretudo a sua indigência musical: não há uma única partitura que mereça esse nome; ou se há, ela é tão primária que gera uma cacofonia de sons capaz de arrepiar os cabelos a uma pedra.
Eu acho que a Igreja católica, ao consentir que assim seja servida uma ‘missa cantada’, demonstra um laxismo e uma bandalheira tais que me levam a pensar que essa Igreja detesta Cristo, detesta Deus e tem infinita raiva dos ‘fiéis’ que aparecem nas igrejas e que com isso só vão chatear os padres cuja maioria bem poderia ocupar esse tempo a gizar negócios, a fazer intrigas sociais e profissionais ou a dar golpes comerciais, políticos e ou de falta de ética e de moral.
Mesmo como reunião de ‘fiéis’ para confraternização em nome de Cristo ou de Deus, a ‘missa cantada’ de domingo é um fracasso completo; uma sensaboria e um suplício intelectual e físico que nos transporta a baixos níveis de convívio gregário roçando, talvez, a escala dos animais superiores mais próximos dos humanos.
Façam o sacrifício de, aos domingos, ligarem a rádio na Antena1 e constatem então por vós mesmos a ‘categoria’ dessa chachada que ocupa uma hora de espaço de antena de uma rádio que todos nós contribuintes pagamos.
BOM DIA!